• Página pessoal de José Luis Oreiro
  • Página da Associação Keynesiana Brasileira
  • Blog da Associação Keynesiana Brasileira
  • Página do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro
  • Página da Associação Nacional dos Centros de Pós-Graduação em Economia
  • Página pessoal de Luiz Carlos Bresser-Pereira
  • Página do Levy Institute
  • Página da Associação Heterodoxa Internacional
  • Blog do grupo de pesquisa Macroeconomia Estruturalista do Desenvolvimento
  • Post Keynesian Economics Study Group
  • Economia e Complexidade
  • Página de José Roberto Afonso
  • Centro Celso Furtado
  • Departamento de Economia da Universidade de Brasilia
  • About José Luis Oreiro

José Luis Oreiro

~ Economia, Opinião e Atualidades

José Luis Oreiro

Arquivos da Tag: taxa de câmbio

Os equivocos de Zeina Latif sobre a taxa de câmbio

28 quinta-feira nov 2019

Posted by jlcoreiro in Debate macroeconômico, Desequilíbrio externo, taxa de câmbio

≈ 4 Comentários

Tags

Desequilíbrio externo, reprimarização da pauta de exportações, taxa de câmbio

A economista Zeina Latif em artigo publicado hoje no Estado de São Paulo (Presidente a balança encolheu) afirma que “a cotação do dólar tem influencia modesta, afetando mais a rentabilidade do exportador, e menos o volume exportado” na explicação do pífio desempenho das exportações brasileiras e, dessa forma, no agravamento do déficit em conta corrente. Segundo ela, o problema fundamental é a estagnação do comércio mundial. Além disso ela afirma que o comportamento do déficit em conta corrente não tem influência – ou uma influência apenas marginal – sobre a trajetória da taxa de câmbio. Ambas as afirmações estão erradas.

Vamos por partes.

Em primeiro lugar, é verdade que o ritmo de expansão do comércio mundial está encolhendo. Isso significa que o ritmo de expansão das exportações mundiais está se reduzindo. Supondo dada a participação do Brasil nas exportações mundiais, então a desaceleração do ritmo de crescimento das exportações mundiais irá levar a uma redução da taxa de crescimento das exportações brasileiras.

A participação de um país nas exportações mundiais depende de sua competitividade preço (o que é fundamentalmente afetado pela taxa real de câmbio) e pela competitividade extra preço, a qual depende da intensidade tecnológica das exportações, variável chave para determinar a elasticidade renda dos produtos exportados. Isso posto, para que o Brasil possa aumentar a taxa de crescimento das suas exportações num contexto em que a taxa de crescimento das exportações mundiais está declinando é fundamental que o país seja capaz de aumentar a sua participação nas exportações mundiais, o que exige um aumento da competitividade preço (desvalorização do câmbio) e/ou da competitividade extra-preço (aumento da participação dos produtos com alta intensidade tecnológica e alta elasticidade renda das exportações na pauta de exportações).

É aqui que se encontra o problema estrutural da balança comercial brasileira. Mais de 50% das exportações brasileiras é constituído de produtos básicos ou primários (soja, minério de ferro, café, cacau, etc) cuja elasticidade preço da demanda de exportações é muito baixa, ou seja, são pouco sensíveis a desvalorização do câmbio real. Dessa forma, mantida inalterada a composição de nossa pauta de exportações, a desvalorização do câmbio real terá um efeito relativamente pequeno sobre o saldo comercial e, dessa forma, sobre a dinâmica do déficit em conta corrente. Não bastasse isso, quando olhamos para a série de taxa real efetiva de câmbio para exportação de produtos básicos deflacionada pelo IPA na série do IPEADATA constatamos que no período de janeiro a setembro de 2019 ocorreu uma apreciação, isso mesmo, uma apreciação de 2,58%; ao passo que no caso dos produtos manufaturados a taxa real efetiva de câmbio se depreciou 7,2%. Como os produtos básicos respondem por mais de 50% da pauta de exportações e os manufaturados pouco mais de 30%, a desvalorização média do câmbio nesse período foi de apenas 2,8%, uma valor muito baixo para produzir qualquer efeito perceptível sobre o saldo da balança comercial.

