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José Luis Oreiro

~ Economia, Opinião e Atualidades

José Luis Oreiro

Arquivos da Tag: Governo Dilma Rouseff

País caminha para recessão profunda com alta de preços e desemprego (Correio Braziliense, 20-06-2015)

21 domingo jun 2015

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Crise Econômica no Brasil, Governo Dilma Rouseff

Três indicadores divulgados na sexta-feira mostram que a economia brasileira vai de mal a pior. Em vez de cair, a inflação está em disparada, o nível de atividade despenca e o desemprego bate à porta com tudo. “A economia não está desaquecida, está em queda livre”, disse o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) José Luís Oreiro, para desespero do governo, que apostava em números melhores para recuperar o prestígio da presidente Dilma Rousseff, que está no chão.

A prévia da inflação oficial, o IPCA-15, cravou elevação de 0,99%. Em seis meses, o índice alcança 6,28%, quase o limite da tolerância definido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para todo o ano, de 6,5%. Diante desse resultado, vários economistas refizeram as contas e já acreditam que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) pode encerrar 2015 próximo de 10%, mesmo com a economia em recessão.

Junho, tradicionalmente, é um mês de inflação baixa, próxima de zero. Mas, com os reajustes dos preços administrados (luz, água, esgoto) e a disparada do valor dos alimentos, só houve surpresas negativas. A sensação é de que o Banco Central, que, desde outubro do ano passado, aumentou a Selic de 9,50% para 13,75% anuais, está perdendo a batalha. “Ainda veremos a inflação muito alta nos próximos meses, corroendo o poder de compra das famílias”, afirmou Fábio Silveira, da GO Associados.

Desarranjo
O desarranjo na economia é total. Em vez de ajudar, as medidas adotadas pelo governo para arrumar a casa, destruída no primeiro mandato de Dilma Rousseff, estão agravando a situação. Os juros altos, associados ao arrocho fiscal conduzido pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, derrubaram, com mais força, a atividade. Pelos cálculos do BC, em abril, houve contração de 0,84% na economia. Segundo o IBC-Br, espécie de prévia do Produto Interno Bruto (PIB), a contração no acumulada de 12 meses está em 1,38%. Por isso, os economistas passaram a trabalhar com a possibilidade de o ano fechar com tombo de 2% ou mais.

Rombo de US$ 90 bi é o maior da história (Correio Braziliense, 24-01-2014)

25 domingo jan 2015

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Desequilíbrio externo, Governo Dilma Rouseff, Política macroeconômica do governo Dilma Rouseff

O Brasil registrou, em 2014, o maior rombo nas contas externas desde 1947, ano em que o indicador começou a ser apurado. O buraco chegou a US$ 90,9 bilhões, o equivalente a 4,17% do Produto Interno Bruto (PIB). Os números, na avaliação de analistas, são assustadores, porque estão próximos a níveis apresentados por países em crise. Todas as vezes em que o Brasil quebrou, os problemas tiveram início na área cambial, com deficits em transações correntes superiores a 4% do volume de riquezas produzidas no país. E o ano de 2015 já começou mal. Segundo previsão do Banco Central, janeiro deverá apresentar saldo negativo de US$ 10,8 bilhões.

O quadro se torna mais preocupante porque o investimento estrangeiro direto, recurso que entra na economia para atividades produtivas, não tem sido suficiente para cobrir a necessidade de financiamento do país. No ano passado, ele encolheu em US$ 1,5 bilhão, totalizando US$ 62,5 bilhões. Com isso, o Brasil ficou mais dependente de capitais especulativos, aplicações de curto prazo na bolsa ou em títulos que podem sair rapidamente ao primeiro sinal de crise. No ano passado, elas chegaram a US$ 33,5 bilhões, ou 1,3% do PIB — a maior necessidade de financiamento externo em 18 anos.

Esse tipo de vulnerabilidade é um problemão em tempos de incertezas como as que predominam atualmente na economia mundial. Ainda neste ano, é provável que os Estados Unidos aumentem as taxas de juros. A se confirmar esse movimento, a tendência é de que os recursos que hoje transitam pelos países emergentes, como o Brasil, migrem para a maior economia do planeta. A única notícia boa é que as portas do mercado internacional de crédito ainda estão abertas ao país. No ano passado, as empresas refinanciaram contratos e ainda conseguiram mais empréstimos. Com isso, a taxa de rolagem ficou em 153%.

O chefe do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Túlio Maciel, atribuiu o deficit histórico ao resultado negativo da balança comercial, de US$ 3,9 bilhões. Segundo ele, a queda no preço de produtos como minério de ferro, que perdeu 24% do valor de mercado, contribuiu para o recuo das exportações. Ele ainda detalhou que a alta de US$ 3,6 bilhões nas despesas com aluguel de equipamentos também foi determinante para o mau resultado das contas externas. A autoridade monetária projetava um deficit nas transações correntes de US$ 83,5 bilhões em 2014.

 

Riscos

Maciel minimizou o fato de o rombo ter chegado a 4,17% do PIB, algo que não ocorria desde 2001. Ele comentou que, em termos qualitativos, as condições de financiamento não mudaram significativamente nos últimos dois anos. Com a expectativa de mais um ano ruim, o BC projeta que as transações correntes com o exterior terão deficit de 3,8% do PIB em 2015. “O resultado se assemelha ao registado no fim da década de 1990. Naquele período, porém, o passivo era financiado mediante dívidas. Agora é por meio de investimento”, disse.

