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José Luis Oreiro

Arquivos da Tag: política monetária

Novas taxas de juros no Brasil e EUA serão anunciadas na quarta-feira (21) [Portal Vermelho, 20/09/2022]

20 terça-feira set 2022

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A crise da economia brasileira, Debate Macroeconômico, Inflação no Brasil, José Luis Oreiro, política monetária

Preço da alimentação não dá trégua e diminuição dos preços dos combustíveis é “redistribuição de renda dos pobres para a classe média”, aponta economista da UNB.

por Murilo da Silva

Publicado 19/09/2022 20:01 | Editado 19/09/2022 20:02

Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

A semana será marcada por anúncios sobre as taxas de juros do Brasil e dos Estados Unidos. Na próxima quarta-feira (21), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) brasileiro se reunirá para decidir se coloca fim ao ciclo de alta dos juros, ou se realiza mais um aumento antes de finalizar o ciclo. No mesmo sentido, o Federal Reserve dos EUA decidirá o quanto aumentar para controlar a inflação no país.

No Brasil, a taxa de juros (Selic) está em 13,75% ao ano. Parte do mercado acredita que os juros serão mantidos após divulgação do boletim Focus do BC. De acordo com o professor de economia da Universidade de Brasília (UnB) José Luís Oreiro, é possível que a manutenção aconteça, porém ele acredita em uma elevação de 0,25%, em um último aumento que encerraria o ciclo de elevação.

“Nos últimos dois aumentos, o Banco Central elevou em 0,5%. Acredito que antes de finalizar o ciclo de aperto monetário o Banco Central vai fazer um ajuste residual de 0,25%. Então acredito que a taxa de juros vá aumentar para 14% e a partir daí será sinalizado o encerramento, ou suspensão temporária do ciclo de elevação da Selic”, diz.

Inflação

A inflação é medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-IBGE) construído em cima de uma cesta representativa do consumo de bens entre famílias que ganham entre um e quarenta salários mínimos.

Leia também: Juros continuam aumentando nos EUA, mas inflação não cai

Segundo o Focus, a projeção para a inflação do ano caiu de 6,40% para 6%.  No entanto, a queda apontada acontece em meio as ações do governo que visam ganhar popularidade com a classe média pela redução do preço dos combustíveis. No entanto, as medidas não auxiliam a questão da subida dos preços dos alimentos. Além disso, houve redução no valor da energia elétrica no período, com a operação tarifária em bandeira verde.

“No ano passado operou-se com bandeira vermelha tipo 2. As condições dos reservatórios, das usinas hidrelétricas estão melhores do que o ano passado. Isso significa que se aciona menos as termoelétricas e por isso estamos em bandeira verde. Quando você junta a redução dos preços de combustíveis e eletricidade, devido à redução do ICMS, com a redução sobre o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), isso explica toda a queda observada na inflação nos últimos dois meses, junho e julho”, aponta Oreiro.

Peso da alimentação X Combustíveis

O economista ainda alerta que a redução apontada pelo IPCA, que tem uma grande amplitude, diz mais sobre as famílias que tem automóveis e, portanto, se beneficiam da redução do preço dos combustíveis, do que para as famílias com renda menor, para quem a cesta básica de alimentos tem maior peso.

“O peso da alimentação para famílias que ganham de um a dois salários mínimos é muito maior do que para famílias que ganham mais de 20 salários mínimos. Assim como o peso dos combustíveis para quem ganha entre um e dois salários mínimos é nenhum, porque essas pessoas não tem carro. Já quem ganha entre 5 e 6 salários mínimos, provavelmente, tem o seu próprio carro, pode ir trabalhar com ele e tem um gasto considerável devido aos combustíveis. Com isso, o efeito da queda do preço dos combustíveis é assimétrico, ele beneficia mais quem ganha mais, ou seja, foi uma medida regressiva do ponto de vista da distribuição de renda”, explica.

Conforme demonstra o professor, os mais pobres não se beneficiam com a queda da inflação puxada pelos combustíveis e pela eletricidade, pois a inflação dos alimentos continua alta, com entressafra, guerra e lockdown.

“Os alimentos continuaram subindo de preço, até porque a gente já está em entressafra e existem os problemas com a guerra da Ucrânia e Rússia e tem os lockdowns na China. Tudo isso continua pressionando os alimentos enquanto os combustíveis, que são mais importantes para a classe média e classe média alta, caíram de preço, isto é, foi uma política de redistribuição de renda dos pobres para a classe média”, crítica o economista as medidas do governo às vésperas da eleição.

Estados Unidos

A economia norte-americana continua em alerta com alta na inflação, de 8,3% em 12 meses (até agosto), o que afeta os preços dos alimentos no Brasil.

Como sinaliza o professor da UNB, os analistas apostam que Federal Reserve pode aumentar em até 1% a taxa de juros. Porém, ele acredita em uma nova elevação de 0,75% na taxa básica de juros norte-americana.

Sobre a influência sobre o Brasil, Oreiro observa que o câmbio nacional continuará pressionado acima de 5 reais por dólar.

“Isso significa que a inflação de alimentos não vai ceder, porque a única maneira de fazer ceder essa inflação seria por intermédio de uma valorização do real frente ao dólar. Coisa que não vai acontecer por conta da política monetária nos EUA e na Europa”, completa.

