Exportação reage e deve ter o melhor resultado em três anos (Jornal do Comércio, 13/03/2017)
14 terça-feira mar 2017
14 terça-feira mar 2017
13 segunda-feira mar 2017
Uma das teses da Macroeconomia Desenvolvimentista é a tendência cíclica a sobrevalorização da Taxa de Câmbio Real nos Países ricos em recursos naturais e com contas de capital abertas. A abundância de recursos naturais dá origem a doença holandesa, que se manifesta da diferença entre a taxa de câmbio que garante a competitividade das empresas industriais domésticas que operam com tecnologia no estado da arte mundial – o assim chamado equilíbrio industrial – e a taxa de câmbio de equilíbrio em conta corrente, ou seja, aquela que garante o equilíbrio intertemporal da conta corrente do balanço de pagamentos. Na presença de doença holandesa a taxa de câmbio de equilíbrio em conta-corrente será inferior a taxa de câmbio de equilíbrio industrial em função das rendas ricardianas advindas da exploração dos recursos naturais; as quais permitem que a exploração e exportação de commodities sejam lucrativas a uma taxa de câmbio significativamente menor do que aquela que permite as empresas industriais domésticas obter uma taxa normal de retorno sobre o capital investido.
A abertura da conta de capitais, por sua vez, aprofunda a apreciação cambial devida a doença holandesa ao permitir a entrada de capitais estrangeiros no país seja para aproveitar o diferencial de juros (que tende a ser positivo nos países em desenvolvimento devido a menor densidade e desenvolvimento dos seus mercados financeiros, o que gera um prêmio de liquidez expressivo para as aplicações de longo-prazo relativamente ao que se observa nos países desenvolvidos), seja para a aquisição de direitos de propriedade sobre a exploração dos recursos naturais que dão origem a doença holandesa. Dessa forma, a combinação de abundância de recursos naturais e abertura de conta de capitais termina por dar ensejo a uma forte apreciação cambial e desequilíbrios crescentes em conta-corrente, pois o câmbio real termina por se apreciar além do nível compatível com o equilíbrio em conta-corrente. O desequilíbrio externo crescente faz com que, de tempos em tempos, ocorra uma crise cambial devido a parada súbita de financiamento externo que é induzida pela crescente desconfiança dos investidores internacionais a respeito da solvência externa do país. Ocorre então uma desvalorização forte e súbita da taxa de câmbio, eliminando, temporariamente, a sobre-valorização cambial. Passados os efeitos da crise cambial e retomada a confiança dos investidores internacionais, o processo se inicia novamente.
Essa teoria se aplica ao caso brasileiro? Antes de responder a essa pergunta temos que ter um indicador preciso da taxa real de câmbio. Um indicador muito usado é a taxa real efetiva de câmbio, a qual consiste na média aritmética ponderada das taxas de câmbio reais bilaterais do país em relação a 24 parceiros comerciais selecionados. A taxa de câmbio real bilateral é definida pelo quociente entre a taxa de câmbio nominal (em R$/unidade de moeda estrangeira) e a relação entre o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC/IBGE) do Brasil e o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) do país em caso. As ponderações utilizadas variam a cada ano, sendo obtidas pelas participações de cada parceiro no total das exportações brasileiras para os países considerados nos 2 anos imediatamente anteriores.
Outra forma de medir a taxa real de câmbio é por intermédio da razão entre os índices de preços de bens transacionáveis e não-transacionáveis. Nesse contexto, se a taxa de variação dos preços (inflação) dos bens não-transacionáveis for superior a taxa de variação dos preços dos bens transacionáveis haverá uma apreciação da taxa real de câmbio, sinalizando uma redução da rentabilidade do capital aplicado no setor transacionável relativamente ao setor não-transacionável. Essa mudança nas taxas relativas de retorno deverá induzir uma transferência de recursos do setor transacionável para o setor não-transacionável, mudando assim a estrutura produtiva da economia, a qual passará a exibir uma participação menor (maior) do setor (não) transacionável no PIB. Como o setor transacionável tende a exibir maiores níveis de eficiência e produtividade devida a sua exposição a competição internacional; segue-se que essa mudança na estrutura produtiva acabará por reduzir a produtividade e o crescimento econômico de longo-prazo.