Economistas independentes se mostram preocupados. O professor da Universidade de Brasília (UnB) José Carlos Oliveira avaliou que o deficit se deve a uma sucessão de falhas do governo nos últimos anos: a produção industrial e a inovação não foram incentivadas, a infraestrutura permaneceu obsoleta, as exportações esbarraram na burocracia e a carga tributária afastou investimentos.

Na opinião do professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) José Luis Oreiro, o deficit acima de 4% do PIB traz risco de crise cambial. Ele ressaltou que a possibilidade de rebaixamento da nota de crédito do país pelas agências internacionais pode acelerar esse processo. “Além disso, se os Estados Unidos subirem os juros, teremos uma fuga de capitais que provocará um estrago”, completou.

Pressão cada vez maior (Correio Braziliense, 31/05/2013)

31 sexta-feira maio 2013

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desindustrialização, Estratégia Neo-atrasista, Governo Dilma Rouseff

Risco de estagflação – fenômeno temido,  caracterizado pela combinação de inflação alta e paralisia da atividade –  torna mais difíceis os desafios da política econômica

Rio de Janeiro e Brasília —  A frustração com o desempenho pífio do Produto Interno Bruto (PIB) no  primeiro trimestre (0,6%), em boa parte afetado pela perda de poder de  compra do consumidor para a inflação, tornou 2013 um desafio ainda mais  complexo para a presidente Dilma Rousseff, às vésperas de um ano  eleitoral. O medo da volta da estagflação — o pior dos pesadelos  econômicos, formado pela combinação de inflação persistente com baixo  crescimento do PIB — ficou sugerido na avaliação de especialistas e na  própria decisão do Banco Central (BC) de elevar a taxa básica de juros  (Selic) de 7,5% para 8% ao ano para puxar os índices de preços para  abaixo da meta oficial de 6,5%.
Os fatos acabaram ajudando a  autoridade monetária a dar uma resposta parcial ao dilema entre impedir  um esfriamento maior da atividade e atiçar ainda mais o dragão  inflacionário. “O bolso do brasileiro já está sentindo perdas acima dos  índices oficiais de inflação, agravadas com sustos nos supermercados e o  encarecimento dos serviços”, observou Simão Silber, professor de  economia da Universidade de São Paulo (USP). A carestia, acrescenta ele,  se tornou o obstáculo politicamente mais complexo para Dilma, por mexer  com a vida da maioria da população. “O grande inimigo da presidente é o  descontrole inflacionário, porque ele é traiçoeiro”, resumiu.
Desorganização Guardadas  as devidas proporções entre os números astronômicos da hiperinflação  dos anos 1980, a década perdida, e os índices mais civilizados desde a  estabilização pelo Plano Real (1994), a possibilidade de uma convivência  de PIB estagnado com uma alta generalizada de preços remete ao momento  de maior desorganização da história econômica do país, no período final  do governo José Sarney (1985-1990). Somente em março de 1990, último mês  da gestão do derradeiro presidente da República eleito indiretamente, o  Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial de  inflação, bateu em 82%. No ano anterior, o indicador havia acumulado  alta de 1.972,91%.
Naquela época, os brasileiros viveram o raro  fenômeno da estagflação, mais perversa que inflação alta simplesmente,  porque o capital produtivo preferia se refugiar na especulação  financeira a ampliar a oferta de mercadorias. Eram dias em que  consumidores corriam aos supermercados de manhã para evitar reajustes  gerais de produtos à tarde. Desde a última década do século passado, a  última vez em que o Brasil assistiu a uma inflação anual de dois dígitos  foi em 2002 (12,5%), puxada pelas tensões em torno da eleição de Lula.
Desde  ontem, quando foi anunciado o PIB do primeiro trimestre, consultorias  nacionais e estrangeiras vêm tratando de reavaliar para baixo suas  previsões para o país, com crescimento anual bem menor do que 3% (última  projeção do Fundo Monetário Internacional) e inflação acima de 6%.  Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, teme que as respostas do  Planalto ao drama de baixa expansão do PIB e IPCA estourando a meta  continuem no rumo do intervencionismo. “O excesso de controles,  verificado nos dois primeiros anos do governo Dilma, afastou  investimentos e gerou incertezas para o futuro. Se essa tendência se  prolongar, poderemos atingir uma rigidez na economia difícil de mudar,  como as angústias encontradas nos anos 1980”, alertou.
Saídas As  dificuldades enfrentadas pelo país não se restringem ao cenário  doméstico. Para as exportações brasileiras, o receio está no fim do  ciclo de alta nos preços dos produtos básicos, sobretudo os  carros-chefes, minérios e soja. “O ritmo acelerado das vendas para a  China está diminuindo, e o Brasil não poderá fazer nada contra isso. É  só assistir e rezar”, sublinhou José Augusto de Castro, presidente da  Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). O economista Júlio  Miragaya, presidente da Companhia de Planejamento do Distrito Federal,  também acredita que o PIB de 2013 “só chegará perto de 3% se a balança  comercial apresentar números robustos e a retomada dos investimentos se  consolidar”.
Newton Marques, do Conselho Regional de Economia do  Distrito Federal (Corecon-DF), observou que todos os incentivos do  governo ao consumo foram insuficientes para impedir a decepção com o  crescimento do país no primeiro trimestre. O “esvaziamento” da  capacidade de consumo das famílias apontado pelo Instituto Brasileiro de  Geografia e Estatística (IBGE) pode ter feito de 2013 um “ano perdido”,  ameaçando colocar em risco a reeleição de Dilma.
Os sinais mais  preocupantes para a atividade econômica estão vindo, contudo, da  indústria. José Luís Oreiro, professor da Universidade de Brasília  (UnB), teme que a crescente perda de competitividade do setor esteja  colocando em xeque as iniciativas do governo para estimular a produção.  No lugar das atuais políticas de incentivo — como desoneração da folha  de pagamento —, o economista aposta na desvalorização do câmbio e em  investimentos agressivos na infraestrutura para salvar o parque fabril.  “De toda forma, pelo andar da carruagem, o PIB de 2013 será inferior a  2%, bem abaixo da meta estipulada pelo governo, de 3,5%”, sentenciou.

