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José Luis Oreiro

~ Economia, Opinião e Atualidades

José Luis Oreiro

Arquivos da Tag: Copom

Após relatório do BC, especialistas apostam em redução da Selic em 2016 (Diário de Comércio e Indústria, 28/09/2016)

01 sábado out 2016

Posted by jlcoreiro in Crise Econômica no Brasil, Debate macroeconômico, Independência do Banco Central, Mídia, Opinião, Oreiro

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Copom, política monetária, Selic

As projeções do Banco Central (BC) de recuo dos preços nos próximos anos devem ser acompanhadas por cortes na taxa básica de juros. Em relatório divulgado ontem, a autoridade monetária indicou que a inflação oficial deve diminuir para 4,4% em 2017.

Segundo especialistas entrevistados pelo DCI, a previsão de queda para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) não implica a manutenção da Selic no patamar atual. Entretanto, eles discordaram sobre o momento da diminuição da taxa.

“Devem ser feitos cortes ainda em 2016”, resumiu Antônio Porto Gonçalves, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV). De acordo com o entrevistado, a desaceleração dos preços nos últimos meses indicou que o BC pode alterar a taxa de juros já na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em outubro.

“Se calcularmos a inflação em 12 meses com base nos resultados mais recentes, ela ficará perto de 5%, quase o objetivo para o ano que vem”, justificou ele.

Coordenador do curso de administração do Instituto Mauá de Tecnologia, Ricardo Balistiero também apostou na redução da Selic em 2016, mas em dezembro. Ele ponderou que a alteração vai depender do futuro dos preços de alimentos e de medidas fiscais no Legislativo.

O economista José Luis da Costa Oreiro seguiu a mesma linha. “Parece que a estratégia não declarada [do BC] é reduzir a taxa só depois da aprovação do teto para gastos. É uma forma de pressionar os congressistas nesse sentido”. Ele projetou um “corte simbólico” na Selic após o avanço da medida fiscal.

Em relatório divulgado ontem à tarde, o Itaú Unibanco também apontou a diminuição dos juros. “O RTI [Relatório Trimestral de Inflação] de hoje deu mais um importante passo nesta direção”, indicou o documento, que destacou as projeções mais baixas para a inflação de 2017 e 2018.

As estimativas para os preços do ano que vem recuaram frente ao RTI anterior, que indicava IPCA de 4,7%. Para 2018, o BC esboçou índice ainda menor, de 3,8%.

Por outro lado, o desenho da entidade para este ano foi mais elevado e colocou o índice oficial em 7,3%. O cenário de referência do RTI levou em conta taxa de juros em 14,25% ao ano e câmbio de R$ 3,30.

Divergências

Os entrevistados questionaram, ainda, algumas das novas estimativas do BC, como a aposta em crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 1,3% em 2017. Para este ano, o banco manteve a previsão de queda (-3,3%) para a atividade econômica brasileira.

“É possível reduzir os preços e trazê-los à meta do governo [4,5%]. Mas o expediente que está sendo usado para atingir esse objetivo deve impedir um avanço maior do PIB, que pode inclusive ficar abaixo de 1% em 2017”, disse Oreiro.

Segundo ele, o BC estaria mantendo a taxa de juros elevada para atrair capital estrangeiro e valorizar o real. Desta forma, a moeda seria usada como uma âncora cambial para impedir a alta dos preços.

“Mas, com a Selic em 14,25% ao ano e o real sem força, prejudicamos a indústria e a retomada da economia”, completou ele.

Já Balistiero fez ressalvas quanto às expectativas para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2017. “Eu acredito que a inflação ficará entre 4,5% e 5% no ano que vem. A trajetória vai depender de alguns fatores, como o câmbio e os preços dos alimentos.”

Câmbio

Fatores externos, como a elevação da taxa de juros americana ou a eleição de Donald Trump nos EUA, poderiam afetar a moeda brasileira, alterando os planos do BC.

Segundo Oreiro, a flexibilização da política monetária deve ser mais lenta se o real perder força. “Isso poderia acontecer se os preços das commodities voltarem a cair ou se houver aumento mais forte dos juros nos Estados Unidos”, esboçou.

A eleição de Trump também poderia criar instabilidade no mercado, disse Balistiero. “É algo que ninguém está considerando e que poderia afetar parte da expectativa atual.”

Outros cenários

O BC ainda fez projeções para a conjuntura econômica levando em conta mudanças no câmbio e na Selic.

