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José Luis Oreiro

~ Economia, Opinião e Atualidades

José Luis Oreiro

Arquivos da Tag: Nova recessão a vista?

Muito pouco, muito tarde (Diário de Comércio e Indústria, 02/08/2019)

02 sexta-feira ago 2019

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Erros do Banco Central do Brasil, Nova recessão a vista?, política monetária

Finalmente o Banco Central do Brasil se rendeu a realidade do gravíssimo quadro de estagnação da atividade econômica vigente no país e decidiu reduzir a meta da taxa Selic em 0,5 p.p, para 6% a.a. Trata-se do valor mais baixo da série histórica da taxa Selic. Essa decisão surpreendeu o mercado financeiro, o qual apostava numa redução de apenas 0,25 p.p; haja vista que a curva de juros futuro embutia uma probabilidade de 75% de ocorrer uma redução dessa magnitude. Com efeito, o presidente do BCB, Roberto Campos Neto, vinha afirmando reiteradas vezes para a imprensa de que (i) a política monetária já se encontrava no campo estimulativo, pois o valor real ex-ante da taxa Selic se encontrava abaixo das estimativas existentes a respeito do valor neutro dessa taxa; e (ii) a aprovação da reforma da previdência teria um impacto expansionista sobre a demanda agregada devido ao efeito da mesma sobre o (sic) espírito animal dos empresários, levando-os a desengavetar uma série de projetos de investimento, tornando desnecessária uma nova flexibilização da política monetária. Essas declarações levaram muitos analistas até mesmo a prever que, na reunião de julho do COPOM, a taxa Selic seria mantida inalterada. Felizmente o BCB mudou o seu entendimento sobre o grau de estímulo da política monetária e não só reduziu a Selic, como ainda o fez numa magnitude maior do que o esperado.

A decisão de reduzir os juros, contudo, veio muito tarde e numa magnitude menor do que a necessária para produzir um efeito expansionista relevante para a atividade econômica. A última redução da taxa Selic ocorreu em 31/10/2018 quando o COPOM decidiu reduzir os juros básicos da economia brasileira em 0,25 p.p, para 6.5% a.a. Se passaram 9 meses, portanto, desde a última flexibilização da política monetária. Nesse meio tempo, as expectativas de crescimento da economia brasileira foram reduzidas continuamente, passando de pouco mais de 2,5% a.a. em novembro para 0,8% a.a em julho. Essa deterioração das expectativas de crescimento se deu num contexto no qual a economia brasileira apresentava a mais lenta recuperação cíclica desde a crise de 1981-1983, apresentando um hiato do produto de quase 6% no primeiro semestre de 2019. Por fim, as expectativas de inflação para o ano de 2019 apontam que a inflação ficará abaixo da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional pelo terceiro ano consecutivo; sinal evidente de que a condução da política monetária nos últimos três anos tém sido excessivamente conservadora, não seguindo assim o protocolo do regime de metas de inflação. A redução da Selic ocorrida na última reunião do Copom veio muito tarde para salvar o ano de 2019, pois seus efeitos só começarão a se sentir sobre o nível de atividade no primeiro trimestre de 2020.

A projeção que o BCB fez para a inflação de 2020 no cenário de mercado mostra que se a taxa de juros for reduzida para 5,5% a.a a inflação fechará num patamar de 3,9%, ligeiramente abaixo da meta de 4,0%. Isso parece indicar que o BCB deverá promover uma nova redução de 0,5 p.p na reunião de setembro do Copom, encerrando então o ciclo de redução da taxa de juros. Se essa conjectura se confirmar, a Selic real ex-ante será reduzida para 1,53% a.a; uma valor ainda muito alto dado o grau de ociosidade dos fatores de produção e o cenário internacional no qual as taxas nominais de juros de vários países desenvolvidos (Suiça e Área do Euro) se encontram em patamar negativo.

Inflação baixa reforça corte nos juros (O Estado de São Paulo, 30/06/2019)

30 domingo jun 2019

Posted by jlcoreiro in Debate macroeconômico, José Luis Oreiro, Nova recessão a vista?, Opinião

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Debate Macroeconômico, José Luis Oreiro, Nova recessão a vista?

A inflação sob controle e a necessidade de encontrar alternativas para reaquecer a economia transformaram a queda dos juros básicos em um novo “mantra” entre os economistas. A taxa Selic está em seu patamar mais baixo, de 6,5% ao ano – mas, para analistas ouvidos pelo jornal O Estado de São Paulo, há espaço para cortar ao menos um ponto porcentual. E, ainda que o ciclo de corte dos juros não seja suficiente para tirar o País da letargia, pode ajudar.

No Brasil, a Selic tem sido o maior mecanismo de controle da inflação. Segundo o último Boletim Focus, do Banco Central, no entanto, a perspectiva é de que a inflação pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fique este ano em 3,82%, bem abaixo da meta de 4,25%. As previsões também são de inflação abaixo da meta no ano que vem (4%).

Esse cenário de preços controlados reforça os argumentos para a queda maior dos juros.

Na visão do ex-diretor do Banco Central Alexandre Schwartsman, as incertezas quanto à melhora da situação fiscal do País têm reduzido a potência da política monetária. “Por isso, o BC sublinhou em seus comunicados que um novo ciclo de quedas de juros é esperado só após o andamento das reformas, sobretudo a da Previdência.”

