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~ Economia, Opinião e Atualidades

José Luis Oreiro

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Só a retomada salva o país (Valor Econômico, Caderno Eu & Fim de Semana, 22/02/2019)

22 sexta-feira fev 2019

Posted by jlcoreiro in Crise Econômica no Brasil, Debate macroeconômico, Estratégias de Desenvolvimento, José Luis Oreiro

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A crise da economia brasileira, Ajuste fiscal, Crise do Governo Dilma Rouseff, Crise do Governo Temer, Governo Bolsonaro, Reforma da Previdência

A sociedade brasileira passa por uma profunda crise econômica, política e social desde 2013. As manifestações de  2013  foram o evento catalizador de um processo de crescente descrédito na classe política e, posteriormente, de outras instituições da República.

A insatisfação de parte expressiva da população com a performance dos políticos, em particular, e do Estado, em geral, foi incrementada pelos efeitos deletérios da  recessão iniciada no segundo trimestre de 2014 — que  foi detonada por um colapso do investimento do setor privado, que se contraiu por três trimestres consecutivos, a taxa de 10% por trimestre. Isso resultou de um processo de “profit squeeze”, ou seja, queda das margens de lucro e da taxa de retorno sobre o capital próprio das empresas não financeiras, a qual se tornou na mais duradoura e profunda crise econômica do Brasil nos últimos 30 anos. No auge da crise, mais de 14 milhões de brasileiros estavam desempregados e o PIB apresentou retração superior a 8% em termos reais, com destruição de riqueza de R$ 600 bilhões.

A recessão acelerou o desequilíbrio fiscal da União e dos entes subnacionais, muitos dos quais passaram a enfrentar dificuldades crescentes para manter o pagamento dos servidores em dia. A deterioração crescente do resultado primário da União a partir de 2014 gerou um crescimento acelerado da dívida pública como proporção do PIB, colocando o endividamento da União em trajetória claramente insustentável. A perda de espaço fiscal decorrente desses desdobramentos impediu a realização de uma política fiscal anticíclica justamente no momento em que a mesma era mais necessária. Pelo contrário, a política fiscal executada em 2015 foi francamente contracionista, amplificando assim os efeitos da recessão iniciada em 2014.

Outro fator que amplificou os efeitos recessivos do colapso do investimento privado foi a elevação da taxa básica de juros promovida pelo Banco Central em 2015, na tentativa de debelar os efeitos de segunda ordem que o aumento das tarifas dos públicas e dos combustíveis poderiam ter sobre a dinâmica da taxa de inflação.

O desemprego crescente aguçou a percepção de que a crise brasileira era o resultado da corrupção generalizada dentro do Estado, tal como estava sendo revelado ao público pela Lava-Jato. Essa percepção acabou por gerar sentimento difuso de “ódio” à classe política, principalmente aos políticos diretamente ligados ao PT.

O imenso apoio popular ao impeachment da presidente Dilma Rousseff foi a demonstração clara de que, na cabeça do cidadão mediano, a crise era resultado direto da corrupção dirigida e organizada pelo PT e seus aliados. Nesse contexto, uma ampla parcela da população acreditava que o afastamento do PT do poder, pelo impeachment, cujas bases jurídicas eram duvidosas, seria uma condição necessária, quando não suficiente, para o fim da corrupção e para a retomada do crescimento econômico.

Os primeiros meses do governo Michel Temer pareciam apontar para uma retomada robusta do crescimento no início de 2017, ainda que poucas pessoas acreditassem na vontade do governo de combater a corrupção.

O governo Temer apresentou à sociedade brasileira uma narrativa essencialmente ortodoxa das causas da crise de 2014 a 2016. O problema fundamental era o desequilíbrio fiscal estrutural, resultado do “contrato social” estabelecido pela Constituição de 1988. Segundo economistas ligados ao governo, a Constituição havia produzido um conjunto de benefícios sociais para os mais pobres e de privilégios para os funcionários públicos que impunham um ritmo para o crescimento dos gastos públicos (entre 5 a 6% ao ano em termos reais) que era muito superior à capacidade de crescimento da economia.

Durante um certo período foi possível acomodar esse aumento dos gastos com o aumento da carga tributária. Contudo, a partir de 2011, a receita passou a crescer mais ou menos em linha com o PIB de tal forma que a deterioração do resultado primário da União tornou-se inevitável. Essa deterioração teria sido “mascarada” pelas “pedaladas fiscais” e outros artifícios de “contabilidade criativa”; mas, a partir de 2014, ficou impossível encobrir a verdade nua e crua de que o governo não era mais capaz de gerar superávits primários e que, portanto, a dívida pública entraria em trajetória explosiva. O desequilíbrio fiscal crescente acabou por gerar perda de confiança dos empresários no governo, o que se refletiu em elevação do prêmio de risco país, desvalorização da taxa de câmbio, queda dos preços das ações e elevação dos juros futuros. Esse quadro levou a uma queda dos gastos de investimento e de consumo, fazendo com que o país entrasse na pior recessão dos últimos 30 anos.

Face a essa narrativa, a solução para a crise era muito clara: o governo precisava fazer um ajuste fiscal estrutural, cujo foco deveria ser a redução do ritmo de crescimento das despesas. Para tanto foi desenhada uma estratégia em duas etapas. Na primeira, o governo enviou para o Congresso uma PEC criando um teto de gastos para o governo federal. Esse teto não seria a solução do problema fiscal, mas apenas uma espécie de mecanismo que explicitaria o conflito distributivo existente dentro do orçamento. A ideia era congelar os gastos primários da União em termos reais por dez anos, ao final do qual poderia ser modificado o indexador dos gastos públicos, que havia sido definido como a variação do IPCA no período inicial de vigência do teto.

O problema é que todos os itens das despesas obrigatórias (aposentadorias, pensões, salários do funcionalismo público, gastos com saúde e educação) apresentaram nos últimos 20 anos uma taxa de crescimento muito acima da variação do IPCA. Dessa forma, se nada fosse feito para reduzir o ritmo de crescimento desses gastos, o cumprimento da regra do teto obrigaria a administração federal a reduzir progressivamente os  gastos discricionários, que incluem gastos com o investimento em infraestrutura, com o reaparelhamento das Forças Armadas e  com a manutenção de instalações do governo federal.

