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José Luis Oreiro

~ Economia, Opinião e Atualidades

José Luis Oreiro

Arquivos da Tag: eficácia da política monetária

Efeito do corte de juros na recuperação do País não é consenso entre economistas (O Estado de São Paulo, 19/09/2019)

19 quinta-feira set 2019

Posted by jlcoreiro in Debate macroeconômico, política monetária

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Debate Macroeconômico, eficácia da política monetária, José Luis Oreiro

Parte dos especialistas ouvidos pelo Estado percebe sinais de retomada na concessão de crédito, enquanto alguns analistas dizem que desemprego alto e incertezas inibem efeito da Selic
Douglas Gavras , O Estado de S.PauloSe existe quase um consenso entre os economistas ao aprovarem a continuidade do corte dos juros básicos, os efeitos práticos da queda da Selic para 5,5% ao ano para a recuperação da economia ainda não são tão claros. Enquanto parte deles vê sinais de aumento de demanda por crédito, outros avaliam que o desemprego elevado e a demanda fraca ainda inibem investimentos e gastos das famílias.

O economista Sergio Werlang, da Escola Brasileira de Economia e Finanças da Fundação Getulio Vargas (EPGE/FGV), é um dos que defendem que os juros básicos no patamar mais baixo da série histórica já causam efeitos positivos visíveis, apesar de a recuperação após a recessão seguir a passos lentos.

“O corte de juros é o canal clássico de política monetária. Para a continuidade da retomada da economia, é essencial que a taxa de juros de curto prazo siga seu rumo esperado, isto é, que o Banco Central continue cortando pelo menos mais duas vezes a Selic até que ela chegue a, pelo menos, 5% ao ano.”

Everton Pinheiro de Souza Gonçalves, superintendente da Associação Brasileira de Bancos (ABBC), ressalta que os efeitos da taxa de juros mais baixa podem ser sentidos nas concessões de crédito para pessoa física com recursos livres (que inclui desde empréstimos convencionais a créditos consignados), que cresceram 5,1% em julho, segundo o Banco Central.

“São alguns sinais de que começa a melhorar e que podem continuar, mantidas as condições atuais. A liberação de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) também pode dar algum sinal positivo na demanda”, completa.

Os efeitos dos cortes de juros, no entanto, se perdem em uma economia que ainda de lado porque nem consumidor e nem empresários se sentem seguros para investir. Se para um pesa o endividamento das famílias e o desemprego em 11,8%, para o outro, a demanda reprimida segura investimentos.

O economista José Luís Oreiro, da Universidade de Brasília (UnB) avalia que não há sinais de recuperação, mesmo com juros em queda. “Basta olhar para as filas de desempregados que se formam nas grandes cidades . A inflação deve fechar, pelo terceiro ano consecutivo abaixo da meta (em 4,25%, para 2019) . Sinal de que a política monetária está conservadora demais. Os juros básicos poderiam estar em 3,5% ao ano e a economia teria mais espaço para reagir.”

O ex-diretor do Banco Central e chefe do Centro de Estudos Monetários do Instituto Brasileiro de Economia da FGV, José Júlio Senna, lembra que a sabedoria econômica ensina que é possível levar um cavalo até um riacho, mas não se pode obrigá-lo a beber água.

“A economia brasileira está enfrentando o mesmo dilema das economias desenvolvidas , em que as políticas de corte de juros não se refletem em aumento da tomada de crédito. As pessoas acumulam dívidas e incertezas e evitam tomar crédito.”

Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, avalia que a queda de juros é positiva, embora os efeitos mais robustos na economia só devem começar a ser observados só no ano que vem. “Além disso, é preciso que se continue a pensar em políticas de queda do spread bancário (a diferença entre os custos para o banco captar recursos e o que ele cobra do consumidor) .”

 

Os erros sistemáticos de previsão da inflação por parte do Banco Central do Brasil

13 quarta-feira mar 2019

Posted by jlcoreiro in Debate macroeconômico, Despesa ausente, Oreiro, política monetária, Ricardo Barboza

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Despesa ausente, eficácia da política monetária, Oreiro, Ricardo Barboza

De acordo com cálculos efetuados pelo economista Ricardo Barbosa, do grupo de conjuntura econômica do IE-UFRJ, reproduzidos na Figura 1 abaixo; desde setembro de 2016, quando o Banco Central começou a fazer as previsões mensais de inflação para o trimestre seguinte nos Relatório de Inflação, houve surpresa negativa em 100% dos casos! Em outras palavras, o Banco Central segue superestimando o IPCA.