Ele avalia que o aparente conservadorismo no corte de juros é compreensível. “Os juros podem encerrar o ano em 5,5%, o que não resolve as incertezas econômicas, mas ajuda.”

Já o professor da Universidade de Brasília (UnB) José Luís Oreiro considera que o BC tem sido conservador demais. “Deve ser o terceiro ano seguido em que a inflação fica abaixo da meta. Isso quer dizer que há muito tempo tem espaço para corte.”

Para ele, se os juros básicos estivessem em 5% há um ano, a atividade econômica hoje estaria respondendo mais fortemente. “Se isso não é sinal de uma política monetária conservadora demais, não sei o que seria. São três anos. O BC não está seguindo o protocolo do regime de metas de inflação.”

Mesmo com a Selic em seu menor patamar histórico, os juros reais do Brasil (já considerada a inflação) estão entre os dez maiores dentre 40 economias.

Segundo a Infinity Asset Management, os juros reais no Brasil eram de 2,31% ao ano. Ao mesmo tempo, as maiores economias do mundo experimentam juros reais negativos. Nos Estados Unidos, eles estão em -0,58%; no Japão, -0,75%; nos países da União Europeia, variam de -1,2% (Portugal) a -2,87% (Hungria).

“Se tiver espaço para cortar, sem prejudicar a inflação, não tem motivo para não fazer”, diz José Júlio Senna, responsável pelo Centro de Estudos Monetários do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV). “Mas a atividade econômica não depende só dos juros, como mostra o exemplo internacional.”

Ele diz que os problemas de crescimento do País precisam ser atacados no médio e longo prazos. “Tem de melhorar a infraestrutura, reduzir a burocracia e a complexidade do sistema tributário.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Falta de investimento em infraestrutura é a causa da recessão no país, segundo economista (Agenda Econômica, TV Senado, 28/06/2019)

29 sábado jun 2019

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A crise da economia brasileira, Agenda Econômica TV Senado, Debate Macroeconômico, José Luis Oreiro, Nova recessão a vista?, Os erros de Paulo Guedes

Não é o déficit nas contas públicas que está levando o Brasil para o buraco, segundo o professor de Economia da UnB, José Luiz Oreiro. Para ele nem a reforma da Previdência nem a venda de todo o patrimônio público vão trazer investimentos privados suficientes para reerguer a economia.

Com crise, renda do trabalhador chegou a cair até 16% em cinco anos (O Estado de São Paulo, 23/06/2019)

24 segunda-feira jun 2019

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A crise da economia brasileira, José Luis Oreiro, Nova recessão a vista?

Douglas Gavras

São Paulo

23/06/2019 07h50

Segundo a Pnad Contínua, trabalhadores da construção civil estão entre os que tiveram as maiores perdas salariais desde 2014.| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Os anos de crise, além de terem destruído empregos e levado ao aumento da informalidade, também corroeram o rendimento dos trabalhadores da maioria dos segmentos. A depender da área de atuação, a perda real (já considerada a inflação) superou os 16% nos últimos cinco anos. De nove setores da iniciativa privada analisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cinco tiveram quedas significativas na renda que o trabalhador recebe habitualmente por mês.

Entre o primeiro trimestre de 2014, antes da recessão, e os três primeiros meses deste ano, os trabalhadores de alojamento e alimentação (de hotéis, pousadas, restaurantes ou vendedores de alimentos), da construção e do transporte foram os que tiveram as maiores perdas reais de rendimento, de 7,2% a 16,3%, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do IBGE, selecionados para o jornal O Estado de S. Paulo pela consultoria LCA.

Entre os trabalhadores da iniciativa privada, apenas os da agricultura tiveram aumento real expressivo do rendimento habitual, de 5,2% durante esse mesmo período. No grupo que inclui quem trabalha no setor público, houve um aumento real ainda maior, de 7,5%.

A queda na renda das famílias e o aumento da informalidade – sobretudo em atividades ligadas aos serviços, como o transporte com aplicativos e a venda de alimentos – e o afundamento do setor de construção civil ajudam a explicar o menor rendimento que esses trabalhadores têm recebido, avalia o economista Cosmo Donato, da LCA.

Por um lado, as famílias têm menos condição de gastar com alimentação fora de casa, transporte e lazer hoje do que gastavam em 2014, diz Donato. Por outro lado, desempregados da indústria e do comércio recorreram ao transporte e à alimentação para sobreviver, vendendo comida na rua ou se tornando motoristas de aplicativos, por exemplo. A informalidade puxou o rendimento para baixo.

O motorista particular e taxista Wallinson de Melo, 34 anos, é um dos trabalhadores que sentiram o impacto do aumento da informalidade em seu segmento. Até 2014, a gente conseguia tirar facilmente até R$ 12 mil por mês. Foi quando realizei o sonho de comprar uma casa para a minha mãe, na Paraíba. Hoje, com sorte, ganho R$ 6 mil. Com o desemprego, as pessoas trocaram o táxi pelo ônibus e a concorrência aumentou, muito engenheiro virou Uber. Aquele tempo não volta.

Muitos que perderam o emprego caíram na informalidade ou conseguiram novas vagas com remuneração mais baixa; quem se manteve empregado não conseguiu ser promovido, avalia o economista da Universidade de Brasília (UnB) José Luís Oreiro. O garçom de um restaurante com menos dinheiro no bolso gasta menos no mercadinho. O dono do mercadinho deixa de ir no restaurante. A queda no rendimento habitual gera um efeito negativo, em cascata, na economia.

