• Página pessoal de José Luis Oreiro
  • Página da Associação Keynesiana Brasileira
  • Blog da Associação Keynesiana Brasileira
  • Página do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro
  • Página da Associação Nacional dos Centros de Pós-Graduação em Economia
  • Página pessoal de Luiz Carlos Bresser-Pereira
  • Página do Levy Institute
  • Página da Associação Heterodoxa Internacional
  • Blog do grupo de pesquisa Macroeconomia Estruturalista do Desenvolvimento
  • Post Keynesian Economics Study Group
  • Economia e Complexidade
  • Página de José Roberto Afonso
  • Centro Celso Furtado
  • Departamento de Economia da Universidade de Brasilia
  • About José Luis Oreiro

José Luis Oreiro

~ Economia, Opinião e Atualidades

José Luis Oreiro

Arquivos de Categoria: Herr Bolsonaro

Auxílio de R$ 600: Congresso quer manter, governo diz não ter dinheiro (Correio Braziliense, 23/06/2020)

24 quarta-feira jun 2020

Posted by jlcoreiro in Crise do Coronavírus, Genocidio Bolsonarista, Herr Bolsonaro, José Luis Oreiro, Oreiro, Renda Básica Emergencial

≈ 1 comentário

Tags

Crise do Coronavírus, Erros de Paulo Guedes, José Luis Oreiro, Renda Básica Emergencial

Bolsonaro confirma prorrogação da ajuda emergencial a informais e pessoas que perderam renda durante a pandemia, mas diz que governo não tem mais como pagar R$ 600, como defendem parlamentares. Dimensão do contingente de excluídos acelera discussão sobre renda mínima
[O governo estuda o que fazer depois de pagar a terceira e última parcela do auxílio emergencial de R$ 600. Ontem, o presidente Jair Bolsonaro disse que pretende prorrogar o auxílio, mas ressalvou que o Executivo não tem caixa para bancar mais parcelas de R$ 600. “O (ministro da Economia) Paulo Guedes decidiu pagar a quarta e a quinta parcelas, mas falta acertar o valor. A União não aguenta outra do mesmo montante. Por mês, nos custa R$ 50 bilhões”, disse o presidente. “Queremos atender o povo com responsabilidade. O comércio voltando a abrir, podemos ter um valor um pouco mais baixo”, afirmou.Segundo a equipe econômica, o número de trabalhadores informais que mostraram ter direito ao benefício, os chamados “invisíveis”, superou todas as expectativas. Cerca de 64 milhões de brasileiros já foram aprovados para receber os R$ 600 e mais 2,6 milhões de cadastros seguem em análise no Ministério da Cidadania. Por isso, o orçamento saltou de R$ 98,2 bilhões para mais de R$ 151 bilhões.

Guedes e Bolsonaro já indicaram que a ideia é pagar mais duas parcelas de R$ 300 cada. Porém, a ideia não caiu bem no Congresso. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) disse que o ideal seria manter os R$ 600. Uma fonte da equipe econômica confirmou que a ideia dos R$ 300 é a mais forte, mas contou que não está descartado pagar uma só parcela de R$ 600, ou três de R$ 200.

A proposta final deve ser definida nesta semana. A discussão sobre a renda básica, contudo, não deve acabar por aí. Agora que todo o Brasil sabe da situação de vulnerabilidade de milhões de informais, o governo vai ter que rediscutir o sistema de assistência social. O que vem sendo costurado pelos ministérios da Economia e da Cidadania é um novo programa social que atenda os trabalhadores informais e contemple todos os benefícios sociais já existentes, inclusive, o Bolsa Família.

Segundo uma fonte ligada ao governo, o Renda Brasil deve facilitar a contratação dos informais e dobrar o número de brasileiros atendidos por transferências diretas de renda. O valor do novo benefício deve ser similar ao do Bolsa Família, que paga, em média, de R$ 200 para cada uma das 14 milhões de famílias cadastradas.

No entender de Cristiano Noronha, cientista político da Arko Advice, quando começou a discutir o auxílio emergencial, o governo não fazia ideia de quantas pessoas se qualificariam, não sabia quanto tempo a quarentena duraria, nem o impacto na arrecadação. “Agora, já conhece os impactos fiscais e, por isso, está propondo um valor menor. Não tem mais condições de bancar R$ 600. Como o Congresso resiste aos R$ 300, deve ficar em um valor intermediário”, estimou.