Link da matéria: https://vermelho.org.br/2022/09/19/novas-taxas-de-juros-no-brasil-e-eua-serao-anunciadas-na-quarta-feira-21/

O que significa a adoção do Bitcoin por um país como El Salvador (Portal do Bitcoin, 09/06/2021)

10 quinta-feira jun 2021

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bitcoin, José Luis Oreiro, política monetária

Medida é um experimento e pode afetar exportações do país

por Lucas Gabriel Marins09 jun, 2021 13:26

El Salvador adotou oficialmente o Bitcoin como moeda de curso legal e igualou ao status que o dólar tem no país.

Na prática, isso significa que produtos e tributos podem ser pagos em BTC e todos os agentes econômicos devem aceitar a criptomoeda, que pode ser usada para liquidações de contratos. Ou seja: o dono de um imóvel não poderia recusar o pagamento de aluguel em BTC.https://36eb659b4636a256d3fe5b18569c7997.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

O anúncio dividiu especialistas brasileiros. Daniel de Paiva Gomes, professor de direito e autor do livro ‘Bitcoin: a Tributação de Criptomoedas’, disse que a medida é um marco para setor.

Gomes disse que muita gente tem perguntado se a mudança afetaria o câmbio brasileiro de alguma forma. Segundo ele, no entanto, não terá nenhum impacto.

“O fato de o bitcoin ser moeda de curso legal em El Salvador não torna este ativo, automaticamente, moeda estrangeira no Brasil, já que este criptoativo não foi reconhecido como tal pelo Banco Central e sua aquisição não é realizada por meio de um contrato de câmbio, o que, consequentemente, afasta qualquer possibilidade de incidência do IOF-câmbio, pois, de câmbio, não se trata”.

“Pior ideia”, diz professor da UNB

Nem todos os especialistas, no entanto, curtiram a ideia. José Luis Oreiro, professor do departamento de Economia da Universidade de Brasília (UNB), disse ao Portal do Bitcoin que a iniciativa é uma ‘maluquice’ e um ‘tiro no pé’:https://36eb659b4636a256d3fe5b18569c7997.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

“No hall das ideias que já surgiram na América Latina, essa certamente deve ser uma das piores – se não a pior”, completou.

Oreiro também falou que a adoação da criptomoeda também significa deixar a taxa de câmbio completamente ao sabor do mercado, o que poderia afetar as exportações.

“A valorização do bitcoin em dólar ou euro, por exemplo, vai implicar numa apreciação da taxa de câmbio. Ou seja, os produtos de El Salvador – as bananas que eles produzem – vão ficar mais caras que as de Honduras. Então o que vai acontecer é que Honduras vai vender mais bananas que El Salvador. É uma maluquice completa”.

Laboratório

No anúncio sobre a adoção do BTC, feito em um evento em Miami, o presidente Bukele disse que a medida vai atrair investimentos, gerar empregos e melhorar a vida do salvadorenhos, em especial daqueles que vivem no exterior e pagam altas taxas nas transferências internacionais quando precisam enviar dinheiro para os familiares que ficam no país.https://36eb659b4636a256d3fe5b18569c7997.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

Eduardo Henrique Diniz, professor e chefe do departamento de tecnologia e ciência de dados da FGV EAESP, disse ao Portal do Bitcoin que tem dificuldade de enxergar na medida uma solução para os problemas econômicos do país:

“A grande impressão que tenho é que tudo isso é uma aventura de alguém sem muita noção do que está fazendo e sem muito fundamento técnico-cientíco, interessado mais no espaço na mídia”.

O professor falou, no entanto, que a iniciativa servirá como um teste de uso da criptomoeda, de onde será possível tirar várias conclusões. “Guardadas as devidas proporções, vai ser como o um experimento realizado com a vacina CoronaVac no município de Serrana (SP)”.

Político controverso

Filho de um empresário de origem palestina, Nayib Bukele, 39 anos, foi eleito presidente em 2019, derrotando os candidatos dos dois principais partidos do país, que desde o início da década de 90 se revezam no poder.

Para atrair apoiadores, Bukele adotou um discurso ‘anti-velha política’ e sempre usou as redes sociais ao seu favor. Frequentemente, publica fotos com em situações corriqueiras em suas redes sociais, onde tem uma presença enorme.https://36eb659b4636a256d3fe5b18569c7997.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

Para colocar suas medidas políticas em prática, no entanto, o político costuma ser autoritário. No ano passado, com ajuda de militares, ele invadiu o congresso porque os parlamentares não aprovaram um pedido de empréstimo de US$ 109 milhões.

“Essa é uma atitude nada democrática e bastante desrespeitosa com as autoridades que lá estavam, bem como com as instituições”, disse a professora Vanessa Braga Matijascic, do Núcleo de Pesquisa em Relações Internacionais da Universidade de São Paulo, ao site da instituição.

No início de maio, ele destituiu do cargo os juízes do Supremo Tribunal de Justiça e o procurador-geral do país. A justificativa foi que os membros do judiciário violaram à Constituição ao se posicionarem contra as medidas adotadas pelo Executivo no enfrentamento à pandemia do novo coronavírus.

A remoção dos magistrados foi elogiada pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). “Juízes julgam casos, se quiserem ditar políticas que saiam às ruas para se elegerem”, falou o filho do presidente da República na época.

