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José Luis Oreiro

~ Economia, Opinião e Atualidades

José Luis Oreiro

Arquivos de Categoria: Macroeconomia estruturalista do desenvolvimento

Libertando os “economistas pop” das trevas da ignorância

02 segunda-feira maio 2022

Posted by jlcoreiro in economistas pop, Macroeconomia estruturalista do desenvolvimento, novo-desenvolvimentismo

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Debate Macroeconômico, economistas pop, José Luis Oreiro, novo-desenvolvimentismo

Uma das obras de misericórdia segundo a Santa Igreja Católica Apostólica Romana é levar a luz do conhecimento aos que jazem na trevas da ignorância. Semana passada muitos amigos me enviaram posts do twitter – que se tornou nos tempos recentes a referência para o (sic) debate científico – de economistas pop (essa expressão não é minha, mas do prêmio Nobel de Economia Paul Krugman) – a qual designa economistas que não tem estofo acadêmico, mas que são venerados pelas massas que não dispõem de discernimento crítico para separar o joio do trigo – acusando o novo-desenvolvimentismo (doravante ND), escola de pensamento da qual eu me orgulho de ser um dos fundadores (Ver Bresser-Pereira, Oreiro e Marconi, 2015), de deliberadamente, por pura maldade, defender políticas que tem por objetivo empobrecer os trabalhadores. Essa afirmação é de uma brutal desonestidade intelectual somada a pura e simples ignorância de quem nunca se deu ao trabalho de ler, ao menos, o livro texto base do novo-desenvolvimentismo. Com efeito, Bresser-Pereira, Oreiro e Marconi (2015, p. 14) afirmam que “Economic development is a process of capital accumulation with the incorporation ot technical progress, resulting in an increase in productivity, wages, and the population´s standar of living“. Afirmar que o ND defende o empobrecimento permanente da classe trabalhadora é uma fake news digna do Bolsonarismo.

Segundo os economistas pop os economistas do ND querem empobrecer os trabalhadores porque defendem uma desvalorização do câmbio a qual, se bem sucedida, e supondo a taxa de mark-up constante (ressalva que eles nunca se lembram de fazer), irá resultar numa inequívoca redução do salário real [ uma desvalorização do câmbio pode ser feita sem redução do salário real se os empresários estiverem dispostos a reduzir a taxa de mark-up. A esse respeito ver Oreiro, 2018, capítulo 8] Como algum filósofo já disse uma vez, toda mentira bem contada tem sempre uma aparência de verdade. De fato, os economistas ND nunca esconderam do público de que a eliminação da sobrevalorização cambial, cujos efeitos são nocivos sobre a estrutura de produção e emprego de uma economia de renda média, como é o caso do Brasil, no médio e longo-prazo, implica numa redução temporária do salário real. Eu mesmo afirmei isso com todas as letras no post https://jlcoreiro.wordpress.com/2017/04/07/sobre-a-relacao-entre-cambio-real-e-salarios/. O que os economistas pop se (sic) “esquecem” de perguntar é sobre (i) as causas da sobrevalorização cambial e (ii) o que irá ocorrer com os salários e os empregos dos trabalhadores se a sobrevalorização cambial for mantida indefinidamente. Como diria o velho Nelson Rodrigues, o diabo está nos detalhes. E são os detalhes que os economistas pop por pura desonestidade intelectual ou por pura ignorância ou por uma combinação convexa entre as duas opções anteriores não mencionam em suas narrativas rasas em postagens no twitter.

Vamos começar do princípio. O que é sobrevalorização cambial para o ND? Trata-se de uma situação na qual a taxa real de câmbio se encontra abaixo (apreciada) com relação ao nível de equilíbrio industrial. Na definição de Oreiro (2020), a taxa de câmbio de equilíbrio industrial é aquele nível da taxa real de câmbio que faz com que a participação da indústria de transformação no PIB permaneça constante ao longo do tempo, ou seja, aquela que impede a desindustrialização prematura da economia, tal como tem ocorrido no Brasil desde 2005 (Ver Figura abaixo).

Fonte: IPEADATA. Elaboração do autor.

A sobrevalorização cambial DESTROI os empregos de boa qualidade e de altos salários, obrigando a força de trabalho a buscar alternativas de emprego no setor de serviços de baixa produtividade e/ou no setor de subsistência urbano, processo que no Brasil ficou conhecido como “uberização” da economia. Trata-se de uma doença que destrói o tecido econômico do país, condenando milhões de trabalhadores a uma existência material primitiva ou tornando-os dependentes eternamente de programas de assistência social para poder escapar da miséria absoluta. Isso não é desenvolvimento econômico. Como salientado por Reinert (2016), trata-se de puro e simples neo-colonialismo assistencialista.

A sobrevalorização cambial tem duas fontes. A primeira é a Doença Holandesa ou Estrutura Produtiva Desequilibrada nos termos do economista Argentino Marcelo Diamand (1972). Em economias ricas em recursos naturais, como é o caso do Brasil, a produção de bens primários é realizada a custos unitários de produção mais baixos do que a produção de bens manufaturados. Isso se deve, por um lado, a disponibilidade de insumos para as atividades primárias a custos mais baixos do que os prevalecentes em outros países menos afortunados em termos de recursos naturais e, por outro, ao estágio de desenvolvimento ainda incompleto das indústrias manufatureiras nesses países. Dessa forma, se prevalecer uma única taxa de câmbio para os produtos primários e para os produtos manufaturados, a taxa de lucro obtida pelos produtores de bens primários será muito maior do que a obtida pelos produtores de bens manufaturados. Isso, por si só, já levaria a uma migração dos capitais e demais recursos produtivos da indústria de transformação para a produção de bens primários, resultando em desindustrialização prematura (É por isso que os economistas do ND defendem a implementação de um imposto de exportação sobre produtos primários para a redução dos lucros extranormais obtidos nas atividades de produção e exportação de bens primários). Mas no estágio atual de financeirização das relações econômicas, as taxas de câmbio são muito influenciadas pelas convenções dos agentes do mercado financeiro sobre os determinantes do “valor” das moedas. A convenção prevalecente atualmente é que as moedas dos países exportadores de commodities – ou seja a sua taxa de câmbio – depende dos preços das commodities que eles exportam. Dessa forma, períodos de boom de commodities como o que o Brasil experimentou entre 2005 e 2013 (Oreiro e D´Agostini 2017) geram um aumento do valor da moeda atrelada ao valor das commodities exportadas, ou seja, uma valorização da taxa de câmbio. Essa apreciação cambial, resultado da operação livre das forças de mercado, tem uma externalidade negativa sobre a indústria de transformação, fazendo com que a mesma tenha uma redução na sua competitividade-preço e, dessa forma, veja encolher o seu market-share tanto nas exportações mundiais de manufaturados como também, pasmem, na participação das vendas para o mercado interno!

A segunda fonte da sobrevalorização cambial é a adoção do modelo de crescimento com poupança externa inspirado nos princípios do Consenso de Washington. De acordo com o referido conselho, os países da América Latina precisam atrair “poupança externa” para financiar o seu desenvolvimento, o que significa necessariamente incorrer em déficits em conta corrente do balanço de pagamentos. Em outras palavras, o Consenso de Washington defende que os países da América Latina mantenham a absorção doméstica acima da produção interna de bens e serviços, financiando esse hiato com empréstimos e capitais externos. Na visão do consenso de Washington, a poupança é que determina o investimento e, além disso, a poupança externa e a poupança doméstica são complementares ao invés de substitutas. Para atrair “poupança externa” é, contudo, necessário manter a taxa de juros doméstica acima do nível internacional (ajustado pelo prêmio de risco país) para gerar um ganho de arbitragem suficientemente alto para os rentistas, ops, quero dizer, investidores internacionais aplicarem seus capitais benevolentemente no desenvolvimento dos países latino-americanos.