O especialista explicou que o governo está criando outros passivos – aviação, setor elétrico, estados e municípios. “Existe uma pressão por mais investimento, ao mesmo tempo em que a arrecadação está caindo. Ainda terá aumento do seguro desemprego. O governo terá que compatibilizar diversas demandas até o fim do ano”, disse.

Para o economista Roberto Luis Troster, mais importante do que a economia é o bem-estar da nação. “A questão da dívida é importante, mas pode ser solucionada de outras formas”, opinou. Já José Luís Oreiro, professor de Economia da Universidade de Brasília (UnB), acredita que a proposta do Congresso vai se sobrepor à do Ministério da Economia. “Não há possibilidade de reduzir o auxílio para R$ 300 em um momento em que as curvas de casos e de mortes estão ascendentes. É empurrar a população para uma carnificina sem precedentes”, disse.

Fernando de Aquino, coordenador da Comissão de Política Econômica do Conselho Federal de Economia (Cofecon), sustenta que, com o desemprego alto e a pandemia ainda crescente, a renovação deveria ser por mais três meses de R$ 600. “O governo tem espaço para se endividar mais, o mundo inteiro está se endividando, é uma conjuntura extraordinária”, destacou.

A apologia da destruição (*)

23 quinta-feira abr 2020

Posted by jlcoreiro in "nova ordem", Herr Bolsonaro

≈ Deixe um comentário

Tags

"nova ordem", Herr Bolsonaro

(*) Artigo escrito por Guilherme Antonio Fernandes ( Doutor em Direito pela USP, é professor, advogado em São Paulo e pesquisador do Gebrics–USP)

Em recente artigo ao jornal El País, Vladimir Safatle apontou o quanto o poder é capaz de transformar e moldar personalidades. Em uma abordagem que remonta ao célebre livro de Freud, “Moisés e a religião monoteísta”, Safatle demonstrou sua preocupação com o discurso bolsonarista, capaz de levar pessoas às ruas em meio a uma grave pandemia e até de impedir ambulâncias de seguirem o seu caminho. Ou seja, sua preocupação de que a narrativa do absurdo, mas bem engendrada é capaz de cooptar mentes e corações. A lógica do poder molda pessoas numa construção de cima para baixo. Isto é, aqueles que seguem o líder desejam a semelhança para com o líder.

A grande preocupação de Safatle está, na realidade, na consolidação da parcela da população que foi cooptada pelo discurso bolsonarista, enquanto todo o resto da população brasileira assiste pacientemente o bolsonarismo ousar, avançar limites, ousar novamente e avançar mais limite em um grave contexto de pandemia, no qual vidas estão em jogo. Isto é, o inadmissível de ontem é temperado com a paciência daqueles que não acham o momento adequado para deter-se os arroubos autoritários do presidente e de seu séquito. Afinal, se o inadmissível de ontem se contornar, amanhã o inadmissível será bem maior, até o momento em que o inadmissível nos roubará ou a democracia, ou, como tem feito com muitos, a vida.

A preocupação de Safatle merece reflexão. Não há dúvidas de que a lógica de potência permeia o discurso bolsonarista. Não se nega que o discurso sedutor de Jair Bolsonaro faz com que todo seguidor se torne automaticamente um revolucionário: pela pátria, pela não corrupção e pela salvação do Brasil. Trata-se de uma retórica populista extremamente violenta. Todavia, é necessário que se demonstre que o populismo de Bolsonaro não é somente violento, ele é também apolítico e dai deriva a sua nocividade para o cenário político brasileiro.

Hannah Arendt, em seu brilhante “Sobre a Violência”, fruto de suas reflexões a respeito do contexto da rebelião estudantil de 1968, da Guerra do Vietnã e do papel dos meios violentos de resistência à opressão, observou o quanto a violência no século XX encontrou na tecnologia a sua forma de se multiplicar. O exemplo limite da instrumentalização da violência foi a nuclearização do planeta. Ou seja, a criação da bomba atômica e o equilíbrio internacional baseado no medo da destruição total.

Nesse sentido, para Arendt, a violência potencializada pela revolução tecnológica moldou o século XX. Século que talvez poderia ter recebido a alcunha de “o tempo em que a violência triunfou”, pois marcado pelos campos de extermínio nazistas e stalinistas, pelo genocídio entre hutus e tutsis em Ruanda, pelo desmembramento da ex-Iugoslávia, pelas perseguições, pelo genocídio no Camboja, pela tortura, pelos massacres em massa de civis em conflitos bélicos, que também moldaram as modernas operações militares.