Em um cenário de mercado, as estimativas apontaram inflação de 7,3% em 2016, de 4,9% em 2017 e de 4,6% em 2018. Neste caso, são utilizadas as trajetórias para a Selic e para a taxa de câmbio correspondentes às medianas das expectativas do levantamento Focus.

Também foram divulgados cenários híbridos. No primeiro deles, com taxa de câmbio

constante (R$3,30) e Selic conforme o Focus, o IPCA encerra 2017 em 4,8% e termina 2018 em 4,5%.

Já no segundo quadro, com Selic inalterada e câmbio de acordo com o levantamento de mercado, a inflação oficial cairia para 4,5%, no ano que vem, e para 4% no ano seguinte.

LDO

O diretor de Política Econômica do BC, Carlos Viana de Carvalho, afirmou, ontem, que as projeções fiscais contidas na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) foram as consideradas pelo BC na formulação do RTI. Ao contrário do que ocorria na gestão anterior do BC, o relatório divulgado ontem não trouxe qualquer projeção de resultado primário do País.

Segundo ele, o progresso nas reformas fiscais pode contribuir para o cenário de política monetária. “Os impactos da dimensão fiscal vêm por vários canais”, reiterou. Entretanto, Carvalho evitou falar sobre o futuro da Selic neste ano.

O Dilema entre Inflação e Desemprego e a Estratégia do Banco Central

20 sábado jun 2015

Posted by jlcoreiro in Debate macroeconômico, Macroeconomia estruturalista do desenvolvimento, Opinião, Oreiro

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Coordenação entre a política monetária e fiscal, Copom, Dilema dos juros no Brasil, inflação

A taxa Selic se encontra atualmente em 13,75% a.a. Considerando uma inflação acumulada nos últimos 12 meses em torno de 9%, isso significa um juro real de 4,35%, um valor extremamente alto para uma economia que deve apresentar este ano um crescimento negativo de 1,5%. As sinalizações dadas por membros da diretoria do BCB nos últimos dias indicam que o ciclo de elevação da taxa de juros ainda não terminou. Ao que tudo indica a Selic deve aumentar até 14,5% a.a nas próximas reuniões do Copom, e pode não parar por ai. Alguns analistas acreditam que a Selic pode alcançar 15% a.a ainda em 2015. Isso implicaria aumentar ainda mais a dosagem de aperto monetário, levando o juro real para 5,5% a.a.

A economia brasileira passa por um momento claro de estagflação: a inflação se acelerou no início de 2015 em função do realinhamento dos preços relativos (energia, combustíveis e taxa de câmbio), ao passo que os indicadores de atividade econômica indicam um mergulho cada vez mais profundo num quadro recessivo. Nesse contexto, coloca-se um dilema para a autoridade monetária: interromper (e eventualmente reverter) o ciclo de elevação da taxa de juros para estimular a atividade econômica ou continuar o aperto monetário até que a inflação inicie uma trajetória consistente de queda, mostrando que vai convergir para o centro da meta de inflação?

A resposta a essa pergunta depende da “razão de sacrifício” – ou seja, o número de anos-ponto excesso de desemprego que são necessários para obter uma redução da inflação em 1 p.p – que o BC está disposto a tolerar. Uma desinflação muito rápida só pode ser obtida as custas de uma queda muito acentuada do nível de atividade econômica e, consequentemente, um aumento muito grande da taxa de desemprego com respeito ao seu valor de equilíbrio (NAIRU). O lado positivo disso é que o aperto monetário será mantido por um período menor de tempo, permitindo assim que a retomada do “crescimento normal” ocorra mais cedo, ou seja, que o desemprego volte mais rapidamente ao seu nível normal de longo-prazo. Um ritmo mais lento de desinflação é compatível com uma queda menos acentuada do PIB e, portanto, com uma elevação menor do desemprego com respeito ao seu nível de equilíbrio; mas nesse caso o aperto monetário terá que ser mantido por um intervalo de tempo maior.