O problema não é na ignição

29 quarta-feira maio 2013

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Estratégia Neo-atrasista, Governo Dilma Rouseff

 

Hoje sairam os dados do crescimento da economia brasileira no primeiro trimestre de 2013: 0,6% quando comparado com o ultimo trimestre de 2012, 1,9% quando comparado com igual período do ano anterior. Repete-se a trajetória de crescimento medíocre do PIB observada desde meados de 2011, a economia brasileira encontra-se numa situação de semi-estagnação. Se o problema fosse falta de demanda, os efeitos somados da redução dos juros e das desonerações tributárias já deveriam ter surtido efeito e a economia brasileira deveria estar crescendo a um ritmo mais forte. Mas o problema não é falta de demanda, mas a total incapacidade das empresas brasileiras do setor industrial em ter acesso a essa demanda em função da sobre-valorização cambial ainda prevalecente na economia brasileira. Com efeito, enquanto o setor de serviços se expandiu 1,7%, a indústria amargou uma queda de 1,4% em comparação com igual período de 2012. O que salvou o resultado do PIB do primeiro trimestre de 2013 foi a agropecuária, a qual teve uma expansão de 17% !!!! Indústria em queda e atividades primárias em elevação são sinais claros de que o problema brasileiro não é conjuntural, mas estrutural, a economia brasileira está voltando a ser uma economia primário-exportadora, perdendo assim o dinamismo que é inerente a uma economia industrializada.

O governo insiste em medidas pontuais, descordenadas e mais recentemente optou pela estratégia tacanha, medíocre, da maquiagem dos números fiscais para sinalizar a (sic)  “robustez” da política macroeconômica. Já se fala em Brasilia de que o governo estaria pensando numa mudança na metodologia de cálculo do PIB. Afinal se os números do PIB não agradam, o erro deve estar nos números, não na brilhante política macroeconômica executada pelo ainda mais brilhante Ministro da Fazenda. Não isso não tem nada que ve com o Novo-Desenvolvimentismo como querem fazer crer alguns economistas liberais. Trata-se de uma nova corrente econômica: a do neo-atrasismo. Triste Brasil.

 

Receio de PIB baixo limita alta de juros (Correio Braziliense, 28/05/2013)

28 terça-feira maio 2013

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Governo Dilma Rouseff, política monetária, Semi-estagnação da economia brasileira

Diante da expectativa de mais um desempenho fraco  do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, o mercado financeiro está  apostando que o Banco Central (BC) vai seguir uma estratégia de aumento  gradual dos juros básicos, de modo a controlar a inflação sem prejudicar  ainda mais a atividade econômica. Com isso, a previsão dominante entre  os analistas é que o Comitê de Política Monetária (Copom) deve promover  uma elevação de 0,25 ponto percentual na Selic na reunião que começa  hoje e termina amanhã, o que levaria a taxa para 7,75% ao ano.

Quando  anunciar a decisão, no início da noite desta quarta-feira, o BC já terá  todas as informações sobre o resultado do PIB no primeiro trimestre,  que será divulgado de manhã pelo Instituto Brasileiro de Geografia e  Estatística (IBGE). Na semana passada, a autoridade monetária apontou  uma alta de 1,05% do IBC-Br, indicador por meio do qual tenta captar a  evolução da atividade econômica. Apesar do número robusto, que, se  confirmado, seria compatível com um avanço superior a 4% do PIB no ano, o  mercado mantém a avaliação de que, em 2013, a economia não terá  crescimento tão acentuado.

A estimativa dos analistas é de que a  economia está se enfraquecendo e, por isso, o PIB deve crescer apenas  2,93% em 2013, conforme ficou claro na edição de ontem do Boletim Focus,  pesquisa em que o BC recolhe as previsões de mais de 100 instituições  financeiras sobre os principais indicadores econômicos. Na semana  passada, por exemplo, a projeção era de 2,98%. Há um mês, acreditava-se  em um avanço de 3%. Na avaliação do mercado, a alta do primeiro  trimestre, captada no indicador do BC, teria sido um movimento “fora da  curva”, que não deve se repetir nos próximos meses.

Sem surpresa O  diagnóstico de que a economia ainda se movimenta em ritmo fraco é o que  leva a maioria dos especialistas a acreditar que a Selic terá um  aumento de 0,25 ponto percentual. Segundo o Focus, o mercado também  projeta a inflação, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo  (IPCA), com leve alta, de 5,80% para 5,81% em 2013. Há quatro semanas, a  estimativa era de 5,71%. Para 2014, a aposta é de um IPCA de 5,80%.

Para  o economista José Luis Oreiro, professor da Universidade de Brasília  (UnB), a semana, embora importante do ponto de vista da divulgação de  números aguardados com expectativa pelo mercado, não deve trazer muitas  surpresas. A Selic, aposta ele, subirá mesmo para 7,75% ao ano. “O Banco  Central adotou uma trajetória de muita cautela”, disse, prevendo que,  até o fim do ano, a taxa básica chegará a 8,5%.