Para Hannah Arendt todos enxergaram na violência a mais flagrante manifestação do poder. Aliás, quem nunca ouviu a máxima de Clausewitz? A violência foi, portanto, entendida como o máximo domínio do homem sobre homens, por meio de um comando efetivo. Deste modo, a violência seria, então, o instrumento mais hábil para se gerar poder.

Contudo, para Hannah Arendt a violência não gera poder, o que ela gera é a potencialização da própria violência, e, por fim, o seu clímax, que é a destruição total. O poder não deriva da violência, pois ele é fruto da capacidade humana de agir em conjunto e, desta forma, ele requer a ação do homem no espaço público. Assim, para que haja a formação do poder é necessário que o homem possa agir no espaço público por meio da ação, por meio de seus atos e palavras, que o revelam. Portanto, para Arendt poder e violência são opostos. Onde há a geração de poder, não há violência. O poder não precisa de violência e, por não precisar, é capaz de se sustentar sem a sua utilização.

Onde há violência, não há poder. A desintegração da ação pública, por meio da impossibilidade da coordenação e do encontro de opiniões diversas é o fruto da violência. Assim, a violência visa destruir o poder e para que ela se sustente, ela precisa da violência contínua. Ou seja, a violência caminha rumo a sua autodestruição, porque ela necessita o tempo todo da manutenção violenta.

Arendt compreendeu, portanto, que a violência é instrumental, enquanto o poder nasce da capacidade de agir em conjunto. Logo, para que haja poder é necessário que haja liberdade e pluralidade. Ou seja, é necessário que o espaço público seja o lugar do respeito à pluralidade humana, que é, talvez, a sua ideia política mais fundamental. O poder, portanto, é político, porque ele é construído dentro da política. A violência, então, é apolítica, porque ela é a sua negação.

Nas definições de Arendt, o vigor, então, seria algo no singular, físico, típico de um indivíduo, enquanto a força derivaria da energia liberada pelos movimentos físicos ou sociais. Já a autoridade seria o reconhecimento inquestionável, que não necessita de qualquer coerção ou persuasão e que não é destruído pela violência, mas sim pelo desprezo. A violência, nesse sentido, é capaz de multiplicar o vigor individual. Daí a sua conclusão de que a violência extrema é o um contra todos.

Assim, ao invés de retomar Freud, relembro Hannah Arendt, para demonstrar que o bolsonarismo não é uma ideologia política, derivada do poder, mas sim uma ideologia fincada na violência. O discurso bolsonarista não busca o agir em conjunto dos brasileiros. Muito pelo contrário, ele busca dividir os brasileiros por meio da construção das dicotomias fundamentadas para impedir a coordenação de ações; isto é, na divisão entre amigos/inimigos, patriotas/traidores; bolsonaristas/corruptos; bolsonaristas/comunistas; bolsonaristas/vagabundos; bolsonaristas/velha política; dentre outros.

A revolução tecnológica das redes sociais permitiu a instrumentalização da violência virtual. Engana-se quem acha que o mundo virtual está voltado para a construção de uma esfera pública nova. O que se tem visto é, na realidade, a publicização da esfera privada e de todas as suas frustrações. O mundo virtual vive a potencialização da violência por meio da agressão verbal e da produção de fake news.

Assim, se a preocupação de Safatle com os limites do inadmissível é válida, também é importante notar que o poder bolsonarista na realidade não molda, ele destrói. O que ele tem feito é destruir o debate político por meio de sua instrumental violência e pela autossabotagem daqueles que, diante da negação da existência de um vírus, colocam a sua vida e a de outros em risco.

O bolsonarismo além de ser uma apologia da violência é apolítico. Seu clímax será a autodestruição. Resta saber quantas vidas serão perdidas até lá.

A apologia da destruição

Entre Vítimas e Vitimizações: uma análise do método Bolsonorista (*)

11 sábado abr 2020

Posted by jlcoreiro in "nova ordem", Crise do Coronavírus, Herr Bolsonaro

≈ Deixe um comentário

Tags

"nova ordem", Crise do Coronavírus, Herr Bolsonaro

 

(*) Escrito por Guilherme Antonio Fernandes (**) com exclusividade para o blog de José Luis Oreiro

(**) Doutor em Direito pela USP. Mestre em Integração da América Latina pela USP. Bacharel em Direito pela USP. Professor e advogado