Como é impossível manter o funcionamento da máquina pública federal sem a realização de um valor mínimo de gastos discricionários, segue-se que a ameaça de “shutdown” obrigaria o Congresso  a realizar aquilo que foi denominado de “a mãe de todas as reformas”, a reforma da Previdência. Uma vez aprovada uma “boa” reforma, o desequilíbrio fiscal estrutural seria eliminado, e o teto dos gastos poderia, eventualmente, ser abolido. Nessas condições, o Brasil poderia retomar o crescimento em bases sustentáveis, pois se produziria uma “contração fiscal expansionista”, ou seja, o ajuste das contas públicas levaria automaticamente a um aumento do investimento e do consumo do setor privado.

A PEC do teto dos gastos foi aprovada no final de 2016 e tudo apontava para a aprovação de uma reforma da Previdência em 2017. As condições financeiras da economia brasileira (risco país, taxa de câmbio, juros futuros e índice Bovespa) apresentavam nítidos sinais de melhora no primeiro trimestre de 2017. A melhoria das condições financeiras ocorrida a partir do segundo semestre de 2016 permitiu ao BC iniciar um processo “lento, gradual e seguro” de redução da taxa de juros, o qual deveria, em algum momento, estimular o crescimento.

Mas no meio do caminho havia uma pedra, e essa pedra foi o escândalo da gravação das conversas, por assim dizer, pouco republicanas, entre o presidente da República e Joesley Batista, da JBS. A divulgação desses áudios produziu uma crise política de proporções gigantescas, obrigando o presidente a gastar todo o seu capital político e otras cositas más na tentativa de angariar apoio político para o seu governo e impedir um novo processo de impeachment. No fim do ano de 2017 já estava claro que a reforma da Previdência não teria condições políticas de ser aprovada durante o governo Temer.

Surpreendentemente os mercados financeiros não desabaram com o adiamento da reforma da Previdência. Índices de condições financeiras continuaram relativamente bem comportados ao longo do segundo semestre de 2017 e no primeiro trimestre de 2018. Apesar disso, o crescimento  foi decepcionante em 2017. O PIB apresentou expansão de 1,1% em termos reais, após dois anos de queda acentuada. No fim de 2017, a economia ainda se encontrava 6% abaixo do nível observado em 2013. E o pior, o desemprego superava 13 milhões de pessoas. A produção industrial encontrava-se ao nível de 2004, recuo de mais de 10 anos.

O ano de 2018 se inicia com grandes expectativas de aceleração do crescimento. O Ministro da Fazenda esperava um crescimento entre 2,5% a 3%. Se essas expectativas se confirmassem a taxa de desemprego poderia fechar o ano em torno de 10% da força de trabalho, gerando um saldo de 2 a 3 milhões de novos empregos. Nesse cenário róseo, o candidato a Presidência da República que encarnasse a continuidade da política econômica do governo Temer seria praticamente imbatível nas eleições de outubro.

Mas o otimismo de Henrique Meirelles mostrou-se sem fundamento. No primeiro semestre de 2018 a atividade mostrava sinais de recuperação muito lenta, embora a grande recessão tivesse oficialmente terminado no final de 2016. A implantação do teto dos gastos pode ter até ancorado as expectativas dos agentes do mercado financeiro, contribuindo assim para a relativa estabilidade dos índices de condições financeiras; contudo, o seu cumprimento estava impondo redução sem precedentes, nos últimos 15 anos, dos gastos com investimento público. A contração do investimento público — justamente o componente da despesa primária que possui o maior efeito multiplicador — atuou como mecanismo de desestímulo à demanda agregada, numa economia que estava operando com um nível absurdamente elevado para os seus padrões históricos, de ociosidade da capacidade produtiva. A greve dos caminhoneiros, a crise econômica na Turquia e na Argentina e a indefinição do quadro eleitoral contribuíram para aumentar a incerteza reinante entre os agentes econômicos e que se expressou numa deterioração significativa do índice de condições financeiras ao longo do segundo semestre de 2018. Como resultado desses desdobramentos, o ritmo de recuperação da atividade econômica se desacelerou e a economia deve ter fechado o ano passado com um crescimento em torno de 1%.

O quadro econômico desolador combinado com a constatação de que a corrupção na máquina pública não estava restrita ao PT levou uma ampla parcela da população a acreditar que os problemas só seriam resolvidos por um outsider da política tradicional. A maioria dos eleitores identificou em Jair Bolsonaro a pessoa que encarnava o anti-establishment.

Mas será que o governo Bolsonaro poderá atender ao desejo de mudança, ou melhor, será que o novo governo poderá recolocar o Brasil na trajetória de desenvolvimento?

Bolsonaro, influenciado pelo czar da Economia, Paulo Guedes, parece acreditar que a reforma da Previdência, combinada com um programa ambicioso de privatizações, irá fazer o país sair daquilo que o próprio Guedes chamou de “armadilha de baixo crescimento”. Não é a primeira vez que se propõe uma ampla agenda de privatizações como solução para os problemas nacionais. Essa agenda foi extensamente adotada nos governos Collor e FHC.

A taxa média de crescimento no período 1990-2002 foi inferior a 2,5%, mesmo se expurgarmos os dois primeiros anos do governo Collor, quando a economia entrou em recessão devido ao “confisco das poupanças”. Também não é a primeira vez que se diz que um ajuste fiscal é fundamental para a retomada do desenvolvimento. Ajustes fiscais foram feitos em 1994-1995; 1999-2000, 2003-2004, 2011, 2015, 2016-2018. Nesses casos, apenas um deles, o período 2003-2004, foi seguido por um período de aceleração significativa e razoavelmente duradoura do crescimento. Nesse caso, a contração fiscal se mostrou expansionista devido ao espetacular aumento das exportações de manufaturados ocorrida no período 2002-2004, decorrente da enorme desvalorização da taxa de câmbio ocorrida em 2002. Em todos os demais casos, ou não houve aceleração do crescimento, ou a aceleração foi pequena e curta ou ocorreu queda do nível de atividade econômica. Em suma, o ajuste fiscal pode ser necessário para se evitar um desastre, mas não é nem de perto condição suficiente para a retomada do crescimento.

A retomada do crescimento  requer o atendimento de duas condições. No curto prazo é necessária expansão da demanda agregada para que se possa eliminar a ociosidade na capacidade produtiva e para dar emprego digno aos mais de 12 milhões de brasileiros. Essa expansão da demanda agregada não poderá vir do investimento, devido à enorme ociosidade da capacidade produtiva, e nem do consumo das famílias, devido ao nível elevado de desemprego. O desequilíbrio fiscal também impede uma expansão significativa do investimento público.