A divulgação do  PIB do primeiro trimestre poderá reforçar, na avaliação de Oreiro, a  tendência do BC de não mexer tanto na Selic. “A inflação está cedendo no  acumulado de 12 meses e não há sinais de retomada de crescimento  acelerado na economia. Existe, sim, um certo receio em adotar um aumento  muito drástico”, completou. “O BC vai manter um avanço lento e gradual  da taxa básica. Aumentará 0,25 (ponto percentual) e vai esperar para ver  o que acontece”, afirmou.

O economista José Matias-Pereira,  também professor da UnB, é outro que não acredita em números destoantes  das previsões feitas até aqui. “O Copom continuará a trajetória de alta,  mas nada muito significativo”, disse. Para ele, o ajuste de 0,25 ponto  percentual servirá, mais do que qualquer outra coisa, para o BC tentar  minimizar a imagem de distanciamento da recente escalada de preços.

Sobre  o PIB, Matias-Pereira pondera ser preciso esperar o resultado do  primeiro trimestre para ter uma visão mais clara, mas não vislumbra  crescimento, até dezembro, superior a 2,5%. “O comportamento da economia  segue preocupante. As medidas do governo não tiveram o efeito  esperado”, comentou.

Na contramão Fernando Montero, economista  do Tullett Prebon, concorda com as projeções de PIB menor e inflação  mais alta. “Sem poder contar com a ajuda do câmbio para segurar os  preços, com a indústria sofrendo com aumento de custos, e fazendo  superavit primário com desonerações pontuais por setor, apenas para  atingir a meta do mês seguinte, só resta ao governo aumentar os juros.  Ele ataca o sintoma e não a causa”, avaliou.

Contrário à maioria,  Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco WestLB do Brasil, acredita  que o BC vai fazer um ajuste maior, de 0,5 ponto percentual, elevando a  Selic para 8% ao ano. “A inflação continua oscilando ao redor do teto  da meta, de 6,5%. A atividade econômica, que vinha contribuindo para uma  postura de maior cautela, deve apresentar um ritmo mais consistente de  expansão no primeiro trimestre, permitindo ao Copom ser mais incisivo no  combate à inflação neste momento”, explicou.

» Governo otimista

O  governo ainda mantém a expectativa de que o Produto Interno Bruto (PIB)  terá crescimento de 3,5% neste ano. A previsão consta da Lei de  Diretrizes Orçamentárias (LDO), divulgada em março. O ministro da  Fazenda, Guido Mantega, no entanto, já admitiu que o número poderá ser  revisto, dependendo do resultado do PIB do primeiro trimestre, que será  divulgado amanhã pelo IBGE. No ano passado, a economia teve avanço de  apenas 0,9%, o pior desempenho desde 2009.

Para especialistas, crescimento da economia requer cautela (Jornal do Brasil, 15/03/2013)

15 sexta-feira mar 2013

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Desenvolvimentismo inconsi, Governo Dilma Rouseff

Resultado do IBC-BR surpreende e traz novos questionamentos à política econômica nacional

Jornal do BrasilLuciano PáduaTamanho do Texto:+A–AImprimir
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O crescimento de 1,29% do Índice de Atividade Econômica do Banco Central-Brasil (IBC-Br) em janeiro frente a dezembro, que serve como termômetro para o PIB, mostra que as medidas adotadas pelo governo ao longo de 2012 estão surtindo efeito na economia brasileira, afirmaram economistas. Embora discordem da previsão de crescimento do PIB das autoridades, estimado em 4,5%, os especialistas ponderam que a retomada da atividade econômica no país já era esperada.

Para alguns, o mesmo dado do mês de dezembro do ano passado registrou um resultado muito negativo, – 0,45%, o que reflete a necessidade de cautela. Além disso, destacaram que a atividade industrial, especialmente a grande demanda do setor de caminhões, foi o que alavancou o IBC-BR de janeiro.

“Tomar esse dado como tendência de crescimento é muito precário. A expectativa de que a economia brasileira se recuperasse já estava presente desde o último trimestre de 2012. Mas o número em si é surpreendente”, avaliou o professor do Ibmec, Mauro Rochlin.

Segundo ele, o desempenho pode ser uma resposta às medidas adotadas no ano passado, como a redução da taxa básica de juros, o aumento do investimento público e maior oferta de crédito nos bancos oficiais, entre outras. Ele explicou ainda que o setor industrial, que apresentou valorização de 2,49%, foi muito incentivado pelos bens de consumo, especificamente o automotivo:

“Se olharmos com lupa o resultado, no ano passado o setor automotivo sofreu uma retração porque havia uma questão de regulação do combustível, quando passou a ser obrigatório o uso de um diesel menos poluente e os caminhões precisavam atender a essa determinação. Isso adiou os investimentos na área. Daí o resultado ruim em janeiro de 2012. Por isso, a base de comparação é muito baixa”, destacou Rochlin.

O professor de economia da Universidade de Brasília (UnB),José Oreiro, também citou a desvalorização do câmbio, que leva tempo para surtir efeito na economia, como um dos propulsores para este resultado. No entanto, lança dúvidas à estabilidade da retomada econômica:

“Não está claro se a retomada terá fôlego, com crescimento do PIB próximo de 4%, ou se é uma retomada no sentido do ano passado ter sido fraco e se vamos fechar o ano entre 2,5% e 3%. Aposto numa retomada moderada da economia brasileira, por questões estruturais”, afirma Oreiro.