Em recente artigo publicado na Revista Piauí, intitulado de “Uma esfinge na presidência” (https://piaui.folha.uol.com.br/materia/uma-esfinge-na-presidencia/) , o cientista político Miguel Lago brilhantemente analisou o método bolsonarista de fazer política nas redes sociais. Apontou que Bolsonaro soube compreender aquilo que os demais políticos do establishment político brasileiro pareciam ainda não ter entedido bem na época das eleições: como se mover politicamente dentro das redes sociais a partir da construção da polarização e da divisão do cenário político em dois grandes compartimentos. Isto é, dividir o mundo das redes sociais em duas grandes correntes, uma a favor de Bolsonaro, que estaria automaticamente associada a uma suposta “nova política”, aliada à bandeira da anticorrupção, e a outra contra Bolsonaro, que estaria automaticamente associada à corrupção e aos vícios do que chamou de “velha política brasileira”. Deste modo, Bolsonaro soube construir sua campanha por meio de uma avalanche de desinformação, violenta e agressiva, movida por meio de fake news, que serviram para alimentar o clima de ódio e contraposição entre os dois campos nos quais dividiu o cenário brasileiro completamente. O mundo virtual dividiu o mundo real.

Miguel Lago captou que Bolsonaro possui esse método claro de fazer política dentro das redes sociais: provoca para ser atacado, ataca para ser vitimizado. Ou seja, ataca para movimentar com força sua máquina de  fake news e fazer a sua falange de seguidores responder, acriticamente, aos seus comandos de defesa. Esse é justamente o método que Bolsonaro utiliza para navegar no cenário político. Cria suas narrativas vitimizadoras, escolhe seus adversários ao sabor do momento, um a um, caracterizando-os como obstáculos que precisam ser retirados, imediatamente, para que possa levar a nação brasileira a sua “terra prometida” e limpar o Brasil de todos os seus vícios. Isto é, a tática bolsonarista é a da construção permanente de inimigos. Se nas eleições o inimigo era o PT e o seu antagonista maior o ex-presidente Lula, agora o inimigo é outro: o governador do Estado de São Paulo João Dória, que assume, na realidade, o papel de representante encarnado dos governadores e prefeitos que impedem, segundo o método bolsonarista, que a nação prospere.

A tática de Bolsonaro é tão evidente que sites como “jornal da cidade online” ou “Brasil sem medo” são fontes inesgotáveis da sua claque virtual. Aliás, basta apenas uma breve piscadela em um desses sites para se perceber o quanto são seguidores fiéis de seu indireto chefe. Todavia, para o fiel seguidor virtual de Bolsonaro, já não mais capaz de exercer o juízo crítico, pois já refém do método bolsonarista em transformar pessoas em seguidores fanáticos, em replicadores de robôs que disparam os ataques agressivos aos seus inimigos, todas as notícias ali veiculadas são prontamente espalhadas.

Foi, portanto, justamente nesse sentido que Miguel Lago percebeu que o que Bolsonaro mais deseja agora é aquilo que parece ser o palco perfeito para a sua vitimização maior: um processo de impeachment. Ou seja, Bolsonaro quer o impeachment. Bolsonaro quer ser contraposto pelo Congresso e pelo Poder Judiciário para que possa dar a sua cartada final em seu projeto de poder: disparar nas redes sociais e com a força dela construir sua base de apoio popular para derrotar as instituições democráticas brasileiras que “querem seu impeachment”. Afinal, nada melhor do que forças obscuras da velha política (talvez aqui o leitor tenha um breve deja vú…), corrupta e carcomida, personalizadas num processo de impeachment contra o salvador da nação brasileira. Nada melhor do que os inimigos concretos contra o mito. O impeachment seria a batalha triunfal de Bolsonaro contra a corrupta política brasileira. Ou seja, a melhor oportunidade de novamente dividir o Brasil em dois; a favor e contra.

Bolsonaro precisa mais do que nunca provocar para que o impeachment venha. Ele quer isso, ele deseja isso. Não são por acaso suas provocações em sair às ruas e contrariar tudo que o mundo tem dito sobre isolamento social todos os dias. Ele faz isso conscientemente, sabendo que o quanto mais provocar, mais seu exército virtual o defenderá e quanto mais indignação causar, mais indignado e violentamente seu séquito o defenderá. Bolsonaro é justamente a vítima das vítimas, que precisa derrotar seus inimigos.