A fórmula do Consenso de Washington, que pelo visto é ardorosamente defendida pelos economistas pop, é elevar a taxa doméstica da juros para gerar uma taxa de câmbio apreciada e, dessa forma, captar a poupança externa necessária ao desenvolvimento dos países da América Latina. Mas não só isso. A sobrevalorização cambial, quero dizer, a apreciação cambial produziria como efeito colateral o aumento dos salários reais dos trabalhadores. Temos assim a fórmula para o paraíso na terra: os leões (os rentistas) poderiam conviver em paz e harmonia com os cordeiros (os trabalhadores). Isso sem que seja necessária uma revolução socialista (segundo a visão Marxista) ou a segunda vinda de Jesus Cristo a Terra (segundo a visão Cristã).

Cristãos e Marxistas, até o presente momento, não foram capazes de produzir o paraíso na Terra: os primeiros porque Jesus Cristo ainda não voltou; e os segundos porque seu experimento de economias centralmente planificadas fracassou rotundamente em 1989 com a queda do muro de Berlim e o fim da URSS. Será que a proposta dos economistas pop, baseada no Consenso de Washington, poderia ter uma sorte melhor?

A história do Brasil e da América Latina nos últimos 40 anos diz um inequívoco não a essa pergunta. Desde a implantação do Plano Real em 1994 pelo então Ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso, o Brasil tem convivido com longos períodos de taxa de câmbio sobrevalorizada e taxa de juros acima do patamar internacional, pontuados por breves momentos de câmbio competitivo (1999-2004) e juros baixos (2019-2020). O resultado tem sido desindustrialização prematura, redução da participação do emprego industrial no emprego total, aumento da informalidade e crises cambiais (1995, 1998, 2002, 2015 e 2020).

É importante ressaltar que é impossível manter inalterado o nível de salário real se a taxa de câmbio estiver sobrevalorizada: a desindustrialização prematura e/ou a ocorrência de uma crise cambial irá mudar a composição do emprego na direção de empregos com salários mais baixos (efeito composição) e/ou produzir uma rápida e súbita desvalorização cambial (como as ocorridas em 1999, 2002, 2015 e 2020) a qual irá resultar em aceleração da inflação e, por conseguinte, redução do salário real.

Manter a taxa de câmbio num patamar competitivo é condição necessária, mas não suficiente para a reindustrialização e a retomada do crescimento econômico. O efeito de histerese sobre o investimento privado de anos de recessão na economia brasileira levou a um aumento do hiato tecnológico da economia brasileira, aumentando o valor da taxa de câmbio de equilíbrio industrial a tal ponto que a correção da sobrevalorização cambial unicamente por intermédio da desvalorização da taxa de câmbio pode ser politica e economicamente inviável (Oreiro, D´Agostini e Gala, 2020). Em conjunto com uma política cambial esclarecida o Brasil precisa de uma política industrial e de ciência e tecnologia que reduza o tamanho do hiato tecnológico, isto é, que seja capaz de aumentar a competitividade extra preço da indústria brasileira de transformação, algo que as sucessivas políticas industriais adotadas durante os governos do PT (2003-2016) não foram capazes de fazer pelas mais diversas razões. A combinação de câmbio competitivo e de políticas industriais e de ciência e tecnologia bem formuladas serão capazes de no prazo de alguns anos – prazo dilatado em função da destruição feita pelo governo Bolsonaro – induzir a uma transformação estrutural na economia brasileira, aumento assim não apenas a quantidade mas também a qualidade dos empregos gerados com a retomada do crescimento econômico. Essa é a única forma de se produzir um aumento sustentável dos salários reais. Todo o resto não passa de pura e simples demagogia.

Em tempo, nós economistas ND não desejamos apenas paz para os trabalhadores, desejamos principalmemente que eles prosperem em empregos de boa qualidade e não dependam do assistencialismo neo-colonialista defendido pelos economistas pop que desconsideram o fato elementar de que o trabalho é a fonte primária de dignidade do ser humano.

Em suma, os economistas pop construíram em suas (sic) publicações no Twitter um espantalho do ND, que não corresponde nem as ideias dos economistas dessa escola de pensamento, muito menos as suas origens sociais. No meu caso em particular, sou filho de camponeses pobres e semianalfabetos emigrados da Europa em meados dos anos 1950, e tenho muito orgulho disso. Não tenho nenhuma razão para defender os interesses dos capitalistas, muito menos dos rentistas. Não faltaram ocasiões em que tentaram me aliciar. Mas eu continuo onde sempre estive, coerente com minhas ideais, embora isso já tenha me custado, mais de uma vez, cargos no governo. E para quem interessar possa, estou muito velho para mudar de atitude a respeito de “cargos e comissões”. Se essas ideias são corretas e apropriadas para o Brasil ou não, o julgamento cabe a Deus e a História.

Referências

Bresser-Pereira, L.C; Oreiro, J.L; Marconi, N. (2015). Developmental Macroeconomics: New Developmentalism as a growth strategy. Routledge: Londres.

Diamand, M. (1972). “La estructura productiva desequilibrada Argentina y el tipo de cambio”. Desarrollo Económico 12(45), pp. 1-24.

Oreiro, J.L. (2020). New Developmentalism: beyond competitive exchange rate. Brazilian Journal of Political Economy, 40(2), pp. 238-242. https://doi.org/10.1590/0101-31572020-3138

Oreiro, J.L. (2018). Macrodinâmica Pós-Keynesiana: Crescimento e Distribuição de Renda. Alta Books: Rio de Janeiro.

Oreiro J.L., D’Agostini L.L. and Gala P. (2020). “Deindustrialization, economic complexity and exchange rate overvaluation: the case of Brazil (1998-2017)”, PSL Quarterly Review, 73 (295), pp. 313- 341. https://doi.org/10.13133/2037-3643_73.295_3

Oreiro, J.L and D’Agostini, L. (2017). “Macroeconomic policy regimes, real exchange rate over-valuation and performance of Brazilian economy (2003-2015)”. Journal of Post Keynesian Economics 40, pp. 27-42. https://doi.org/10.1080/01603477.2016.1273070

Reinert, E. (2016). Como os países ricos ficaram ricos … e porque os países pobres continuam pobres. Contraponto: Rio de Janeiro.

Taxa de Lucro, Acumulação de Capital e Crescimento Econômico: comentários ao artigo do Professor Adalmir Marquetti

23 quarta-feira fev 2022

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A crise da economia brasileira, Adalmir Marquetti, Debate Macroeconômico, Eduardo Costa Pinto, José Luis Oreiro, novo-desenvolvimentismo, Taxa de lucro e acumulação de capital

Uma dos princípios fundamentais da economia política clássica (e marxista) é que o ritmo de acumulação de capital – e, por tabela, o ritmo de crescimento econômico – é determinado pelo nível da taxa de lucro. Isso porque a economia política clássica, ao assumir a validade da Lei de Say, admite que o investimento é determinado pela poupança e esta se origina, fundamentalmente, da fração poupada dos lucros. Dessa forma, a relação entre a taxa de lucro e a taxa de crescimento do estoque de capital pode ser apresentada pela assim denominada “equação de Cambridge” dada por:

g = r/sp (1)

Onde: g é a taxa de crescimento do estoque de capital, r é a taxa de lucro e sp é a fração poupada dos lucros.