A crise ainda se reflete na renda dos trabalhadores. O empresário que tinha planos de expandir desistiu. Muitos hotéis passaram a desativar momentaneamente alguns andares, em períodos de movimento mais fraco , acrescenta Darly Abreu, diretor do Sinthoresp (sindicato que reúne, entre outros, trabalhadores de hotéis, restaurantes, lanchonetes e bares). Ele lembra que, além da renda habitual, quem trabalha em restaurantes ganha menos gorjetas do que antes da crise.

Em 2014, dava até para escolher onde pagavam mais , diz empregado da construção

Quando Raimundo dos Santos, 54 anos, chega ao trabalho, ele não consegue deixar de comparar a situação atual do setor de construção civil com o que o setor era há cinco anos. Nesta obra aqui devem ter umas 300 pessoas trabalhando. É muita gente. Mas não tem outro canteiro assim por aqui por perto. Em 2014, dava até para escolher onde pagavam mais.

Desde 1990, ele trabalha construindo fachadas de edifícios residenciais em São Paulo. Com esse salário, consegui criar meus três filhos e manter a minha família. Era um orgulho pensar que construí a minha casa com a mesma dedicação que tinha para construir a casa dos outros. Uma pena que tudo mudou tão rapidamente.

Ele conta que, se há cinco anos conseguia tirar cerca de R$ 7 mil, considerando o salário e as comissões, hoje o rendimento é de R$ 3 mil. Ainda bem que os meus filhos têm emprego, estão encaminhados. Até penso em voltar para a Bahia, mas todo mundo diz que lá as coisas estão ainda mais difíceis. O jeito é torcer.

Quando olha para a situação atual do mercado de trabalho, Raimundo diz que não vê uma solução próxima para a queda do desemprego, que atingia 13,2 milhões de pessoas no trimestre até abril, segundo a Pnad Contínua. Se o pobre e a classe média não conseguem trabalhar, como esse povo vai ter dinheiro para comprar a sua casa?

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de São Paulo (Sintracon), Antonio de Sousa Ramalho, diz que o piso do trabalhador do setor tem sido reajustado pela inflação pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), mas a renda caiu, afetada por comissões baixas e alta da concorrência, com o maior número de desempregados. O trabalhador ficou com um buraco na renda. O setor da construção perdeu mais de 1 milhão de postos de trabalho na crise. Os benefícios que as empresas davam para segurar os bons empregados ficaram no passado , diz.

Oreiro, da UnB, avalia que a construção ainda deve patinar. Ela foi expandida de 2008 a 2014, por investimento público, e ainda teve a bolha imobiliária, que aumentou o valor dos imóveis e estimulou lançamentos. Esses vetores estão ausentes agora. A recuperação vai demorar.

Fonte: Gazeta do Povo

Segundo a Pnad Contínua, trabalhadores da construção civil estão entre os que tiveram as maiores perdas salariais desde 2014.| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Os anos de crise, além de terem destruído empregos e levado ao aumento da informalidade, também corroeram o rendimento dos trabalhadores da maioria dos segmentos. A depender da área de atuação, a perda real (já considerada a inflação) superou os 16% nos últimos cinco anos. De nove setores da iniciativa privada analisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cinco tiveram quedas significativas na renda que o trabalhador recebe habitualmente por mês.

Entre o primeiro trimestre de 2014, antes da recessão, e os três primeiros meses deste ano, os trabalhadores de alojamento e alimentação (de hotéis, pousadas, restaurantes ou vendedores de alimentos), da construção e do transporte foram os que tiveram as maiores perdas reais de rendimento, de 7,2% a 16,3%, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do IBGE, selecionados para o jornal O Estado de S. Paulo pela consultoria LCA.

Entre os trabalhadores da iniciativa privada, apenas os da agricultura tiveram aumento real expressivo do rendimento habitual, de 5,2% durante esse mesmo período. No grupo que inclui quem trabalha no setor público, houve um aumento real ainda maior, de 7,5%.

A queda na renda das famílias e o aumento da informalidade – sobretudo em atividades ligadas aos serviços, como o transporte com aplicativos e a venda de alimentos – e o afundamento do setor de construção civil ajudam a explicar o menor rendimento que esses trabalhadores têm recebido, avalia o economista Cosmo Donato, da LCA.

Por um lado, as famílias têm menos condição de gastar com alimentação fora de casa, transporte e lazer hoje do que gastavam em 2014, diz Donato. Por outro lado, desempregados da indústria e do comércio recorreram ao transporte e à alimentação para sobreviver, vendendo comida na rua ou se tornando motoristas de aplicativos, por exemplo. A informalidade puxou o rendimento para baixo.

O motorista particular e taxista Wallinson de Melo, 34 anos, é um dos trabalhadores que sentiram o impacto do aumento da informalidade em seu segmento. Até 2014, a gente conseguia tirar facilmente até R$ 12 mil por mês. Foi quando realizei o sonho de comprar uma casa para a minha mãe, na Paraíba. Hoje, com sorte, ganho R$ 6 mil. Com o desemprego, as pessoas trocaram o táxi pelo ônibus e a concorrência aumentou, muito engenheiro virou Uber. Aquele tempo não volta.