Cautela

O economista-chefe da corretora Gradual Investimentos, André Perfeito, aponta que a variação trimestral do IBC-BR mostra que a economia recupera sua atividade, mas sugere cautela porque o crescimento deve ser gradual. Ele adota um tom menos expressivo para o crescimento do PIB neste ano: 2,1%.

Para ilustrar seu argumento, avalia os gráficos da média de crescimento do PIB trimestral em anos anteriores. Em 2010, por exemplo, quando o país avançou 7,5%, a média foi 1,32%, enquanto em 2011, cujo crescimento ficou em 2,7%, foi 0,35%. Para crescer 3,1% em 2013 – expectativa do mercado -, a média trimestral teria de ser 0,95%, e para atingir a meta do governo, de 4%, tal número subiria para 1,30%, segundo os cálculos do economista.

Ele também destaca que as medidas do governo foram importantes, mas não são as responsáveis pelo resultado positivo. “Elas são importantes mas não abrangem a totalidade da economia”, ressaltou, destacando o dinamismo do comércio em todo o território nacional e a “revolução monetária” que a queda histórica da Selic provocou.

Inflação

Os especialistas acreditam que esse potencial crescimento pode afetar na inflação, que tem preocupado tanto o mercado quanto o governo brasileiro com a possibilidade de se aproximar do teto da meta estipulada, de 6,5%.

“Na medida em que você tem uma recuperação da atividade, os preços livres tendem a crescer mais rapidamente. Espera-se uma maior pressão inflacionária nos próximos meses. O governo conta que isso será temporário por ser decorrente do preço dos alimentos, e a expectativa neste ano é que a safra seja muito boa. Assim, no segundo trimestre teríamos uma redução do índice”, analisou o professor da UnB.

No ano passado, fatores internos, como a fraca safra nacional, e externos, a exemplo da estiagem dos Estados Unidos e da Rússia, afetaram a oferta de alimentos no mercado, causando elevação dos preços. Nesta sexta-feira (15), foi divulgado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) que o Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10) variou 0,22%, em março, frente a 0,29% no mês anterior.

Para Rochlin ainda não é possível saber se a inflação está sendo pressionada pela demanda, ou seja, pelo consumo. Mas acredita que com a economia voltando a crescer nos próximos meses, seria necessário uma nova política monetária, que inluiria o reajuste da Selic.

 

Investimento caiu 4% no ano e foi vilão do resultado do PIB (O Estado de São Paulo, 02/03/2013)

04 segunda-feira mar 2013

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Desenvolvimentismo inconsistente, Governo Dilma Rouseff, Semi-estagnação da economia brasileira

Autor(es): Vinicius Neder
O Estado de S. Paulo – 02/03/2013

Apesar da queda em relação a 2011, pequena recuperação no quarto trimestre (0,5%) foi considerada positiva por analistas

Os  investimentos foram o vilão do baixo crescimento do Produto Interno  Bruto (PIB) no ano passado. A formação bruta de capital fixo (FBCF,  conta que mede os investimentos na economia) recuou 4% em relação a  2011, mas a pequena recuperação no quarto trimestre em relação ao  terceiro (0,5%) foi considerada positiva por analistas. Uma retomada  pode estar em curso.

A queda em 2012 como um todo fez a taxa de  investimento cair para 18,1% em relação ao PIB, o mesmo nível de 2009 e o  segundo recuo anual consecutivo. A expectativa é que a retomada no  quarto trimestre eleve a taxa.
Para o chefe do Centro de  Crescimento Econômico do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação  Getúlio Vargas (Ibre/FGV), Samuel Pessôa, virar o ano já com aumento nos  investimentos em relação ao terceiro trimestre, é uma “excelente  notícia, pois sugere que a retomada começou já no quarto trimestre do  ano passado, mesmo que timidamente”.
O resultado positivo no  fim do ano quebrou uma seqüência de quatro quedas trimestrais seguidas. A  última vez que os investimentos recuaram por quatro trimestres foi  entre o final de 2001 e início de 2002.
“Finalmente os  investimentos saíram do buraco”, disse o economista-chefe da LCA  Consultores, Bráulio Borges, para quem a alta no fim de 2012 é um “sinal  alvissareiro” para este ano.
A equipe da LCA projeta alta de  8% nos investimentos, segundo Borges, que relativiza o que pode parecer  ser um salto. “A base de comparação é baixa. É crescer 8% após cair 4%.”
Estímulos. O principal motivo para apostar na recuperação são as  medidas adotadas no fim de 2012 pelo governo, como os juros negativos  nos empréstimos para máquinas e equipamentos no Banco Nacional de  Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). No entanto, a força da  retomada dos investimentos não é consenso.
Antes dos dados do  IBGE, o Ibre/FGV previa expansão de apenas 3% neste ano e só revisará os  números na próxima semana. O economista José Luís Oreiro, professor da  Universidade de Brasília (UnB), vê os investimentos crescendo mais do  que o PIB, mas não a ponto de puxarem um ciclo de desenvolvimento.
Dados do BNDES apontam para investimentos em alta. “Já esperávamos uma  alta no quarto trimestre”, disse Francisco Eduardo Pires de Souza,  economista da Área de Planejamento do BNDES. As aprovações de  empréstimos pelo banco, que cresceram 58% em 2012 sobre 2011, mantiveram  o ritmo em janeiro passado, com alta de 56% sobre igual mês de 2012.
O principal motivo para a queda de 4% nos investimentos em 2012 foram  justamente os aportes em máquinas e equipamentos. Os investimentos em  maquinário recuaram 9,1%, com menos espaço para a produção nacional  desses bens, enquanto a construção civil – também incluída na FBCF –  cresceu 1,9% na comparação com 2011.
O presidente da Associação  Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Luiz  Aubert Neto, atribuiu a perda da competitividade da indústria nacional  de bens de capital principalmente ao câmbio.
“Posso ter as  melhores máquinas do mundo, as melhores cabeças, os melhores choques de  gestão, mas com esse câmbio perco toda a competitividade”, disse Aubert  Neto.