Mercado aposta em nova queda da Selic (Correio Braziliense, 03/05/2020)

04 segunda-feira maio 2020

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Crise do Coronavírus, José Luis Oreiro, política monetária

Especialistas preveem redução entre 0,5 e 0,75 ponto percentual na próxima reunião do Copom, marcada para terça-feira. Em um cenário de deflação, analistas veem com ceticismo o impacto da mudança na taxa básica de juros sobre a atividade econômica

Rosana Hessel

(foto: Raphael Ribeiro/BCB)

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central tem reunião marcada para terça e quarta-feira desta semana. A expectativa é de que o colegiado anuncie uma nova redução da taxa básica de juros (Selic) e a maioria das apostas é que o corte será de 0,5 ponto percentual, mas há também quem espere 0,75 ponto percentual e, ainda, uma pequena fatia imaginando algo mais agressivo, como 1,0 ponto percentual.

A Selic está em 3,75% ao ano, o menor patamar da história, e, mesmo se a taxa passar para 3% ou para 2,75% anuais, o país ainda não deverá conviver com juros reais negativos, ou seja, abaixo da inflação. Isso porque, como a atividade está muito fraca, a falta de demanda vem gerando deflação, reduzindo as perspectivas para o custo de vida no fim do ano. Logo, um consenso está se formando de que uma forte redução nos juros básicos, agora, não terá impacto algum na retomada da atividade no momento atual, com a piora do cenário de contágio e de mortes da pandemia da Covid-19. Além disso, a saída do ministro da Justiça, Sergio Moro, e o aumento das tensões entre o presidente Jair Bolsonaro e o Congresso e o Judiciário, podem agravar o quadro já recessivo na economia.

Para se ter uma ideia, as previsões do Top 5, grupo das cinco instituições que mais acertam as projeções do boletim semanal Focus, do BC, estão abaixo de 2%. E as projeções para a Selic no fim do ano variam entre 2,5% e 2,75%. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, chegou a considerar cenários sobre a possibilidade de o país ter juros reais negativos neste ano, com ocorre com Japão, Dinamarca e países da Zona do Euro, onde o juro nominal está zerado. Por enquanto, a certeza dos analistas ouvidos pelo Correio é de que o presidente do BC precisará escrever nova carta ao ministro da Economia, Paulo Guedes, explicando porque a inflação ficará abaixo do piso da meta, de 2,5%, algo inédito. “Desta vez, a carta não será problema, porque inflação baixa é algo positivo, apesar do ambiente recessivo”, afirma Newton Rosa, economista-chefe da SulAmérica Investimentos.

Ele está revisando as projeções, que estavam com previsão de queda de 3,5% do PIB neste ano. “Vamos mexer para algo acima de 5% de queda, porque a nossa aposta era de relaxamento das medidas de afastamento social, a partir de maio, mas, pelo visto, as restrições devem ser adotadas até junho, devido ao aumento no número de mortes e contágios”, pontua o especialista, que espera corte de 0,5% ponto na próxima reunião do Copom e Selic a 3% no fim do ano.

Apesar de Campos Neto ter sinalizado ao mercado, semana passada, que poderia fazer novos cortes na Selic nesse sentido, analistas esperam mais cautela do BC neste momento em que a pandemia tem seus efeitos cada vez mais severos na atividade.

Recessão

A prévia do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15), que foi divulgada na última quarta-feira, ficou negativa em 0,01% na primeira quinzena de abril. “Vamos ter deflação em abril e em maio, e, se a atividade não tiver uma retomada, ainda poderemos ter deflação em junho”, alerta Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos. Ele prevê que o IPCA ficará em 1,8% no fim do ano e espera um corte de 0,75 ponto percentual na Selic nesta semana pelo Copom. Para ele, não vai adiantar o BC zerar a Selic na atual conjuntura para ter juro real negativo. “O problema é que se fizer cortes fortes nos juros não será uma bala de prata. Não haverá estímulo da demanda, porque o hiato do produto (diferença entre o PIB real e o PIB potencial) está muito elevado, entre 5% e 6%, ou seja, vamos ter recessão”, alerta ele, que está revendo a projeção de queda no PIB deste ano, atualmente em 2,75%.

A economista Alessandra Ribeiro, sócia da Tendências Consultoria, torce para que o Banco Central não corte os juros em maio e mostre mais cautela no processo de condução da política monetária. “O presidente do BC sinalizou o contrário, de que haverá novos cortes. Mas acho que o BC não deve ser tão agressivo diante do aumento dos riscos políticos e fiscais nesse cenário atual”, destaca. Pela sinalização de Campos Neto, ela está esperando um corte de pelo menos 0,5 ponto nesta quarta-feira e de mais 0,25 ponto percentual.

“Ainda achamos que o BC não deve ir para movimentos mais agressivos. Primeiro, porque temos dúvidas em relação à efetividade do corte em um momento de incerteza como esse. E, segundo, porque a potencialidade da política monetária é menor”, alerta.
Em meio à forte recessão na qual o país está mergulhado, mesmo se o país tiver juros reais negativos, eles podem não estimular a atividade, na avaliação do economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale. “O BC deve cortar 0,5 ponto na Selic em maio e pode cortar ainda mais em meio a essa crise. Mas mesmo se houver juro negativo, o spread (margem dos bancos entre os juros que eles pagam e o que eles cobram dos clientes, incluindo o lucro) continuará elevado”, avaliou. Para ele, que prevê Selic no fim do ano em 3,25%, a necessidade maior do mercado no momento é “dar garantias maiores para o setor privado emprestar para as empresas”.