Figura 1

Elaboração: Ricardo Barbosa. Grupo de Conjuntura Econômica do IE-UFRJ.

Esta é mais uma evidência de que o Banco Central do Brasil está “errando na mão” na condução da política monetária, fixando uma meta de taxa de juros muito maior do que a requerida para colocar a inflação na meta definida pelo Conselho Monetário Nacional, como eu havia explicado no post: https://jlcoreiro.wordpress.com/2019/03/09/a-despesa-ausente-por-que-as-despesas-com-juros-nao-aparecem-no-debate-sobre-o-ajuste-fiscal-no-brasil/

Em suma, existe ainda muito espaço para o BCB reduzir a taxa de juros e estimular a nossa combalida economia.

 

Por que o crescimento não decola? (Diário de Comércio e Indústria, 11 de maio de 2018)

11 sexta-feira maio 2018

Posted by jlcoreiro in crítica ao governo Temer, Crise Econômica no Brasil, Debate macroeconômico, Opinião, Oreiro

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A crise da economia brasileira, eficácia da política monetária, José Luis Oreiro

José Luis Oreiro *

Nas ultimas semanas as expectativas a respeito do crescimento da economia em 2018 tem sido reduzidas. A mediana das projeções de crescimento expressa no boletim Focus recuou de 2,9% em meados de fevereiro para 2,7% no início de maio. Essa revisão foi o resultado da divulgação de uma série de indicadores econômicos nos últimos dois meses, os quais apresentaram performance pior do que o esperado. Nesse contexto, destaca-se a queda de 0,1% da produção industrial em março em relação a fevereiro, após o ajuste sazonal; quando alguns analistas esperavam um aumento de 1%. Dados divulgados pelo IPEA mostram também uma desaceleração do ritmo de crescimento da formação bruta de capital fixo (FBKF). Na série com ajuste sazonal, a FBKF apresentou um crescimento de 0,3% no primeiro trimestre de 2018, na comparação com o ultimo trimestre de 2017. Essa alta contrasta com o aumento de 1,96% da FBKF no quarto trimestre do ano passado na comparação com o trimestre anterior.

A trajetória recente da produção industrial e da FBKF indicam que a demanda agregada ainda não apresenta uma tendência forte de elevação. A fraqueza da demanda agregada é, no entanto, um resultado surpreendente dada a flexibilização da política monetária. Desde o início do ciclo de redução da taxa Selic em novembro de 2016, o Banco Central reduziu a taxa de juros em 7,75 p.p. Como a taxa de inflação também apresentou uma redução expressiva, a redução da taxa real de juros foi bem menos pronunciada do que a redução da taxa nominal. Contudo, considerando uma expectativa de inflação de 3,5% para o ano de 2018, uma taxa Selic de 6,5% a.a implica numa taxa de juros real de 2,6% a.a. Dado que a média da taxa Selic real foi de 6,25% a.a no período 2003-2015; seria de esperar que a demanda agregada estivesse apresentando uma dinâmica muito mais exuberante do que a exibida até o presente momento.

Qual a razão para essa aparente ineficácia da política monetária? Alguns analistas atribuem essa ineficácia a incerteza advinda do processo eleitoral. Como os candidatos comprometidos com as “reformas” não estão apresentando uma boa performance nas pesquisas de opinião; então aumentam as incertezas associadas à evolução do quadro fiscal do país a partir de 2019. Num ambiente de maior incerteza, a resposta dos empresários é de adiar as decisões de investimento, o que impede uma recuperação mais rápida da economia.

Essa explicação é um completo non-sense. Se houvesse um aumento da percepção de incerteza por parte dos empresários e agentes do mercado financeiro; então os mesmos deveriam estar mudando seus portfólios em direção a ativos mais seguros, em particular, ativos denominados em dólar. Assim ocorreria uma forte queda do IBOVESPA, um forte aumento das taxas de juros futuras e uma grande desvalorização do Real frente ao dólar. Embora nas últimas semanas tenha ocorrido um ajuste nos preços desses ativos, o ajuste verificado, além de ser de pequena magnitude, pode ser perfeitamente explicado pelas mudanças ocorridas no cenário internacional.