A taxa de lucro, por sua vez, é o resultado do produto entre três variáveis, a saber: a produtividade potencial do capital (v=pYp/pkK), o grau de utilização da capacidade produtiva (u= Y/Yp) e a participação dos lucros na renda nacional (m=P/Y).

r = v.u.m (2)

Onde: Yp é o produto potencial, K é o estoque de capital, Y é o nível efetivo de produto, P é a massa de lucros), p é o deflator implícito do PIB, pk é o índice de preços de bens de capital.

Nesse contexto, a técnica de produção, o nível de utilização da capacidade produtiva e a distribuição de renda entre salários e lucros afetam a taxa de lucro e, por conseguinte, o nível de poupança e investimento da economia com reflexos sobre o ritmo de acumulação de capital e de criação de renda e de emprego da economia

Observação: Figura reproduzida da Marquetti el al (2022).

Recentemente o grupo de pesquisa “macroeconomia estruturalista do desenvolvimento” realizou um webinário sobre o comportamento de curto e longo prazo sobre a taxa de lucro no Brasil (https://www.youtube.com/watch?v=L913Rh-VogM&t=238s). Participaram do debate como expositores os professores Adalmir Marquetti (PUC/RS), Carmem Feijó (UFF) e Eduardo Costa Pinto (IE/UFRJ).

O professor Marquetti apresentou um estudo preliminar denominado “Uma interpretação da economia brasileira a partir da taxa de lucro: 1950-2020” escrito em co-autoria com Eduardo Maldonado Filho, Alessandro Miebach e Henrique Morrone, todos integrantes do programa de pós-graduação em economia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

O estudo é inédito no sentido de apresentar o comportamento da taxa de lucro no Brasil no período 1950-2020. Conforme podemos verificar na figura 2 abaixo, retirada de Marquetti el al (2022), a taxa de lucro no Brasil apresenta uma tendência nítida de queda a partir de 1975, quando se encontrava acima de 40% ao ano, se estabilizando depois de 1995 em torno de 20% a.a.

Observação: Figura reproduzida da Marquetti el al (2022).

Essa redução da taxa de lucro na economia brasileira esteve associada a uma forte redução da taxa de acumulação de capital e da taxa de crescimento do PIB brasileiro no início da década de 1980 como podemos observar na figura abaixo, extraída do artigo de Marquetti el al (2022)

Observação: Figura reproduzida da Marquetti el al (2022).

A Existência de uma forte correlação entre a taxa de lucro e a taxa de acumulação de capital também pode ser visualizada por intermédio da figura abaixo:

Observação: Figura reproduzida da Marquetti el al (2022).

Uma primeira questão teórica que se coloca a partir da inspeção da figura acima é qual a relação de causalidade entre taxa de lucro e taxa de acumulação de capital. Marquetti el al (2022) assumem a posição Marxista de que a taxa de lucro é a variável explicativa ao passo que a taxa de acumulação de capital é variável dependente. Dessa forma, a desaceleração do ritmo de acumulação de capital no Brasil no início dos anos 1980 seria decorrência da queda da taxa de lucro, resultado esse consistente com a lei de tendência a queda da taxa de lucro em Marx. Essa relação de causalidade, no entanto, não é uma unanimidade entre os economistas heterodoxos. Para os economistas da escola de Cambridge como Kaldor (1956, 1957), Pasinetti (1961-1962) e Robinson (1962) a relação de causalidade é inversa : a taxa de acumulação de capital – determinada pelo investimento requerido para o crescimento balanceado – determina a taxa de lucro por intermédio de mudanças na distribuição de renda entre salários e lucros (a esse respeito ver Oreiro, 2016, capítulo 3). Aqui nos defrontamos com o primeiro ponto teórico relevante no debate sobre a relação entre a taxa de lucro e a taxa de acumulação de capital, a saber qual a relação de causalidade entre as duas variáveis.

Aceitando a hipótese de Marquetti et all (2020) de que a relação de causalidade é da taxa de lucro para a taxa de acumulação de capital, o próximo passo é determinar os fatores que explicam a queda da taxa de lucro no Brasil no período 1980-1995. Segundo os autores o principal determinante da queda da taxa de lucro no Brasil foi a redução da produtividade do capital, pois a participação dos lucros na renda nacional apresentou um comportamento cíclico em torno de uma tendência constante de longo-prazo de 48,7%, e o grau de utilização da capacidade produtiva apresenta uma queda no período 1980-1995, a qual é quase que inteiramente revertida no período 2000-2010.

A queda da produtividade potencial do capital, por seu turno, foi causada pelo aumento do preço relativo dos bens de capital (p/Pk) e por uma queda da produtividade real do capital (Yp/K) no período 1950-1980. De 1990 tanto o preço relativo dos bens de capital como a produtividade real do capital permanecem relativamente estáveis, o que contribuiu para garantir uma estabilidade da taxa de lucro até 2010.

Esses resultados parecem apontar que a desaceleração do crescimento de longo-prazo da economia brasileira estaria associada a tendência secular de queda da taxa de lucro, a qual é um resultado inexorável do processo de industrialização da economia brasileira no período 1950-1980 o qual é necessariamente capital intensivo, ou seja, atua no sentido de diminuir a produtividade real do capital. Contudo, ainda que se aceite a tese de que o processo de industrialização leve a um aumento inexorável da quantidade de capital tecnicamente necessária para a produção de uma unidade de produto (ou seja, gere uma redução da produtividade real do capital), a ampliação da escala de produção das indústrias produtoras de bens de capital deveria gerar, no longo-prazo, uma redução do preço relativo dos bens de capital devido a existência de retornos crescentes de escala nesse tipo de setor. Dessa forma, seria de se esperar que a redução da produtividade real do capital fosse ao menos parcialmente compensada pela queda do preço relativo dos bens de capital, algo que não ocorreu na economia brasileira. Minha hipótese para explicar esse “puzzle” é a persistência do modelo de industrialização por substituição de importações no Brasil nos anos 1970, época que o mesmo deveria ter sido substituído por um modelo de promoção de exportações segundo a estilização de Kaldor (1967) sobre as etapas do desenvolvimento industrial. A promoção de exportações de manufaturados foi o modelo de desenvolvimento industrial adotado pelos países Asiáticos já em meados da década de 1960, ao passo que os países da América Latina insistiram no modelo de “desarollo hacia dentro”. Está claro que um elemento importante para a adoção de um modelo de promoção de exportações é a manutenção de uma taxa de câmbio competitiva, algo que o Brasil tal como os demais países da América Latina sistematicamente se recusaram a fazer devido ao “populismo cambial”, adotado tanto por governos de direita como de esquerda. Como a indústria de transformação é o locus por excelência dos retornos crescentes de escala a obtenção de mercados externos é condição de vida ou morte para a indústria de qualquer país em desenvolvimento. Infelizmente o Brasil fracassou nesse teste. Talvez em definitivo.

Uma nova inspeção da figura 11 mostra que a taxa de lucro no Brasil apresentou um movimento de queda entre 2011 e 2015, período que coincide com o governo da Presidente Dilma Rouseff. Ao contrário do movimento de longo-prazo da taxa de lucro, largamente explicado pela queda da produtividade potencial do capital, a queda da taxa de lucro no período 2011-2015 foi principalmente causada pela queda da participação dos lucros na renda nacional, a qual passou de 50,7% em 2004 para 41,1% em 2016, uma redução de aproximadamente 10 p.p.

Observação: Figura reproduzida da Marquetti el al (2022).

Até 2010 o efeito negativo da queda da participação dos lucros na renda sobre a taxa de lucro foi compensada pelo aumento do grau de utilização da capacidade produtiva, configurando assim um regime de demanda do tipo wage-led.