Na avaliação do economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Carlos Thadeu de Freitas Gomes, apesar do corte, a Selic ainda ficará elevada, podendo chegar a 2% no fim do ano. “Isso pode significar um dólar mais caro, mas hoje não tem importância inflacionária e pode ajudar na exportação”, destaca. Quanto mais os juros caírem, mais os bancos serão obrigados a emprestar, segundo ele. 

Sem impacto na atividade

Mesmo com a taxa básica de juros (Selic) nos menores patamares da história, novos cortes da taxa básica não deverão ter grande impacto na economia, na avaliação de analistas, porque os spreads não caem tanto quanto se observa na taxa básica, ainda mais com o governo zerando o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para os empréstimos. “Existe uma dissonância grande nesse mercado, que é muito concentrado e, por conta disso, os juros não caem na ponta”, compara Alexandre Almeida, economista da CM Capital. Ele lembra que o governo tem dado instrumentos para tentar estimular o mercado de crédito, como a redução da alíquota dos depósitos compulsórios a prazo, por exemplo, mas não vê um cenário de juro negativo diante da escalada na curva longa dos juros, que já estão entre 7% e 9%.
Os juros nominais no país, se comparados com os de países emergentes, não estão entre os mais altos, mas o problema é que no mercado eles continuam altos. “Na Espanha, o governo está agindo mais na oferta de crédito subsidiado por meio de bancos públicos e de desenvolvimento, algo que precisa ser melhorado no Brasil, pois os juros, lá, para o pequeno empreendedor arcar com custos, é de 1% ao ano; e, aqui, para financiar a folha de pagamento, a taxa estava em 3,75%”, compara o economista José Luis Oreiro, professor da Universidade de Brasília (UnB).

As projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil neste ano estão sendo constantemente revisadas para baixo. A mediana das expectativas do mercado do boletim Focus, do Banco Central, já foi reduzida 11 vezes e, na semana passada, estava prevendo retração de 3,3% neste ano. Esse dado está otimista se comparado com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que aposta em recuo de 5,3% do PIB, ou de analistas que já começam a admitir queda de 10%, como prevê Oreiro. Nos cenários mais pessimistas, como o do banco suíço UBS, chega a 10,1%.

O economista da CM espera corte de 0,5 ponto percentual na Selic, agora, e outro, de 0,25 ponto. Nada mais. “Estamos prevendo os juros ficando em 3% neste ano e em 4% no ano que vem. O cenário de deflação não vai favorecer os juros negativos tão cedo”, afirma. A economista Juliana Inhasz, professora do Insper, lembra que o juro negativo dificilmente chegará ao consumidor final uma vez que o crédito baixo acaba não chegando para o consumidor em função dos demais custos que envolvem a operação de financiamento. “Neste momento, cortar a Selic não vai ter efeito algum na economia. É uma medida inócua, porque não há demanda. As pessoas estão em casa e estão consumindo menos, e as empresas, com tanta incerteza, dificilmente vão investir. Elas precisam de empréstimos para financiar o capital de giro”, destaca. (RH)

Muito pouco, muito tarde (Diário de Comércio e Indústria, 02/08/2019)

02 sexta-feira ago 2019

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Erros do Banco Central do Brasil, Nova recessão a vista?, política monetária

Finalmente o Banco Central do Brasil se rendeu a realidade do gravíssimo quadro de estagnação da atividade econômica vigente no país e decidiu reduzir a meta da taxa Selic em 0,5 p.p, para 6% a.a. Trata-se do valor mais baixo da série histórica da taxa Selic. Essa decisão surpreendeu o mercado financeiro, o qual apostava numa redução de apenas 0,25 p.p; haja vista que a curva de juros futuro embutia uma probabilidade de 75% de ocorrer uma redução dessa magnitude. Com efeito, o presidente do BCB, Roberto Campos Neto, vinha afirmando reiteradas vezes para a imprensa de que (i) a política monetária já se encontrava no campo estimulativo, pois o valor real ex-ante da taxa Selic se encontrava abaixo das estimativas existentes a respeito do valor neutro dessa taxa; e (ii) a aprovação da reforma da previdência teria um impacto expansionista sobre a demanda agregada devido ao efeito da mesma sobre o (sic) espírito animal dos empresários, levando-os a desengavetar uma série de projetos de investimento, tornando desnecessária uma nova flexibilização da política monetária. Essas declarações levaram muitos analistas até mesmo a prever que, na reunião de julho do COPOM, a taxa Selic seria mantida inalterada. Felizmente o BCB mudou o seu entendimento sobre o grau de estímulo da política monetária e não só reduziu a Selic, como ainda o fez numa magnitude maior do que o esperado.

A decisão de reduzir os juros, contudo, veio muito tarde e numa magnitude menor do que a necessária para produzir um efeito expansionista relevante para a atividade econômica. A última redução da taxa Selic ocorreu em 31/10/2018 quando o COPOM decidiu reduzir os juros básicos da economia brasileira em 0,25 p.p, para 6.5% a.a. Se passaram 9 meses, portanto, desde a última flexibilização da política monetária. Nesse meio tempo, as expectativas de crescimento da economia brasileira foram reduzidas continuamente, passando de pouco mais de 2,5% a.a. em novembro para 0,8% a.a em julho. Essa deterioração das expectativas de crescimento se deu num contexto no qual a economia brasileira apresentava a mais lenta recuperação cíclica desde a crise de 1981-1983, apresentando um hiato do produto de quase 6% no primeiro semestre de 2019. Por fim, as expectativas de inflação para o ano de 2019 apontam que a inflação ficará abaixo da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional pelo terceiro ano consecutivo; sinal evidente de que a condução da política monetária nos últimos três anos tém sido excessivamente conservadora, não seguindo assim o protocolo do regime de metas de inflação. A redução da Selic ocorrida na última reunião do Copom veio muito tarde para salvar o ano de 2019, pois seus efeitos só começarão a se sentir sobre o nível de atividade no primeiro trimestre de 2020.