Artigo publicado no Correio Braziliense

19 terça-feira fev 2013

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fhc, Governo Dilma Rouseff, Novo modelo macroeconômico

Novo modelo macroeconômico

Autor(es): José Luís Oreiro
Correio Braziliense – 19/02/2013

O debate sobre a permanência ou não do tripé  macroeconômico herdado do segundo mandato de FHC é irrelevante, pois os  objetivos para os quais foi desenhado — estabilização e redução da taxa  de inflação e da relação dívida pública/PIB — foram obtidos e  consolidados nos últimos 10 anos. O desafio agora consiste em desenhar  novo modelo capaz de assegurar taxa de crescimento robusta e sustentável  do PIB e o crescimento dos salários reais a nível aproximadamente igual  ao da produtividade do trabalho.

O tripé, vivo ou morto, não foi  desenhado para esse fim. O governo da presidente Dilma Rouseff ainda não  apresentou nenhuma proposta consistente para novo modelo. A política  econômica do governo parece ser conduzida de forma amadora e casuística,  com medidas sendo implementadas ao sabor dos acontecimentos, sem  estarem inseridas no bojo de um regime macroeconômico claro e  consistente.

Um modelo macroeconômico consistente precisa  assegurar a obtenção simultânea dos seguintes objetivos: crescimento  robusto do PIB, taxa real de câmbio competitiva, taxa de inflação baixa e  estável, equilíbrio das finanças públicas e crescimento dos salários  reais em linha com a produtividade do trabalho. Para obter esses  objetivos, propomos a adoção de quadripé macroeconômico composto pelas  políticas fiscal, monetária, cambial e salarial.

A política fiscal  deve ser pautada não mais pela meta de superavit primário, mas pela  meta de superavit em conta-corrente do governo. O saldo em  conta-corrente do governo é definido como a diferença entre a  arrecadação e os gastos correntes, o que inclui o pagamento de juros  sobre a dívida pública, mas exclui os gastos com investimento. Grosso  modo é o equivalente a poupança do governo. No Brasil atual o saldo em  conta-corrente é negativo em torno de 1,5% do PIB (resultado de um  superavit primário de 2% do PIB, investimento de 2% do PIB e juros  iguais a 5,5% do PIB).

Isso significa que a poupança é negativa em  1,5% do PIB, o que explica, em parte, o nível baixo do investimento  público. Para acelerar a taxa de crescimento, é fundamental que o  governo aumente os investimentos públicos na área de infraestrutura, o  que demanda aumento considerável da poupança pública. Dessa forma,  sugerimos a adoção de metas crescentes de superavit em conta-corrente do  governo. A título de exemplo, o governo poderia adotar uma meta de 0,5%  do PIB em 2014 e aumentá-la gradualmente em 0,5% do PIB até alcançar 5%  do PIB em 2023.

Deve-se ressaltar que esse processo de aumento  progressivo não implica necessariamente contração fiscal caso venha  acompanhado de aumento proporcional do investimento público. Nesse caso,  o governo estará mudando apenas a composição do gasto público (menos  consumo e mais investimento), não a sua magnitude.

Na política  monetária, deve-se abandonar de vez o regime de metas de inflação e  substituí-lo por regime de mandato duplo a exemplo do FED nos Estados  Unidos. Nesse caso, a política monetária terá como objetivo a obtenção  de taxa robusta de crescimento do PIB e taxa de inflação baixa e estável  (em torno de 4% ao ano). Para evitar influência do ciclo  político-eleitoral, a mudança do regime monetário deve ser acompanhada  pela concessão formal (ou seja, em lei) de autonomia operacional para o  Banco Central.

A política cambial, conduzida pelo Banco Central,  deverá manter a taxa real de câmbio a nível competitivo a médio e longo  prazo. Para tanto, o Banco Central terá total autonomia para introduzir  ou remover controles à entrada e saída de capitais do país. Os controles  de capitais, somados às operações de compra e venda esterelizadas de  reservas internacionais, permitirão que a autoridade monetária controle  juros e câmbio simultaneamente, contornando os problemas citados no  teorema da impossibilidade de Mundell.

Por fim, a política  salarial tem de ter como meta a fixação da taxa de crescimento dos  salários nominais a taxa igual à meta de inflação (definida pelo CMN) e  ao ritmo de crescimento da produtividade do trabalho. Dessa forma, a  política salarial será importante reforço no controle da taxa de  inflação e na obtenção de taxa de câmbio competitiva a médio e longo  prazo.

Professor do departamento de economia da  Universidade de Brasília e vice-presidente da Associação Keynesiana  Brasileira (joreiro@unb.br)

Em busca de um novo modelo macroeconômico (Valor Econômico, 07/02/2013)

07 quinta-feira fev 2013

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Governo Dilma Rouseff, Novo modelo macroeconômico, Tripé macroeconômico

Por José Luis Oreiro

Nos últimos meses diversos analistas têm entoado um réquiem para o tripé macroeconômico (metas de inflação, superávit primário e câmbio flutuante), vigente no país desde 1999. Argumenta-se que embora não tenha sido formalmente anunciado, na prática o governo Dilma Rousseff teria abandonado o regime de metas de inflação em favor de um regime de meta de taxa de juros, substituído a (sic) livre flutuação da taxa de câmbio por um regime de câmbio administrado e sepultado o compromisso com a obtenção de metas de superávit primário por intermédio da assim chamada “contabilidade criativa”.