A expansão da demanda agregada só pode advir de um forte crescimento das exportações, principalmente das exportações de produtos manufaturados, o que requer taxa real de câmbio estável e competitiva. No médio e longo prazos, contudo, o crescimento só será sustentável se for acompanhado por aumento da produtividade. Ao contrário do que pregam economistas liberais que acham que a produtividade é uma característica embutida nos trabalhadores por intermédio da educação, a boa teoria econômica e a experiência internacional mostram que a produtividade é uma variável cujo comportamento é regido por uma série de fatores, sendo a educação apenas um entre vários.

A produtividade é afetada pela quantidade e a diversificação do conhecimento técnico e científico que está embutido nas pessoas (capital humano), nas máquinas e equipamentos (capital físico), na capacidade das pessoas em se conectarem e assim trocar informações (capital social). Dessa forma, aquilo que uma economia produz e exporta revela a sofisticação ou complexidade das suas capacitações produtivas. A estrutura produtiva importa para o crescimento econômico.

Tendo em vista esse entendimento sobre as causas da produtividade a retomada do desenvolvimento exige que o Brasil reinicie o processo de “catching-up” industrial e tecnológico interrompido na década de 1980. Um elemento essencial dessa retomada será a reindustrialização, ou seja, o crescimento da participação do valor adicionado da indústria no PIB e do emprego industrial no emprego total. Esse processo irá demandar uma mudança no regime macroeconômico, de forma a manter a taxa de câmbio em níveis competitivos internacionalmente, a exemplo do que foi adotado, de forma bem-sucedida, nos países do Leste Asiático; como também a adoção de uma política industrial e tecnológica que permita aumentar a complexidade tecnológica da pauta de exportações do Brasil. A exemplo do que é feito nos Estados Unidos, Japão, China, e países da Europa Ocidental, o desenvolvimento de um complexo industrial militar no Brasil, puxado por gastos necessários para o reaparelhamento das Forças Armadas, atualmente em grau acentuado de sucateamento, pode ser um dos eixos dessa política.

Se o governo Bolsonaro não trilhar esse caminho e insistir apenas na agenda privatização-reforma da previdência então a economia  continuará trilhando trajetória de baixo crescimento, provavelmente em torno de 2% ao ano. Esse ritmo será insuficiente para gerar empregos na quantidade suficiente para absorver a enorme massa de desempregados, bem como os brasileiros que ingressam todos os anos no mercado de trabalho. A força de trabalho cresce atualmente 1% ao ano, o que significa que, para manter a taxa de desemprego estável ao longo do tempo, é necessário criar, pelo menos, 1 milhão de postos de trabalho por ano. Considerando crescimento da produtividade de 1% ao ano (o que destrói postos de trabalho na velocidade de 1 milhão de empregos por ano) no cenário no qual não ocorre a mudança estrutural descrita, uma taxa de crescimento de 2% ao ano irá criar postos de trabalho apenas na magnitude necessária para manter o desemprego  indefinidamente acima de 10 % da força de trabalho.

Dada a pequena duração do seguro-desemprego e a baixa densidade da rede de proteção social, é pouco provável que a permanência da taxa de desemprego em patamares tão elevados por período tão longo de tempo seja social e politicamente sustentável. Nesse cenário a desordem social poderá aumentar rapidamente. Além disso, o crescimento econômico anêmico irá agudizar a crise fiscal dos Estados, podendo, inclusive, fortalecer movimentos separatistas no Sul, haja vista que, para parte significativa da população desses Estados, a sua crise fiscal resulta do fato de que (sic) “o Sul tem que sustentar os vagabundos do Nordeste com o Bolsa Família”.

O exemplo recente da tentativa de secessão na Catalunha — resultado dos efeitos da crise econômica de 2008-2012 — mostra que o risco de movimento separatista no Brasil não pode ser subestimado. Daqui se segue, portanto, que ou o governo Bolsonaro coloca o Brasil na rota do desenvolvimento econômico — o que implica em mudança estrutural e catching-up com respeito aos países ricos — ou o clima de insatisfação social reinante culmine numa crescente desordem, podendo levar, no limite, à guerra civil.

José Luis Oreiro é professor associado do Departamento de Economia da Universidade de Brasília, Pesquisador Nível IB do CNPq.

Governo tem rombo recorde de R$ 25,1 bi Correio Braziliense – 30/03/2016

30 quarta-feira mar 2016

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Crise do Governo Dilma Rouseff, José Luis Oreiro

Apesar do anúncio de dois contingenciamentos de verbas do Orçamento neste ano, o governo continua gastando mais do que arrecada, como mostram dados divulgados ontem pelo Tesouro Nacional. Em fevereiro, a receita líquida do governo central (que inclui Tesouro, Previdência e Banco Central) despencou 13%, para R$ 67,4 bilhões. Já as despesas cresceram 8%, para R$ 92,5 bilhões. Com esse descompasso, o rombo fiscal não para de crescer e bater recordes. No mês passado, o resultado ficou no vermelho em R$ 25,1 bilhões. Foi pior desempenho para fevereiro desde o início da série histórica, em 1997, representando alta real (descontada a inflação) de 205,7% sobre o deficit registrado no mesmo período de 2015.

O saldo negativo recorde de fevereiro levou o rombo acumulado no bimestre para R$ 10,3 bilhões, também o pior já registrado nesse período. A receita líquida de R$ 191,3 bilhões registrou queda real de 1,4% na comparação com os dois primeiros meses de 2015. As despesas cresceram 5,7%, para R$ 201,6 bilhões. Nesse quadro, os investimentos do governo, que poderiam injetar alguma dose de ânimo na combalida economia do país, encolheram 22,7%, para R$ 9,6 bilhões.

Diante desses dados, especialistas avaliam que o resultado das contas públicas deste ano será pior que o do ano passado, quando o rombo do governo central foi de R$ 115 bilhões, se desse valor for descontado o pagamento de R$ 72 bilhões das pedaladas fiscais feito no fim de 2015 por determinação do Tribunal de Contas da União. O economista Bruno Lavieri, sócio da 4E Consultoria, acaba de refazer suas previsões e elevou de R$ 70 bilhões para R$ 87 bilhões a projeção de deficit para todo o setor público, que inclui estatais e governos regionais. Para o governo central, ele estima um rombo de R$ 92 bilhões, ou 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB).