Muitos que perderam o emprego caíram na informalidade ou conseguiram novas vagas com remuneração mais baixa; quem se manteve empregado não conseguiu ser promovido, avalia o economista da Universidade de Brasília (UnB) José Luís Oreiro. O garçom de um restaurante com menos dinheiro no bolso gasta menos no mercadinho. O dono do mercadinho deixa de ir no restaurante. A queda no rendimento habitual gera um efeito negativo, em cascata, na economia.

A crise ainda se reflete na renda dos trabalhadores. O empresário que tinha planos de expandir desistiu. Muitos hotéis passaram a desativar momentaneamente alguns andares, em períodos de movimento mais fraco , acrescenta Darly Abreu, diretor do Sinthoresp (sindicato que reúne, entre outros, trabalhadores de hotéis, restaurantes, lanchonetes e bares). Ele lembra que, além da renda habitual, quem trabalha em restaurantes ganha menos gorjetas do que antes da crise.

Em 2014, dava até para escolher onde pagavam mais , diz empregado da construção

Quando Raimundo dos Santos, 54 anos, chega ao trabalho, ele não consegue deixar de comparar a situação atual do setor de construção civil com o que o setor era há cinco anos. Nesta obra aqui devem ter umas 300 pessoas trabalhando. É muita gente. Mas não tem outro canteiro assim por aqui por perto. Em 2014, dava até para escolher onde pagavam mais.

Desde 1990, ele trabalha construindo fachadas de edifícios residenciais em São Paulo. Com esse salário, consegui criar meus três filhos e manter a minha família. Era um orgulho pensar que construí a minha casa com a mesma dedicação que tinha para construir a casa dos outros. Uma pena que tudo mudou tão rapidamente.

Ele conta que, se há cinco anos conseguia tirar cerca de R$ 7 mil, considerando o salário e as comissões, hoje o rendimento é de R$ 3 mil. Ainda bem que os meus filhos têm emprego, estão encaminhados. Até penso em voltar para a Bahia, mas todo mundo diz que lá as coisas estão ainda mais difíceis. O jeito é torcer.

Quando olha para a situação atual do mercado de trabalho, Raimundo diz que não vê uma solução próxima para a queda do desemprego, que atingia 13,2 milhões de pessoas no trimestre até abril, segundo a Pnad Contínua. Se o pobre e a classe média não conseguem trabalhar, como esse povo vai ter dinheiro para comprar a sua casa?

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de São Paulo (Sintracon), Antonio de Sousa Ramalho, diz que o piso do trabalhador do setor tem sido reajustado pela inflação pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), mas a renda caiu, afetada por comissões baixas e alta da concorrência, com o maior número de desempregados. O trabalhador ficou com um buraco na renda. O setor da construção perdeu mais de 1 milhão de postos de trabalho na crise. Os benefícios que as empresas davam para segurar os bons empregados ficaram no passado , diz.

Oreiro, da UnB, avalia que a construção ainda deve patinar. Ela foi expandida de 2008 a 2014, por investimento público, e ainda teve a bolha imobiliária, que aumentou o valor dos imóveis e estimulou lançamentos. Esses vetores estão ausentes agora. A recuperação vai demorar.

Apesar do risco de recessão, analistas apontam saídas para economia voltar a crescer (Zero Hora, 15/06/2019)

16 domingo jun 2019

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A crise da economia brasileira, Debate Macroeconômico, José Luis Oreiro, Nova recessão a vista?

Segundo especialistas, reação depende de medidas que vão além das reformas

Contas públicas no vermelho, 13,2 milhões de desempregados, vendas em queda e baixa procura por serviços. Não faltam motivos de preocupação com o desempenho da economia brasileira. Diante do cenário de angústia, o apetite pela resolução dos problemas cresce, mas o cardápio de opções para destravar a retomada não é tão recheado quanto o disponível em outros momentos de dificuldades no país. Segundo economistas, a reação depende, essencialmente, de projetos que não saem do forno do dia para a noite, como mudanças no sistema tributário e na Previdência Social.

Sem saídas mágicas, a avaliação de parte dos especialistas é de que, enquanto as reformas não são aprovadas no Congresso, o governo Jair Bolsonaro pode — e deve — buscar ações com capacidade de gerar benefícios pontuais. A defesa desses projetos ganhou força entre analistas e representantes do meio empresarial diante do risco de retorno da recessão técnica à economia. Baixa no juro, desburocratização de processos produtivos e concessões são exemplos de medidas listadas.

Recessão técnica é um jargão usado para descrever dois trimestres consecutivos de queda no Produto Interno Bruto (PIB). Como o PIB teve baixa de 0,2% entre janeiro e março, a economia nacional voltaria a esse estágio em caso de novo resultado negativo entre abril e junho.

Nesta sexta-feira (14), o Banco Central (BC) informou que o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) caiu 0,47% no quarto mês do ano. Ou seja, o indicador, conhecido como a prévia do PIB, sinaliza a persistência de dificuldades no horizonte.

— Ações emergenciais são importantes. Geralmente, são tomadas para estimular a demanda. Mas há um problema neste momento. Com déficit público elevado, o governo fica de mãos amarradas. É o grande impasse desta crise em relação a outras registradas no país — explica o economista Pedro Dutra Fonseca, professor da UFRGS.