O abandono do tripé seria o responsável por um aumento do grau de discricionariedade (para não dizer irresponsabilidade) na condução da política macroeconômica, o que estaria se traduzindo na redução da taxa de crescimento da economia brasileira em função dos efeitos que o aumento da incerteza macroeconômica tem sobre a decisão de investimento em capital fixo.

A reação da equipe econômica do governo a essas críticas tem sido a de reafirmar o compromisso com o tripé macroeconômico, admitindo, porém, que o mesmo passou por um processo de “flexibilização” em função do cenário internacional extremamente adverso, decorrente do quadro de recessão ou estagnação que se verifica nos países desenvolvidos.

Um “quadripé” apoiado na política fiscal, na política monetária, na política cambial e na política salarial

Não vou entrar no mérito de se o “tripé” está vivo ou morto, até porque acho que esse é um debate sem sentido. Com efeito, o “tripé macroeconômico” foi implantado em condições completamente diferentes das condições vigentes atualmente na economia brasileira. Em função do “populismo cambial” adotado durante o primeiro mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso, o Brasil sofreu uma crise cambial de grandes proporções no fim de 1998, que forçou uma desvalorização forte e não administrada da taxa de câmbio, pondo em risco a estabilidade da taxa de inflação e produzindo um aumento significativo da dívida pública -como proporção do Produto Interno Bruto (PIB) – em função da atitude irresponsável da equipe econômica de emitir títulos de dívida pública indexados à taxa de câmbio.

Naquele contexto específico, a política macroeconômica deveria estar totalmente voltada para garantir a estabilidade ou redução dos índices inflacionários e da relação dívida pública/PIB. O tripé macroeconômico foi desenhado para obter esses objetivos. E nisso foi extremamente bem sucedido. Com efeito, a taxa de inflação tem sido mantida em torno de 5,5% e a relação dívida pública líquida/PIB é hoje inferior a 40%.

 

 

 

O contexto da economia brasileira agora é outro. O objetivo agora não é garantir a solvência intertemporal das contas do governo ou impedir o retorno da alta inflação, até porque a solvência das contas do governo e a estabilidade da taxa de inflação são hoje um dado na economia brasileira. O prioritário agora é desenhar um modelo macroeconômico que permita a obtenção de uma taxa robusta e sustentável de crescimento econômico com inflação baixa e estável e uma melhoria contínua nos salários e no padrão de vida da classe trabalhadora. Isso posto, defender a permanência do tripé macroeconômico é um nonsense, uma vez que o mesmo não foi desenhado para alcançar esses objetivos. Um novo modelo macroeconômico se faz necessário.

Um novo modelo macroeconômico para o Brasil não deve ser um “tripé”, mas um “quadripé”, pois deve estar apoiado em quatro políticas, a saber: a política fiscal, a política monetária, a política cambial e a política salarial. Essas políticas devem estar de tal forma articuladas entre si que o modelo macroeconômico delas resultante seja consistente no sentido de Tinbergen, ou seja, as metas de política macroeconômica devem poder ser obtidas simultaneamente a partir da manipulação dos instrumentos a disposição do “policy maker”. Para tanto é necessária existência de efeitos de transbordamento positivos entre os objetivos e metas operacionais das diversas políticas que compõe o “quadripé”. Em outras palavras, a obtenção de uma meta ou objetivo de política econômica deve facilitar a obtenção das demais metas.

O modelo macroeconômico deve também ser capaz de gerar um padrão sustentável de crescimento no longo prazo. Um padrão de crescimento é dito sustentável se o mesmo não induz um endividamento crescente do setor público, se não produz um esmagamento dos lucros e da competitividade externa em função do crescimento dos salários acima da produtividade do trabalho, se for capaz de garantir o equilíbrio intertemporal do balanço de pagamentos e se não gerar um endividamento explosivo das famílias em função do crescimento dos gastos de consumo a um ritmo superior ao crescimento da renda salarial.

Um modelo macroeconômico que atenda aos requisitos de consistência e sustentabilidade deve ser capaz de conciliar a obtenção de uma taxa de inflação relativamente baixa e estável com uma taxa real de câmbio competitiva e relativamente estável ao longo do tempo, uma taxa real de juros significativamente inferior à taxa de retorno do capital, um déficit público, como proporção do Produto Interno Bruto (PIB), ciclicamente ajustado próximo de zero, e um crescimento robusto dos salários reais, aproximadamente a mesma taxa que o ritmo de crescimento da produtividade do trabalho.

José Luis Oreiro é professor do departamento de economia da Universidade de Brasília e vice-presidente da Associação Keynesiana Brasileira. joreiro@unb.br.