Qual dessas duas opções é melhor do ponto de vista social? A Teoria Econômica convencional diz que se a relação entre inflação e desemprego for linear então a razão de sacrifício é a mesma tanto no caso da desinflação rápida (a estratégia do “peru frio”) como no caso da política gradualista. Em outras palavras, se o BC deseja reduzir a inflação em 10 p.p, então o número de anos-ponto excesso de desemprego é o mesmo tanto para o caso do “tratamento de choque” como no caso da política gradualista. Um exemplo tirado do livro de Macroeconomia de Bhanchard ajuda a clarificar essa ideia. Suponhamos que a sensibilidade da taxa de inflação a diferença entre a taxa de desemprego e a NAIRU seja igual a 1. Nesse caso, se o BC quiser reduzir a taxa de inflação em 10 p.p em um único ano, o desemprego terá que ser mantido 10 p.p acima da Nairu por 1 ano. Se o prazo de desinflação for ampliado para 2 anos, então o desemprego terá que ser mantido 5 p.p acima da Nairu por 2 anos … Se o prazo de desinflação for estendido para 10 anos, então o desemprego terá que ser mantido 1 p.p acima da Nairu por 10 anos. Em todos os casos, a razão de sacrifício será a mesma, qual seja, 10 anos-pontos de excesso de desemprego.

Nessas condições o BCB parece ter optado pela estratégia do “peru frio”. As declarações do Presidente do BCB, Alexandre Tombini, e de outros diretores do BC como, por exemplo, Toni Volpon, apontam para o desejo do BCB de levar a inflação para 4,5 % a.a no final de 2016. Dada a persistência do atual patamar inflacionário, o qual beira os 9% a.a, isso significa uma desinflação de, pelo menos, 4,5 p.p em 18 meses. Admitindo um coeficiente igual a um para a sensibilidade da inflação ao excesso de desemprego, então a estratégia adotada pelo BCB implica que o desemprego deve ser mantido 3 p.p acima da taxa de equilíbrio por um período de 18 meses. Se considerarmos a taxa média de desemprego dos últimos 2 anos como uma estimativa da NAIRU para a economia brasileira, então o desemprego de equilíbrio é 6% da FT, o que significa que a estratégia do BCB implica numa elevação da taxa de desemprego para, pelo menos, 9% da FT nos próximos 18 meses.

Eu acho muito pouco provável que a sociedade brasileira tenha condições políticas e econômicas de suportar uma elevação de quase 50% da taxa de desemprego, ainda que por um período relativamente curto de tempo. Uma estratégia de desinflação que me parece mais sensata é dilatar o prazo de convergência da inflação para o centro da meta de 4,5% a.a para o final de 2017. Dessa forma, nas condições supostas no exercício acima, o prazo de convergência seria estendido para 30 meses, permitindo assim que o excesso de desemprego com respeito ao seu valor de equilíbrio seja reduzido para “apenas” 1,8 p.p. Isso significa que a política monetária deveria ser calibrada de forma a manter a taxa de desemprego em torno de 7,8% da Força de Trabalho até o final de 2017. Trata-se de um resultado ruim em termos de performance do mercado de trabalho, mas não catastrófico. Dessa forma, a estratégia gradualista me parece mais apropriada do que a estratégia do “peru frio” adotada pelo BCB.

No raciocínio exposto acima, consideramos que a taxa de desemprego de equilíbrio – a NAIRU – é constante e independente da evolução da taxa de desemprego, ou seja, consideramos a ausência de qualquer efeito de histerese no mercado de trabalho. O problema é que a literatura mais recente a respeito da relação entre inflação e desemprego aponta para a dependência da taxa de desemprego de equilíbrio com respeito a história da taxa de desemprego. Nesse contexto, períodos nos quais a taxa de desemprego é mantida acima da NAIRU levam a um aumento da taxa de desemprego de equilíbrio por uma série de mecanismos, em particular, a perda de habilidades e capacitações dos trabalhadores que perdem seus empregos e ficam longe do mercado de trabalho.

Se o efeito histerese for relevante para a economia brasileira – e não há nenhuma razão para acreditar no contrário – quanto maior for o excesso de desemprego com respeito a NAIRU num determinado período, maior será o acréscimo da NAIRU nos períodos seguintes, o que irá aumentar, de forma permanente, o custo da desinflação. Em outras palavras, uma vez que a inflação tenha convergido para a meta de 4,5 % a.a a taxa de desemprego de equilíbrio terá aumentado num montante aproximadamente igual ao excesso de desemprego que foi requerido durante o período de desinflação. Como na estratégia do “peru frio” o aumento do desemprego é maior, segue-se que essa estratégia levará a um aumento maior – e de caráter permanente – da taxa de desemprego.