Na figura anexada ao post (clique no ícone cambio real no Brasil) podemos verificar que por ambas as medidas da Taxa Real de Câmbio, observa-se uma tendência clara a apreciação cambial no Brasil desde 1994, interrompida brevemente entre 1999 e 2004 devido aos efeitos da crise cambial de 1998 e da crise fiscal de 2002. Enquanto essa tendência não foi eliminada, o Brasil não voltará a ter uma trajetória de crescimento sustentada do PIB
05 domingo mar 2017
Dólar baixo tira margem nas exportações; para empresários, moeda americana deveria estar entre R$ 3,40 e R$ 3,80
Douglas Gavras ,
O Estado de S.Paulo
A fabricante de componentes elétricos Steck agora só exporta para ajudar a movimentar a fábrica. “Vou ter margem de lucro zero, mas ajuda a manter a carga e deixar o custo de produção mais baixo. Quem exporta hoje, faz isso por esporte. A gente até conseguiria se adaptar ao dólar mais baixo, mas ainda tem de se planejar com toda essa volatilidade”, diz Luis Valente, presidente da empresa.
Vistas como uma alternativa para ocupar parte da capacidade ociosa da indústria de transformação e repor as perdas de um mercado interno que ainda patina, as vendas ao exterior devem contribuir menos para as receitas do setor neste ano. Parte dos fabricantes diz já vender ao exterior com prejuízo.
Como não podem contar com o consumo interno, muito reprimido, eles também insistem em exportar para cumprir os contratos que fizeram no ano passado ou manter as marcas nos mercados estrangeiros, mais fechados e concorridos.
Em um ano, a moeda americana acumula uma desvalorização de mais de 18%.
Entidades representativas de dez segmentos da indústria ouvidas pelo Estado avaliam que a moeda americana deveria estar entre R$ 3,40 e R$ 3,80.
“É fato que a indústria hoje exporta para não ficar parada. No cenário atual, o fabricante olha para o mercado interno, ainda em frangalhos, e vê a janela para exportar estreita. Os custos de produção de manufaturados no País fazem com que o Brasil fique ainda menos competitivo”, avalia o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Casto. “Estamos acelerando a desindustrialização.”
Horizonte volátil. Com o câmbio apreciado, as empresas quebram de vez outra vez, diz o ex-ministro da Fazenda Luis Carlos Bresser Pereira. “O que permitiria a retomada da indústria seria o dólar a R$ 3,80 ou a R$ 4.”
Na visão de Bresser, o Banco Central precisa intervir para apreciar o câmbio. “Mas não é só intervir. Quais foram as políticas contracíclicas que este governo tomou? Não conheço nenhuma. Só se eu chamar de contracíclica afinal o Banco Central, depois de um imenso atraso, começar a baixar juros. Fora esses juros absolutamente escandalosos, não vimos nada.”
A calçadista West Coast teve de desativar uma de suas fábricas para compensar o freio da economia. “Agora, nossa meta é usar toda a capacidade instalada das cinco plantas em operação e contamos com as exportações para ajudar. Vamos conseguir exportar com certa margem pelos próximos meses, mas quando chegar o segundo semestre, não sei”, diz Eduardo Schefer, sócio da empresa.
“Quando o dólar deu aquele pico de R$ 4,15, a indústria de tratores voltou a ser competitiva lá fora. O problema é a incerteza. Mesmo que você já seja conhecido, leva um tempo para se consolidar no exterior”, diz Edson Martins, da Agrale.
A gerente de mercado externo da Abimaq (das fabricantes de máquinas e equipamentos), Patrícia Gomes, lembra que, quando o dólar estava baixo antes da crise, as empresas insistiam em vender para o exterior, mesmo sem lucro. “Usavam o bom momento do mercado interno para investir na abertura de praças para vender seus produtos. Esse movimento, agora, tornou-se inviável.”
“Grande parte da desaceleração econômica após 2011 se deu pela estagnação industrial. Se 2015 teve algo positivo foi o ajuste do câmbio, mas estamos perdendo isso”, analisa José Luis Oreiro, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). “O Banco Central deveria agir mais para reverter isso. A recuperação virá pela indústria.”/ COLABOROU MÁRCIA DE CHIARA
31 terça-feira jan 2017
A tendência de queda do dólar e o registro de cotações mais baixas da moeda ante o real, como observado no pregão de hoje, não devem passar do primeiro trimestre e tendem a não sobreviver à divulgação de dados negativos de indústria e comércio do início do ano, de acordo com analistas. Os resultados fracos da economia que estão por vir devem jogar um balde de água fria no investidor.