A projeção que o BCB fez para a inflação de 2020 no cenário de mercado mostra que se a taxa de juros for reduzida para 5,5% a.a a inflação fechará num patamar de 3,9%, ligeiramente abaixo da meta de 4,0%. Isso parece indicar que o BCB deverá promover uma nova redução de 0,5 p.p na reunião de setembro do Copom, encerrando então o ciclo de redução da taxa de juros. Se essa conjectura se confirmar, a Selic real ex-ante será reduzida para 1,53% a.a; uma valor ainda muito alto dado o grau de ociosidade dos fatores de produção e o cenário internacional no qual as taxas nominais de juros de vários países desenvolvidos (Suiça e Área do Euro) se encontram em patamar negativo.

Nova recessão a vista? A economia brasileira está morrendo por falta de estímulos de demanda

16 terça-feira abr 2019

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A crise da economia brasileira, Debate Macroeconômico, política monetária, Reforma da Previdência

O IBC-BR calculado pelo Banco Central do Brasil apresentou uma queda de 0,73% em fevereiro na comparação com janeiro de 2019. É o segundo mês consecutivo de queda do indicador que é uma espécie de “prévia” do PIB apurado no Sistema de Contas Nacionais do IBGE. Em janeiro de 2019 o IBC-BR apresentou uma queda de 0,31% com relação a dezembro de 2018.

O comportamento do IBC-BR aponta para a possibilidade concreta de uma contração do PIB no primeiro trimestre de 2019, interrompendo assim a mais lenta trajetória de recuperação do nível de atividade econômica desde 1981 (Ver gráfico 1)

A lenta recuperação do nível de atividade econômica desde o fim da recessão do período 2014-2016 tem como contrapartida a manutenção de um nível persistentemente alto de capacidade ociosa. Com efeito, conforme podemos observar na figura 2 abaixo, elaborada pelo economista Ricardo Barboza do grupo de conjuntura econômica do IE-UFRJ, a média aparada obtida a partir de 6 metodologias diferentes para o cálculo do produto potencial mostram que a economia brasileira se encontra 4,3% abaixo do produto potencial, o que significa um desperdício de recursos da ordem de aproximadamente R$ 315 bilhões. Se a economia brasileira estivesse hoje (abril de 2019) operando ao nível do produto potencial, a receita tributária do setor público consolidado teria um acréscimo mais de R$ 90 bilhões com relação a previsão para o ano de 2019, o que representa 64% do déficit primário estimado (R$ 139 Bilhões) pelo Ministério da Economia para o corrente ano.

Gráfico 2 : Estimativas do Hiato do Produto

Autor: Ricardo Barboza.

A persistência de um hiato do produto significativo por um período tão longo de tempo após o término oficial da recessão de 2014-2016 é sintoma claro de uma economia que padece de insuficiência crônica de demanda efetiva.

Existem diversos fatores que explicam o porque da demanda efetiva ter se mostrado cronicamente insuficiente nos últimos anos para permitir a eliminação completa do hiato do produto, mas um fator particularmente importante consiste no fato de que a política monetária brasileira tem se mostrado insuficientemente estimulativa, como apontado recentemente por Borges e Borça (2019a, 2019b). Embora o Banco Central do Brasil tenha realizado um processo de redução significativa da taxa Selic, tanto em termos nominais como em termos reais desde o final do segundo semestre de 2016, o valor neutro da taxa Selic – ou seja, o valor da taxa Selic que é compatível com uma inflação estável – também se reduziu ao longo desse período (ver figura 3) em função do efeito que o aumento do desemprego tem sobre as famílias que continuam empregadas durante a recessão, levando-as a reduzir seus gastos de consumo por razões puramente precaucionais (ver Vines e Wills, 2018). Dessa forma, a redução da taxa neutra de juros ocorreu concomitantemente ao processo de flexibilização monetária por parte do Banco Central do Brasil, reduzindo assim a amplitude do estímulo monetário dado para a economia brasileira.

Não é mais possível ou desejável esperar pela aprovação da Reforma da Previdência para então dar o estímulo monetário adicional que a economia brasileira precisa desesperadamente para não cair novamente em recessão. Usando uma metáfora adaptada da medicina a economia Brasileira é um como paciente que está sofrendo de bradicardia (ritmo cardíaco insuficiente), enquanto a equipe médica responsável pelo mesmo deseja realizar uma cirurgia bariátrica para resolver um problema de obesidade mórbida. Está claro que a obesidade mórbida é um risco para a vida do paciente no médio e longo-prazo e que, portanto, a cirurgia bariátrica é o tratamento adequado. Contudo, se a cirurgia for feita sem haver sido resolvido o quadro de bradicardia – o que exige, provavelmente, a implantação de um marca-passo – o risco é o paciente morrer na sala de cirurgia.