Em 2015 e 2016, o PIB teve duas quedas anuais consecutivas, de 3,5% e 3,3%. Na sequência, em 2017 e 2018, repetiu avanço de 1,1%. Com o fraco desempenho em 2019, caminha para mais uma década perdida, expressão que denomina período de baixo crescimento. Seria a segunda em quarenta anos.

PIB anual desde o início da série histórica

Fontes: IBGE e Banco Central
*Projeção de analistas do mercado financeiro consultados pelo BC

Apesar do horizonte desafiador, Fonseca pondera que a inflação segue em nível comportado no país, o que representa alívio, ao contrário do que ocorreu, por exemplo, na turbulência entre as décadas de 1980 e 1990. A disparada dos preços à época só foi controlada com a criação do Plano Real, em 1994. 

Professor da Universidade de Brasília (UnB), o economista José Luis Oreiro afirma que a tentativa de reanimar o ambiente de negócios deveria contar com maior auxílio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Entre janeiro e março, a aprovação de novos financiamentos da instituição caiu 37,8% ante igual intervalo de 2018, para R$ 9,9 bilhões.

— O governo deve parar com o desmonte do BNDES. Não faz sentido retrai-lo no momento em que a economia está à beira da recessão, com empresas endividadas até o pescoço — critica Oreiro.

A menor participação de bancos públicos na concessão de crédito é uma das bandeiras da equipe econômica de Bolsonaro. A postura contrasta com as escolhas dos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. No período petista, o BNDES desempenhou política de incentivos a grandes empresas, chamadas de campeãs nacionais, como a JBS, envolvida em denúncias de corrupção.

— O governo Bolsonaro se elegeu com agenda liberal na economia. Não vejo caminho para o BNDES incentivar projetos como no passado — pontua o pesquisador Marcel Balassiano, do  Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Para Oreiro, outra medida que poderia beneficiar a economia é a confirmação de novos cortes na taxa básica de juro. Hoje, a Selic está em 6,5% ao ano, o menor nível já registrado no país. Desde o início do ciclo de redução, em outubro de 2016, a taxa caiu 53,6%. No mesmo período, as linhas de crédito para pessoas físicas e empresas também baixaram, mas em ritmo menor, com recuos de 25,7% e 34,1%, respectivamente, indica a Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).

Conforme Oreiro, o descompasso reflete o alto nível de concentração do sistema bancário. Na visão do economista, a saída para os cortes na Selic alcançarem as linhas à disposição dos consumidores seria o governo federal buscar a redução dos spreads de bancos públicos, como Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil, para que as instituições privadas seguissem o mesmo caminho. Ao adotar a medida, em 2012, a então presidente Dilma recebeu série de críticas de setores como o mercado financeiro.

— É preciso que o juro seja reduzido até que a economia volte a crescer. O governo tem de parar de se esconder atrás das reformas, que estão seguindo o rito do Congresso — argumenta Oreiro.

Para Balassiano, medidas paliativas como cortes no juro poderiam ser adotadas, mas não seriam capazes de fazer a economia avançar de maneira robusta.

— Não tem muito jeito. A reforma da Previdência tem de passar para as expectativas melhorarem. A principal questão a ser atacada é o desequilíbrio fiscal — diz.

 

 

 

 

Paralelos entre Hoover/Mellon e Bolsonaro/Guedes

05 quarta-feira jun 2019

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Debate Macroeconômico, Nova recessão a vista?, Os erros de Paulo Guedes

 

 

Herbert Hoover era o Presidente dos Estados Unidos quando ocorreu o crash da bolsa de valores de Nova Iorque em 1929, evento esse que disparou a “Grande Depressão” dos anos 1930, na qual o PIB dos Estados Unidos encolheu quase 50% entre 1929 e 1932 e a taxa de desemprego aumentou para 25% da força de trabalho.  A grande depressão foi o evento que permitiu a vitória de Franklin Delano Roosevelt nas eleições de 1932 e o início do “New Deal”, amplo conjunto de obras públicas combinadas com reformas no setor financeiro, na legislação trabalhista e na regulação dos cartéis, o qual tiraria os Estados Unidos do atoleiro econômico

Pouca gente sabe, contudo, que o Presidente Hoover chegou a cogitar uma ampliação das funções do governo americano durante seu mandato para combater os efeitos da grande depressão. Ele, contudo, foi desaconselhado pelo seu Secretário do Tesouro (o equivalente ao Ministro da Economia no Brasil) Andrew Mellon. Nas suas memórias o Presidente Hoover escreveu:

“O Sr. Mellon só possuía uma fórmula. Liquide o trabalho, liquide os estoques, liquide os fazendeiros, liquide os ativos reais. Isso vai purgar a podridão de nosso sistema … As pessoas irão trabalhar mais arduamente, irão levar uma vida moralmente mais elevada” (Apud Davidson, 2017, p.149; tradução minha).

É impressionante o paralelo que pode ser feito entre a dupla Hoover/Mellon e a dupla Bolsonaro/Guedes. O Presidente da República apresenta ao publico um desdém olímpico pela situação da economia brasileira, e não parece preocupado com os milhões de brasileiros que estão sem emprego ou “fazendo bico” para pagar as contas no final do mês. Por sua vez, o Czar da economia, tal como Andrew Mellon, afirmou ontem na reunião da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados que “Não se pode fazer esses movimentos, (sic) de estímulos artificiais, sem fundamentos corrigidos” (VALOR ECONÔMICO, 05/06/2019, p.A14).