A fraqueza da demanda agregada é resultado do comportamento da política fiscal. Segundo estudo realizado por Gabriel Leal de Barros, da IFI, a política fiscal foi contracionista em 2017, quando ocorreu um impulso fiscal negativo de 0,2% do PIB. É provável que um resultado similar ocorra em 2018. Dessa forma, o dinamismo da demanda agregada só será restaurado por intermédio de uma maior flexibilização da política monetária.

* Professor do Departamento de Economia da UnB.

Controvérsias recentes sobre a teoria e a prática da política monetária no Brasil (Revista de Conjuntura, Ano XVI, N.59)

07 sexta-feira abr 2017

Posted by jlcoreiro in Debate macroeconômico, Metas de Inflação, Opinião, Oreiro, Ortodoxia versus heterodoxia

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Crítica a Lara Resende, eficácia da política monetária, política monetária, Taxa de juros

Vejam em Revista-Corecon-FINAL

TJLP será substituída (Correio Braziliense, 01/04/2017)

05 quarta-feira abr 2017

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BNDES, eficácia da política monetária, TJLP

O crédito subsidiado oferecido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) sofrerá mudanças. A partir de 1º de janeiro de 2018, incidirá sobre os empréstimos tomados no banco de fomento a Taxa de Longo Prazo (TLP), que substituirá a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), atualmente em 7% ao ano. A TLP será calculada mensalmente, a partir da variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – o indicador oficial de inflação – atrelado ao prêmio de risco das taxas prefixadas das Notas do Tesouro Nacional – B (NTNBs) de cinco anos. Uma Medida Provisória será editada nos próximos dias.

Até 31 de dezembro deste ano, não haverá mudanças no estoque de operações do BNDES. Isso significa que os contratos continuarão sendo atualizados pela TJLP, que é calculada trimestralmente, com base na meta de inflação e no prêmio de risco do país. O presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, explicou que, inicialmente, a TLP terá o mesmo valor da TJLP. “Se fosse hoje, ela seria de 7% (ao ano)”, disse. Depois disso, a TLP seguirá o novo cálculo, de maneira que a convergência seguirá um curso gradual em cinco anos para a remuneração da NTN-B.

Devido à transição de cinco anos, a presidente do BNDES, Maria Silva, avalia que não há razão para uma “corrida ou postergação por financiamentos no banco”. A avaliação da equipe econômica e do próprio Goldfajn é que a mudança para que a TLP traga benefícios para a “estabilidade macroeconômica, as empresas, o BNDES, e o mercado”. “Acredito que todos vão se beneficiar na medida em que teremos uma economia mais eficiente e uma política monetária mais potente, com uma taxa estrutural menor”, declarou.

Para o economista José Luis Oreiro, professor da Universidade de Brasília (UnB), a mudança permitirá uma política econômica mais eficaz. “A TJLP era uma taxa que não guardava nenhuma relação com a Selic (taxa básica de juros). Quando o BC a aumentava tentando manter a inflação na meta, a TJLP era mantida constante e, assim, perdia parte da eficácia”, analisou. Para ele, será importante o BNDES manter algum mecanismo de subsídio.

Juros e redução do desemprego (Diário de Comércio e Indústria, 04/05/2016)

04 quarta-feira maio 2016

Posted by jlcoreiro in Crise Econômica no Brasil, Debate macroeconômico, Keynesianismo, Macroeconomia estruturalista do desenvolvimento, Mídia, Opinião, Oreiro

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eficácia da política monetária

Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) divulgados recentemente mostram um quadro alarmante. A taxa de desemprego atingiu o patamar de 10,2% da força de trabalho. Em abril de 2015 a taxa de desemprego era muito menor, 7,4%. Se nada for feito a taxa de desemprego continuará sua trajetória de elevação, podendo alcançar 14% no médio prazo. Isso significaria um conjunto de 14 milhões de pessoas sem trabalho.