O Banco Central do Brasil precisa assumir sua responsabilidade com o presente da economia brasileira e reiniciar o processo de redução da taxa básica de juros já na próxima reunião do COPOM. Se não fizer poderá ser tarde demais para salvar … 2020.

Referências Bibliográficas.

  • Borges, B; Borça Jr, G.(2019a). “O quão estimulativa é a política monetária brasileira”. Blog do IBRE, 03 de janeiro.
  • Borges, B; Borça Jr, G.(2019b). “Deve o BC reduzir a Selic? Sim, e não estará desrespeitando o sistema de metas”. Blog do IBRE, 14 de fevereiro.
  • Vines, D; Wills, S. (2018). “The Financial System and the Natural Real Interest Rate: towards a ´new benchmark model”. Oxford Review of Economic Policy, Vol. 34, n.1, pp.252-268.

Nota sobre a decisão do Copom

08 quinta-feira fev 2018

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política monetária, Reunião do Copom

O Banco Central reduziu a meta da selic na reunião do Copom de hoje para 6,75% a.a. No comunicado pós reunião, o Copom sinalizou que, mantido o quadro atual, deverá encerrar o ciclo de flexibilização da política monetária em março, na sua próxima reunião. Ao que tudo indica será um novo corte de 0,25%, fazendo com que a meta da selic alcance a mínima histórica de 6,5% a.a. Ao se confirmar esse cenário, e supondo uma inflação de 3,5% para os próximos 12 meses ao longo do ano de 2018, teremos uma selic real de 2,89% a.a. Trata-se de um valor bastante próximo dos níveis observados nos países desenvolvidos, levando-se em conta o prêmio de risco país, o qual atualmente está em torno de 200 b.p. Com base em relatório recente da Instituição Fiscal Independente( clique aqui  RAF12_JAN2018 ), o hiato do produto no terceiro trimestre de 2017 se encontrava em torno de -7%, ou seja, o produto efetivo se achava 7% abaixo do produto potencial; sinalizando assim a continuidade das pressões desinflacionárias na economia brasileira. Nesse contexto, os juros reais deverão permanecer em patamar baixo por um longo período de tempo, independentemente da aprovação ou não da Reforma da Previdência no dia 19 de fevereiro. É o momento adequado para a indústria brasileira tirar da gaveta projetos de investimento para a modernização do parque industrial. Se assim o fizer, estará dando um passo fundamental para a retomada do crescimento da produtividade, o qual permitirá a obtenção de ganhos de competitividade no mercado internacional. Mas para tanto precisará contar com o apoio e o financiamento do BNDES.

IPCA de abril fica em 0,14% e faz crescer pressão por queda maior nos juros (O Estado de São Paulo, 11/05/2017)

11 quinta-feira maio 2017

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Banco Central do Brasil, ciclo de redução dos juros, política monetária

RIO – Com a ajuda das contas de luz e dos combustíveis mais baratos, a inflação oficial voltou a recuar em abril. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve alta de 0,14%, o menor resultado para o mês desde o início do Plano Real, em 1994, informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com o resultado, crescem as pressões do mercado por um aumento do ritmo da queda dos juros.

A inflação acumulada em 12 meses ficou em 4,08%, o menor patamar em dez anos. Essa é a primeira vez desde agosto de 2010 que o IPCA em 12 meses fica abaixo do centro da meta perseguida pelo Banco Central, de 4,5%. É esse reforço do alívio inflacionário mostrado pelo resultado de abril que permitiria uma aceleração no ritmo de corte da taxa básica de juros, a Selic, de 1 ponto para 1,25 ponto porcentual este mês, uma vez que um dos principais objetivos do juro alto é conter o consumo e, por sua vez, a inflação.

IPCA 2
IPCA acumulou alta de 1,10% no ano e 4,08% em 12 meses Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Um levantamento feito ontem pelo Projeções Broadcast com 35 instituições financeiras, após a divulgação do IPCA de abril, mostra que 14 delas já apostam em uma queda de 1,25 ponto porcentual na taxa básica de juros na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que será realizada no final do mês. As outras 21 projetam queda de 1 ponto, de 11,25% para 10,25% ao ano.

Para o ex-diretor do Banco Central Alexandre Schwartsman, a questão agora não é tanto se preocupar se o próximo corte da Selic será de 1 ou de 1,25 ponto porcentual, mas onde a taxa de juros pode chegar com a inflação dentro da meta. “Quando se olha para a dinâmica da taxa de inflação, dá para perceber que ela está em uma trajetória acentuada de queda, e o comportamento da inflação, é claro, vai ser levado em conta pelo Copom ao planejar as próximas quedas dos juros”, diz. “Mas ele já trabalha com uma Selic em um dígito até dezembro.”

Veja o que barateou e o que encareceu no mês de abril

“Nos últimos três meses, o BC até fez uma redução rápida, o erro foi não ter começado a cortar juros ainda no ano passado. Agora, o governo precisa correr atrás do prejuízo”, diz José Luís Oreiro, professor da Universidade de Brasília (UnB). Para ele, o corte da Selic é uma das poucas medidas que restaram para reanimar a economia. “Consumo e investimento estão muito ruins, pelo desemprego alto e grande ociosidade da indústria. O governo não pode investir e as exportações sofreram com o câmbio.”

Muitos economistas, porém, ainda condicionam uma aceleração do corte da Selic à aprovação da reforma da Previdência na Câmara, pelo menos em primeiro turno. A expectativa do governo é que a votação aconteça este mês.