A inação de Hoover/Mellon permitiu que uma recessão relativamente moderada em 1930 se transformasse na grande depressão de 1932. A dupla Bolsonaro/Guedes quer repetir o mesmo experimento, mas colher outro resultado! Ao fazer isso a dupla em questão está, na verdade, pavimentando uma estrada de ouro para uma depressão econômica no Brasil em 2020 e o retorno triunfante da esquerda ao poder em 2022, nos “braços do povo”; e com a possibilidade de ter que engolir a seco o bordão “põe o retrato do velho, põe no mesmo lugar”.

Referências:

Davidson, P. (2017). Who´s afraid of John Maynard Keynes. Palgrave Macmillan: Londres.

 

Com retração do PIB, reação de curto prazo fica urgente (Correio Braziliense, 03/06/2019)

03 segunda-feira jun 2019

Posted by jlcoreiro in "nova ordem", Debate macroeconômico, Herr Bolsonaro, José Luis Oreiro, Mídia

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Debate Macroeconômico, José Luis Oreiro, Nova recessão a vista?

Especialistas avaliam que números do primeiro trimestre apontam para fraco desempenho da economia para o resto do ano e estão pessimistas quanto à eficácia de medidas paliativas , como liberação do FGTS
Estatísticas negativas sobre o mercado de trabalho e a confiança dos empresários, além da lentidão de estratégias para recuperação econômica em sair do papel, são algumas das evidências de que a economia vai seguir como a principal pedra no sapato do governo Jair Bolsonaro, avaliam especialistas. Se o desafio já era grande, com a retração do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre, o Planalto agora terá que redobrar esforços para, além de reativar a economia, impedir que o Brasil entre em recessão.Na última semana, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o Produto Interno Bruto (PIB) recuou 0,2% de janeiro a março em relação ao trimestre anterior, de outubro a dezembro. A indústria e a agropecuária puxaram o resultado ao encolher 0,7% e 0,5%, respectivamente, em comparação ao fim do ano passado. Também pesou a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) – responsável por registrar a ampliação da capacidade produtiva futura da economia por meio de investimentos correntes em ativos -, que caiu 1,7% ante o último trimestre de 2018.

Em meio às turbulências, economistas ouvidos pelo Correio disseram que o país precisa urgentemente de medidas a curto prazo para aquecer a economia. “É necessário um choque monetário para reavivar o coração da economia do país. Do jeito que estamos hoje, as reformas são apontadas como única salvação, mas elas resolveriam as pendências daqui a mais de cinco anos. Portanto, o governo tem que tomar medidas mais imediatas”, opina o professor do Departamento de Economia da Universidade de Brasília (UnB), José Luís Oreiro.

Na avaliação do professor, uma das alternativas urgentes para a atividade econômica do país seria a redução da taxa básica de juros (Selic), que já está na mínima histórica, de 6,5% para 5%. “Com isso, o governo diminuiria o custo de rolagem da dívida pública. Seria uma redução capaz de gerar economia de cerca de R$ 30 bilhões, quase o mesmo valor contingenciado do orçamento da União em março. Essa medida também seria importante para o governo evitar ainda mais as reduções no investimento público”, sugere.

Para Oreiro, o contingenciamento foi um erro do Executivo. Há três meses, o governo federal segurou gastos de  R$ 29,7 bilhões do orçamento para conseguir cumprir a meta fiscal este ano. “É preciso rever a meta de resultado primário para 2019 dos atuais R$ 139 bilhões, de deficit, para algo em torno de R$ 169 bilhões de deficit (negativo). Se ele se mantiver nos atuais números, teremos um choque fiscal ainda mais negativo no segundo semestre”, alerta. “Para que o presidente não cometa crime de responsabilidade fiscal, isso só vai ser possível mediante aprovação do Congresso Nacional. Sendo aprovado, o pior ainda pode ser evitado. Tudo está nas mãos do Executivo e do Legislativo”, diz.

Considerados os primeiros meses de 2019, dificilmente o ano terá um crescimento expressivo na economia. Especialistas consultados pelo Banco Central baixaram em 1,25 ponto percentual a projeção de expansão do PIB este ano: de 2,48%, a estimativa caiu para 1,23% em 13 semanas.  “A média mundial é de 4%. Estamos muito distantes daquilo que seria desejável para manter as condições de competitividade no cenário internacional. Só uma injeção de recursos pode salvar a economia “, alerta Otto Nogami, professor de economia do Insper.

Com a política fiscal comprometida pelo endividamento, o que impede o governo de mexer nos gastos e na arrecadação para gerar um movimento anticíclico na economia e resgatar o processo de crescimento, além da baixa confiança do empresariado para investir na produção e melhorar a competitividade, resta ao Executivo apostar no consumo das famílias, diz Nogami.