Equívocos

“Devido à recessão, a receita terá uma queda mais forte do que o governo vem estimando. Antes, prevíamos que ele conseguiria conter as despesas, mas agora vemos que não vai conseguir”, aposta Lavieri. “A impressão é que o esforço fiscal que vem sendo feito desde o início do ano é menos rígido que em 2015. Por enquanto, é frustrante”, completou.

O secretário do Tesouro Nacional, Otávio Ladeira, apontou dois motivos para o rombo recorde em fevereiro: a sazonalidade do mês, que costuma ter uma receita menor que nos demais, e a mudança na contabilização das despesas com abono e seguro-desemprego do segundo semestre de 2015, que somam cerca de R$ 9 bilhões e ficaram para o primeiro trimestre deste ano. “Essa despesa vem crescendo fortemente nos últimos anos, acompanhada de uma queda da arrecadação da Previdência. Isso justifica as propostas do governo para o ajuste do deficit previdenciário”, afirmou Ladeira.

Para o economista José Luis Oreiro, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o saldo negativo refletiu a desaceleração da atividade econômica e equívocos cometidos pelo governo “Quando a economia está em recessão, a primeira coisa que cai são os lucros das empresas. E elas sabem que podem adiar o pagamento dos impostos para fazer caixa, porque sabem que, lá na frente, o governo vai lançar algum programa de refinanciamento”, avaliou. Ele lembrou que o desemprego está aumentando, o que provocará queda ainda maior na receita da Previdência. Um dos equívocos, segundo ele, foi conceder aumento de 11,5% para o salário mínimo. “O governo deveria ter dado metade disso, pois ajudou a aumentar o saldo negativo”, disse.

Pelas contas de Oreiro, a recessão deverá reduzir a arrecadação federal em volume equivalente a 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, montante praticamente igual ao deficit máximo previsto pela equipe econômica na proposta de alteração da meta fiscal enviada ao Congresso Nacional. A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) prevê superavit primário (economia para o pagamento dos juros da dívida pública) de R$ 30,5 bilhões, ou 0,5% do PIB, sendo R$ 24 bilhões para o governo central. O projeto do governo prevê uma meta flexível, podendo chegar a um deficit primário de até R$ 96,6 bilhões, ou 1,55% do PIB.

A alteração precisa ser aprovada pela Comissão Mista do Orçamento (CMO). A previsão é que a apreciação da matéria só ocorra em junho, segundo a assessoria da CMO. Até lá, de acordo com Ladeira, o governo perseguirá a meta em vigor, e, para tanto, não descarta novos cortes no Orçamento. Em fevereiro, o governo anunciou um contingenciamento de R$ 23,4 bilhões em despesas não obrigatórias; neste mês, avisou que fará outra redução, de R$ 21,2 bilhões.

Na Previdência, alta de quase 50%

A Previdência teve deficit de R$ 18,7 bilhões no primeiro bimestre, com aumento real (corrigida pela inflação) de 46,8% sobre os R$ 11,5 bilhões computados no mesmo período de 2015, conforme os dados do Tesouro. Somente em fevereiro, o resultado ficou no vermelho em R$ 10,2 bilhões, alta de 58,3% sobre fevereiro de 2015. Os dados refletem o recuo de 5,7% na arrecadação líquida nos dois primeiros meses, para R$ 55,4 bilhões. Enquanto isso, as despesas com o pagamento de benefícios avançaram 3,7%, somando R$ 74,1 bilhões. A estimativa do governo é de que a Previdência termine o ano com deficit de R$ 136 bilhões.

As razões para o colapso da economia em 2015 (O Estado de São Paulo, 03/01/2016)

03 domingo jan 2016

Posted by jlcoreiro in Ajuste fiscal, Crise Econômica no Brasil, Debate macroeconômico, Desindustrialização, Joaquim Levy, Keynesianismo, Opinião, Oreiro

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A crise da economia brasileira, Como superar a crise, Crise do Governo Dilma Rouseff, José Luis

Ao iniciarmos o ano de 2016, nos deparamos com um cenário econômico verdadeiramente desolador. O PIB deverá fechar o ano de 2015 com uma queda acumulada de 3,5%, o desemprego perto de 9% da força de trabalho e a taxa de inflação próxima de 11%. Trata-se de uma queda bastante forte do nível de atividade econômica, somada a uma elevação expressiva da taxa de inflação, ou seja, um cenário clássico de estagflação.

Para que possamos entender as razões da catástrofe ocorrida com a economia brasileira, devemos rejeitar as explicações simplórias, tanto a direita como a esquerda do espectro político e econômico. A explicação dada pela direita-liberal é que a crise atual é reflexo da assim chamada “nova matriz macroeconômica”, em geral definida de forma casuística pelo liberal de plantão. Para uns a nova matriz macroeconômica seria o conjunto formado pelas pedaladas fiscais, pela desvalorização (sic) artificial da taxa de câmbio, pela redução voluntarista da taxa de juros a partir de 2011 e pelas desonerações fiscais. Segundo essa definição, a nova matriz macroeconômica teria sido implementada apenas no primeiro mandato da Presidente Dilma Rouseff e, portanto, a política macroeconômica conduzida nos dois mandatos do presidente Lula seria, no geral, acertada. Outros, mais radicais, afirmam que a “nova matriz macroeconômica” teria sido iniciada com a política anticíclica adotada após a falência do Lehman Brothers em setembro de 2008. Implícito nessa posição está a ideia de que o correto seria o governo adotar uma política pró-cíclica no meio da maior crise da história do capitalismo desde 1929 !!!!

A explicação dada pela esquerda neopopulista é que a crise atual da economia brasileira decorre do ajuste fiscal adotado no segundo mandato da Presidente Dilma Rouseff. Segundo essa explicação, a expectativa (Racional? Muthiana?) de ajuste fiscal a partir da nomeação de Joaquim Levy como ministro da Fazenda, já no final de 2014, fez com que os agentes econômicos – antecipando o efeito recessivo do mesmo – reduzissem seus gastos com consumo e investimento, produzindo assim a queda do nível de atividade econômica que seria esperada a partir dos efeitos da contração fiscal que só seria implementada meses mais tarde. Para os defensores dessa posição, a inversão da linha de causalidade do tempo histórico (onde o futuro é incerto e o passado irrecuperável), tão cara a tradição pós-keynesiana da qual eles alegam se basear, parece não causar nenhum problema mais grave de escrúpulos.