As exportações de manufaturados são sim sensíveis a desvalorização da taxa de câmbio; mas o aumento da competitividade preço das exportações de manufaturados nos últimos anos (de 33,96% desde janeiro de 2013 até setembro de 2019) foi compensada pela redução da competitividade extra preço decorrente do obsolescência tecnológica crescente do nosso parque industrial, causada pelos investimentos que não foram realizados nos últimos anos devido a grande recessão de 2014-2016. A atualização tecnológica da indústria brasileira exige maciços investimentos na compra de novos bens de capital, os quais só serão feitos se e quando (i) a indústria brasileira recuperar as suas margens de lucro e (ii) os empresários estiverem confiantes no crescimento futuro de suas vendas. A desvalorização da taxa real de câmbio é fundamental para o aumento das margens de lucro pois reduz o valor em moeda estrangeira do salários nominais; bem como ao dar acesso a demanda externa permite que um aumento da confiança dos empresários na expansão futura de suas vendas.

Do exposto acima segue-se que a desvalorização cambial ocorrida até agora é claramente insuficiente para estimular as exportações de manufaturados e assim reduzir o déficit em conta corrente. Chama atenção o fato de que com a economia crescendo em torno de 1% a.a no período 2017-2019 o déficit em conta corrente acumulado nos últimos 12 meses atingiu 3% do PIB (https://valor.globo.com/brasil/noticia/2019/11/26/deficit-em-conta-corrente-aumenta-para-3-do-pib.ghtml). Se o crescimento da economia brasileira se acelerar para 2% em 2020 como prevê o governo e os analistas do mercado financeiro, o déficit em conta corrente deverá passar a marca de 4,0% do PIB, valor que no caso brasileiro é um claro indicador antecedente de crise cambial. Conforme podemos verificar no gráfico abaixo a ultima vez que o déficit em conta corrente atingiu essa marca foi em 2015, ano no qual ocorreu uma expressiva e súbita desvalorização da taxa nominal de câmbio, a qual se traduziu numa forte aceleração da inflação, num cenário em que o PIB se contraiu quase 4% !

Em suma, a taxa real de câmbio afeta sim o volume de exportações mas a reprimarização da pauta de exportações ocorrida no período 2003-2013 reduziu a sensibilidade das exportações a variação da taxa real de câmbio; além disso, déficits em conta corrente elevados – acima de 4% do PIB – tem se mostrado claramente insustentáveis no Brasil, sendo um sinal antecedente muito claro de crise cambial. Dessa forma, não é verdade que a dinâmica do déficit em conta corrente seja neutra do ponto de vista da evolução da taxa de câmbio.

 

 

 

 

 

A relação de causalidade entre câmbio e poupança doméstica

06 sábado maio 2017

Posted by jlcoreiro in Debate macroeconômico, Macroeconomia do desenvolvimento, novo-desenvolvimentismo, Oreiro

≈ Deixe um comentário

Tags

Relação entre poupança e investimento, taxa de câmbio

Recentemente, a relação entre a taxa real de câmbio e poupança doméstica voltou ao centro do debate macroeconômico no Brasil. O artigo seminal de Rodrik (2008) apresentou evidências empíricas robustas para a tese de que a taxa de crescimento dos países de renda média é negativamente afetada pelo índice de sobrevalorização da taxa real de câmbio, medido pela diferença entre a taxa real de câmbio no período t e o seu valor de equilíbrio no período t, dado pela paridade do poder de compra devidamente ajustada pelo efeito Balassa-Samuelson.  Essa relação é estatisticamente significativa, controlando-se para uma série de variáveis como, por exemplo, a qualidade das instituições, consumo do governo, termos de troca, inflação, capital humano e taxa de poupança. Diferentes especificações do modelo econométrico mostram que o coeficiente estimado da variável sobrevalorização cambial é relativamente pouco afetado pela introdução dessas variáveis de controle, em particular a taxa de poupança. Isso significa que a sobrevalorização cambial tem um efeito negativo próprio sobre o crescimento do produto per capita, além do efeito negativo que possa ser produzido por uma baixa taxa de poupança doméstica. Resultados similares foram obtidos por Missio et al (2015) por intermédio de regressões quantílicas.

Economistas neoclássicos tem dificuldade em entender esse ponto. Na visão neoclássica existe uma relação inversa entre a taxa real de câmbio e a taxa de poupança doméstica; mais especificamente, uma redução da poupança doméstica – por exemplo, devido ao aumento do déficit público – deve levar a uma apreciação da taxa real de câmbio. Como o crescimento do produto per-capita – ao menos ao longo da trajetória de ajustamento para o steady-state de um modelo de crescimento a la Solow – é uma função direta da taxa de poupança; segue-se que uma redução da taxa de poupança estará associada a uma apreciação da taxa de câmbio real e a uma redução da taxa de crescimento do produto per-capita. Câmbio e crescimento serão positivamente correlacionados, porque ambos respondem negativamente – a uma redução da taxa de poupança. Nesse contexto, um crescimento baixo do produto per-capita e uma taxa de câmbio apreciada serão ambos resultado de uma baixa taxa de poupança.