De que forma o (provável) novo governo pode atuar no sentido de reduzir essa taxa para um padrão mais próximo do observado no início de 2015?

A teoria macroeconômica aceita pela maioria dos economistas aponta para dois instrumentos a disposição do formulador de política econômica. O primeiro é a política fiscal, ou seja, o conjunto formado pelos gastos discricionários do governo (basicamente investimento público) e tributação. Num quadro em que a taxa de desemprego está muito acima de qualquer medida plausível a respeito do seu nível “natural” o governo pode e deve estimular a demanda agregada, e uma das formas de fazer isso é por intermédio de um aumento dos gastos de investimento e/ou redução de impostos. O problema é que essa opção não está disponível no caso brasileiro. A irresponsabilidade fiscal praticada pela equipe econômica do governo durante o primeiro mandato da Presidente Dilma Rouseff transformou um superávit primário de pouco menos de 3% do PIB em 2012 num déficit primário de 0.7% do PIB no final de 2014. A evaporação do superávit primário colocou a dívida pública/PIB numa trajetória ascendente, a qual foi reforçada pelo aprofundamento da recessão ao longo de 2015. Em função desses desdobramentos, o setor público no Brasil deverá fechar o ano de 2016 com um déficit primário próximo de 2% do PIB e com uma relação dívida pública/PIB próximo de 75%. Nessas condições uma “flexibilização” da política fiscal não é possível, sob pena de se induzir uma fuga de capitais da economia brasileira em função da expectativa de default soberano por parte do governo brasileiro.

O segundo instrumento é a política monetária, ou seja, o valor da taxa Selic fixada a cada reunião do COPOM. Atualmente a meta da taxa Selic é 14,25% a.a. Considerando uma inflação esperada de 7% para 2016, isso significa uma taxa real de juros de 6,7% a.a.

Esse valor é alto ou baixo? A resposta a essa pergunta depende do comportamento da inflação e do nível de atividade econômica. Se a inflação estivesse se acelerando e o PIB estivesse crescendo, então poderíamos afirmar que se trata de um valor baixo para a situação corrente da economia brasileira. Mas sabemos que não é esse o caso. A inflação está se desacelerando com relação ao ano de 2015 e o PIB deverá apresentar uma queda de 4% em 2016, após uma queda de quase 4% no ano passado. Nessas condições podemos afirmar que a taxa de juros está absurdamente alta, não havendo justificativa econômica para mantê-la nesse patamar. Reduzir os juros para um patamar que seja condizente com a retomada do crescimento da economia brasileira deve ser a prioridade número um do governo de Michel Temer.

Link: http://www.dci.com.br/opiniao/juros-e-reducao-do-desemprego-id545478.html

Redução de juros está próxima Correio Braziliense – 28/04/2016

28 quinta-feira abr 2016

Posted by jlcoreiro in Crise Econômica no Brasil, Debate macroeconômico, Mídia, Opinião, Oreiro

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eficácia da política monetária

O Banco Central (BC) indicou que a redução da taxa básica de juros está próxima. Manteve a Selic em 14,25% ao ano pela sexta vez consecutiva, mas, agora, em decisão unânime do Comitê de Política Monetária (Copom). Na reunião anterior, dois diretores haviam votado pela alta: Tony Volpon e Sidnei Marques. O encontro de ontem pode ser o último conduzido por Alexandre Tombini, que não deverá ser mantido no comando da autoridade monetária em um eventual governo de Michel Temer.

Além da unanimidade, um forte sinal de que os juros estão próximos veio no comunicado distribuído no fim do encontro, o qual afirma que “o comitê reconhece os avanços na política de combate à inflação”. O Copom ressalvou, porém, que, medida em 12 meses, a carestia continua alta. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulou 9,39% até março, muito acima da meta de 4,5%. De acordo com o comitê, “as expectativas de inflação distantes dos objetivos do regime de metas não oferecem espaço para flexibilização da política monetária”.

Para a economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif, o Copom não usou o tom necessário na nota. “Eu preferia um comunicado mais duro. Os diretores do BC falam em avanços, mas não é possível ainda tirar o paciente da UTI. A inflação não está apenas alta, está a anos-luz da meta”, criticou. Zeina explicou que o BC está se esforçando para recuperar a credibilidade, e, ao sinalizar que os juros vão baixar logo, pode atrapalhar esse processo. “Há risco de desancorar as expectativas de que a inflação volte para a meta”, disse. Isso provocaria uma convergência mais demorada para o objetivo.