“O consumo das famílias pesa em 64% do PIB. Dada essa representatividade, o governo pode agir de alguma maneira para estimular o consumo e evitar que o marcador da atividade econômica de 2019 seja desastroso”, observa. No entanto, ele lembra que “qualquer estratégia do governo com o objetivo de incrementar o consumo seria paliativa e de curta duração.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, admitiu que o governo estuda liberar “muito em breve” recursos do PIS-Pasep e do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para estimular o consumo.  Com a medida, a estimativa é de que R$ 22 bilhões sejam injetados na economia. No entanto, ele mesmo avisou sobre o curto alcance das medidas. “Se você abre essas torneiras sem as mudanças fundamentais, é o voo da galinha”. Faz uma liberaçãozinha aqui, baixa artificialmente os juros para reativar a economia. Nós não vamos fazer truques nem mágicas, vamos fazer as reformas sérias”, afirma o ministro.

Em meio às turbulências, o governo segue apostando na agenda de reformas. Nos corredores do Planalto, a informação é de que não há um plano B. O governo trata as reformas como o grande trunfo para começar algo maior, já que espera que elas gerem impacto alto nas finanças públicas e no ânimo dos brasileiros.

Para “abrir os portões do crescimento”, como defende Paulo Guedes, a reforma da Previdência continua sendo a mais decisiva – aprovada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a proposta de emenda à Constituição (PEC nº 6/2019) ainda precisa passar pela Comissão Especial e pelo plenário da Câmara antes de ir para o Senado. “Os investimentos de fora vão começar a entrar à medida que o Brasil implemente essas medidas. Estamos absolutamente seguros de que, fazendo essas reformas estruturais, o país vai retomar o crescimento sustentável”, garante Guedes.

Presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Carlos von Doellinger reforça que a aprovação da reforma será a base para tudo. “É a medida fundamental. A partir dela, o governo poderá trabalhar com a agenda microeconômica. O setor privado terá melhores condições. Com o capital estrangeiro à disposição, poderemos reativar a economia com mais exportações”, pontua.

Para Doellinger, aumentar a taxa de investimentos é mais um ponto chave para a recuperação da economia. “Estamos com um indicador muito baixo, de 15%. Isso não ativa economia nenhuma. Seria importante que estivesse entre 18% e 19%. Só isso vai garantir a absorção de mão de obra dos mais de 13 milhões de desempregados e reduzir o efeito da estagnação da economia.”

Dívidas do funcionalismo chegam a R$ 198,5 bilhões no consignado (Correio Braziliense, 30/05/2019)

30 quinta-feira maio 2019

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A crise da economia brasileira, Debate Macroeconômico, Herr Bolsonaro, Nova recessão a vista?

Servidores públicos tomaram R$ 42,1 bilhões de crédito pessoal consignado só nos primeiros quatro meses do ano, segundo dados do Banco Central (BC). O valor concedido de janeiro a abril é 39,7% mais alto do que o do mesmo período de 2018. No mês passado, o aumento foi de 11,1% na mesma base de comparação. O saldo de crédito consignado para servidores públicos em abril somava R$ 198,5 bilhões.

Segundo o professor de economia da Universidade de Brasília Newton Marques, duas possibilidades podem explicar o aumento dos empréstimos com garantia em folha: ou os servidores fizeram compras a crédito e não estão conseguindo pagar sem o empréstimo com juros mais baixos, ou quitaram dívidas e estão buscando consignado para reformas, compra de carros ou para outros investimentos.

É o caso do servidor público da Polícia Civil do Distrito Federal Bruno Barroso. Ele utilizou crédito consignado para um investimento. “Eu fiz empréstimo com desconto na folha de pagamento porque, no meu caso, vale muito a pena, os juros não são altos”. Ele pegou R$ 20 mil, e as parcelas ficaram em torno de R$ 840. Essa foi a primeira vez que Bruno recorreu ao consignado, mas, segundo ele, vários colegas de trabalho utilizam o empréstimo sempre.

“Eu vejo colegas falando nos grupos que conseguiram quitar um consignado, ou que faltam tantos meses para quitar. Vejo que, por não termos reajuste há um tempo, eles estão precisando de dinheiro para pagar contas. Escola particular, por exemplo, aumenta todo ano, e o salário não acompanha”, disse.

De acordo com o professor do Departamento de Economia da UnB José Luís Oreiro, provavelmente o que puxou esses números foram os servidores municipais e estaduais que, ao contrário dos servidores públicos federais, não tiveram reajuste de salário. “Há uma inflação acumulada que faz com que a renda caia. Não me parece que os servidores estão pegando empréstimos para comprar carros. A meu ver, provavelmente estão tomando dinheiro para fechar contas”, afirmou.

Segundo o professor de finanças da Fia e Unifesp Bolívar Godinho, não há como apontar uma justificativa para o aumento na concessão de consignados para servidores públicos: “Não há fatores macroeconômicos que justifiquem essa alta. A inflação subiu, mas foi pouco. É difícil ter uma justificativa clara do porquê”. Segundo ele, os servidores públicos podem estar pegando mais empréstimos, pois não têm receio em perder o emprego. De acordo com o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, os servidores públicos conseguem crédito consignado com mais facilidade que os demais e a operação tem taxas de juros menores.

Nos primeiros quatro meses do ano, também houve alta na concessão de crédito consignado para beneficiários do INSS, de 17,8% – R$ 28,5 bilhões ante R$ 24,2 bilhões de janeiro a abril de 2018 -; e de 36,7% para trabalhadores do setor privado – R$ 5,6 bilhões ante  R$ 4,1 bilhões.