Para os novo-desenvolvimentistas esse raciocínio é equivocado. Em primeiro lugar, a evidência empírica mostra que o que importa para o crescimento não é o nível da taxa real de câmbio, mas se o mesmo se encontra sobrevalorizado com respeito ao seu valor de equilíbrio. Dessa forma, mesmo que fosse verdade que o câmbio de equilíbrio é uma função positiva da taxa de poupança, ainda assim a ocorrência de sobrevalorização cambial teria impacto negativo sobre o crescimento de longo prazo. Desvios da taxa real de câmbio com respeito ao seu valor de equilíbrio podem ocorrer devido a diversos fatores que não estão diretamente relacionados com a “escassez de poupança doméstica”. A doença holandesa é claramente uma situação desse tipo. Nessa situação a abundância de recursos naturais faz com que a taxa de câmbio para a qual ocorre equilíbrio em conta corrente no balanço de pagamentos seja mais baixa (apreciada) do que aquela que permite que as empresas que operam com tecnologia no estado da arte mundial sejam competitivas nos mercados doméstico e internacional. A magnitude da doença holandesa será tão maior quanto maior for o preço das commodities baseadas em recursos naturais nos mercados internacionais, o que terminará por ser expressar numa valorização dos termos de troca dos países que possuem recursos naturais abundantes. Nesse caso, a sobrevalorização cambial terá sua origem nos termos de troca, não na “escassez de poupança doméstica”. Outra causa importante de sobrevalorização cambial é a entrada de fluxos de capitais de curto-prazo em função da existência de diferenciais persistentes entre a taxa de juros doméstica e a taxa de juros internacional devidamente ajustada pelo prêmio de risco país. O Brasil tem um problema crônico de juros reais extremamente elevados a nível internacional, mesmo quando se leva em conta o risco país. Tal diferencial atua como um imenso atrator para os fluxos de capitais especulativos, principalmente em momentos como os que se seguiram a crise financeira internacional de 2008 nos quais a liquidez internacional se tornou abundante devido a política monetária expansionista adotada pelos bancos centrais dos países desenvolvidos. Tais fatores podem ser considerados como falhas de mercado que demandam a intervenção governamental no mercado cambial para corrigir a tendência “natural” a sobrevalorização cambial.

Em segundo lugar, a relação entre câmbio real e poupança doméstica é o justamente o inverso do preconizado pela teoria neoclássica; ou seja, é a apreciação do câmbio real que produz a redução da taxa de poupança, não o contrário. Com efeito, a sobrevalorização da taxa de câmbio resulta num aumento do nível de salário real, razão pela qual economistas que se auto intitulam “progressistas” tendem a ser lenientes com esse fenômeno, caindo assim no chamado “populismo cambial”. Como se trata de um aumento do salário real que não tem como contrapartida um aumento da produtividade do trabalho, ocorre um aumento da participação dos salários na renda nacional, em detrimento da participação dos lucros. Como a propensão a poupar a partir dos lucros é maior do que a propensão a poupar a partir dos salários segue-se que essa mudança na distribuição funcional da renda termina por reduzir a taxa de poupança doméstica. Dessa forma, uma baixa taxa de poupança doméstica torna-se o efeito, ao invés da causa, do câmbio sobrevalorizado.

Para que seja possível eliminar a sobrevalorização da taxa de câmbio é necessário eliminar as fontes de apreciação cambial, em particular a doença holandesa e o diferencial entre a taxa de juros doméstica e internacional. A desvalorização cambial resultante da eliminação desses problemas produzirá uma redução once-and-for-all dos salários reais, fazendo com que a participação dos salários na renda se reduza (a distribuição pessoal da renda pode, contudo, melhorar se ao mesmo tempo em que o câmbio está sendo ajustado ocorrer uma redução significativa da taxa real de juros, reduzindo assim os rendimentos financeiros). Ao longo do tempo, contudo, a eliminação da sobrevalorização cambial irá mudar a estrutura produtiva da economia, aumentando a participação da manufatura no valor adicionado e no emprego total da economia. Essa mudança estrutural produzirá um aumento da taxa de crescimento da produtividade, fazendo com que os salários reais passem a crescer mais rapidamente do que ocorria no período de câmbio sobrevalorizado. Após um certo intervalo de tempo, que pode variar de 6 a 10 anos, os salários reais estarão num nível mais alto do que teria acontecido caso a situação de sobrevalorização cambial não tivesse sido eliminada.