“Os dados de inflação dos últimos dois meses – e principalmente o de abril, que costuma ter um peso maior – abrem caminho para uma queda mais acelerada, de 1,25 ponto, nos juros. Só que o cenário não está dado por completo”, diz o economista Sérgio Vale, da MB Associados. Ele lembra que o Banco Central pode usar o argumento do peso da reforma da Previdência e do ajuste fiscal para justificar o conservadorismo na condução da política monetária. “Caso eles optem por um corte mais tímido agora, se a reforma passar na primeira votação, pode estimular uma queda mais forte.”

Veja como a inflação está sendo sentida na vida dos consumidores

O economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, esperava redução da Selic em 1 ponto porcentual na próxima reunião do Copom, mas agora aguarda uma queda de 1,25 ponto. “A inflação não estava surpreendendo tanto, mas agora voltou a surpreender”, afirmou ele.

Além da continuidade no processo de desaceleração da inflação, Perfeito diz que a expectativa de aprovação da reforma previdenciária também reforça sua projeção para Selic. “Estamos acreditando que será aprovada, senão deixarão uma bomba para o próximo governo.”

Ajuste na meta. O bom comportamento dos preços nos últimos meses também tem reaberto as discussões a respeito de uma redução na meta de inflação no País, hoje fixada em 4,5% ao ano. “Não é só pelo resultado de abril, a questão é que não faz sentido uma meta de 4,5%, muito elevada para os padrões do restante da América Latina. A equipe econômica precisa levar adiante essa discussão e considerar pôr a meta de 2019 em 4%”, diz Vale.

“Nesse cenário, a tendência é reduzir a meta para 4,25%, mas há espaço para um corte maior sem frear a queda dos juros. A perspectiva é que a inflação encerre o ano abaixo de 4%”, diz Schwartsman. /DANIELA AMORIM, DOUGLAS GAVRAS, MARIA REGINA SILVA E THAÍS BARCELLOS

Analistas avaliam que dívida cairá R$ 140 bi se a Selic chegar a 8,75% (Correio Braziliense, 08/04/2017)

09 domingo abr 2017

Posted by jlcoreiro in Ajuste fiscal, Crise Econômica no Brasil, Debate macroeconômico, Macroeconomia do desenvolvimento, Opinião, Oreiro

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Crise Econômica do Brasil, Política fiscal, política monetária

A poucos dias de uma nova reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), as apostas sobre uma queda mais acelerada da taxa básica de juros (Selic) se avolumam. A expectativa da maioria dos analistas de mercado é de que, na próxima quarta-feira, a Selic caia um ponto pecentual, para 11,25%, e, chegue ao fim do ano em 8,75%, o que representará uma redução expressiva nas despesas com juros do governo neste ano – queda entre R$ 88 bilhões e R$ 140 bilhões.

De acordo com dados do BC, cada ponto percentual a menos na taxa básica implica redução de R$ 22 bilhões na dívida líquida. Pelas estimativas do Itaú Unibanco, considerando os vencimentos e componentes da dívida deste ano, a diminuição será de cerca de R$ 25 bilhões para cada ponto de queda, podendo atingir R$ 35 bilhões caso a queda da Selic se propague, passado os efeitos dos vencimentos, para outros indexadores da dívida.

Pelas contas do economista Carlos Eduardo de Freitas, ex-diretor do BC, a economia com juros poderá chegar a R$ 120 bilhões neste ano, ou seja, algo como 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB). “O impacto fiscal é expressivo, mas não implicará redução do deficit primário e, sim, do deficit nominal do governo, que ficou em 9% do PIB em 2016. Ajudará a reduzir o ritmo de crescimento da dívida pública”, afirma. Em fevereiro, a conta de juros de todo o setor público somou, no acumulado em 12 meses, R$ 388,2 bilhões, o equivalente a 6,16% do PIB.

Para o economista e professor da Universidade de Brasília (UnB) José Luis Oreiro, o governo não tem outra saída, a não ser acelerar a redução da Selic para estimular a economia. “A inflação está sob controle e as estimativas de crescimento da economia neste ano só pioram. As pessoas têm que se conscientizar de que não dá para continuar na recessão com os juros no patamar atual”, afirma.

O consultor Roberto Luis Troster, ex-economista-chefe da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), critica a atuação da equipe econômica. Para ele, houve um erro de diagnóstico na tentativa de estimular a economia. “O problema está no crédito. Fazer o ajuste fiscal, melhorar as garantias, alterar as regras do rotativo é mais do mesmo, não vai mudar nada. Quem faz o PIB é o emprego, e o governo parece que não entendeu o que está acontecendo”, afirma.

Na opinião dele, o problema são as contas privadas. “A inadimplência está aumentando e vai continuar crescendo”, alerta. “O governo conseguiu quase tudo o que queria. A inflação está caindo, o dólar está estável e os juros básicos estão em queda, mas o país não cresce porque não há crédito. Os bancos não têm confiança e estão em um círculo vicioso com o aumento da taxa de inadimplência. Se não mudarem essa dinâmica, a economia não vai crescer”, afirma Trosten.

O professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) Istvan Kasznar também avalia que a equipe econômica não ataca o problema da falta de crescimento devidamente. Para ele, passou da hora de o BC baixar os juros de forma mais intensa. “A inflação deve ficar abaixo de 4,3% neste ano e agora é o momento para uma queda significativa nos juros, acima de 1,5 ponto percentual na próxima reunião do Copom. É preciso que o BC, inequivocadamente, mostre a taxa de juros despencando”, avalia.