Ambas as interpretações são incorretas. A crise atual da economia brasileira é decorrente da combinação perversa da regressão produtiva a partir de 2005 com fatores conjunturais (alguns deles originados dos erros de política econômica do governo Dilma Rouseff) que desencadearam uma “tempestade perfeita”.

Creio que não é novidade para ninguém que desde 2005 a economia brasileira sofre um processo de sobrevalorização crônica da taxa real de câmbio, resultado da combinação da forte elevação dos termos de troca (doença holandesa), grande fluxo de entrada de capitais especulativos devido ao enorme e persistente diferencial de juros e a permanência da taxa de inflação doméstica acima dos níveis registrados em outros países. Essa sobrevalorização da taxa de câmbio gerou um processo de perda da competitividade da indústria brasileira de transformação, levando a um progressivo aumento do déficit comercial da indústria e do coeficiente de penetração das importações. A partir de 2011 essas transformações acabaram por gerar uma situação de estagnação da produção industrial, na qual os estímulos de demanda viabilizados pela “nova matriz” transbordavam para o exterior na forma de aumento de importações de produtos manufaturados. Como a indústria de transformação é a locomotiva de crescimento da economia no longo-prazo, a estagnação da produção industrial se traduziu em desaceleração e posterior estagnação do crescimento do PIB.

A “tempestade perfeita”, por seu turno, decorreu da combinação dos efeitos negativos que a operação lava-jato teve (e ainda tem) sobre os contratos e os investimentos da Petrobrás (responsável por 10% da FBKF no Brasil); do efeito inflacionário do reajuste dos preços dos combustíveis e da energia elétrica ao longo do ano de 2015, o qual reduziu a renda real dos trabalhadores, impactando negativamente o consumo; e do aumento da percepção de incerteza por parte dos agentes econômicos devido a crise política pela qual passa o país. Os efeitos combinados desses eventos se traduziram numa queda significativa tanto do investimento privado como do consumo das famílias, fazendo com que a estagnação econômica decorrente da perda de competitividade da indústria se transformasse numa queda acentuada do nível de atividade econômica. Dessa forma, a estagnação deu lugar a recessão, a qual resultou numa queda significativa das receitas de impostos da União, o que inviabilizou o ajuste fiscal pretendido pelo ministro Joaquim Levy.

A boa notícia é que finalmente a taxa real de câmbio se encontra num patamar adequado para restaurar a competitividade da indústria. Se esse patamar de câmbio for mantido por um período de tempo suficientemente longo, as exportações de manufaturados irão aumentar e a estrutura produtiva da economia começará a se transformar, aumentando a participação da indústria no PIB. Trata-se, contudo, de uma mudança estrutural lenta, cujos primeiros sinais deverão ser observados apenas no início de 2017. Ainda teremos que conviver por um longo tempo com um quadro recessivo. Feliz 2017 para todos nós.

 

‘País só sai da crise com ajuste estrutural’ O Estado de S.Paulo – 17/12/2015

17 quinta-feira dez 2015

Posted by jlcoreiro in Ajuste fiscal, Crise Econômica no Brasil, Debate macroeconômico, Macroeconomia estruturalista do desenvolvimento, Mídia, Opinião, Oreiro

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Ajuste Fiscal no Brasil, Crise do Governo Dilma Rouseff

A perda do “grau de investimento” na nota de crédito do Brasil na Fitch não muda drasticamente o cenário, pois algumas das consequências disso, como a alta do dólar, já vinham acontecendo, mas a decisão da agência de risco é “bem razoável”, tendo em vista que, em meio a “uma crise política sem precedentes desde a redemocratização”, o governo não tem conseguido aprovar um ajuste estrutural de longo prazo nas contas públicas. A avaliação é de José Luís Oreiro, professor do Instituto de Economia da UFRJ.

O novo rebaixamento muda o cenário para a economia do País?

É uma tragédia anunciada. O mercado já estava precificando em boa parte a perda do grau de investimento. É lógico que o fato consumado sempre piora um pouco as coisas, mas não acho que vai ser nada muito diferente do que já está nos preços dos ativos. O dólar se aproximou de R$ 4,00. É possível que ultrapasse esse patamar nos próximos dias. Acredito que a gente vai entrar 2016 com o dólar acima de R$ 4,00. A gente vai ter um dólar mais valorizado, mais pressões inflacionárias em 2016, algumas empresas vão ter mais dificuldade para captar recursos para financiar investimentos, mas isso também não vai ser muito drástico.

A Fitch acertou de apontar a dificuldade política de aprovar o ajuste fiscal como motivo para o rebaixamento?

A decisão da Fitch é bem razoável. De fato, o Brasil passa por uma crise política sem precedentes desde a redemocratização, num momento crítico também para a economia, o que impede qualquer reforma fiscal de caráter estrutural. Sem um ajuste fiscal estrutural, não tem como sairmos do impasse em que estamos neste momento. O ajuste fiscal de curto prazo enxuga gelo. Tentar reduzir o déficit cortando gastos no curto prazo acaba piorando a atividade econômica e isso se reflete negativamente sobre as receitas. O que tem de ser feito é um ajuste fiscal de longo prazo, com reformas estruturais na Previdência, na desvinculação de gastos, na regra de reajuste do salário mínimo, coisas que sinalizem que, no médio e longo prazo, haverá um ajuste estrutural das contas públicas e isso permitiria uma redução significativa da incerteza, possibilitando uma retomada do investimento. Com o processo de impeachment, isso ficou impossível.

Em 2016 dá para avançar?

Vai depender do desenlace da questão do impeachment. Um cenário é a presidente Dilma ser afastada e o vice-presidente (Michel Temer) assumir. Nesse cenário, existe uma chance maior de se recompor alguma normalidade para o governo, de haver um grande acordo entre PMDB e PSDB com vistas à governabilidade e aí a gente tem chance de pôr essa agenda estrutural em votação. No segundo cenário, que é Dilma ficar, provavelmente, ela não vai ter força para votar o ajuste estrutural.

Alguns desses pontos estruturais, e talvez o mais emblemático seja a regra do salário mínimo (reajuste anual igual à inflação do ano anterior, somada à variação do PIB de dois anos antes), são quase como bandeiras do governo. Dá para mudar isso?