Qual o papel que a política fiscal tem nesse modelo? Vimos que o mecanismo pelo qual a poupança doméstica reage a desvalorização cambial é por intermédio de uma diminuição da participação dos salários na renda, ou seja, por uma mudança na distribuição funcional da renda. Esse efeito colateral da desvalorização cambial pode ser largamente neutralizado por intermédio de uma política fiscal compensatória que aumente a poupança pública, como demonstrado recentemente por Oreiro e Silva Santos (2017). Se o aumento da poupança pública for financiado por intermédio de aumento de impostos sobre os mais ricos, como, por exemplo, sobre lucros e dividendos distribuídos (o que não afeta a acumulação interna de lucros das firmas e, portanto, a poupança corporativa); então pode ser possível até mesmo uma melhoria na distribuição pessoal de renda.

Referências

Rodrik, D. (2008). “The Real Exchange Rate and Economic Growth”. Brookings Papers on Economic Activity, Fall.

Missio, F; Gonzaga, F; Brito, G; Oreiro, J.L (2015). “Real Exchange Rate and Economic Growth: new empirical evidence”. Metroeconomica.

Oreiro, J.L; Silva Santos, A. (2017). “Acumulação de Capital, Metas de inflação e Política Fiscal em um modelo Kaldoriano”. Análise Econômica, An0 35, N.67.

 

 

 

 

Rebaixamento e câmbio indicam cautela máxima (O Estado de São Paulo, 30/09/2015)

06 terça-feira out 2015

Posted by jlcoreiro in Crise Econômica no Brasil, Debate macroeconômico, Opinião, Oreiro

≈ Deixe um comentário

Tags

taxa de câmbio

Fatos recentes mostram que o empresário precisa adotar uma estratégia simples: saber sobreviver durante a tempestade

oi um dos piores fatos econômicos da última década. Mas a realidade é que o rebaixamento da nota de crédito do Brasil pela agência de análise de riscos Standard & Poor’s, no dia 9 setembro, deve ter o seu impacto relativizado entre os micro, pequeno e médios empresários locais.

Fabiano Wohlers conta que o melhor caminho no seu setor é buscar negociar com os fornecedores
Fabiano Wohlers conta que o melhor caminho no seu setor é buscar negociar com os fornecedores
Rafael Arbex/Estadão

::: Saiba tudo sobre :::
Mercado de franquias
O futuro das startups
Grandes empresários
Minha história

Isso não quer dizer que a perda do patamar de bom pagador, que vigorava desde 2008, para o agora nível especulativo deixe de ter suas implicações no dia a dia dos empreendedores. Mas a reputação de crédito do País no mercado internacional atinge diretamente e principalmente as empresas que emitem dívidas no exterior como forma de financiar projetos de expansão – prática por aqui acessível apenas às companhias de alto faturamento, que operam sob estrutura de governança corporativa e, geralmente, de capital aberto.

Os efeitos indiretos da perda de grau de investimentos, contudo, contaminam o mercado como um todo, operando como mais um agente de pressão ao já deteriorado ambiente de negócios interno. O grau especulativo encarece as já pouco acessíveis linhas de capital de giro oferecidas pelas instituições financeiras e, tocando em um fenômeno particularmente visível nos últimos dias, turbina um ciclo de valorização do dólar em comparação ao real.

“O câmbio, nesse momento, é o maior problema do empresário brasileiro”, sacramenta José Luís Oreiro, professor do Instituto de Economia da UFRJ. “O rebaixamento já era, de certa forma, esperado pelo mercado. Mas pegou todo mundo de surpresa pela rapidez do anúncio.”

O ponto de vista de Oreiro é compartilhado pelo também economista Alexandre Cabral, da NeoValue Investimentos, que acrescenta mais um ingrediente à questão do câmbio: sua imprevisibilidade. “O dólar está à deriva”, destaca ele, que diz ser impossível projetar o preço da moeda americana no médio ou mesmo no curto prazo.