Otimismo com o Brasil ajudou na valorização do real
Nesta segunda-feira, 30, os investidores intensificaram as vendas de dólares, levando a moeda norte-americana à vista a cair 0,74%, atingindo o patamar de R$ 3,1261 – o menor desde outubro. A Bovespa teve um recuo de 2,62%, encerrando o dia aos 64.301,73 pontos.
“Esse movimento de desvalorização frente ao real é um reflexo do otimismo recente dos mercados com a economia brasileira. Os investidores reconhecem que a inflação vem apresentando um comportamento bastante favorável, o que abre uma ‘avenida’ para a redução da taxa de juros, e para que a economia tenha um desempenho positivo em 2017”, analisa José Luis Oreiro, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Segundo o economista, o mercado brasileiro tem se beneficiado por estar no melhor dos dois mundos: uma taxa de juros alta e muito atrativa para o investidor, mas com uma sinalização de queda para os próximos meses, abrindo a perspectiva de reativação da economia brasileira. “Isso leva a um aumento de captação da Bolsa brasileira.”
Ele lembra que o governo não tem hoje muitos trunfos para reaquecer a economia do País, além da redução dos juros, já que as exportações de bens manufaturados não decolam pela falta de vantagem cambial, o consumidor ainda está evitando fazer despesas e o governo não tem recursos para investir.
“Esse otimismo, que faz o dólar baixar, no entanto, não deve passar do primeiro trimestre. É um sentimento exagerado e a realidade irá, fatalmente, se impor. Pode se manter pelos próximos dias ou semanas, mas muito em breve, os mercados deverão ser afetados pela atividade industrial fraca, que ainda trará números bem ruins.”
Na visão de Oreiro, ainda levará tempo para que as quedas da Selic tenham impacto e, até o fim do ano, será preciso torcer para que a política de redução de juros por parte do Banco Central não tenha sido aplicada tarde demais. “A queda dos juros deveria ter começado em agosto. Agora, é preciso pisar fundo no acelerador da Selic e torcer para dar tempo de salvar o ano.”
Link: http://economia.estadao.com.br/noticias/mercados,otimismo-com-dolar-nao-deve-perdurar,70001647142
05 sexta-feira ago 2016
O dólar fechou a R$ 3,19, a cotação mais baixa desde meados de julho do ano passado. Se a valorização do real se mantiver ou se aprofundar, talvez até seja possível para o Banco Central cumprir a promessa de levar a inflação para a meta de 4,5% no final de 2017.
Existe, porém, um grupo de economistas que não vê com bons olhos o real forte: os autointitulados novos desenvolvimentistas, como José Oreiro, Luiz Carlos Bresser-Pereira e Nelson Marconi. Os três estão lançando um livro de macroeconomia desenvolvimentista.
Oreiro, da UFRJ, que já lançara outro livro sobre o tema há poucas semanas, tem sido um dos principais porta-vozes da sua corrente que, diferentemente de outros economistas heterodoxos, leva a sério o problema fiscal. A diferença entre os novos desenvolvimentistas e os economistas ortodoxos e liberais, que hoje dominam a equipe econômica do governo, aparece quando o tema é câmbio.
Para entender a divergência, é preciso recuar no tempo. Para os ortodoxos, a grande crise atual tem como raiz mais profunda o crescimento da despesa pública a um ritmo muito acima da expansão do PIB desde a redemocratização. Oreiro não contesta esse diagnóstico, mas faz um acréscimo. Segundo o economista, o tripé macroeconômico – o regime introduzido em 1999 que combinava metas de inflação, câmbio flutuante e expressivos superávits primários – “se mostrou historicamente incapaz de lidar com dois problemas da economia brasileira, o crescimento da despesa primária como proporção do PIB e a incapacidade de se manter a taxa de câmbio num nível estável e competitivo no médio prazo”.
Assim, além dos problemas fiscais, a crise de hoje, para os novos desenvolvimentistas, deve ser debitada ao fato de que, durante os bons anos de Lula presidente na década passada, o governo deixou o real valorizar-se demais. E com isso, foi-se embora a competitividade das manufaturas brasileiras, levando a um processo de desindustrialização que inibiu investimentos e estancou o crescimento econômico.