Contudo, é interessante se anotar que apesar da não mudança no método bolsonarista, Bolsonaro talvez se esqueça que ganhar uma eleição é uma coisa, governar um país com fortes instituições é outra. O pleito eleitoral é um momento mais curto do que um governo de quatro anos. Além do mais, a aposta de Bolsonaro em seguir com seu método sem a base concreta de um partido político, articulado no mundo não virtual com as forças políticas que emergem do cenário brasileiro, pode lhe custar muito caro. É de se pensar que a própria sobrevida que o Partido dos Trabalhadores possui hoje muito se dá ao fato de ser um partido com forte base orgânica e estrutural, que o sustenta desde a sua fundação. Fosse qualquer outro partido brasileiro, não teria resistido depois de tamanha flagelação. Se o Partido dos Trabalhadores compreendeu isso e buscou mudar o seu discurso, isso é outra história. Contudo, não se nega que o partido subsiste. Assim, é exatamente aqui que talvez esteja uma das apostas equivocadas de Bolsonaro, tentar continuar a governar apenas com seu método virtual, sem base partidária alguma.

Além disso, nas eleições o método bolsonarista ainda era algo nebuloso. Hoje as reações a esse método já se constroem. É notória a existência de um Gabinete do Ódio, que aliás, causa perplexidade por não ser caracterizado como motivo para processos judiciais contra o vereador do Rio de Janeiro que o comanda do Palácio do Planalto sem sequer ter um cargo no governo federal. De qualquer maneira, a aposta de Bolsonaro em governar o tempo todo por esse método é uma jogada arriscada, pois um dia aquele que foi vítima do seu método aprende a lidar com ele. O jogo de Bolsonaro já não mais possui a vantagem do ineditismo.

Outro ponto importante a ressaltar é que o método de construção de inimigos talvez agora venha a falhar. Era mais fácil contruir do petismo o antagonista de Bolsonaro do que João Dória. Por quê? Porque João Dória não está preso, não está concorrendo no pleito eleitoral, é governador, tem mandato, comanda o Estado mais rico da nação e passa a liderar a grande maioria dos governadores brasileiros, representando o próprio institucionalismo da ordem federativa construída na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Ou seja, Bolsonaro talvez não tenha bem compreendido que o governo federal pode muito, mas não pode tudo e que além de sua “caneta”, existe a toga do Poder Judiciário, os mandatos legítimos de deputados e senadores, assim como as “canetas” dos prefeitos e governadores.

O mais grave de tudo é que hoje o método bolsonarista está a todo vapor em um contexto extraordinário: a luta contra uma pandemia. Bolsonaro usa seu contínuo método ignorando que, na sua tentativa de construir novos inimigos, a vida de brasileiros está sendo perdida. Ou seja, Bolsonaro, que não consegue oferecer nada, absolutamente nada além do seu método de governar pelas redes sociais, não se atenta para o que é gritantemente urgente: brasileiros estão morrendo. A perda de vidas por conta do coronavírus somada à inevitável recessão econômica lhe custará muito caro. Sua constante provocação a estimular os brasileiros a saírem as ruas se apegando a falsas narrativas e a promessas científicas ainda não comprovadamente seguras, como o uso da hidroxicloroquina, com o objetivo claro de polarizar e radicalizar o cenário político e quiçá provocar um processo de impeachment, levará, como tem levado, ao afrouxamento da quarentena e a um aumento gigantesco do número de contaminados e vítimas fatais.

Bolsonaro não se importa que vidas brasileiras sejam perdidas. Afinal, se realmente se importasse, já teria mudado sua própria orientação, tal como seu ídolo assim o fez nos Estados Unidos. Talvez Bolsonaro não se importe não porque seja um ser humano sem a capacidade de sentir empatia, mas porque não consegue mudar seu método de fazer política. Bolsonaro é um político que quer governar nos braços do povo e por meio desse mesmo povo ter carta branca para comandar o país do jeito que bem entender. Bolsonaro, na realidade, está ainda em êxtase por ter conseguido chegar onde jamais imaginaria ter chegado tão rapidamente, o que explica o seu apego ao  método de fazer política nas redes sociais, que é incapaz de largar.

Contudo, Bolsonaro pode ser a próxima vítima do método bolsonarista…afinal, construir inimigos em um momento em que brasileiros estão perdendo a vida por conta de algo que vai muito além dos anseios políticos, é um grande equívoco. Jogar a culpa pela morte de brasileiros em seus inimigos políticos é um jogo cruel e irresponsável. O método bolsonarista de fazer política está nos custando muito caro e dar um processo de impeachment a Bolsonaro é tudo que ele quer no momento.

O mais importante agora é salvar a vida dos brasileiros diante da terrível ameaça do coronavírus.

Caso o apego ao seu método não provoque circunstâncias que o levem a renunciar, talvez seja melhor simplesmente ignorá-lo, por ora.