O saldo de crédito pessoal consignado total de pessoas físicas foi de R$ 351,292 bilhões em abril, com uma variação de 1% em relação ao mês anterior e acumulado de 5,4% no ano.  O cheque especial teve saldo de R$ 25,534 bilhões para pessoas físicas, com variação no mês de 4,3% em relação a março e de 16,2% no acumulado do ano, o que é uma notícia ruim, segundo Rocha.

Oreiro considera essa modalidade de crédito a pior para o consumidor: “É a que possui as taxas mais altas, mais de 10% ao mês. As pessoas entram no cheque especial pela facilidade, mas uma vez que você entra, vira uma bola de neve. A pessoa se endivida cada vez mais”. Na opinião dele, isso mostra a gravidade do quadro econômico recessivo e demonstra que as pessoas estão sem renda.

O saldo total de operações de crédito do sistema financeiro nacional (SFN) alcançou R$ 3,3 trilhões no mês passado, mantendo-se estável em relação ao mês anterior. As operações com pessoas físicas cresceram 0,8% enquanto houve redução de 1,1% na carteira de pessoas jurídicas. No acumulado dos últimos 12 meses, a alta foi de 5,4% no saldo total, de 9,5% no crédito às famílias e de 0,6% nas operações com empresas.

De acordo com o BC, o total de operações de crédito em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) passou de 47,3% pra 47,0% na passagem de março para abril. As projeções, atualizadas no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de março, indicam expansão de 7,2% para o crédito total em 2019.

Temor de volta da recessão (Correio Braziliense, 28/05/2019)

28 terça-feira maio 2019

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A crise da economia brasileira, Debate Macroeconômico, José Luis Oreiro, Nova recessão a vista?, Os erros de Paulo Guedes

Veículo: CORREIO BRAZILIENSE – DF
Editoria: ECONOMIA

Autor(a): » AUGUSTO FERNANDES
Tipo: Matéria
Veiculação: 28/05/2019
Página: A07
Assunto: UnB, PROFESSORES
Expectativa é que PIB do primeiro trimestre seja negativo. Além disso, possível revisão do crescimento da atividade nos últimos três meses de 2018 pode indicar dois períodos seguidos de queda. Analistas reduzem pela 16ª vez projeção de alta para o ano
Na semana em que o país conhecerá o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre do ano, o relatório Focus, do Banco Central (BC), que reúne as expectativas de analistas de mercado, voltou a reduzir a estimativa de crescimento do índice. É a 16ª vez, desde o início de 2019, que as expectativas para a economia caem, sendo que é 13ª semana de queda consecutiva. A projeção de alta de 1,23% – 0,01 ponto percentual menor do que a anterior – indica que a expectativa é que o PIB, que será divulgado na quinta-feira, venha negativo.”Não dá para descartar totalmente. O fato de a economia estar estagnada, ou quase, mostra que, com qualquer deslize, o país cairá em uma recessão. O quadro econômico é muito frágil, e o governo tem de tomar cuidado, pois a margem para erro é mínima. Se tivermos qualquer susto, qualquer choque na economia, a capacidade de reação será muito baixa”, destaca a economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif.

Em janeiro, as análises do BC para a atividade econômica do ano indicavam que o crescimento poderia ser de 2,57%. Quatro meses depois, a redução de mais de um ponto percentual, segundo a economista, é indício de que pouco foi feito para recuperar a saúde financeira do país e reforça as desconfianças em relação ao governo federal. “Além de acelerar essa reforma, o governo tem de definir qual será sua agenda, passada a Previdência. Até o momento, não há uma agenda clara do Executivo além da reforma previdenciária. A população não conseguiu enxergar qual é o plano do governo para a economia. Isso traz apreensão”, analisa Latif.

Para o país entrar em recessão, é necessário que o PIB registre dois trimestres consecutivos em queda. Para o professor da Universidade de Brasília (UnB) e economista José Luís Oreiro, a publicação desta semana do IBGE será o termômetro que vai indicar o futuro da economia nacional. “A mediana das projeções de mercado para o PIB do primeiro trimestre é de uma queda de 0,2%. Se vier algo maior do que isso, estaremos em uma situação pior, e aí dependeremos do comportamento do segundo trimestre. O problema é que os meses de abril e maio já passaram por turbulências. Temos de torcer por um resultado moderado do PIB do primeiro trimestre, como uma queda entre 0,2% e 0,4%”, comenta.

De qualquer forma, Oreiro alerta que a probabilidade de o país entrar em recessão técnica gira em torno de 70%, até porque o IBGE pode revisar o comportamento do PIB no último trimestre de 2018, quando a economia cresceu 1,1%. “A minha esperança é de que o índice de quinta-feira não seja tão expressivo a ponto de tornar o resultado do fim de 2018 negativo, mas isso pode acontecer. Caso se confirme, será uma catástrofe econômica e social que mostra o quão equivocada está a política macroeconômica brasileira, que vai outra vez mergulhar fundo em uma recessão, pouco depois de ter saído da pior crise dos últimos 30 anos”, frisa o professor.

Para a economista-chefe da ARX Investimentos, Solange Srour, o quadro recessivo só vai agravar a situação atual. “Provavelmente o desemprego médio de 2019 será maior do que o de 2018. Em algum momento, isso vai se materializar em insatisfação social generalizada e os protestos contra o governo Bolsonaro tendem a crescer em escala e difusão no país, até chegar ao momento em que governo se tornará insustentável”, afirmou.

 

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