Oreiro, da UnB, avalia que o governo caiu em uma armadilha que ele mesmo criou. “Há duas regras fiscais em vigor. A PEC do Teto dos gastos e a meta fiscal. Se houvesse lógica, teria abandonado a segunda, mesmo que para isso fosse obrigado a mudar a lei. Agora, a despeito do contingenciamento de R$ 42,1 bilhões, não conseguirá cumprir a meta atual”, aposta. A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2017 prevê deficit primário de até R$ 139 bilhões nas contas do governo central (Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social).

Argentina – 24,75

Ghana – 23,50

Moçambique – 23,25

Gâmbia – 23,00

Malawi – 22,00

Angola – 16,00

Azerbaijão – 15,00

Belarus – 15,00

Nigéria – 14,00

Rep. Dem. Congo – 14,00

Zâmbia – 14,00

Brasil – 12,25

Kazaquistão – 11,00

Quênia – 10,00

Rússia – 9,75

África do Sul – 7,00

Colômbia – 7,00

México – 6,50

Índia – 6,25

Paraguai – 5,50

Peru – 4,25

Chile – 3,00

China – 4,35

Estados Unidos – 1,00

Reino Unido – 0,25

Zona do Euro – 0,00

Japão – -0,10

Dinamarca – -0,65

Suécia – -0.50

Banco Central e Central Bank New

Controvérsias recentes sobre a teoria e a prática da política monetária no Brasil (Revista de Conjuntura, Ano XVI, N.59)

07 sexta-feira abr 2017

Posted by jlcoreiro in Debate macroeconômico, Metas de Inflação, Opinião, Oreiro, Ortodoxia versus heterodoxia

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Crítica a Lara Resende, eficácia da política monetária, política monetária, Taxa de juros

Vejam em Revista-Corecon-FINAL

Inflação baixa reforça aposta em queda de juros Correio Braziliense – 24/11/2016

24 quinta-feira nov 2016

Posted by jlcoreiro in Crise Econômica no Brasil, Debate macroeconômico, Opinião, Oreiro

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política monetária, Taxa de juros

O resultado do Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que cravou alta de 0,26% em novembro, abaixo das expectativas, reforçou as apostas do mercado de que o Banco Central (BC) continuará o processo de queda de juros. Boa parte dos analistas estima que a taxa básica (Selic), hoje em 14% ao ano, será reduzida em 0,25 ponto percentual na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para 29 e 30 de novembro. Uma minoria, entretanto, avalia que os diretores do BC deveriam acelerar esse processo, diante da profunda retração da economia brasileira e da queda nas expectativas para a inflação do próximo ano.

O custo de vida só não caiu mais neste mês devido à alta do etanol. O litro do combustível ficou 7,29% mais caro. Além disso, O IBGE destacou que o aumento no valor das multas de trânsito, que chegou a 23,72%, pressionou o índice. Alimentos e bebidas, fontes de pressão no primeiro semestre, tiveram deflação de 0,06%. A maior queda foi no preço do leite longa vida, de 10,52%.

Quem cobra do BC uma flexibilização maior da política monetária afirma que o resultado do IPCA-15 de novembro, o menor desde 2007 para o mês, mostra que a inflação segue em trajetória de queda gradual. Além disso, argumentam que a mediana das estimativas para o aumento no custo de vida em 2017, está em 4,93%, abaixo da meta oficial, o que abre espaço para uma queda maior de juros. “O BC deveria reduzir a Selic em 0,75 ponto percentual porque o nível de atividade está muito ruim. Caminhamos para três anos de recessão”, alertou o economista José Luís Oreiro, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Ele explicou que, além de retração no terceiro trimestre de 2016, os dados preliminares apontam queda do Produto Interno Bruto (PIB) nos últimos três meses do ano. “A Fundação Getulio Vargas (FGV) já estima crescimento de 0,5% em 2017 e o governo, que sempre é mais otimista, de apenas 1,1%. A situação é crítica”, comentou Oreiro. No mercado, as estimativas para a queda da economia entre julho e setembro têm piorado.

O PIB do terceiro trimestre será divulgado em 30 de novembro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nas contas do Itaú Unibanco, a economia encolheu 1,1% no período. Mesmo assim, o maior banco privado do país espera que o BC faça um corte de apenas 0,25 ponto percentual na Selic, diante das incertezas globais criadas pela eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos.

Dinâmica

O economista-chefe do Goldman Sachs para a América Latina, Alberto Ramos, também espera que os juros terminem o ano em 13,75%. “Apesar da recente dinâmica de atividade real, mais fraca do que a esperada, a pressão eleitoral nos Estados Unidos sobre o Brasil e a incerteza e os riscos gerados pelo resultado das eleições levarão o BC a ser cauteloso e manter o ritmo de redução de juros”, destacou.

A queda, neste mês, dos preços de alimentos, como feijão e leite, além da desaceleração nos custos de serviços, levou a economista-chefe da Rosenberg Associados, Thaís Marzola Zara, a colocar viés de baixa na projeção de IPCA para 2016, hoje em 6,9%. Mesmo assim, ela estima que que o BC reduzirá os juros em apenas 0,25 ponto percentual na próxima reunião do Copom. “ Para 2017, mantemos nossa projeção de inflação de 4,9%”, disse ela.

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