A regra de reajuste do mínimo tinha que ser mudada agora, antes de virar o ano. A gente vai começar 2016 com reajuste do salário mínimo próximo de 11%. Isso com a economia caindo em 2015 por volta de 4% e podendo cair 3% em 2016. Isso é absolutamente insustentável nesse quadro recessivo. Do jeito que está, isso vai causar sérios problemas para as empresas, incluindo médias e pequenas, que vão forçar muito a mão na demissão.

Recessão: até quando e como sair? (Portal do Corecon/RS, 06/11/2015)

06 sexta-feira nov 2015

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Ajuste fiscal, Crise do Governo Dilma Rouseff, desindustrialização

Recessão: até quando e como sair?

jose luis da costa oreiro

José Luis da Costa Oreiro
Economista (Corecon/RJ nº 23031)
Professor do Instituto de Economia UFRJ, Presidente da Associação Keynesiana Brasileira (2013-2015)
Pode-se dizer que a recessão pela qual passa o País foi o resultado do ajuste fiscal do ministro Joaquim Levy?

Nos últimos 12 meses a economia brasileira foi atingida por uma série de choques que colocaram o PIB em rota decrescente. Em primeiro lugar tivemos os impactos negativos da operação lava-jato sobre os contratos e os investimentos da Petrobras. Em segundo lugar, a rápida deterioração dos termos de troca, basicamente das commodities metálicas, o que implicou numa redução do valor das exportações em dólares. Por fim, a incerteza causada pela crise política, a qual levou ao adiamento das decisões de investimento. Portanto, tudo isso antecede o ajuste fiscal.

Mas o ajuste fiscal não pode aprofundar a recessão?

Não necessariamente. No modelo keynesiano simplificado dos livro-textos introdutórios de macroeconomia é verdade que uma contração fiscal leva a uma queda do nível de atividade econômica e emprego. Mas a realidade é mais complexa do que isso. Numa pequena economia aberta com mobilidade de capitais como a brasileira, o desajuste fiscal induz a um aumento do prêmio de risco-país, o que, por sua vez, produz uma forte desvalorização cambial, cuja consequência é uma pressão sobre a inflação, obrigando, assim, o Banco Central a aumentar ainda mais os juros e, com isso, há o aprofundamento da recessão.

Então tudo o que o País precisa para retomar o crescimento é fazer o ajuste fiscal?

O ajuste fiscal é condição necessária, mas não suficiente para a retomada do crescimento. O crescimento potencial da economia brasileira se reduziu nos últimos anos devido à desindustrialização e à consequente regressão da estrutura produtiva. Para que o crescimento seja retomado a taxas mais robustas é indispensável reindustrializar o Brasil. O ajuste fiscal, por si só, não vai resolver esse problema que é de natureza estrutural.

Como a política macroeconômica pode ajudar no processo de reindustrialização?

A contribuição fundamental da política macroeconômica para o processo de re-industrialização é assegurar uma taxa real de câmbio competitiva, estável e sustentável no longo-prazo. Para tanto será necessário introduzir uma meta de câmbio real para a política macroeconômica. Tanto a política monetária como a política fiscal deverão atuar, conjunta e coordenadamente, para alcançar e manter essa meta no médio e longo-prazo.

Qual seria o valor competitivo para a taxa de câmbio no Brasil hoje?

O centro de estudos do novo-desenvolvimentismo da FGV-SP, coordenado pelo professor Nelson Marconi, estima que a taxa de câmbio competitiva – aquela que permite que as empresas industriais brasileiras que operam com tecnologia no estado da arte mundial sejam competitivas no mercado internacional – deve ser de R$ 3,60. Isso significa que, no momento, estamos com uma taxa de câmbio ajustada. Agora é cuidar para não deixar o câmbio se apreciar de novo.

Link da matéria: http://www.coreconrs.org.br/economia-em-dia/252-recessao-ate-quando-e-como-sair.html.

Dívida bruta acima de 70% do PIB dificultará volta do grau de investimento (O Financista, 16/10/2015)

18 domingo out 2015

Posted by jlcoreiro in Ajuste fiscal, Debate macroeconômico, Macroeconomia estruturalista do desenvolvimento, Mídia, Opinião, Oreiro

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Crise do Governo Dilma Rouseff

Consultorias preveem que relação dívida/PIB permanecerá em trajetória de alta até 2025

4E Consultoria prevê ascensão da dívida até o pico de 76% em 2020 (Marcos Santos/USP Imagens)
4E Consultoria prevê ascensão da dívida até o pico de 76% em 2020 (Marcos Santos/USP Imagens)

SÃO PAULO – O ambiente político conturbado que dificulta a aprovação do ajuste fiscal, os juros altos e a recessão colocaram a dívida bruta do país em trajetória de alta que elevará a proporção dos atuais 65,3% do Produto Interno Bruto (PIB) para mais de 70% em 2016, de acordo com economistas ouvidos pelo O Financista.

“A trajetória de alta da dívida é, indiretamente, consequência política. Na medida em que o país não consegue cumprir medidas de ajuste fiscal que melhorem a poupança primária”, afirma Fábio Klein, analista de finanças públicas da Tendências Consultoria.

Mais grave que isso, o cenário econômico deteriorado deve manter a relação dívida bruta/PIB acima deste patamar por mais de 10 anos e dificultar a retomada do grau de investimento – já considerado pelo mercado como perdido pelas 3 principais agências de rating.

“Não existe nenhuma possibilidade de a dívida bruta cair em um contexto de déficit primário e taxa de juros real que é muito maior que a taxa de crescimento”, diz o economista e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), José Luis Oreiro.

Dessa forma, para a Fitch e a Moody’s acompanharem a decisão da Standard and Poor’s (S&P) de rebaixar o país para grau especulativo é questão de tempo.

“Dívida bruta acima de 70% é considerada por muitas agências como grau crítico e essa questão acaba sendo um divisor de águas”, afirma Juan Jensen, economista e sócio da 4E Consultoria, que prevê ascensão da dívida até o pico de 76% em 2020 e a partir de então a trajetória deve ser de queda, mas ficará abaixo de 70% apenas em 2030 (69,1%).

“Enquanto tivermos uma trajetória ascendente da dívida bruta sobre o PIB dificilmente teremos qualquer tipo de melhora no rating”, explica Jensen. Isso não significa que o país permanecerá em grau especulativo até 2030, uma vez que as agências percebem a mudança na dinâmica com alguma antecedência.