Observação: Figura reproduzida da Marquetti el al (2022).

De 2011 em diante, contudo, a taxa de lucro das empresas não-financeiras começa a apresentar uma nítida tendência de queda conforme estudo elaborado pelo CEMEC em 2015. Em 2014 a taxa de lucro sobre o capital próprio dessas empresas se encontra em torno de 5,5%, patamar inferior a taxa de juros livre de risco, ou seja, a taxa Selic. Nesse contexto, a acumulação de capital é inviável e o resultado não poderia ser outro: um colapso da formação bruta de capital fixo ao longo do segundo, terceiro e quarto trimestre de 2014. Devido a queda da demanda de investimento a economia brasileira entra em recessão já no segundo semestre de 2014.

Fonte: IPEADATA.

O comportamento da taxa de lucro no Brasil no período 2011-2015 mostra claramente os limites do modelo wage-led ou “social-desenvolvimentista”: ainda que o aumento da participação dos salários na renda possa aumentar a demanda agregada e, com ela, o nível de utilização da capacidade produtiva, existem limites econômicos e físicos ao aumento contínuo do grau de utilização da capacidade no longo-prazo (o grau de utilização da capacidade não pode permanecer sistematicamente acima do grau normal de utilização da capacidade produtiva), de forma que, mais cedo ou mais tarde, a taxa de lucro irá cair em função de uma redução da participação dos lucros na renda a não ser que ocorra um aumento concomitante da produtividade potencial do capital, o que requer uma redução do preço relativo dos bens de capital e, portanto, um aumento da escala de produção da indústria de equipamento de capital.

Outra forma de buscar uma recomposição da taxa de lucro é por intermédio da adoção de políticas que aumentem a produtividade real do capital físico. Aqui creio que o investimento em infraestrutura é fundamental. Como é ressaltado pela Teoria Clássica do Desenvolvimento Econômico (Ros, 2013, capítulos 7 e 8) existem externalidades tecnológicas e pecuniárias no investimento em capital físico. Dessa forma, o aumento do investimento público em infraestrutura contribui para aumentar a produtividade do investimento privado e, portanto, a própria taxa de lucro. Nesse contexto, a relação entre taxa de lucro e estoque de capital pode ser positiva, ao invés de negativa, de maneira que a redução da taxa de lucro pode resultar da insuficiência do investimento em infraestrutura.

Segundo o professor Eduardo Pinto, que também participou do webinário, o impeachment da Presidente Dilma Rouseff em 2016 viabilizou uma recuperação parcial da taxa de lucro por intermédio da adoção da “agenda de reformas” como a reforma trabalhista e mudanças regulatórias no setor de petróleo e gás, bem como na fiscalização ambiental as quais permitiram uma recuperação da participação dos lucros na renda conforme podemos observar na figura abaixo.

Observação: Figura reproduzida da Marquetti el al (2022).

Além dos elementos citados pelo Professor Eduardo Pinto eu acrescentaria que a grande recessão de 2014-2016 ao produzir um aumento permanente da taxa de desemprego viabilizou, de um lado, a redução dos salários reais, permitindo assim um aumento das margens de lucro; por outro lado, promoveu um processo de concentração e centralização do capital (leia-se falência de algumas empresas e fusões e aquisições, o que aumentou o poder de monopólio das empresas que sobreviveram a recessão). Esse ultimo ponto foi extensamente apresentado pelo professor Eduardo Pinto em sua apresentação no webinário.

Dito isso, a economia brasileira se encontra numa encruzilhada. Para acelerar o crescimento econômico é necessário recuperar a lucratividade das empresas não-financeiras, principalmente no setor manufatureiro, o qual é mais intensivo em bens de capital. A retomada do projeto neoliberal no Brasil com o documento “ponte para o futuro” e o governo de Michel Temer se propôs a fazer isso por intermédio de uma redução do “custo do trabalho” e dos custos regulatórios. Embora a taxa de lucro tenha, de fato, aumentado, não se observou uma aceleração do ritmo de acumulação de capital, o qual se encontra no nível mais baixo desde 1950. Por outro lado, a taxa de desemprego continua no patamar de dois dígitos e o tecido social brasileiro apresenta sinais nítidos de esgarçamento devido a continuidade da estagnação econômica, agravada a partir de 2021 pela aceleração da inflação. Isso posto o projeto neoliberal no Brasil é politicamente insustentável no médio e longo-prazo, e talvez até mesmo no curto-prazo.

A única saída politica e economicamente possível é um pacto social que forneça as condições políticas necessárias para a implantação de um novo-desenvolvimentismo, entendido aqui como um conjunto de políticas que tem por objetivo acelerar o ritmo de acumulação de capital da economia brasileira ao mesmo tempo em que garante que os frutos do progresso econômico sejam apropriados principalmente pelos trabalhadores e pelas camadas mais pobres da população. Essas políticas envolvem necessariamente o aumento do investimento público, o incentivo a reindustrialização por intermédio da inserção da indústria brasileira nos mercados internacionais de produtos manufaturados e o fortalecimento dos sindicatos como forma de garantir o crescimento sustentável dos salários reais no longo-prazo. A competitividade extra-preço das exportações de manufaturados brasileiras terá que ser estimulada por políticas de inovação, viabilizadas por um aumento significativo dos investimentos públicos e privados em Ciência e Tecnologia; combinadas com um aumento dos gastos com educação principalmente a nível do ensino médio, o qual é historicamente a grande deficiência da educação no Brasil. Também será necessário adotar uma taxa de câmbio competitiva como política de Estado, o que exigirá mudanças na institucionalidade da condução da política monetária e a adoção de controles a entrada e saída de capitais do Brasil. Tais políticas são, claramente, contrárias ao interesse das instituições financeiras brasileiras, as que mais se beneficiaram da reviravolta neoliberal ocorrida em 2016. Cabe ao próximo presidente da República entender a natureza do nó górdio da economia brasileira e exercer suas habilidades políticas para desata-lo.

Referências

KALDOR, N. (1967). Strategic Factors in Economic Development. Ithaca: New York State School of Industrial and Labor Relations, Cornell University.

KALDOR, N. (1957). “A Model of Economic Growth”. Economic Journal, 67.

KALDOR, N. (1956). “Alternative Theories of Distribution”. Review of Economic Studies, 23, pp. 83-100.

Marquetti, A; Maldonado Filho, E; Miebach, A; Morrone, H. (2022). “Uma interpretação da economia brasileira a partir da taxa de lucro: 1950-2022”. Mimeo.

OREIRO, J.L. (2016). Macroeconomia do Desenvolvimento: uma perspectiva Keynesiana. LTC Editora: Rio de Janeiro.

PASINETTI, L. (1961-1962). “The rate of profit and income distribution in relation to the rate of economic growth”. Review of Economic Studies, vol. 29, no.4.

ROBINSON, J. (1962). Essays in the Theory of Economic Growth. Macmillan: Londres.