É complexo o argumento sobre o governo Lula “ter deixado o câmbio se valorizar”. Afinal, a equipe econômica à época comprou dólares maciçamente, taxou a entrada de capitais e o ex-ministro Guido Mantega celebremente atacou a “guerra cambial” dos países ricos. Mas Oreiro explica que esses instrumentos não bastam, pois é preciso reorientar toda a política macroeconômica para trabalhar com uma “meta de câmbio real” competitiva. Não se trata de câmbio fixo, pois a meta não é de uma cotação nominal do dólar. A meta real é um parâmetro a ser mantido no médio prazo, não um nível a ser obrigatoriamente perseguido a todo instante. “É um câmbio administrado”, ele resume.
Fica mais claro quando o economista explica o que faria hoje. As metas de inflação de 2016, 2017 e 2018 deveriam ser redefinidas para cima, de forma a permitir uma convergência da inflação mais suave, que abrisse espaço para uma queda mais rápida e intensa dos juros. Essa redução de juros, por sua vez, diminuiria a diferença entre as baixas taxas internacionais e as elevadas taxas domésticas, que atrai capitais e valoriza o real. A política monetária levaria em conta não só o controle de inflação, mas também a meta real de câmbio.
A política fiscal seria mais apertada quando a economia estivesse crescendo, e mais relaxada quando houvesse desacelerações. Outra medida seria um imposto de exportação sobre commodities como soja e minério de ferro, com alíquotas variáveis dependendo do preço – de zero na baixa e crescente a partir de certo nível.
“O que ocorre agora com esse câmbio abaixo de R$ 3,20 é que voltamos a usar a âncora cambial, e pode estar indo por água abaixo todo o ajuste macroeconômico do ano passado, que inclusive já está se refletindo nos primeiros sinais de reação da indústria”, lamenta Oreiro.
27 quinta-feira dez 2012
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Câmbio sobre-valorizado, Economia Keynesiana, Lei de Kaldor-Verdoorn, Semi-estagnação da economia brasileira
Autor(es): José Luis Oreiro |
Valor Econômico – 27/12/2012 |
Os dados divulgados recentemente pelo IBGE a respeito do PIB do terceiro trimestre de 2012 confirmam as análises feitas anteriormente neste espaço de que a economia brasileira encontra-se numa situação de estagnação. Após um crescimento de 2,7% em 2011, a economia brasileira corre o sério risco de crescer menos do que 1% em 2012 e apresentar um crescimento inferior a 3% em 2013. O comportamento pífio do PIB ocorre, contudo, num contexto em que a média móvel dos últimos 12 meses da taxa de desemprego nas regiões metropolitanas continua sua trajetória de queda, encontrando-se hoje num valor próximo a 5,5% da força de trabalho, menos da metade do valor observado em dezembro de 2003. Curiosamente, a estagnação da economia brasileira se dá num contexto de “pleno emprego” da força de trabalho. Para economistas de formação puramente keynesiana, o fenômeno da estagnação com pleno-emprego é aparentemente incompreensível. Isso porque a obtenção de um nível de emprego elevado seria um sinal claro de que o nível de demanda efetiva prevalecente na economia é muito alto, o que deveria se refletir positivamente na disposição dos empresários em realizar grandes projetos de investimento. Nesse contexto, haveria uma correlação negativa entre a taxa de desemprego e a taxa de investimento, tornando assim impossível a ocorrência de uma situação de estagnação e pleno emprego. Medidas de estímulo à demanda são ineficazes porque não atuam para eliminar a perda de competitividade A compreensão da lógica da estagnação com pleno emprego exige um arcabouço teórico mais abrangente do que a teoria keynesiana “fundamentalista”. De fato, a efetiva compreensão desse fenômeno exige a utilização daquilo que podemos denominar de abordagem keynesiano-estruturalista, que consiste na síntese entre a teoria macroeconômica de inspiração keynesiana com a teoria estruturalista do desenvolvimento. Na teoria estruturalista do desenvolvimento, o crescimento de longo prazo depende da composição setorial da produção, mais especificamente depende da participação da indústria de transformação no PIB. Isso porque a indústria é o motor de crescimento de longo prazo das economias capitalistas uma vez que ela é a fonte ou a principal difusora do progresso técnico para a economia como um todo, é o setor com maiores encadeamentos para frente