Em função dessas considerações, acredito que o BCB deveria rever sua estratégia de desinflação. Com efeito, um ritmo mais gradual de redução da taxa de inflação – com o prazo de convergência sendo estendido até 2017 – me parece mais razoável tanto do ponto de vista econômico como político. Essa revisão permitiria a interrupção imediata do atual ciclo de elevação da taxa selic, dando espaço assim para uma desvalorização adicional da taxa de câmbio, a qual é absolutamente necessária para a retomada do crescimento da economia brasileira a partir do segundo semestre de 2016. Se isso não ocorrer, o ajuste fiscal proposto pelo Ministério da Fazenda não será bem sucedido, em função do efeito negativo que a contração do nível de atividade terá sobre a receita tributária. E se o ajuste fiscal for mal sucedido, será impossível impedir a perda do grau de investimento, abrindo-se então as portas para uma crise cambial de grandes proporções em algum momento ao longo do ano de 2016.

 

 

Taxa Selic em níveis históricos não é sustentável, afirma economista (Jornal do Brasil, 16-03-2012)

17 sábado mar 2012

Posted by jlcoreiro in Mídia

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Copom, política monetária, sustentabilidade da taxa de juros

Taxa Selic em níveis históricos não é sustentável, afirma economista

Jornal do BrasilTamanho do Texto:+A–AImprimir
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Autoridades do Comitê de Política Monetária (Copom), anunciaram nesta quinta-feira, 15, que a Selic, taxa básica de juros do Brasil, se aproximará da mínima histórica de 8,75% que vigorou entre julho de 2009 a abril de 2010.

A alta taxa de juros no país é apontada como um dos principais motivos para a entrada da dólares no país. O fato dos bancos europeus disponibilizarem muito capital para estimular a economia local atrai especuladores, que pegam empréstimos a juros irrisórios no continente (cerca de 1%) para reaplicar no mercado de câmbio nacional, que remunera com a taxa Selic, atualmente em 9,75%.

O Ministério da Fazenda tem anunciado medidas – como o aumento nos impostos para transações financeiras internacionais – que visam controlar a entrada massiva de dólares no país, que tem pressionado o câmbio. O objetivo das ações é desvalorizar o real e aumentar a competitividade dos produtos nacionais, dentro e fora do país.

No entanto, o economista José Oreiro, professor da Universidade de Brasília (Unb) afirma que estas medidas tem efeito paliativo e que o recente anúncio de diminuição da Selic para níveis históricos não é sustentável.

“A única forma de controlar o câmbio é através da diminuição dos juros, mas essa redução perto de 8,75% não será efetiva, pois o país precisa de reformas estruturais para conseguir um número até abaixo deste, de forma definitiva. Em 2013, a Selic voltará a subir, pois pressionará a inflação”, analisa.

Assim como Oreiro, o economista Paulo Gala, da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP) acredita que o governo tem agido de forma paliativa, e adiciona que o anúncio constante de medidas também tem um efeito psicológico nos investidores, que ficam temerosos de aplicar.

“Os especuladores ficam com receio de medidas ainda mais severas e assim, investem com mais cautela, o que diminui um pouco a pressão em cima do dólar”, explica.

Os economistas lembram que o problema na entrada massiva de dólares é que não há evidências que estes montantes sejam investidos na produção ou no desenvolvimento do país.

Consequências

Os especialistas concordam que as indústrias brasileiras são as que mais sofrem com o real forte, e alguns sinais de que o país está passando por uma desindustrialização já assustam o governo. Pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que o setor apresentou desaceleração em nove regiões metropolitanas do país.

Uma das outras formas com que o governo vem atuando para ajudar as indústrias nacionais é diminuir a carga de impostos do setor, destaca Gala.

“O IOF já é uma importante receita para o país, que arrecada cerca de R$ 30 bilhões por ano só com esse imposto. O que o governo já tem feiro, e deveria ampliar, é diminuir os impostos das indústrias e compensar esta perda com esse capital que chega com o IOF”, explica.

Além disso, problemas históricos do Brasil dificultam o desenvolvimento do setor, como a infra-estrutura deficitária de ferrovias, portos e aeroportos, além da elevada burocracia e carga tributária.

“O país vive uma competição muito acirrada no mercado nacional e internacional que vem mudando as indústrias. Precisamos modificar estruturalmente os problemas antigos do país”, concluiu Gala.