“É uma loteria”, afirma ele, enumerando três fontes independentes de pressão que no momento podem interferir no desempenho do câmbio: o desenrolar da atual crise política, a possibilidade de um novo rebaixamento do Brasil, dessa vez pela agência Fitch, e a expectativa em torno de um aumento dos juros promovido pelo FED, o banco central dos Estados Unidos. “O FED deu a entender que vai subir sua taxa de juros e eu acho que isso já está começando a ser precificado no dólar por aqui. É claro que no dia da alta vai ser um ‘Bumba Meu Boi’ do inferno”, pontua Cabral.

:: Veja também ::
O efeito do dólar na vida do empresário

Na prática. A partir desse cenário, Mauro Calil, especialista em investimentos do banco Ourinvest, chama a atenção para o desafio em torno das empresas que têm receitas indexadas em reais e parte das despesas em dólares, como importadoras ou segmentos industriais dependentes de insumos importados. “Comprar em dólar é um problema”, diz ele, colocando na berlinda negócios como o administrado pelo paulista Fabiano Wohlers, que há seis anos abandonou o mercado financeiro para tocar em São Paulo uma importadora e revenda de cervejas artesanais, a Mr. Beer.

Metade do portfólio do comércio, que espera alcançar 85 franquias até o fim do ano, é adquirido no exterior e tem preço em dólar, que iniciou o ano cotado a R$ 2,6914 e alcançou na semana passada, 23, R$ 4,1350, quando se chegou ao maior valor em termos nominais (sem descontar a inflação) desde a criação do Plano Real, em 1994.

“Isso gerou para a gente uma inflação por volta de 45%”, contabiliza Wohlers, que tenta absorver parte do impacto reduzindo a margem de lucro no ponto de venda. “No nosso negócio não adianta comprar dólar futuro para se proteger. A operação é muito cara. Vale mais a pena negociar com os fornecedores”, afirma.

Em Osasco, Marcos Bassanezi, dono da Fábrica de Puffs, que produz e vende bancos, pufes e estofados, resolveu radicalizar. Para reduzir as despesas de manutenção de suas 30 máquinas, com componentes importados, e os custos com pessoal, ele paralisou metade da fábrica, demitiu cinco dos doze funcionários e reestruturou toda a operação desde o início do ano. “As vendas caíram e os custos, nas últimas semanas, aumentaram. Precisei agir rapidamente”, diz.

Dinheiro emprestado
No rastro do corte da nota soberana do Brasil, a agência de classificação de risco Standard & Poor’s fez uma série de rebaixamentos nas notas de crédito dos maiores bancos brasileiros.

Efeitos práticos
Um dos efeitos esperados por conta disso é o aumento na captação de recursos para crédito, o que certamente impacta em juros maiores para linhas de capital de giro. Empresários relatam juros mensais acima de 1,5% ao mês. Há um ano era possível captar a 1,10% ou até 1,05%.

Impacto externo
O dólar iniciou o ano cotado a R$ 2,69 e, na semana passada alcançou R$ 4,13. O que está por trás dessa forte desvalorização em nove meses é a deterioração fiscal do País, aliada ao clima de instabilidade econômica. Nos últimos dias, dois novos componentes estimularam essa valorização: a expectativa de um novo rebaixamento do Brasil e a alta de juros nos EUA.

Nakano vê mudança radical em política macroeconômica (Valor Econômico, 18/09/2012)

20 quinta-feira set 2012

Posted by jlcoreiro in Mídia, Seminários acadêmicos de economia

≈ Deixe um comentário

Tags

Forum de Economia de São Paulo, Política macroeconômica do governo Dilma Rouseff, taxa de câmbio

O modelo de política macroeconômica “mudou radicalmente” com as novas medidas tomadas pelo governo para aumentar a competitividade da indústria nacional, avalia Yoshiaki Nakano, diretor da Escola de Economia da Fundação Getulio Vargas. Nakano participou ontem do 9º Fórum de Economia, promovido pela fundação.

“O problema é qual a capacidade de reação da indústria a esse conjunto novo de medidas. O industrial que se tornou importador de matérias-primas consegue voltar a ser industrial? Acho que vai demorar um tempo, mas tenho certeza que vamos conseguir”, disse Nakano, para quem as iniciativas do governo favorecem a retomada do crescimento econômico.