e para trás na cadeia produtiva, é a fonte das economias estáticas e dinâmicas de escala e o setor cujos produtos possuem a maior elasticidade renda de exportação, permitindo assim o relaxamento da restrição externa ao crescimento. Sendo assim, o crescimento da economia no longo prazo é extremamente dependente do crescimento da produção industrial. A partir desse referencial teórico, podemos constatar que a estagnação recente da economia brasileira é decorrência da estagnação da produção industrial. Com efeito, a média móvel dos últimos 12 meses da produção física da indústria de transformação ficou estagnada ao longo do ano de 2011, apresentando uma nítida tendência de queda ao longo do ano de 2012. A estagnação/queda da produção industrial foi acompanhada pela estagnação/queda da produtividade do trabalho na indústria (decorrência da lei de Kaldor-Verdoorn). Como a indústria é o setor da economia que utiliza mais intensamente máquinas e equipamentos não é surpresa se verificar que a estagnação/queda da produção industrial tem sido seguida por uma forte contração da formação bruta de capital fixo da economia brasileira a partir do segundo trimestre de 2011. Qual a razão da estagnação da produção industrial? Essa situação não se deve a uma suposta escassez de demanda agregada, haja vista que as vendas no varejo mantém uma nítida tendência de elevação e, mais importante, o faturamento da indústria também continua aumentando, apesar da estagnação da produção física!!! A explicação para esses fatos é que a indústria brasileira não está conseguindo ter acesso à demanda doméstica, uma vez que o acesso a essa demanda depende da sua competitividade, a qual vem sendo corroída de forma sistemática pelo crescimento dos salários na frente da produtividade do trabalho e pela apreciação da taxa real de câmbio. De fato, a relação custo unitário do trabalho/taxa real efetiva de câmbio aumentou nada menos do que 60% entre dezembro de 2001 e dezembro de 2011. A perda de competitividade da indústria somada com uma expansão ainda robusta da demanda doméstica, em função dos efeitos combinados do crescimento dos salários e das medidas de estímulo do governo, acaba atuando como elemento catalisador do processo de substituição da produção doméstica por importações, a qual se expressa na brutal elevação do coeficiente de penetração das importações, que passou de 10% em 2003 para 21% em 2012. A substituição da produção doméstica por importações explica o aparente paradoxo do aumento do faturamento da indústria num contexto de estagnação da produção física, uma vez que a indústria brasileira está se transformando crescentemente numa maquiladora. Por fim, o ritmo robusto de expansão da demanda doméstica atua no sentido de estimular o setor de serviços, o qual é altamente intensivo em mão de obra, razão pela qual a estagnação da produção industrial se faz acompanhar por um elevado nível de emprego. Daqui se segue que as medidas de estímulo à demanda agregada feitas pelo Ministério da Fazenda e pelo Banco Central são ineficazes para lidar com o problema de estagnação com pleno-emprego porque não atuam no sentido de eliminar a perda de competitividade da indústria brasileira. José Luis Oreiro é professor do departamento de economia da Universidade de Brasília e vice-presidente da Associação Keynesiana Brasileira
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12 sábado maio 2012
22.05.12 – TERÇA-FEIRA
9h – Mesa de Abertura:
Local: Auditório Petrônio Portela – Senado Federal
1. Deputado Marco Maia, Presidente da Câmara dos Deputados;
2. Deputado Marcio Reinaldo Moreira, Presidente da Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio; *
3. Deputado Sebastião Bala Rocha, Presidente da Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público; *
4. Deputado Antônio Andrade, Presidente da Comissão de Finanças e Tributação; *
5. Deputado Eduardo Azeredo, Presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática;
6. Deputado Newton Lima, Presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Indústria Brasileira; *
7. Robson Braga, Presidente da Confederação Nacional da Indústria. *
9h30 – Palestra Inaugural:
1. Presidente Fernando Henrique Cardoso
2. Economista José Augusto Arantes Savasine *
10h 30 – Painel 1: OS DESAFIOS, A COMPETITIVIDADE E O FUTURO DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