A manutenção da Selic por unanimidade era esperada pelo mercado. O último boletim Focus, divulgado pelo BC na segunda-feira passada, mostrou recuo de 13,38% para 13,25% na expectativa dos analistas para a taxa no fim deste ano. A questão, no entanto, ainda é controversa. Para alguns, a desaceleração deve ser mais comedida, até em decorrência da instabilidade política. “É preciso aguardar que a tendência de recuo dos preços se consolide para reduzir os juros”, disse o economista-sênior do Banco Haitong, Flávio Serrano. Ele prevê cortes na taxa básica apenas nas reuniões de outubro e de novembro, de 0,50 ponto percentual em cada uma.

Com Temer na Presidência, a expectativa é de uma política econômica mais ortodoxa. Isso envolveria redução de gastos e política monetária conservadora. Na opinião de economistas heterodoxos, o ideal seria uma queda mais rápida da Selic. José Luís Oreiro, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), disse que a ênfase na estabilidade de preços compromete a atividade econômica. “Embora seja importante ter a inflação sob controle, o combate à carestia não pode prevalecer sobre o nível de atividade”, afirmou. Para Fábio Silveira, diretor de Pesquisa Econômica da GO Associados, a redução de juros na próxima reunião não seria surpresa. “Os preços do etanol e da gasolina estão mais baixos no atacado. É questão de tempo para que essa redução chegue ao varejo, por volta de maio ou junho.”

Sem mudança nos EUA

Confirmando as expectativas, o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) manteve as taxas de juros de referência na faixa de 0,25% a 0,50% ao ano, mas sinalizou confiança na perspectiva econômica do país, deixando a porta aberta para uma alta em junho. Em nota, a instituição afirmou que a economia dos EUA mostra boa performance em alguns aspectos, mas sinais preocupantes em outros. Embora o cenário global ainda seja incerto, o comunicado não usou a palavra “riscos” ao se referir à economia mundial.

Novas luzes no debate a respeito das LFTs (Valor Econômico, 26/03/2012)

26 segunda-feira mar 2012

Posted by jlcoreiro in Opinião

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eficácia da política monetária, Letras Financeiras do Tesouro, Modelos Dinâmicos com Consistência entre Estoques e Fluxos, Política de rendas, Taxa de juros

Novas luzes no debate a respeito das LFTs

Por José Luis Oreiro e  Breno Lobo

No Brasil uma parcela significativa da dívida pública ainda é constituída de títulos pós-fixados (as Letras Financeiras do Tesouro, LFTs) cuja remuneração é dada pela taxa Selic, determinada pelo Banco Central (BC). A Selic é utilizada para controlar a liquidez do mercado monetário, de forma que ela é, ao mesmo tempo, instrumento operacional de política monetária e taxa de remuneração de parcela expressiva da dívida pública. Como os objetivos de política monetária e de gestão da dívida são distintos, existe a possibilidade de que a taxa Selic, ao ser determinada para fins de política monetária, tenha efeitos negativos sobre a dinâmica da dívida pública.

Além desse potencial efeito contágio, a existência das LFTs diminuiria a eficácia da política monetária de duas formas. Em primeiro lugar, as LFTs restringem a eficácia do canal de juros na transmissão da política monetária ao distorcer a formação da estrutura a termo da taxa de juros. Por terem remuneração diária e elevada liquidez, as LFTs gerariam incentivos para que os agentes mantenham parte significativa de sua riqueza financeira no curto prazo, o que diminuiria o fluxo de recursos disponíveis para financiar projetos de investimento de longo prazo, cuja remuneração não estaria muito acima daquela oferecida pelas LFTs.

Em um exercício de simulação, observou-se  crescimento do serviço da dívida, deteriorando a situação fiscal

Em segundo lugar, as LFTs restringem a eficácia do canal dos preços dos ativos na transmissão da política monetária. Elevações na taxa de juros fazem com que o preço dos títulos prefixados diminua. Essa diminuição implica em perdas de capital para seus detentores e, portanto, em redução de sua riqueza financeira, o que tende a diminuir o consumo agregado da economia. As LFTs, ao contrário, têm seu preço aumentado como decorrência de uma elevação da taxa de juros, de forma que esses títulos não sinalizariam corretamente para o consumo das famílias a direção desejada pela política monetária.