Nota sobre o Pronunciamento do Presidente da República

25 quarta-feira mar 2020

Posted by jlcoreiro in "nova ordem", Herr Bolsonaro

≈ 1 comentário

Tags

"nova ordem", Fim do Brasil, Herr Bolsonaro

Assisti hoje o discurso do Presidente da República na esperança de que a gravidade da situação pudesse despertar naquela alma atormentada um pouco do sentido do dever e da dignidade do cargo. Não fiquei decepcionado. Fiquei horrorizado. O Presidente da República adotou um discurso incendiário, culpando a imprensa, os governadores e prefeitos pelo clima de pânico reinante no país. Outra vez veio com o discurso anti-ciência de que o coronavírus é uma simples gripe, passando por cima da colossal evidência empírica que mostra a enorme quantidade de mortos, inclusive entre pessoas com menos de 65 anos de idade. Não tenho a menor dúvida de que Bolsonaro deseja, no seu íntimo, que o caos social se instaure no Brasil. Lembro bem da entrevista que ele concedeu nos anos 1990 – logo após a crise cambial do início de 1999 – de que os problemas do Brasil só seriam resolvidos por intermédio de uma guerra civil na qual fossem mortos uns 30 mil brasileiros. Essa frase saiu da boca dele. Muitos disseram que era blefe, que ele apenas queria chamar atenção pra si. O mesmo foi dito de Adolf Hitler quando ele assumiu o cargo de Chanceler da Alemanha em 1933. O resultado é sobejamente conhecido. Rezo a Deus para que não tenhamos que esperar até a destruição do país e sua ocupação por potências estrangeiras para nos livrarmos desse maníaco.

Senado Notícias Especial – Entrevista com José Luis Oreiro sobre a PEC 187 (27/02/2020)

27 quinta-feira fev 2020

Posted by jlcoreiro in Erros de Paulo Guedes, Fracasso da agenda Temer-Bolsonaro, Herr Bolsonaro, Instituição Fiscal Independente, José Luis Oreiro, PEC 187/2019

≈ Deixe um comentário

Tags

José Luis Oreiro, PEC 187, TV Senado

Em novembro o governo encaminhou ao Senado a Proposta de Emenda Constitucional 187 que extingue todos os 248 fundos públicos infraconstitucionais. Entre eles estão o FNDCT, que financia a maioria dos programas científicos do país, o  Fundo Nacional da Cultura,  que financia a Funarte, o Fies, que financia estudos universitários para pessoas  mais pobres e até o Fundo Nacional de Segurança Pública. Para falar desse assunto nosso convidado é o professor de economia da UnB, José Luis Oreiro .

Vejam a entrevista em

https://www12.senado.leg.br/tv/programas/senado-noticias/2020/02/especial-entenda-a-proposta-que-regula-a-desvinculacao-de-recursos-dos-fundos-publicos

País deve andar em passo lento, mesmo com reformas (Estado de São Paulo, 25/08/2019)

27 terça-feira ago 2019

Posted by jlcoreiro in Crise Econômica no Brasil, Debate macroeconômico, Herr Bolsonaro, Opinião, Oreiro

≈ Deixe um comentário

Tags

A crise da economia brasileira, Debate Macroeconômico, José Luis Oreiro

 

Efeitos da recessão, perda de produtividade e incertezas políticas freiam retomada; ambiente externo pode retardar ainda mais a recuperação (Por Luciana Dyniewicz)

Apesar do avanço da agenda de reformas e da queda na taxa básica de juros (Selic), a economia continua patinando e não há sinais de uma recuperação acelerada no médio prazo. Há quem projete crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no ano que vem ainda abaixo dos 2% – após o 0,8% esperado para 2019.

A destruição provocada pela recessão, com empresas indo à falência e milhões de trabalhadores saindo do mercado, a perda de produtividade, as incertezas políticas que travam o investimento e o freio na economia internacional formam o cenário adverso para o Brasil.

“Nossa retomada é realmente frustrante e o ponto preocupante é que o mundo pode retardar ainda mais a recuperação”, diz o economista Thiago Xavier, da Tendências Consultoria. A empresa projeta alta de 2% no PIB para 2020 e 2,6% para 2021 – número superior aos 2,5% previstos pelo mercado, segundo o Relatório Focus, do Banco Central.

“Os 2,6% parecem uma luz de aceleração, considerando que são três anos (2017, 2018 e 2019) de PIB na faixa de 1%. Mas, se a gente analisa o período mais longo, vê a dificuldade para sair da crise”, acrescenta Xavier. Cálculos da Tendência apontam que, apesar de o PIB poder voltar ao patamar pré-crise em 2021, o PIB per capita alcançará esse nível apenas em 2023.