“Agora, todo mundo está descobrindo que sem indústria não vamos a lugar nenhum. Vamos para a Grécia, não para a Alemanha”, afirmou o economista, usando como exemplo a diferença entre a política industrial dos dois países europeus. Para Nakano, a mudança na direção da política econômica do governo foi motivada por questões pragmáticas, e não ideológicas, tendo como principal pano de fundo a crise mundial.

O professor José Luís Oreiro, do Departamento de Economia da Universidade de Brasília, se concentrou no problema cambial. “O câmbio é livre só nos discursos, mas sabemos que o Banco Central tem uma faixa de administração entre R$ 2 e R$ 2,10”, disse ele, rebatendo o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, que, mais cedo, havia dito que o regime de câmbio no país é flutuante, mas o governo atua para evitar movimentos excessivos.

A mais importante mudança na política econômica do governo foi a redução da taxa básica de juros pelo BC, na avaliação do professor emérito da FGV Luiz Carlos Bresser-Pereira. A queda de cinco pontos percentuais da Selic desde agosto do ano passado, quando estava em 12,5% ao ano, foi um dos fatores que permitiram a melhora da taxa de câmbio, hoje em R$ 2 por dólar. Para o ex-ministro da Fazenda, o câmbio continua fortemente apreciado, mas deixou o terreno “absurdo” que estava, quando encostou em R$ 1,50.

Bresser-Pereira citou estudo do economista Nelson Marconi, da FGV, em parceria com Eliane Araújo, que estima que a taxa de câmbio de equilíbrio para o setor industrial – necessária para que a indústria seja competitiva, adotando tecnologia compatível com o nível mundial – esteja hoje próxima de R$ 2,70. Para Oreiro, a taxa de câmbio de equilíbrio para o Brasil seria hoje de R$ 2,66.

Redução da Selic deve frear queda da indústria e apreciação do real (Portal Sul 21, 08/03/2012)

08 quinta-feira mar 2012

Posted by jlcoreiro in Mídia

≈ 3 Comentários

Tags

Atividade Industrial, Banco Central Europeu, Copom, inflação, taxa de câmbio, Taxa de juros

Oreiro: redução da Selic deve frear queda da indústria e apreciação do real

Felipe Prestes

O economista e professor da UnB, José Luis Oreiro, afirma que especialistas já esperavam redução forte da taxa Selic como a anunciada pelo Copom nesta quarta (7), de 10,5 para 9,75% — uma redução de 0,75%. O ambiente que indicava uma redução brusca era o anúncio, na terça (6), de que o PIB brasileiro cresceu apenas 2,7% em 2011, a indicação do IBGE de queda na atividade industrial em janeiro deste ano e a injeção de euros na economia pelo Banco Central Europeu (BCE), que pode gerar um afluxo de capital especulativo ao Brasil em buscas de juros atraentes, o que valorizaria o real, tornando a indústria brasileira menos competitiva.

“Estava muito claro que o Banco Central (BC) teria que acelerar a queda da taxa de juros com objetivo, em primeiro lugar, de frear a queda de atividade da indústria, que está muito fraca, e, em segundo lugar, uma tentativa de conter a apreciação do real, resultante desta criação de liquidez por parte do BCE”, afirma Oreiro, diretor da Associação Keynesiana Brasileira.

O economista acredita que a redução de 0,75% surtirá efeito na prática, mas que ainda pode haver mais uma queda na Selic. “A medida terá efetividade. É possível que na próxima reunião o BC reduza mais 0,75%. Realmente a queda na indústria é muito importante e o BC acertou em acelerar a queda da Selic”.

Entretanto, a queda na taxa de juros não poderá seguir um ritmo constante, pois esbarra nas regras da caderneta de poupança. “Para reduzir mais fortemente a Selic seria preciso mudar as regras da caderneta de poupança. Hoje em dia tem um limite para queda da Selic, em torno de 8,5 a 8,75% ao ano. Abaixo disto, só mudando as regras da caderneta”, diz Oreiro.

Mantega é “excessivamente otimista” com crescimento de 4,5%

Para José Luis Oreiro, o país deve conseguir conter a apreciação do real com a queda da Selic somada a medidas anteriores como o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Na questão da atividade industrial ele explica que o principal efeito da queda da taxa de juros é que os bancos oferecem mais crédito, e o crédito é fundamental para um dos setores mais importantes da indústria, o automobilístico.

“Em janeiro e fevereiro houve queda importante na indústria automobilística, que depende fundamentalmente de crédito. Boa parte dos automóveis não é vendida à vista. A medida tem efeito na cadeia de suprimentos da indústria automobilística, que é bastante importante”, afirma Oreiro.