1. Guido Mantega, Ministro de Estado da Fazenda;
2. Fernando Pimentel, Ministro de Estado do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior;
3. Marco Antonio Raupp, Ministro de Estado da Ciência, Tecnologia e Inovação;
4. Paulo Skaf, Presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo.
Das 12h às 13h – Debates
Coordenador: Deputado Marcio Reinaldo Moreira
Mediador: Deputado Antônio Balhmann *
14h30 – Painel 2: A COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA MANUFATUREIRA NACIONAL E O COMÉRCIO INTERNACIONAL
Local: Câmara dos Deputados – Plenário 5 – Anexo II
1. Andrea Sandro Calabi, Secretário de Estado do Estado de São Paulo;
2 . José Luís da Costa Oreiro, Professor Adjunto do Departamento de Economia da Universidade de Brasília – UnB; *
3. Mauro Borges Lemos, Presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial – ABDI;
4. Pedro Cavalcanti Ferreira, Professor da Escola de Pós-Graduação em Economia da Fundação Getúlio Vargas;
5. Luiz Aubert Neto, Presidente da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos – ABIMAQ
Das 16h30 às 17h – Debates
Coordenador: Deputado Arnaldo Jardim *
Mediadora: Denise Neumann, Editora de Brasil no Jornal Valor Econômico *
23.05.12 – QUARTA-FEIRA
8h30 – Painel 3: DESAFIOS PARA O EMPREENDEDORISMO, A INOVAÇÃO TECNOLÓGICA E O APRIMORAMENTO DO SETOR INDUSTRIAL BRASILEIRO
Local: Câmara dos Deputados – Plenário 5 – Anexo II
1. Luiz Antônio Rodrigues Elias, Secretário Executivo do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação;
2. Paulo Roberto dos Santos Pinto, Secretário Executivo do Ministério do Trabalho e Emprego;
3. Márcio Pochmann, Presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA;
4. Júlio Gomes de Almeida, Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial – IEDI; *
5. Wagner Furtado Veloso, Presidente da Fundação Dom Cabral.
Das 11h às 12h – Debates
Coordenador: Deputado Newton Lima *
Mediador: Tiago Lethbridge, Redator-Chefe da Revista Exame
14h – Painel 4: ENFRENTANDO OS RISCOS DE DESINDUSTRIALIZAÇÃO: O PAPEL DOS EMPRESÁRIOS E DO ESTADO
Local: Câmara dos Deputados – Plenário 5 – Anexo II
1. Heloísa Menezes, Secretária do Desenvolvimento da Produção do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – MDIC;
2. Francisco Eduardo Pires de Souza, Assessor da Vice-Presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES; *
3. José Augusto Coelho Fernandes, Diretor de Políticas e Estratégia da Confederação Nacional da Indústria; *
4. Clemente Ganz Lúcio, Diretor Técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio Econômicos – DIEESE; *
5. Paulo Jerônimo Bandeira de Mello Pedrosa, Presidente da Associação Brasileira dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e Consumidores Livres – ABRACE. *
Das 17h30 às 18h – Debates
Coordenador: Deputado Sebastião Bala Rocha *
Mediador: Luiz Antonio Cintra, Editor de Economia da Revista Carta Capital *
18h30 – Encerramento
* Presença confirmada
Link: http://www.camara.gov.br/internet/ordemdodia/ordemDetalheReuniaoCom.asp?codReuniao=28832
30 sexta-feira mar 2012
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banco central, Câmbio sobre-valorizado, desindustrialização, Guido Mantega, ipi, produto interno bruto
IPI menor até junho |
Autor(es): Victor Martins |
Correio Braziliense – 27/03/2012 |
Assustado com a notícia de que o PIB, total das riquezas produzidas no país ficou negativo em 0,13% em janeiro, o governo decidiu manter o corte de imposto de eletrodomésticos e ainda o estendeu a móveis, laminados, lustres e luminárias. Também sinalizou financiamento mais barato para veículos
Governo mantém corte de imposto de eletrodomésticos e estende benefício a móveis, lustres e luminárias
Ante a fraqueza da indústria, que segue em plena recessão, e com o fraco desempenho da economia — pelas contas do Banco Central, o Produto Interno Bruto (PIB) caiu 0,13% em janeiro —, o governo prorrogou o prazo do benefício fiscal dado a eletrodomésticos da linha branca e estendeu a desoneração para móveis, laminados, lustres e luminárias. Com a medida, o Palácio do Planalto acredita que os consumidores irão às compras até junho, atrás de preços mais convidativos, ajudando a atividade a sair do atoleiro em que se encontra. A redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) cobrado em geladeiras, fogões, máquinas de lavar roupas e tanquinhos acabaria em 31 de março próximo. Mas a presidente Dilma Rousseff atendeu o apelo do empresariado com o qual conversou na semana passada e bateu o martelo pela extensão do benefício antes de embarcar para a Índia. Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o governo abrirá mão de R$ 489 milhões entre abril e junho, renúncia considerada apropriada ao estímulo que se quer dar à economia. No caso do fogão, o IPI caiu, em dezembro do ano passado, de 4% para zero e, nas geladeiras, de 15% para 5%. Já nas máquinas de lavar, a redução foi de 20% para 10% e nos tanquinhos, de 10% para zero. Agora, ressaltou Mantega, o governo decidiu baixar o IPI sobre móveis de 5% para zero e o das luminárias e lustres, de 15% para 5%. Para os aços laminados, o tributo passou de 15% para zero. “A contrapartida é a manutenção do emprego. Não pode haver demissões nesses setores. Em fevereiro, a indústria admitiu 50 mil trabalhadores e queremos que isso continue”, disse o ministro, em entrevista na Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp). Mantega deixou clara, ainda, a preocupação com o ritmo de atividade econômica, diante da fragilidade do setor produtivo, que pode jogar o PIB para baixo. “Estamos tomando medidas para estimular a economia. Os consumidores poderão aproveitar preços menores”, afirmou. “A economia crescerá a taxas (anualizadas) próximas de 5% no segundo semestre. Isso levará a um crescimento maior que o de 2011”, estimou. Reformas José Luís Oreiro, professor de economia da Universidade de Brasília (UnB), considera as medidas adotadas para sanear a indústria, até o momento, tímidas. “Tanto que não foi capaz de conter a alta do real ante o dólar e reprimir o processo de desindustrialização”, criticou. Ele alertou para a dificuldade do governo em garantir a competitividade da indústria. A seu ver, para o setor recuperar o fôlego, o dólar teria que estar entre R$ 2,20 e R$ 2,30. “Sem resolver esse problema, o crescimento a médio prazo será muito baixo, em torno de 3% ao ano”, disse. R$ 16,9 bi a exportadores Altos e baixos da era Mantega O ministro da Fazenda, Guido Mantega, completa hoje seis anos à frente da pasta. Segundo economistas, ele coleciona, nesse período, decepções e vitórias. Para alguns, o período pré-Mantega limitava-se ao debate acerca do ajuste fiscal e do controle da inflação. Com sua chegada, passou-se a falar novamente em desenvolvimento do país. Entretanto, transformar esse debate em realidade tem se mostrado uma missão complicada. Ele não conseguiu tocar, até agora, nenhuma reforma estrutural e tem atuado como bombeiro, apagando incêndios, sobretudo na indústria. Falta também, na visão dos especialistas, cumprir a promessa feita no discurso de posse, em março de 2006, de fazer o Brasil “crescer aos limites do seu potencial”. A economia brasileira, a exemplo das limitações de Mantega, oscila entre altos e baixos, quase um voo de galinha (veja gráficos abaixo) — chegou a registrar retração em 2009 e um crescimento expressivo em 2010. A taxa básica de juros (Selic), a despeito de estar em queda, permanece entre as mais altas do mundo. E a inflação, que ano passado fechou em 6,5%, o limite máximo de tolerância, incomoda o bolso do consumidor. |
25 domingo mar 2012
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inCom impostos excessivos, preços dos produtos brasileiros não cairiam nem com desvalorização de 30% a 40% do dólar
São Paulo — O governo brasileiro vem tentando segurar a desvalorização do dólar para garantir competitividade dos produtos brasileiros. No entanto, o problema vai muito além do câmbio. Mesmo se a moeda americana tivesse sua cotação elevada entre 30% ou 40% da noite para o dia, os produtos importados ainda continuariam mais baratos, diante do volume de impostos cobrados no país. É por isso que muitos brasileiros continuarão a viajar ao exterior e a encher as malas de bugigangas, roupas e eletrônicos. O caso mais emblemático é o da fralda descartável. Aqui, ela sai por R$ 0,90 (US$ 0,48) a unidade, e, nos Estados Unidos, por US$ 0,02 (ou R$ 0,04). Se o dólar saltasse para R$ 2,52, a mesma fralda continuaria mais cara no Brasil: seria vendida por R$ 0,34.
Não é por acaso que as idas ao exterior, sobretudo para fazer compras, só aumentam. De acordo com dados do Banco Central, os gastos dos brasileiros no exterior saltaram 48,35% em fevereiro em relação ao mesmo período do ano passado. O fenômeno ganha força graças ao dólar barato e às diferenças gritantes dos preços praticados no mercado interno e nos Estados Unidos, por exemplo. No Brasil, um dos maiores objetos de desejo dos amantes da tecnologia, o iPhone 4S, da Apple, é cinco vezes mais caro que nos EUA.