Economista-chefe do Banco Votorantim, Roberto Padovani está entre os mais otimistas do mercado, com alta de 2,5% para 2020 e 2,5% para 2021 – segundo o Focus, o crescimento médio esperado para o ano que vem é 2,2%. Padovani afirma que se trata de uma recuperação lenta, mas sólida, e que ela não pode ser considerada uma retomada normal, dado o grau de devastação que a recessão deixou, principalmente em segmentos como da construção pesada e de óleo e gás.

Ainda de acordo com Padovani, estudos indicam que reformas estruturais levam até dez anos para consolidar seus efeitos na economia. “Estamos criando condições para que, no futuro, a atividade vá bem, mas não tem uma relação automática”, diz. “Temos de avançar muito no ambiente de negócios, o que inclui tributos mais simples e qualificação de mão de obra, para estar num voo de cruzeiro mais perto de 4% ao ano.”

Uma melhora no nível de investimentos também é apontada como essencial para acelerar o ritmo da economia. Hoje, os investimentos são da ordem de 15% do PIB. O economista José Luis Oreiro, professor da Universidade de Brasília, afirma que esse número teria de ir para 23% para que o País pudesse crescer entre 4% e 5%. “Vai crescer pouco nos próximos dois anos, porque falta demanda. A política fiscal é contracionista; a monetária começou a ficar levemente expansionista agora e o cenário externo é ruim”, diz.

A economista Silvia Matos, coordenadora do Boletim Macro do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia), da Fundação Getúlio Vargas, destaca que o fator mais forte para o aumento do investimento no País – e também do PIB – é um ambiente de previsibilidade e confiança.

Apesar de a incerteza ter recuado recentemente, diz ela, ainda está em patamar elevado. O índice de incerteza da economia, calculado pelo Ibre, recuou com a aprovação da reforma da Previdência na Câmara, passando de 119 pontos em junho para 108,4 em julho, ainda próximo de 110 pontos, considerado o nível de “incerteza elevada”. “Tem várias reformas em discussão, mas falta uma agenda.

A reforma tributária, ninguém sabe como será. O investidor está cauteloso”, diz Silvia.

Para a economista, um dos principais entraves ao crescimento – e que pode colocar o Brasil em uma posição complexa semelhante à do México – é a perda de produtividade. “O México conseguiu toda uma estabilidade macroeconômica, abriu sua economia, mas a produtividade não veio.” Segundo Silvia, isso ocorreu porque empresas pouco produtivas acabaram sobrevivendo devido a ineficiências microeconômicas.

No Brasil, investimentos mal alocados, subsídios e regimes tributários especiais, como o Simples, também podem limitar os efeitos das reformas estruturantes. “Para o País crescer 3%, sem o mundo ajudar, tem de ter reformas mais severas”, acrescenta Silvia, que projeta alta de 1,8% para 2020 e 2% para 2021. (Fonte: Estadão)

Com retração do PIB, reação de curto prazo fica urgente (Correio Braziliense, 03/06/2019)

03 segunda-feira jun 2019

Posted by jlcoreiro in "nova ordem", Debate macroeconômico, Herr Bolsonaro, José Luis Oreiro, Mídia

≈ 1 comentário

Tags

Debate Macroeconômico, José Luis Oreiro, Nova recessão a vista?

Especialistas avaliam que números do primeiro trimestre apontam para fraco desempenho da economia para o resto do ano e estão pessimistas quanto à eficácia de medidas paliativas , como liberação do FGTS
Estatísticas negativas sobre o mercado de trabalho e a confiança dos empresários, além da lentidão de estratégias para recuperação econômica em sair do papel, são algumas das evidências de que a economia vai seguir como a principal pedra no sapato do governo Jair Bolsonaro, avaliam especialistas. Se o desafio já era grande, com a retração do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre, o Planalto agora terá que redobrar esforços para, além de reativar a economia, impedir que o Brasil entre em recessão.Na última semana, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o Produto Interno Bruto (PIB) recuou 0,2% de janeiro a março em relação ao trimestre anterior, de outubro a dezembro. A indústria e a agropecuária puxaram o resultado ao encolher 0,7% e 0,5%, respectivamente, em comparação ao fim do ano passado. Também pesou a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) – responsável por registrar a ampliação da capacidade produtiva futura da economia por meio de investimentos correntes em ativos -, que caiu 1,7% ante o último trimestre de 2018.