Redução da Selic deve frear queda da indústria e apreciação do real (Portal Sul 21, 08/03/2012)

08 quinta-feira mar 2012

Posted by jlcoreiro in Mídia

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Atividade Industrial, Banco Central Europeu, Copom, inflação, taxa de câmbio, Taxa de juros

Oreiro: redução da Selic deve frear queda da indústria e apreciação do real

Felipe Prestes

O economista e professor da UnB, José Luis Oreiro, afirma que especialistas já esperavam redução forte da taxa Selic como a anunciada pelo Copom nesta quarta (7), de 10,5 para 9,75% — uma redução de 0,75%. O ambiente que indicava uma redução brusca era o anúncio, na terça (6), de que o PIB brasileiro cresceu apenas 2,7% em 2011, a indicação do IBGE de queda na atividade industrial em janeiro deste ano e a injeção de euros na economia pelo Banco Central Europeu (BCE), que pode gerar um afluxo de capital especulativo ao Brasil em buscas de juros atraentes, o que valorizaria o real, tornando a indústria brasileira menos competitiva.

“Estava muito claro que o Banco Central (BC) teria que acelerar a queda da taxa de juros com objetivo, em primeiro lugar, de frear a queda de atividade da indústria, que está muito fraca, e, em segundo lugar, uma tentativa de conter a apreciação do real, resultante desta criação de liquidez por parte do BCE”, afirma Oreiro, diretor da Associação Keynesiana Brasileira.

O economista acredita que a redução de 0,75% surtirá efeito na prática, mas que ainda pode haver mais uma queda na Selic. “A medida terá efetividade. É possível que na próxima reunião o BC reduza mais 0,75%. Realmente a queda na indústria é muito importante e o BC acertou em acelerar a queda da Selic”.

Entretanto, a queda na taxa de juros não poderá seguir um ritmo constante, pois esbarra nas regras da caderneta de poupança. “Para reduzir mais fortemente a Selic seria preciso mudar as regras da caderneta de poupança. Hoje em dia tem um limite para queda da Selic, em torno de 8,5 a 8,75% ao ano. Abaixo disto, só mudando as regras da caderneta”, diz Oreiro.

Mantega é “excessivamente otimista” com crescimento de 4,5%

Para José Luis Oreiro, o país deve conseguir conter a apreciação do real com a queda da Selic somada a medidas anteriores como o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Na questão da atividade industrial ele explica que o principal efeito da queda da taxa de juros é que os bancos oferecem mais crédito, e o crédito é fundamental para um dos setores mais importantes da indústria, o automobilístico.

“Em janeiro e fevereiro houve queda importante na indústria automobilística, que depende fundamentalmente de crédito. Boa parte dos automóveis não é vendida à vista. A medida tem efeito na cadeia de suprimentos da indústria automobilística, que é bastante importante”, afirma Oreiro.

Ainda assim, o economista acredita que o país não chegará nem perto da meta de crescimento estabelecida pelo Governo Federal, de 4,5%, que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, revelou nesta quarta (7). “O ministro está sendo excessivamente otimista. Nosso crescimento deve ficar em 3,5% em um bom cenário. Pode ser que fiquemos mais próximos de 3% que de 3,5%”, projeta o professor da UnB.

Queda de juros não deve aumentar inflação

José Luis Oreiro não acredita que a queda da taxa de juros represente um problema para conter a inflação. Ele afirma que 2012 deve ser um ano de poucas pressões inflacionárias. O economista diz que não haverá pressões relevantes no primeiro semestre. Na segunda metade do ano, deve haver uma pressão no setor de serviços, que tem puxado a inflação para cima, devido aos reajustes salariais de várias categorias que ocorrem ao longo do primeiro semestre. “A inflação para produtos industriais tem sido muito baixa, a de preços administrados relativamente baixa. O que tem pressionado é o setor de serviços”.

Esta pressão no setor de serviços, contudo, não deve ser tão significativa, devido à baixa atividade industrial e a fatores externos, como a desaceleração da economia chinesa. “Este ano deve ser até de inflação zero para produtos industriais. E a desaceleração do crescimento na China, já prevista pelo governo chinês, deve produzir queda no preço de commodities internacionais, entre as quais, por exemplo, o trigo. Vai ter impacto positivo, reduzindo preço de alimentos”, explica.