Ros, J. (2013). Rethinking Economic Development, Growth and Institutions. Oxford Economic Press: Oxford

Oreiro: “Na economia, Governo Bolsonaro já acabou” (Portal Vermelho, 01/10/2021)

02 sábado out 2021

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A crise da economia brasileira, Crise da Democracia Brasileira, Crise do Governo Bolsonaro, José Luis Oreiro, Macroeconomia Estruturalista do Desenvolvimento, novo-desenvolvimentismo

Para o professor de Economia da UnB e ícone do Novo Desenvolvimentismo no Brasil, com Paulo Guedes já desacreditado, o Banco Central agindo na contramão da tendência mundial e o agravamento da crise hídrica, país corre risco de enfrentar recessão em 2022.

por Mariana Mainenti

Publicado 01/10/2021 21:44 | Editado 01/10/2021 22:13

Link: https://vermelho.org.br/2021/10/01/oreiro-na-economia-governo-bolsonaro-ja-acabou/

Do ponto de vista da economia, o Governo Bolsonaro já acabou. A opinião é do professor de Economia da Universidade de Brasília (UnB), José Luís Oreiro, que é fundador e coordena o Structuralist Development Macroeconomics Group, grupo de pesquisa no âmbito da Macroeconomia do Desenvolvimento Estruturalista. Oreiro acredita que o ministro Paulo Guedes só poderá agora atuar para “administrar o caos” e alerta também que o Banco Central brasileiro está indo no sentido oposto ao das autoridades monetárias da União Europeia, dos Estados Unidos, do Reino Unido e do Japão: “O Brasil está na contramão do que os países desenvolvidos estão fazendo para reaquecer a economia, que é investir. A política monetária tem muito pouco a fazer sobre choque de oferta. Tentar debelar esse tipo de inflação com elevação da taxa de juros é nonsense”.

A Macroeconomia do Desenvolvimento Estruturalista pode ser entendida como o conjunto de modelos que justificam teoricamente o Novo Desenvolvimentismo, definido como uma estratégia de desenvolvimento nacional alternativa ao Consenso de Washington. Segundo o professor, que é um dos baluartes do Novo Desenvolvimentismo no Brasil, no momento em que começa a haver uma maior flexibilização, por conta da vacinação, seriam esperados sinais de retomada da economia, mas as últimas pesquisas mostram que não é o que está acontecendo.

Consumidores e empresários demonstram estar com o pé atrás, comportamento que ele atribui a três fatores, sendo o primeiro deles a aceleração da inflação, que está em quase 10% ao ano. “Isso leva à redução do salário real e afeta negativamente o consumo. Ao mesmo tempo, o investimento público vem caindo muito nos últimos anos, o que vai na direção oposta ao que deveria estar acontecendo e que é a realidade dos Estados Unidos e da Europa: o aumento do investimento. É isso que explica a economia perdendo tração”, afirma.  

Incertezas

Como agravante, Oreiro acrescenta ainda a crise política. Bolsonaro subiu o tom dos ataques às instituições democráticas, o que faz com que os empresários adiem os investimentos por conta das incertezas. Divulgado nesta sexta-feira (01/10), o Índice de Confiança Empresarial (ICE) calculado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) apresentou queda de 2,5 pontos em setembro, passando para 99,9 pontos. Na quinta (30/10), a FGV divulgou que o Indicador de Incerteza da Economia (IIE-Br) subiu 14,3 pontos em setembro, para 133,9 pontos, o maior nível desde março de 2021. Comparando-se à série histórica anterior à pandemia de covid-19, período em que foram registrados níveis inéditos de incerteza no Brasil e no mundo, este seria o segundo maior nível de incerteza, ficando abaixo apenas de setembro de 2015, quando o indicador alcançara 136,8 pontos.

Outros dois índices da FGV, divulgados na véspera, também tiveram quedas. O Índice de Confiança de Serviços (ICS), caiu dois pontos em setembro, para 97,3 pontos, interrompendo a sequência de cinco altas consecutivas. E o Índice de Confiança do Comércio (Icom) do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) recuou 6,8 pontos em setembro, para 94,1 pontos, menor nível desde maio deste ano (93,7 pontos).

Já as vendas reais da indústria de transformação paulista tiveram queda de 2,4% em agosto na comparação com julho, segundo levantamento divulgado nesta semana pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Essa é a quarta retração seguida do índice, que acumula redução de 7,6% em 2020.

“A queda na produção é decorrência de tudo isso, além de problemas de logística internacional que estão atrapalhando a fabricação de insumos intermediários para a indústria automobilística. E os serviços dependem da indústria e da renda dos consumidores. Como a massa salarial está caindo, o emprego está baixo e a inflação alta, não tem como as pessoas gastarem com serviços porque os alimentos estão caros e elas precisam comer. Aí precisam cortar bar, restaurante, cabeleireiro. Estamos em uma situação bem complicada”, diz.

Oreiro não acredita em uma retomada em 2022, uma vez que em abril do ano que vem já haverá as desincompatibilizações de pessoas que hoje estão no governo para concorrerem à eleição. No caso da Reforma Tributária, embora os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco, e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, tenham prometido votar a matéria em dezembro, ele também é descrente de que aconteça a votação. “O que temos hoje é uma pessoa em campanha ocupando a cadeira de presidente da República”, afirma.

Sobre Paulo Guedes, que nesta semana chegou a mencionar a privatização da Petrobras e do Banco do Brasil, Oreiro afirma que o ministro já perdeu a confiança dos investidores: “Tem alguém em sã consciência que ainda acredita no que o Paulo Guedes fala? É só ver a lista do que ele propôs em outubro de 2018 e o que foi feito. O Paulo Guedes está muito desacreditado e a ala militar do governo jamais vai permitir a privatização da Petrobras e do BB. É uma questão pragmática. Os militares estão empregados nesses locais”.

Alta de juros

Para Oreiro, o BC está tentando controlar o choque de oferta reduzindo demanda pela elevação dos juros e, desta forma, só se torna mais difícil a recuperação da economia, além de aumentar o custo de rolagem da dívida pública, com o aumento da Selic, o que contribui para o desequilíbrio fiscal do governo. “É como se o BC do Brasil estivesse em um universo paralelo ao dos BCs dos países desenvolvidos. O comportamento deles é o oposto”, considera.

Ao mesmo tempo, a elevação da taxa de juros acabou tirando a atratividade do investimento imobiliário. “Havia expectativa de retomada forte da construção civil. Com elevação dos juros, isso foi prejudicado. Todos esses fatores apontam para redução da demanda e do nível de emprego e da atividade econômica”, acredita.  

A natureza dessa inflação a política monetária não resolve: “Deveríamos ter feito estoques de alimentos. Diversos países do mundo não fizeram. O Guedes em 2019 acabou com os estoques reguladores da Conab, um instrumento que vinha sendo usado desde o governo militar. A ideia da formação de estoques é, em momentos de quebra de safra agrícola, suavizar o aumento de preços. Funcionam como estabilizador. Não fizemos isso”, critica.

Com relação aos preços dos combustíveis, Oreiro lembra que a Petrobras apresentou lucro recorde no semestre passado e o governo não precisaria ter repassado todo o aumento do dólar internamente. “Ele está transferindo renda da sociedade para os acionistas. Uma parte das ações é do governo, mas há acionistas privados que estão ganhando rios de dinheiro em uma situação em que as pessoas estão tendo dificuldade para comer. Como o acionista majoritário é o Estado brasileiro, poderia fazer uma outra política de preços. O governo a trata como se a Petrobras fosse uma empresa privada, monopolista. Não faz sentido”.

As perspectivas para 2022, segundo o professor, são ainda piores. “Acredito que devemos fechar esse ano com um crescimento abaixo de 5%, indicando uma expansão do PIB em 2022 somente inferior a 1%, com viés de baixa, ou seja, possibilidade de recessão. “A economia vai piorar por conta da crise energética. No melhor cenário da crise energética, há a elevação do preço da energia, o que aumenta o custo de produção da indústria brasileira. Isso, por si só, joga a atividade para abaixo. E não está descartada a ocorrência de apagões”, prevê. “De novembro de 2021 a abril de 2022, pode haver racionamento. Vai depender do ciclo de chuvas. Se decretado racionamento, aí a economia pode, inclusive, entrar em recessão, a partir de abril do ano que vem. Após o período das chuvas, vamos ver se o nível do reservatório no Sul, no Sudeste e no Centro-Oeste vai estar acima ou abaixo de 2021. Se estiver abaixo, haverá recessão”, acrescenta.