Redução do preço da energia agrada indústria e irrita investidores (Jornal do Brasil, 24/01/2013)

25 sexta-feira jan 2013

Posted by jlcoreiro in Macroeconomia estruturalista do desenvolvimento, Mídia, Opinião

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Crise energética, Governo Dilma Rouseff, Investimentos em Infra-Estrutura, Semi-estagnação da economia brasileira

Presidente surpreendeu ao anunciar queda que pode chegar a 32% para indústrias e 18% para famílias

Jornal do BrasilCarolina MazziTamanho do Texto:+A–AImprimir
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Os acionistas da Eletrobras não gostaram, mas especialistas e representantes do setor industrialaprovaram a medida da presidente Dilma Roussef de reduzir ainda mais o valor da energia elétrica. As ações da empresa brasileira fecharam o pregão desta quinta (24) em queda acentuada de 7,53%. O temor de que a estatal termine o ano com lucro menor, ou até prejuízo, assustou os acionistas.

Durante pronunciamento na noite de quarta-feira (23), a presidente surpreendeu ao anunciar uma queda na taxa de luz que pode chegar a 32% para as indústrias e 18% para as famílias já a partir desta quinta (24). Quando, em setembro passado a presidente anunciou uma redução média de 20,2%, a promessa foi colocada em xeque, até porque o nível dos reservatórios das hidrelétricas chegara ao nível mais baixo em 10 anos.

O principal objetivo da medida é aumentar os investimentos e a produtividade da indústria nacional. Pagando menos pela luz, os produtos ficam mais competitivos, dentro e fora do país. “Este é um dos objetivos do governo, mas não dá ainda para prever que eles vão acontecer, nem quando, nem como”, afirma o economista Gilberto Fraga, professor de Finanças do Ibmec.

Representantes do setor industrial, no entanto, agradecem. Em nota, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, aprovou a medida.“Beneficia todos os setores da sociedade e atinge diretamente o bolso de cada brasileiro. Todo mundo usa energia, todos os produtos precisam de energia para serem produzidos, todos os serviços consomem energia. Ao reduzir a conta de luz, o benefício é de todos,” ressaltou.

Na verdade, qualquer notícia que ajude o setor industrial será bem vinda, haja visto os dados referentes à produção que continuam a cair. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou pesquisa mostrando que o custo de produção da indústria brasileira cresceu 10,6% no terceiro trimestre do ano passado, comparado com o mesmo período de 2011.

O chamado Custo Brasil faz, por exemplo, o economista Fraga, mesmo considerando ainda incerto o cenário econômico, aprovar a medida. Mas, ele frisa também que existem outros problemas ainda a serem combatidos para que a indústria possa melhorar o seu desempenho.

“Para o conjunto da economia é uma boa medida. Ela não é totalmente efetiva no sentido de resolver as mazelas do Custo Brasil, que não se resumem só a isso, mas também gargalos de infra-estrutura e a falta de uma reforma tributária, problemas antigos do país”, analisou

Um efeito extra da medida pode surgir junto às famílias e beneficiar o crescimento da indústria. Com a renda menos comprometida, a tendência será de um aumento no consumo, o que acaba gerando demanda para a produção nacional. “É o que se espera, mas não há nada garantido”, explica o professor.

Descrédito persiste

O economista José Oreiro, professor da Universidade de Brasília (UnB), não se animou tanto com o anúncio. Para ele, a medida não deverá aumentar o nível de investimento da indústria na economia. Isto porque o Brasil não demonstra segurança energética para os próximos anos, o que deixa os produtores inseguros.

“No curto prazo é bom, porque vai aumentar a competitividade. Mas desde 1988 os governos vem reduzindo fortemente os investimentos em energia elétrica. Entre 1966 e 1988, a média de investimento ficou em 2% do PIB (Produto Interno Bruto) mas desde então, este número foi reduzido a 0,6%. Nós construíamos a frente da demanda antes, mas agora a folga é pequena. Por isso somos muito dependentes das chuvas” revelou.

Além disso, o nível de investimento e de produção só deverá aumentar mesmo com o fim da crise internacional, afirma Braga. “É o fator mais importante neste momento, na verdade. Mesmo se conseguíssemos num passe de mágica, resolver todos os problemas do Custo Brasil, mesmo assim, a indústria continuaria sofrendo, pois precisamos da demanda de outros países por nossos produtos”.

Combustível e inflação

A presidente Dilma Roussef se negou a comentar os rumores de que o preço do combustível deverão aumentar. Questionada hoje (24) por jornalistas, tangenciou: “Eu não falo sobre aumento de gasolina, eu falo de redução de tarifa de energia”. Embora não confirmado pela Petrobras ou por autoridades ligadas ao setor, os rumores ganham força a cada dia, como demonstra a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.

Na reunião da semana passada, o Copom projetou reajuste no preço da gasolina em torno de 5% para o acumulado deste ano. Na mesma época, o vice-presidente Michel Temer havia admitido que o governo estava avaliando a possibilidade do reajuste nos preços dos combustíveis.

Já o secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, Antônio Henrique Siqueira, confirmou a defasagem dos preços da gasolina em 7%, mas disse que “não havia decisão do governo” sobre o aumento de preços do produto. Os rumores já começam a impulsionar os papéis da Petrobras. Nesta quinta, as ações da estatal fecharam em alta de 0,45%.

O aumento nos preços do combustível acabam pressionando a inflação, já que os forte do transportes do Brasil é à base de combustível fóssil, gasolina e, principalmente, o diesel. “Com a diminuição do preço da energia, a tendência é que os preços gerais da economia caiam, já que se usa luz para tudo. Isso acabou abrindo esta brecha para o governo aumentar a gasolina, o que é justo, já que os preços estão defasados mesmo”, explicou.

“Mas bem que o governo poderia dar um pouquinho este sabor para a população, que vai pagar menos pela energia, pelo menos uns 2 meses, antes de aumentar a gasolina”, sugeriu.

 

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