Assim, Jensen prevê que o Brasil amargue no purgatório da especulação por um período de 8 a 10 anos. “É custoso recuperar o grau de investimento. Tem que ter uma continuidade de bons indicadores econômicos antes da dívida ficar abaixo de 70%, condizente com uma trajetória econômica razoável e com uma política fiscal consistente”, explica.

Fábio Klein prevê o teto da dívida bruta em 71,7% em 2025. “Outras variáveis, no nosso cenário, começam a melhorar um pouco antes disso, com uma mudança na curva ascendente por um ambiente político um pouco melhor. São sinais positivos que podem permitir decisão mais favorável [das agências de rating], mas no curto prazo não tem reversão”, diz.

A política fiscal é um dos principais problemas do Brasil hoje e a falta de perspectivas positivas é importante fator para degradação da dívida bruta e sua contaminação para a avaliação da economia como um todo.

“No Brasil é mais complicado [ter dívida acima de 70%], porque o país cresce pouco, os juros são muitos elevados e isso faz com que o serviço da dívida seja muito alto e precisemos de um resultado primário também alto”, justifica o economista da Tendências. “Para um pais como o nosso, 70% de dívida já muito custoso, é um limite perigoso.”

Para o professor da UFRJ, a dívida de 70% “não é um número mágico” para o rating em grau especulativo se estivesse associada a superávit acima de 2% do PIB e crescimento econômico entre 2% e 2,5% com taxa de juros real em torno de 5%. Mas definitivamente essa não é a realidade brasileira.

Novo governo, novos ares

O impeachment não faz parte do cenário-base dos economistas, mas o fim do segundo mandato de Dilma Rousseff deve trazer novo fôlego para a economia e, por consequência, para a dívida bruta.

A percepção de que uma mudança de governante – seja quem for que assuma o país a partir de 2019 – facilitará a aprovação de medidas no Congresso que beneficiem a economia é unânime entre os entrevistados.

“Reformas estruturais serão importantes, um pouco mais amplas e que permitam uma economia mais sustentável no longo prazo”, afirma Klein. “Uma mudança de governo cria uma perspectiva mais esperançosa em relação ao futuro”, acrescenta.

Mais impostos

Se a política fiscal é um problema, a solução passa pelo aumento de impostos. Dói no bolso, mas ajustes são necessários para que o país consiga o tal superávit primário que cria uma poupança para o pagamento das dívidas dos país.

Jensen acredita que o governo não conseguirá a aprovação da CPMF no Congresso e precisará lançar mão de impostos que não passam pelo crivo dos parlamentares, como a Cide. Também podem fazer parte do arsenal para elevar a arrecadação o aumento do imposto de renda e das taxas sobre heranças.

Está nas mãos de Dilma terminar a crise política

07 terça-feira jul 2015

Posted by jlcoreiro in Crise Econômica no Brasil, Mídia, Opinião, Oreiro

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Crise do Governo Dilma Rouseff

07.07.2015 12:10 am

CONTAGEM REGRESSIVA (Correio Braziense, Coluna do Vicente Nunes)

O governo montou ontem uma operação de guerra para acalmar os ânimos no mercado financeiro e entre o empresariado. Diante do forte debate sobre a possibilidade de a presidente Dilma Rousseff deixar o governo, seja por meio de renúncia, seja por meio do impeachment, houve uma disseminação de ruídos entre os agentes econômicos, que não escondem o temor de o país mergulhar em uma profunda crise caso tal medida extrema se confirme.

Há, entre os investidores e o empresariado, a convicção de que as dificuldades políticas que minam Dilma estão chegando ao ápice e tornando ainda mais difícil a situação econômica. O discurso é unânime de que os primeiros quatro anos de mandato da petista foram terríveis para o país, pois destruíram todas as bases da estabilidade. Contratos foram rompidos unilateralmente, a inflação disparou, as contas se tornaram sinônimos de maquiagem e a atividade despencou, embalada por uma forte onda de desconfiança. O Brasil mergulhou com tudo na recessão.

Mas, no entender dos agentes econômicos, apesar do custo elevado, todos esses problemas poderiam ser solucionados mais rapidamente se o governo não estivesse tão fragilizado politicamente e com índice tão elevado de rejeição popular. O que mais assusta os investidores e o empresariado é o fato de a grande opção para o lugar de Dilma vir do PMDB, o vice-presidente da República, Michel Temer, que, no entender deles, seria massacrado pelos presidentes da Câmara, Eduardo Cunha, e do Senado, Renan Calheiros.

Não se pode esquecer ainda que o PMDB está tão envolvido nas denúncias de corrupção na Petrobras quanto o PT de Dilma. Portanto, moralmente, o partido não teria condições de assumir o comando do país. Se isso viesse a acontecer, certamente a população se rebelaria, transformando a substituição da petista num trauma sem precedentes para o país, muito diferente do impeachment de Collor de
Mello, que foi sucedido pelo vice, Itamar Franco. No governo dele nasceu o Plano Real, que livrou o Brasil da praga inflacionária.

Para José Luís Oreiro, professor de economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a despeito do clima extremamente hostil, há como Dilma terminar o mandato, mesmo que sem a liderança de que o país precisa. O primeiro passo seria ela se entender com o PMDB, que lhe daria o suporte necessário para implantar o ajuste fiscal prometido pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Outro passo seria entregar a cabeça do ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, apontado como o grande pivô das desavenças com os peemedebistas.

“Independentemente das opções feitas por Dilma, o que está claro é que o governo não pode mais estender a crise política, pois ela paralisou o país. Já estaríamos em tempos difíceis com o ajuste fiscal e o aumento das taxas de juros pelo Banco Central, mas, com a fragilidade da presidente, todos os problemas na economia se agravaram”, diz Oreiro. Na avaliação dele, por mais que o ministro da Fazenda se esforce para indicar que o governo está disposto a fazer o dever de casa para arrumar a economia, está nas mãos da presidente da República salvar o país.


Cassação

Nas conversas com empresários e investidores, gente graúda do governo vem garantindo que não há nada que incrimine Dilma na Operação Lava-Jato, que desbaratou a quadrilha que roubava a Petrobras. Mas essas mesmas pessoas admitem que a corrupção na estatal é o ponto mais fraco da presidente, devido à quantidade de denúncias de uso de dinheiro oriundo de propina na campanha eleitoral da petista. Caso esse fato prevaleça e ela seja cassada pela Justiça Eleitoral, Temer irá junto e novas eleições serão marcadas.