Ainda assim, o economista acredita que o país não chegará nem perto da meta de crescimento estabelecida pelo Governo Federal, de 4,5%, que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, revelou nesta quarta (7). “O ministro está sendo excessivamente otimista. Nosso crescimento deve ficar em 3,5% em um bom cenário. Pode ser que fiquemos mais próximos de 3% que de 3,5%”, projeta o professor da UnB.

Queda de juros não deve aumentar inflação

José Luis Oreiro não acredita que a queda da taxa de juros represente um problema para conter a inflação. Ele afirma que 2012 deve ser um ano de poucas pressões inflacionárias. O economista diz que não haverá pressões relevantes no primeiro semestre. Na segunda metade do ano, deve haver uma pressão no setor de serviços, que tem puxado a inflação para cima, devido aos reajustes salariais de várias categorias que ocorrem ao longo do primeiro semestre. “A inflação para produtos industriais tem sido muito baixa, a de preços administrados relativamente baixa. O que tem pressionado é o setor de serviços”.

Esta pressão no setor de serviços, contudo, não deve ser tão significativa, devido à baixa atividade industrial e a fatores externos, como a desaceleração da economia chinesa. “Este ano deve ser até de inflação zero para produtos industriais. E a desaceleração do crescimento na China, já prevista pelo governo chinês, deve produzir queda no preço de commodities internacionais, entre as quais, por exemplo, o trigo. Vai ter impacto positivo, reduzindo preço de alimentos”, explica.

Link para esta matéria: http://sul21.com.br/jornal/2012/03/oreiro-reducao-da-selic-deve-frear-queda-da-industria-e-apreciacao-do-real/

Tags:

Atividade industrial, Banco Central Europeu, câmbio, China, Copom, IBGE, inflação, José Luís Oreiro, Selic, taxa de juros

Arsenal do governo inclui uso do fundo soberano (Brasil Econômico, 02/03/2012)

03 sábado mar 2012

Posted by jlcoreiro in Mídia

≈ Deixe um comentário

Tags

controles de capitais, fundo soberano brasileiro, taxa de câmbio

Para ver a matéria clique no ícone ao lado: cambio Brasil econômico

Posts

março 2023
S T Q Q S S D
 12345
6789101112
13141516171819
20212223242526
2728293031  
« fev    

Arquivos do Blog

Blogs que sigo

  • Paulo Gala / Economia & Finanças
  • Reação Nacional
  • amandagrdeassis
  • PROFESSOR WILIAM RANGEL
  • O Barômetro - A Economia sob Pressão
  • O Meio e o Si
  • Sidewalk Essays
  • José Luis Oreiro
  • WordPress.com

Minha página no Facebook

Minha página no Facebook

Estatísticas do Site

  • 965.143 hits

Blogroll

  • Associação Nacional dos Centros de Pós-Graduação em Economia – ANPEC
  • Association for Heterodox Economics
  • Blog do Desemprego Zero
  • Blog do Grupo de Pesquisa "Macroeconomia Estruturalista do Desenvolvimento"
  • Blog do Thomas Palley
  • CEPAL
  • Departamento de Economia da UMKC
  • Fundação konrad Adenauer
  • Globalidades
  • Grupo de Estudos de Dinâmica Econômica Evolucionária
  • Grupo de Estudos de Economia e Complexidade
  • Grupo de Estudos de Moeda e Sistema Financeiro
  • Instituto de Economia da Universidade de Campinas
  • Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro
  • Instituto para Estudos do Desenvolvimento Industrial (IEDI
  • Nobel Laureates in Economics
  • Página da Metroeconomica
  • Página da Revista de Economia Contemporânea
  • Página da Revista de Economia Política
  • Página da Revista Economia e Sociedade (Unicamp)
  • Página da Revista Nova Economia
  • Página da Sociedade Brasileira de Economia Política
  • Página de Anthony Thirwall
  • Página de Jan Kregel
  • Página de Joseph Stiglitz – Prêmio Nobel de Economia
  • Página de Lance Taylor
  • Página de Luigi Pasinetti
  • Página de Paul Davidson
  • Página do Boletim Economia & Tecnologia – UFPR
  • Página do Cambridge Journal of Economics
  • Página do departamento de economia da Universidade de Brasília
  • Página do Journal of Post Keynesian Economics
  • Página do Levy Economics Institute
  • Página do Mark Setterfield
  • Página pessoal de Amit Bhaduri
  • Página pessoal de Amitava Dutt
  • Página pessoal de Fernando Ferrari Filho
  • Página pessoal de Gilberto Tadeu Lima
  • Página pessoal de José Luis Oreiro
  • Página pessoal de Luiz Carlos Bresser-Pereira
  • Pós-Graduação em Economia da Universidade Federal de Viçosa
  • Portal Rumos do Brasil
  • Post Keynesian Economics Study Group
  • Reação Nacional
  • Real-World Economics Review Blog
  • Top Brazilian Economists – REPEC
  • Valor Econômico
  • WordPress.com