Os impostos são um dos principais vilões da diferença de preços. “A carga tributária é muito alta e isso faz com que os produtos aqui fiquem mais caros e a indústria, menos competitiva”, destacou o professor da Faculdade de Economia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro Luiz Fernando de Paula. Ele calculou que, desde 2006 até janeiro deste ano, o real se valorizou 27% em relação ao dólar. A seu ver, as medidas que o governo vem adotando ainda são insuficientes para evitar o derretimento da divisa norte-americana frente ao real. “Hoje, com o dólar no patamar acima de R$ 1,80, a indústria ainda não respira aliviada, mas pelo menos não corre risco de morte. Ela está respirando com aparelhos”, observou.
Controle Entre os Brics, o grupo das economias emergentes formado ainda por Rússia, Índia, China e África do Sul, o Brasil é o único país que não adota controle no câmbio e, não à toa, tem as menores taxas de crescimento. “Se o governo não atuar fortemente para valorizar o câmbio, será difícil conseguir atingir a meta de 4,5% de crescimento no PIB (Produto Interno Bruto) este ano”, avaliou Fernando de Paula. A opinião do economista não é isolada. O professor de economia da Universidade de Brasília (UnB) José Luis Oreiro também faz coro. “O país conseguiria crescer mais e a indústria sobreviver melhor se o câmbio ficasse entre R$ 2,20 e R$ 2,30”, afirmou. “As medidas que o governo vem tomando são tíbias”, avaliou ele.
Para Oreiro, o problema do câmbio é agravado por culpa de carga tributária que atinge os produtos vendidos no Brasil. “O câmbio hoje é o principal problema brasileiro, mas a carga tributária precisa ser aliviada para não comprometer ainda mais a indústria nacional. Lá fora, todos os países estão defendendo suas indústrias no meio dessa crise”, reforçou Oreiro. A necessidade de controle do câmbio também mobiliza nomes de peso, como a do professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) Luis Carlos Bresser Pereira, ex-ministro da Fazenda de José Sarney e da Administração Federal de Fernando Henrique Cardoso. “A Austrália acabou de anunciar que irá fazer isso com o minério”, exemplificou.
Distorções Os impostos engolem, no mínimo, 45% dos valor dos produtos que os brasileiros consomem. “A carga tributária é muito penosa e cobrada em cascata, o que encarece muito mais a produção. O governo ainda não fez uma reforma tributária, que é mais do que necessária no momento atual”, afirmou o professor de economia da Universidade de Brasília (UnB) José Luis Oreiro. A seu ver, uma das principais distorções está na tributação na renda e no consumo, o que cria uma confusão sobre o quanto de imposto se paga no país.
23 sexta-feira mar 2012
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inApesar de parecer benéfica, principalmente para os brasileiros que viajam cada vez mais e fazem compras no exterior, a desvalorização do dólar frente ao real é hoje uma das principais preocupações de economistas brasileiros e até estrangeiros. Um controle maior do câmbio, criando uma meta pelo Banco Central, foi uma das sugestões apontadas por especialistas que participaram ontem em São Paulo de um seminário sobre câmbio.
“Hoje o que mais preocupa é o câmbio e a necessidade de um controle é praticamente um consenso entre os economistas”, resumiu o professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) Luis Carlos Bresser Pereira, organizador do encontro. O ex-ministro da Fazenda (era Sarney) e da Administração Federal (primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso) sugeriu mais agressividade ao governo Dilma no controle do câmbio. “É preciso que ele (o governo) tenha coragem para taxar as exportações de commodities”, afirmou ao Correio. Essa taxação, explica, seria gradual, mas indexada ao preço do insumo. Se cair, a taxa também cai e vice-versa. “Essa é uma forma de controlar o câmbio. Existe uma bolha e ela vai estourar se nada for feito.”
Os economistas e professores Gabriel Palma, da Universidade de Cambridge, e José Luis Oreiro, da UnB, propõem a volta do regime de banda cambial. “O Brasil precisa deixar o dólar em um patamar que não seja maléfico à indústria”, explicou Palma.
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Graduado em Economia pela FEA-USP. Mestre e Doutor em Economia pela Fundação Getúlio Vargas em São Paulo. Foi pesquisador visitante nas Universidades de Cambridge UK e Columbia NY. Foi economista, gestor de fundos e CEO em instituições do mercado financeiro em São Paulo. É professor de economia na FGV-SP desde 2002. Brasil, uma economia que não aprende é seu último livro. Conselheiro da FIESP e Economista-chefe do Banco Master
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