“Na minha avaliação, seria um golpe Dilma ser impedida de continuar o mandato por causa das pedaladas fiscais que estão sendo investigadas pelo TCU (Tribunal de Contas da União). Agora, não descarto a cassação pela Justiça Eleitoral”, avalia Oreiro. Ele ressalta ainda que não acredita na possibilidade de a presidente ter tirado proveito próprio dos desvios da Petrobras. “Dilma pode ter muitos defeitos, mas não creio que tenha feito algo de errado no caso da petroleira. No máximo, pode ter fechado os olhos com relação à origem do dinheiro para a campanha presidencial”, emenda.

Quem acompanha o dia a dia do governo sabe que o inferno de Dilma está longe de acabar. Com isso, a equipe econômica terá muito trabalho para reduzir o máximo possível o peso da crise política na economia. Joaquim Levy já foi avisado que terá de apresentar muito mais do que o ajuste fiscal anunciado até agora para convencer empresários e investidores de que o governo não está paralisado. A contagem regressiva já começou. E 31 de dezembro de 2018, o último dia de mandato que as urnas deram a Dilma, está muito, mas muito longe.

Índice que tenta antecipar PIB reforça perspectiva que Brasil esteja em recessão (Correio Braziliense, 17-03-2015)

18 quarta-feira mar 2015

Posted by jlcoreiro in Debate macroeconômico, Mídia, Opinião

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Crise do Governo Dilma Rouseff, José Luis Oreiro, Recessão

Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) para o ano apresenta queda de 1,34% em janeiro

Diego Amorim /Correio Braziliense , Célia Perrone /Correio Braziliense

Brasília – A economia brasileira começou 2015 como deve terminar: em retração. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) — indicador criado para tentar antecipar o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) — apresentou queda de 1,34% em janeiro, na comparação com o mesmo mês de 2014. Frente a dezembro, a retração foi de 0,11%. O resultado representa a segunda contração seguida mensal do indicador, que já havia recuado 0,57% em dezembro do ano passado, após revisão do dado pelo Banco Central (BC). Os números foram piores do que as expectativas do mercado financeiro — que esperava alta de 0,2% — e acabaram reforçando a perspectiva de que o país esteja em recessão.

A constatação de uma economia em marcha-ré reduz, por ora, as apostas de fortes altas na taxa básica de juros (Selic). Com a inflação em torno dos 8% em 12 meses, esperava-se ajuste total de 0,75 ponto percentual nas duas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom). Mas o IBC-Br levou analistas a acreditarem em ritmo menor. “A perspectiva de fevereiro é negativa e reforça o viés recessivo”, sustenta o economista-chefe da INVX Global Partners, Eduardo Velho.

Com a economia andando para trás, o aumento do desemprego se torna uma ameaça concreta. Na semana passada, os números da Pnad Contínua, anunciados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostraram o avanço da taxa de desocupação na virada do ano, cenário esperado e que deve ficar ainda mais claro nos próximos meses.

Para o economista e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) José Luis Oreiro, não há como reverter esse ambiente desfavorável nem no curto nem no médio prazo. “As vendas no comércio despencaram, o desemprego vai crescer: é visível que a economia brasileira parou. Não se trata de o quadro recessivo estar se aproximando: a verdade é que ele já chegou”, analisa.

As medidas fiscais anunciadas pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, também contribuirão de maneira significativa para reduzir o crescimento, destaca Carlos Reis, um dos fundadores da Prime Corretora e do Banco Prime de Investimento. “Aperto é aperto: não terá outro jeito. Teremos de encarar uns dois anos de muita dificuldade para arrumar a casa”, diz. “Os desgastes políticos entre representantes do Executivo e do Congresso Nacional acentuam as incertezas em relação à economia, o que leva a uma diminuição do volume de investimentos”, emenda o economista José Luis Oreiro. “Há muitos fatores conspirando para tornar a recessão algo inevitável”, afirma ele, que alerta para os riscos da demora na concretização do arrocho.

O impacto do escândalo de corrupção na Petrobras, incluindo os efeitos da redução dos investimentos da companhia e os rompimentos de contratos, poderá ter um impacto de até 0,5 ponto percentual no PIB deste ano. Não à toa, a cada semana os analistas consultados pelo BC para o Boletim Focus intensificam as apostas de um ano bastante ruim para a economia.

Peso no bolso Os números divulgados ontem revelam piora para a inflação, PIB e preços administrados, entre outros. Quanto ao PIB, os especialistas de 100 instituições financeiras ouvidos pelo BC para compôr o boletim, consideram que o tombo deve chegar aos -0,78%. Foi a 11ª queda consecutiva. Na semana anterior, a previsão era de retração de 0,66%. Mas há quem aposte em baixa ainda mais forte. André Perfeito, economista-chefe da Gradual Corretora, é um dos analistas que acredita que pode ter boas, mas também mais más notícias ainda por vir e a queda pode ser maior do que o esperado. “Considero uma retração de 1% este ano e um crescimento de 1,5% em 2016, por causa da baixa base de comparação”, revelou. A consultoria Tendências vai além: prevê -1,2%. “Já trabalhamos com esse número há algum tempo devido à queda no consumo, ao aperto fiscal, aos reflexos da operação Lava-Jato nos investimentos da Petrobras e empreiteiras”, listou. Já a Selic prevista pelo Focus foi mantida em 13% para 2015. É a mesma projeção da semana anterior.

De acordo com o Focus, depois da carestia extrapolar as expectativas, os especialista reviram as projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA): passaram de 7,77%, na semana, passada para 7,93%, ontem. Um mês atrás eram de 7,27%. E o cenário fica pior quando se olha a análise de médio prazo feita pelos Top 5, que é o grupo de economistas que mais acertam as previsões. Pulam de 7,97% para 8,33%. Também foi a 11ª semana consecutiva em que há alta das previsões para o IPCA. No quesito preços administrados, os especialistas aumentaram de 11,18%, na semana passada, para 12% nesta semana. O BC explicou que a projeção leva em conta o aumento de 8% da gasolina, de 3,2% no gás de bujão e alta de 38,3% dos preços de energia elétrica, devido aos repasses às tarifas do custo de operações de financiamento, contratadas em 2014, da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE).

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