Tags mais usados

"nova ordem" A crise da economia brasileira A Grande Crise Brasileira Ajuste fiscal Ajuste Fiscal no Brasil Ajuste fiscal possível Associação Keynesiana Brasileira Bresser-Pereira Ciro Gomes Consolidação fiscal controles de capitais Copom Corecon-DF Crise do Coronavírus Crise do Euro Crise do Governo Dilma Rouseff Crise Econômica no Brasil Crítica ao governo Dilma Rouseff crítica ao governo Temer Câmbio sobre-valorizado Debate Macroeconômico Desenvolvimentismo inconsistente Desenvolvimento econômico Desindusitralização desindustrialização economia brasileira Economia Pós-Keynesiana eficácia da política monetária Eleições 2018 Eleições 2022 Erros de Paulo Guedes Erros do Banco Central do Brasil Espanha Estagnação secular no Brasil Estratégia Neo-atrasista Estratégias de Desenvolvimento Fim do teto de gastos Fiscalismo suicida Governo Dilma Rouseff Governo Lula Governo Michel Temer Governo Temer Helder Lara Ferreira Filho Herr Bolsonaro inflação john maynard keynes José Luis Oreiro José Lus Oreiro José Serra Lançamento do livro "Macroeconomia do Desenvolvimento" Macroeconomia do desenvolvimento Macroeconomia Estruturalista do Desenvolvimento Metas de Inflação Nova recessão a vista? novo-desenvolvimentismo Oreiro Os erros de Paulo Guedes Paulo Guedes PEC 241 Política macroeconômica do governo Dilma Rouseff política monetária Política Monetária no Brasil Populismo latino-americano Problema dos juros no Brasil proposta para os pré-candidatos a Presidencia da República Reforma da Previdência Regra de Ouro Samuel Pessoa Semi-estagnação da economia brasileira Seminários Acadêmicos de Economia Senado Federal Sobre-valorização cambial taxa de câmbio Taxa de juros Taxa real de câmbio

Crie um website ou blog gratuito no WordPress.com.

Paulo Gala / Economia & Finanças

Graduado em Economia pela FEA-USP. Mestre e Doutor em Economia pela Fundação Getúlio Vargas em São Paulo. Foi pesquisador visitante nas Universidades de Cambridge UK e Columbia NY. Foi economista, gestor de fundos e CEO em instituições do mercado financeiro em São Paulo. É professor de economia na FGV-SP desde 2002. Brasil, uma economia que não aprende é seu último livro. Conselheiro da FIESP e Economista-chefe do Banco Master

Reação Nacional

Uma alternativa Trabalhista Cristã

amandagrdeassis

PROFESSOR WILIAM RANGEL

"A família é base da sociedade e o lugar onde as pessoas aprendem pela primeira vez os valores que lhes guiam durante toda sua vida". (Beato João Paulo II)

O Barômetro - A Economia sob Pressão

Espaço de reflexão crítica sobre economia e política

O Meio e o Si

Seu blog de variedades, do trivial ao existencial.

Sidewalk Essays

brand new stuff, fresh ideas

José Luis Oreiro

Economia, Opinião e Atualidades

WordPress.com

WordPress.com is the best place for your personal blog or business site.

Privacidade e cookies: Esse site utiliza cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com seu uso.
Para saber mais, inclusive sobre como controlar os cookies, consulte aqui: Política de cookies
  • Seguir Seguindo
    • José Luis Oreiro
    • Junte-se a 456 outros seguidores
    • Já tem uma conta do WordPress.com? Faça login agora.
    • José Luis Oreiro
    • Personalizar
    • Seguir Seguindo
    • Registre-se
    • Fazer login
    • Denunciar este conteúdo
    • Visualizar site no Leitor
    • Gerenciar assinaturas
    • Esconder esta barra
 

Carregando comentários...