Seria o Modelo de Thirwall apenas um “teto” para o crescimento de longo-prazo? Mais um equívoco dos economistas pop

30 quinta-feira set 2021

Posted by jlcoreiro in Macroeconomia estruturalista do desenvolvimento, miséria da crítica ao novo-desenvolvimentismo, novo-desenvolvimentismo

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A miséria dos críticos do novo-desenvolvimento, Debate Macroeconômico, novo-desenvolvimentismo

A primeira reação dos “economistas pop” ao documento divulgado ontem (https://jlcoreiro.wordpress.com/2021/09/29/a-miseria-da-heterodoxia-o-universo-paralelo-dos-criticos-do-novo-desenvolvimentismo/) foi afirmar que o modelo de crescimento com restrição de balanço de pagamentos, o conhecido modelo de Thirwall (1997), no qual baseamos nossa argumentação a acerca do papel fundamental das exportações como motor do crescimento de longo-prazo representaria apenas (sic) um teto para o crescimento dos países periféricos como o Brasil, mas não um determinante do crescimento pois o mesmo seria determinado pelo ritmo de crescimento dos gastos autônomos. Sobre essa crítica temos a seguinte observação a fazer. Numa economia aberta, como ressaltado por Bortis (1997), são duas as fontes de crescimento da demanda autônoma, a saber: as exportações e os gastos do governo, ou seja, a taxa de crescimento da demanda autônoma será a média da taxa de crescimento das exportações (Gx) e da taxa de crescimento dos gastos do governo (Gg), ponderadas por suas respectivas participações na demanda autônoma. Se Gx for maior do que Gg então a participação dos gastos do governo na demanda autônoma total convergir assintóticamente para zero, de maneira que no longo-prazo a taxa de crescimento da demanda autônoma será totalmente determinada pela taxa de crescimento das exportações. Nesse caso, o crescimento de longo-prazo será determinado pela razão entre a taxa de crescimento das exportações e a elasticidade renda das importações, ou seja, pela “lei de Thirwall”. Caso Gx seja menor do que Gg, então a participação das exportações na demanda autônoma irá convergir para zero no longo-prazo, fazendo com que a taxa de crescimento do produto seja inteiramente determinada pela taxa de crescimento dos gastos do governo. Nesse caso, as importações irão crescer a uma taxa muito maior do que as exportações, levando o país a uma crise do balanço de pagamentos. Esse resultado pode ser verificado em Oreiro e Costa Santos (2019).

Referências

BORTIS, H.(1997). Institutions, Behavior and Economic Theory: a contribution to Classical-Keynesian Political Economy. Cambridge University Press: Cambridge.

OREIRO, J. L. C.; SANTOS, J. F. C. . (2019). “The Impossible Quartet in a Demand-Led Growth Supermultipier model for an small open economy”. In: XII Encontro Internacional da Associação Keynesiana Brasileira, 2019, Campinas. Anais do Encontro Internacional da AKB. São Paulo: AKB, 2019. v. 1. p. 350-375.

THIRWALL, A. P. (1979). “The Balance of Payments Constraint as na Explanation of International Growth Rates Differences”. Banca Nazionale del Lavoro Quarterly Review, N.128.

Curso “Macroeconomia Estruturalista do Desenvolvimento e o Novo-Desenvolvimentismo” no CORECON-DF

09 domingo maio 2021

Posted by jlcoreiro in José Luis Oreiro, Macroeconomia estruturalista do desenvolvimento, novo-desenvolvimentismo

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José Luis Oreiro, Macroeconomia Estruturalista do Desenvolvimento, novo-desenvolvimentismo

I – Objetivos:

A disciplina de macroeconomia estruturalista do desenvolvimento tem por objetivo apresentar os fundamentos teóricos e as implicações de política econômica do novo-desenvolvimentismo, o qual é uma escola de pensamento econômico desenvolvida no Brasil a partir de 2010 e estruturada a partir do assim chamado “consenso de São Paulo”. A macroeconomia estruturalista do desenvolvimento é definida como a teoria que explica o desenvolvimento econômico como um processo histórico de acumulação de capital, incorporando progresso tecnológico e mudança estrutural, na qual a acumulação depende da existência de oportunidades de investimento rentáveis oferecidas pelo crescimento sustentado da demanda, o que, por sua vez, depende do aumento equilibrado do mercado interno e das exportações, que, finalmente, depende que a taxa de câmbio flutue em torno do nível de equilíbrio industrial, em vez de ser cronicamente e ciclicamente sobrevalorizada, como é frequentemente no caso dos países em desenvolvimento. A Macroeconomia Estruturalista do Desenvolvimento estruturalista assim definida pode ser entendida como o conjunto de modelos que dá fundamento teórico ao Novo-Desenvolvimentismo, definido como uma estratégia alternativa de desenvolvimento nacional ao “Consenso de Washington”.

II – Público-Alvo:

Profissionais e acadêmicos interessados se aprofundar no estudo da macroeconomia do desenvolvimento com vistas a entender a natureza da assim chamada “armadilha da renda média” que impede os países de renda média como, por exemplo, o Brasil alcançarem o nível de renda per-capita e de bem-estar humano e social dos países desenvolvidos. Não se trata, contudo, de um curso sobre história econômica do Brasil; mas uma disciplina de Teoria Econômica aplicada às áreas da macroeconomia e do desenvolvimento econômico. Dessa forma, é uma disciplina que interessa não apenas a economistas, mas também a profissionais das relações internacionais, ciência política, sociologia. A disciplina também é de interesse de empresários que estejam dispostos a entender as restrições ao crescimento econômico do Brasil, para além da narrativa, sem fundamento científico, da necessidade de “reformas liberalizantes”.

III – Requisitos:

O profissional interessado em fazer a disciplina deverá possuir um conhecimento mínimo de contabilidade nacional, macroeconomia e desenvolvimento econômico. Ao longo da disciplina serão apresentados alguns modelos formais (matemáticos) de desenvolvimento econômico; de maneira que um conhecimento básico de cálculo também é requerido.

IV – PROGRAMA:

Módulo I – A Teoria Clássica do Desenvolvimento Econômico e o Estruturalismo Latino-Americano (10h)

I.1 Teoria Clássica do Desenvolvimento: Desenvolvimento com Oferta Ilimitada de Mão de Obra: o modelo de Lewis; Retornos Crescentes, Economias Externas e Equilíbrios Múltiplos: O modelo Lewis-Rosenstein-Rodan;

I.2 O Estruturalismo Latino-Americano: Concepção do Sistema Centro-Periferia; A Análise da Industrialização Periférica; Deterioração dos Termos de Troca; O enfoque estruturalista da inflação; Desenvolvimento e Estrutura Social.

Leituras: Ros (2013, caps. 6-8), Rodríguez (2009, caps. 1-5); Lewis (1954), Rosenstein-Rodan (1943), Hirschman (1958); Furtado (2009); Prebish (1950)

Módulo II – A Macroeconomia Estruturalista do Desenvolvimento e o Novo-Desenvolvimentismo (20 horas)

II.1 Fundamentos da Macroeconomia Estruturalista do Desenvolvimento: Método e tradições teóricas; Sofisticação produtiva; Crescimento puxado pela demanda; Restrição Externa; Sobrevalorização da taxa de câmbio e doença holandesa; A Substituição de Poupanças e a Sobrevalorização da taxa de câmbio; O “Fecho” do Modelo Novo-Desenvolvimentista.