Link para esta matéria: http://sul21.com.br/jornal/2012/03/oreiro-reducao-da-selic-deve-frear-queda-da-industria-e-apreciacao-do-real/

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Atividade industrial, Banco Central Europeu, câmbio, China, Copom, IBGE, inflação, José Luís Oreiro, Selic, taxa de juros

Copom reduz a selic em 0,5 p.p

19 quinta-feira jan 2012

Posted by jlcoreiro in Opinião

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Copom, Dilma Rouseff, Taxa de juros, taxa selic

Acabei de ver na internet que o COPOM reduziu a meta da taxa selic em 0,5 p.p, tal como esperado pela maioria dos analistas de mercado. A Selic nominal se encontra agora em 10,5% a.a. Considerando uma expectativa de inflação de 5,5% para 2012 temos uma taxa real de juros próxima de 5% ao ano, o que coloca o Brasil como um dos campeões mundiais de taxa real de juros.

O Brasil convive a décadas com juros reais extremamente elevados, o que produz uma tendência crônica a apreciação da taxa real de câmbio, causa fundamental do processo de desindustrialização pela qual passa o país nos ultimos anos. 

O ciclo recente de redução da taxa nominal de juros não só não eliminou essa “patologia” da economia brasileira, como é apenas de caráter temporário. Assim que terminar a crise na área do Euro, os países desenvolvidos deverão retornar a “normalidade” de crescimento, com o consequente término da política monetária expansionista nos Estados Unidos, Europa e Japão. Veremos então uma elevação gradual das taxas de juros nos países desenvolvidos, o que irá reverter os fluxos de capitais internacionais em direção as praças situadas no hemisfério norte. Países emergentes, como o Brasil, que possuem déficits em conta corrente, serão obrigados a elevar a taxa de juros para conter os efeitos inflacionários da desvalorização abrupta da taxa nominal de câmbio resultante do “sudden stop” dos fluxos de capitais externos. Nesse cenário a taxa real de juros deverá se elevar para um patamar de 6 a 7% ao ano, o que implica numa selic nominal entre 11,5 a 12,5% ao ano, caso a meta de inflação seja mantida em 4,5% a.a.

Ainda está bem longe o dia em que poderemos ver juros reais civilizados no Brasil. Para tanto seria necessário a realização de profundas reformas estruturais no sistema financeiro, na gestão da dívida pública e na governança da política monetária, fiscal e cambial, algo que o governo da Presidente Dilma Rouseff parece não estar disposto a fazer.

Redução da Selic é reconhecer “erro” cometido em dezembro – Notícia na Agência Brasil

24 sábado jan 2009

Posted by jlcoreiro in Mídia

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Copom, Política Econômica

Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Ao decidir pela redução em um ponto percentual na taxa básica de juros, o Comitê de Política Econômica (Copom) do Banco Central, na opinião do economista José Luís Oureiro, reconheceu que errou em dezembro de 2008, quando manteve a taxa em 13,75% anuais. De acordo com Oreiro, que é professor da Universidade de Brasília (UnB), já havia elementos em dezembro que indicavam a necessidade de baixar a taxa.

“O Copom, com essa decisão, está mostrando claramente que errou em dezembro quando decidiu não baixar os juros. O Copom também está reconhecendo que errou na avaliação do tamanho da crise financeira mundial. Os conselheiros subestimaram essa crise e avaliaram que ainda era cedo para se fazer um corte. Agora estão dando conta do tamanho dela”, afirmou Oreiro, surpreso com a decisão.

O economista acredita que a redução em 1% é um avanço, mas não será suficiente para estimular o mercado com o objetivo de conter os efeitos da crise. “Era o mínimo que o Copom poderia fazer. O corte geral deveria ser de pelo menos 4%. Se o Copom continuar se reunindo a cada 45 dias, nesse ritmo só atingiremos esse patamar em seis meses. É um calendário muito lento”, disse o economista que participa também do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social do governo federal. “Já existem propostas para que o Copom passe a se reunir mensalmente”, revelou.

Ao analisar a ata do Copom de dezembro, Oreiro destacou que uma minoria impôs sua vontade sobre a maioria dos conselheiros que defendia a redução de 0,25% na taxa. “Trata-se de uma minoria que defende uma política monetária mais dura”, afirmou.

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Paulo Gala / Economia & Finanças

Graduado em Economia pela FEA-USP. Mestre e Doutor em Economia pela Fundação Getúlio Vargas em São Paulo. Foi pesquisador visitante nas Universidades de Cambridge UK e Columbia NY. Foi economista, gestor de fundos e CEO em instituições do mercado financeiro em São Paulo. É professor de economia na FGV-SP desde 2002. Brasil, uma economia que não aprende é seu último livro. Conselheiro da FIESP e Economista-chefe do Banco Master

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