Diante dessas características, espera-se que a extinção das LFTs aumente a eficácia da transmissão da política monetária e torne os objetivos de política monetária e de gestão da dívida pública menos conflitantes. Todavia, existem custos associados a uma eventual extinção das LFTs. Esses títulos, em geral, têm prazo de emissão mais longo e remuneração menor que as LTNs, que são títulos públicos prefixados, devido ao prêmio de risco que as LTNs têm que pagar com relação às LFTs, haja vista que aquelas estão sujeitas a perda de capital em função de variações da taxa de juros, ao passo que as LFTs estão livres desse risco.

Um exercício de simulação numa economia artificial descrita a partir de um modelo dinâmico com consistência entre estoques e fluxos (Dynamic Stock and Flow Consistent Model – DSFC) foi realizado com o objetivo de analisar as modificações na dinâmica dessa economia decorrentes da implantação de uma política de gestão da dívida que elimine as LFTs. Observou-se, no longo prazo, o crescimento do serviço da dívida que deteriorou a situação fiscal do governo, levando assim a economia a uma trajetória de instabilidade, com descontrole inflacionário e taxa de juros muito elevada. No curto prazo, contudo, a extinção das LFTs permitiu a obtenção de um crescimento econômico mais estável e patamares menores de inflação e de taxa de juros.

 

Para se eliminar a tendência à instabilidade macroeconômica decorrente da extinção das LFTs é necessário coordenar a política macroeconômica com a política de gestão da dívida pública. Com efeito, nos experimentos realizados com o modelo DSFC, a realização de políticas fiscal e política monetária restritivas foram capazes de controlar o processo inflacionário e estabilizar os ciclos econômicos. Todavia, o ajuste fiscal, ao restringir os gastos públicos, resultou em taxas de crescimento mais baixas e, portanto, maiores taxas de desemprego. Esse efeito, contudo, está associado à manutenção de uma política fiscal na qual os gastos do governo crescem a taxas constantes e fixas.

Caso o governo use a política fiscal de forma ativa, associada a algum objetivo, como a estabilização da relação entre a dívida pública e o Produto Interno Bruto (PIB), por exemplo, é possível controlar a inflação e estabilizar os ciclos de crescimento. Essa simulação sugere que a utilização de uma política fiscal ativa pode ajudar no processo de controle da inflação.

Além das políticas fiscal e monetária, simulamos o comportamento dessa economia artificial a partir da utilização de uma política de rendas que limite o repasse de elevações nos preços para os salários nominais dos trabalhadores. Essas simulações sugeriram que uma política monetária restritiva não é a política mais eficaz para combater o processo inflacionário.

Numa economia em que o processo inflacionário decorra, principalmente, do conflito distributivo existente entre trabalhadores e capitalistas, a utilização de uma política ativa de rendas tende a ter um efeito estabilizador sobre a dinâmica do sistema. Esse resultado sugere que políticas que atuem sobre as causas da inflação e não apenas reajam a suas variações, como ocorre no atual sistema de metas inflacionárias, sejam mais eficientes em seu controle. Isso abre espaço para que a utilização de algum tipo de política de rendas pelo governo volte a ser discutida. Um ponto importante a ser destacado é que, no exercício de simulação, a utilização da política de rendas não esteve associada a uma diminuição da participação dos salários na renda agregada, ou seja, a política de rendas não é contrária ao interesse da classe trabalhadora.

Em suma, os resultados obtidos a partir das simulações do modelo DSFC sugerem que a extinção das LFTs pode ter um impacto positivo sobre a economia brasileira se vier acompanhada de uma política fiscal ativa e de uma política de rendas que diminua o repasse da inflação passada para os salários.

José Luis Oreiro é professor do Departamento de Economia da Universidade de Brasília. E-mail: joreiro@unb.br.

Breno Lobo é aluno do programa de doutorado em economia da Universidade de Brasília. E-mail: brenolobo@ig.com.br.

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