II.2 Formulação de Política Econômica: Regimes de crescimento: wage-led versus export-led; neutralização da doença holandesa; política cambial; Transição para um regime de alto crescimento; a economia política da desvalorização cambial.

II.3 Extensões e Refinamentos do Modelo Novo-Desenvolvimentista: Mudança estrutural, crescimento econômico e a armadilha da renda média: o modelo de Oreiro, Silva e Dávila-Fernandez; Taxa Real de Câmbio, Mudança Estrutural e Restrição de Balanço de Pagamentos: o modelo Oreiro-Santana.

II.4 Desindustrialização Prematura: Indústria como o motor do crescimento econômico; Desindustrialização prematura: teoria e evidência empírica. O caso brasileiro.

Leituras: Bresser-Pereira, Oreiro e Marconi (2015); Oreiro (2018a, 2018b), Oreiro, Silva e Dávila-Fernandez (2020), Oreiro e Santana (2019); Oreiro, D´Agostini e Gala (2020), Rocha (2018), Rodrik (2016, 2014, 2013ª, 2013b, 2008); Szirmai (2012).

V – Referências Bibliográficas:

Bresser-Pereira, L.C; Oreiro, J.L; Marconi, N. (2015). Developmental Macroeconomics: new developmentalism as a growth strategy. Routledge: Londres.

Dutt, A.K; Ros, J. (2003). Development Economics and Structuralist Macroeconomics. Edward Elgar: Aldershot.

Ferreira Gabriel L., De Santana Ribeiro L.C., Gonzaga Jayme Jr. F., Oreiro J.L. (2020), “Manufacturing, economic growth, and real exchange rate: Empirical evidence in panel data and input-output multipliers”. PSL Quarterly Review, 73, (292): 51-75.

Furtado, C. (2009). Desenvolvimento e Subdesenvolvimento. Editora Contraponto: Rio de Janeiro.

Hirschman, A. (1958). A Strategy of Economic Development. Yale University Press: New Haven.

Lewis, A. (1954). “Economic Development with Unlimited Supplies of Labor”. The Manchester School of Economic and Social Studies, Vol. 28.

Oreiro, J.L; Martins da Silva, K.; Dávila-Fernandez, M. (2020). “A New Developmentalist Model of Structural Change, Economic Growth and Middle-Income Traps”. Structural Change and Economic Dynamics, Vol.50, pp. 26-38.

Oreiro, J.L. (2018a). Macrodinâmica Pós-Keynesiana: Crescimento e Distribuição de Renda. Alta Books: Rio de Janeiro.

Oreiro, J.L. (2018b), “Estratégias de Desenvolvimento e a Escola Novo-Desenvolvimentista Brasileira”. CADERNOS DE CAMPO (UNESP), v. 24, p. 13-41.

Oreiro, J.L. (2016). Macroeconomia do Desenvolvimento: uma perspectiva Keynesiana. LTC: Rio de Janeiro.

Oreiro, J.L; Santana, B. (2019). “Taxa Real de Câmbio e Mudança Estrutural em um Modelo Kaldoriano de Crescimento com Restrição de Balanço de Pagamentos” In Feijó e Araújo, E. (orgs.). Macroeconomia Moderna: lições de Keynes para economias em desenvolvimento. Elsevier: Rio de Janeiro.

Oreiro, J.L; D´Agostini, L.L.M; Gala, P. (2020b). “Deindustrialization, Economic Complexity and Real Exchange Rate Overvaluation: The case of Brazil (1998-2017). PSL Quarterly Review, vol. 73, N. 295, pp. 313-341.

Prebish, R. (1950). The Economic Development of Latin America and its Principal Problems. Organização das Nações Unidas: Nova Iorque.

Rocha I.L. (2018), “Manufacturing as Driver of Economic Growth”, PSL Quarterly Review, 71 (285), pp. 103-138.

Rodriguez, O. (2006). O Estruturalismo Latino-Americano. Civilização Brasileira: Rio de Janeiro.

Rodrik, D. (2016). “Premature Deindustrialization”. Journal of Economic Growth, Vol.21, Issue 1, pp. 1-33.

                  . (2014). “The Past, Present and Future of Economic Growth”. Challenge, Vol. 57, Issue 3, pp. 5-39.

                  . (2013a). “Unconditional Convergence in Manufacturing.” Quarterly Journal of Economics, Vol. 128, N.1, pp.165–204.

                  . (2013b). “The New Mercantilist Challenge”. Project Syndicate, January 9.

                  . (2008). “The Real Exchange Rate and Economic Growth”. Brookings papers on economic activity, Fall.

Ros, J. (2013). Rethinking Economic Development, Growth and Institutions. Oxford University Press: Oxford.

Rosenstein-Rodan, P.N. (1943). “Problems of Industrialization of Eastern and South-Eastern Europe”. The Economic Journal, Vol. 53, N.210/211.

Szirmai A. (2012), “Industrialization as an Engine of Growth in Developing Countries, 1950-2005”, Structural Change and Economic Dynamics, 23, pp. 406-420.

Thirwall, A.P. (2002). The Nature of Economic Growth. Edward Elgar: Aldershot.

VI – METODOLOGIA:

Aulas expositivas por meio de vídeo-conferência.

VII – INSTRUTOR:

José Luis da Costa Oreiro: Possui graduação em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1992), mestrado em Economia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1996) e doutorado em Economia da Industria e da Tecnologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2000). Atualmente é Professor Associado II do Departamento de Economia da Universidade de Brasília. Pesquisador Nível IB do CNPq, Pesquisador Associado do Centro de Estudos do Novo-Desenvolvimentismo da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, Membro Senior da Post-Keynesian Economics Society e líder do grupo de pesquisa “Macroeconomia Estruturalista do Desenvolvimento” cadastrado no diretório de grupos de pesquisa do CNPq. Foi Presidente da Associação Keynesiana Brasileira (2013-2015). Foi professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (2013-2017), do departamento de economia da Universidade de Brasilia (2008-2013) e da Universidade Federal do Paraná (2003-2008), onde exerceu o cargo de Diretor do Centro de Pesquisas Econômicas (CEPEC), de vice-coordenador do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Econômico (2004-2008) e de coordenador do Boletim Economia & Tecnologia (2005-2007), do qual foi o fundador. Tem experiência na área de Economia, com ênfase em Dinâmica Macroeconômica, atuando principalmente nos seguintes temas: acumulação de capital, crescimento econômico, autonomia de política monetária, taxa de juros e dinâmica não linear. Publicou mais de 120 artigos em revistas científicas no Brasil e no exterior como, por exemplo, o Journal of Post Keynesian Economics, International Review of Applied Economics, Investigacion Economica, Revista Brasileira de Economia, Revista de Economia Política, Economia e Sociedade e Estudos Econômicos. De acordo com a critério REPEC está entre os 10% mais produtivos pesquisadores em economia do Brasil. É co-organizador dos livros “Agenda Brasil: políticas econômicas para o crescimento com estabilidade de preços” publicado pela Monole em 2003, “Sistema Financeiro: uma análise do setor bancário brasileiro” publicado pela Campus em 2007, “Política Monetária, Bancos Centrais e Metas de Inflação: teoria e experiência brasileira”, publicado pela FGV Editora em 2009 e “An Assessment of the Global Impact of Financial Crisis” publicado pela Palgrave Macmillan em 2010. É co-autor do livro “Developmental Macroeconomics: new developmentalism as a growth strategy” publicado pela Routledge em 2015, autor do livro “Macroeconomia do Desenvolvimento: uma perspectiva keynesiana” publicado pela LTC em 2016) e do livro “Macrodinâmica Pós-Keynesiana: crescimento e distribuição de renda” (Alta Books, 2018). Ganhou o Prêmio Brasil Economia (2017) na categoria Livro.

Está no ar o canal do Grupo Macroeconomia Estruturalista do Desenvolvimento no Youtube

27 domingo set 2020

Posted by jlcoreiro in Fernando de Holanda Barbosa, Macroeconomia estruturalista do desenvolvimento

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Fernando de Holanda Barbosa, José Lus Oreiro, Macroeconomia Estruturalista do Desenvolvimento

Caro(a)s amigo(a)s tenho o prazer de anunciar a estreia do canal do Structuralist Development Macroeconomics Research Group no YouTube. Nesse primeiro vídeo convidamos o Professor Fernando de Holanda Barbosa para debater conosco sobre o Teto de Gastos e a Política Fiscal na Pós Pandemia. Se inscrevam no canal e toquem o sininho para ver nossas atualizações.

Link: https://www.youtube.com/watch?v=hg6Lb7Tn0nA&t=1026s

O Teto de Gastos e a Política Fiscal Brasileira Pós-Covid 19

20 domingo set 2020

Posted by jlcoreiro in Debate macroeconômico, Macroeconomia estruturalista do desenvolvimento

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Debate Macroeconômico, Grupo de Pesquisa Macroeconomia Estruturalista do Desenvolvimento

O grupo de pesquisa Macroeconomia Estruturalista do Desenvolvimento estará realizando na próxima quinta-feira, dia 24 de setembro, as 14:30 um debate sobre o Teto de Gastos e a Política Fiscal Brasileira pós-covid-19. O debate será transmitido on-line pelo Facebook do grupo de pesquisa, cujo endereço se acha no folder acima.

Mais informações sobre o grupo podem ser obtidas no site: http://www.sdmrg.com.br

Está no ar o site “Structuralist Development Macroeconomics Research Group”

31 segunda-feira ago 2020

Posted by jlcoreiro in Macroeconomia estruturalista do desenvolvimento

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Structuralist Development Macroeconomics

Caro(a)s leitores,

 

É com grande alegria que anuncio que já está no ar o site do grupo de pesquisa “Structuralist Development Macroeconomics”. O grupo foi fundado em 2008 e se encontra no diretório dos grupos de pesquisa do CNPq, tendo sido certificado pela Universidade de Brasília, a qual é a sede do mesmo.

O material do site ainda está sendo carregado, de forma que ainda não constam os perfis e os artigos de todos os membros do grupo, o qual conta com uma participação expressiva de pesquisadores estrangeiros como Lionello Punzo, Peter Skott, Gabriel Porcile, Jesus Ferreira e Giuliano Guarini.

O endereço do site é http://www.sdmrg.com.br.

Não deixem de visita-lo.

O grupo também está presente no facebook e instragram

Saudações acadêmicas

José Luis Oreiro

 

 

Entrevista com o prof. José Luis Oreiro sobre Novo Desenvolvimentismo (Canal Saia da Matrix, 17/06/2018)

18 segunda-feira jun 2018

Posted by jlcoreiro in Macroeconomia estruturalista do desenvolvimento, novo-desenvolvimentismo, Opinião, Oreiro

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José Luis Oreiro, Macroeconomia Desenvolvimentista, novo-desenvolvimentismo

O motor do crescimento (Diário de Comércio e Indústria, 04/12/2017)

04 segunda-feira dez 2017

Posted by jlcoreiro in Crise Econômica no Brasil, Debate macroeconômico, José Luis Oreiro, Macroeconomia estruturalista do desenvolvimento, Ortodoxia versus heterodoxia

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José Luis Oreiro, Modelos de desenvolvimento econômico

Qual o ritmo de avanço que a economia brasileira sustentará daqui para frente?

A economia brasileira deverá fechar 2017 com crescimento abaixo de 1%, resultante dos efeitos combinados da liberação dos depósitos inativos do FGTS, da redução da taxa de juros e do forte crescimento das exportações, tanto de produtos básicos como de manufaturados, em função da aceleração da economia mundial. Considerando a queda acumulada de quase 9% do PIB real no período 2014-2016, trata-se de uma recuperação anêmica, ainda que bem-vinda.

A pergunta que se coloca a partir de agora é qual o ritmo de crescimento que a economia brasileira pode sustentar no médio e no longo prazo? Essa pergunta é essencial para a projeção sobre a trajetória de contas públicas, bem como para o desenho de políticas capazes de lidar com problemas estruturais da sociedade brasileira na educação, saúde e infraestrutura. A teoria econômica indica que o avanço potencial de uma economia no longo prazo é igual a soma entre a taxa de crescimento da força de trabalho e a taxa de crescimento da produtividade. A primeira depende do avanço da população e da taxa de participação, ou seja, do aumento da razão entre a força de trabalho e a população. Em função da queda tendencial da taxa de fecundidade derivada do processo acelerado de urbanização da economia brasileira nos últimos 50 anos, a taxa de crescimento da população caiu progressivamente, hoje em torno de 0,8% ao ano.

Na década passada a força de trabalho cresceu acima do avanço da população devido ao aumento da taxa de participação, induzida pela expansão do nível de emprego. Embora a recessão de 2014 à 2016 tenha crescido a taxa de desemprego, não podemos mais contar com um aumento significativo da taxa de participação nos próximos 15 anos, dado que a mesma já se encontra num patamar elevado. Assim, o crescimento da força de trabalho deve contribuir com, no máximo, 1 ponto porcentual para o crescimento do PIB nos próximos anos.

E o que dizer da taxa de crescimento da produtividade? Economistas ortodoxos acreditam que a produtividade é algo que não tem nada que ver com a acumulação de capital ou com a composição intersetorial da produção e do emprego, dependendo só de instituições (grau de abertura da economia e grau de observância ao império da lei) e do estoque de capital humano. Dessa forma, a receita ortodoxa para acelerar a produtividade é fazer a abertura indiscriminada e unilateral da economia, junto com o aumento do investimento em educação básica e fundamental.

Em artigo publicado em 2013, o economista Dani Rodrik, da Universidade de Harvard, mostrou que a estratégia de desenvolvimento baseada na melhoria de instituições e da acumulação de capital humano é relativamente pouco eficaz como fonte de aumento da produtividade. Os países que experimentaram surtos de crescimento econômico acelerado foram os que conseguiram transferir mão-de-obra de setores tradicionais para a indústria de transformação. Esse processo permite o aumento mais rápido da produtividade do trabalho.

Ou seja, os campeões de crescimento foram os países que se industrializaram mais rápido. Para impedir a “desindustrialização precoce”, Rodrik constata que a industrialização deve se basear na conquista de mercados externos, ao invés da substituição de importações. Assim, a política macroeconômica torna-se pilar fundamental do desenvolvimento econômico ao ter como meta obter superávits em conta corrente do balanço de pagamentos.

joreirocosta@yahoo.com.br

Professor do Departamento de Economia da UNB

Link do artigo: http://www.dci.com.br/opiniao/o-motor-do-crescimento-id667792.html

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Graduado em Economia pela FEA-USP. Mestre e Doutor em Economia pela Fundação Getúlio Vargas em São Paulo. Foi pesquisador visitante nas Universidades de Cambridge UK e Columbia NY. Foi economista chefe, gestor de fundos e CEO em instituições do mercado financeiro em São Paulo. É professor de economia na FGV-SP desde 2002. Brasil, uma economia que não aprende é seu último livro.

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