Em meio às turbulências, economistas ouvidos pelo Correio disseram que o país precisa urgentemente de medidas a curto prazo para aquecer a economia. “É necessário um choque monetário para reavivar o coração da economia do país. Do jeito que estamos hoje, as reformas são apontadas como única salvação, mas elas resolveriam as pendências daqui a mais de cinco anos. Portanto, o governo tem que tomar medidas mais imediatas”, opina o professor do Departamento de Economia da Universidade de Brasília (UnB), José Luís Oreiro.

Na avaliação do professor, uma das alternativas urgentes para a atividade econômica do país seria a redução da taxa básica de juros (Selic), que já está na mínima histórica, de 6,5% para 5%. “Com isso, o governo diminuiria o custo de rolagem da dívida pública. Seria uma redução capaz de gerar economia de cerca de R$ 30 bilhões, quase o mesmo valor contingenciado do orçamento da União em março. Essa medida também seria importante para o governo evitar ainda mais as reduções no investimento público”, sugere.

Para Oreiro, o contingenciamento foi um erro do Executivo. Há três meses, o governo federal segurou gastos de  R$ 29,7 bilhões do orçamento para conseguir cumprir a meta fiscal este ano. “É preciso rever a meta de resultado primário para 2019 dos atuais R$ 139 bilhões, de deficit, para algo em torno de R$ 169 bilhões de deficit (negativo). Se ele se mantiver nos atuais números, teremos um choque fiscal ainda mais negativo no segundo semestre”, alerta. “Para que o presidente não cometa crime de responsabilidade fiscal, isso só vai ser possível mediante aprovação do Congresso Nacional. Sendo aprovado, o pior ainda pode ser evitado. Tudo está nas mãos do Executivo e do Legislativo”, diz.

Considerados os primeiros meses de 2019, dificilmente o ano terá um crescimento expressivo na economia. Especialistas consultados pelo Banco Central baixaram em 1,25 ponto percentual a projeção de expansão do PIB este ano: de 2,48%, a estimativa caiu para 1,23% em 13 semanas.  “A média mundial é de 4%. Estamos muito distantes daquilo que seria desejável para manter as condições de competitividade no cenário internacional. Só uma injeção de recursos pode salvar a economia “, alerta Otto Nogami, professor de economia do Insper.

Com a política fiscal comprometida pelo endividamento, o que impede o governo de mexer nos gastos e na arrecadação para gerar um movimento anticíclico na economia e resgatar o processo de crescimento, além da baixa confiança do empresariado para investir na produção e melhorar a competitividade, resta ao Executivo apostar no consumo das famílias, diz Nogami.

“O consumo das famílias pesa em 64% do PIB. Dada essa representatividade, o governo pode agir de alguma maneira para estimular o consumo e evitar que o marcador da atividade econômica de 2019 seja desastroso”, observa. No entanto, ele lembra que “qualquer estratégia do governo com o objetivo de incrementar o consumo seria paliativa e de curta duração.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, admitiu que o governo estuda liberar “muito em breve” recursos do PIS-Pasep e do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para estimular o consumo.  Com a medida, a estimativa é de que R$ 22 bilhões sejam injetados na economia. No entanto, ele mesmo avisou sobre o curto alcance das medidas. “Se você abre essas torneiras sem as mudanças fundamentais, é o voo da galinha”. Faz uma liberaçãozinha aqui, baixa artificialmente os juros para reativar a economia. Nós não vamos fazer truques nem mágicas, vamos fazer as reformas sérias”, afirma o ministro.

Em meio às turbulências, o governo segue apostando na agenda de reformas. Nos corredores do Planalto, a informação é de que não há um plano B. O governo trata as reformas como o grande trunfo para começar algo maior, já que espera que elas gerem impacto alto nas finanças públicas e no ânimo dos brasileiros.

Para “abrir os portões do crescimento”, como defende Paulo Guedes, a reforma da Previdência continua sendo a mais decisiva – aprovada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a proposta de emenda à Constituição (PEC nº 6/2019) ainda precisa passar pela Comissão Especial e pelo plenário da Câmara antes de ir para o Senado. “Os investimentos de fora vão começar a entrar à medida que o Brasil implemente essas medidas. Estamos absolutamente seguros de que, fazendo essas reformas estruturais, o país vai retomar o crescimento sustentável”, garante Guedes.

Presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Carlos von Doellinger reforça que a aprovação da reforma será a base para tudo. “É a medida fundamental. A partir dela, o governo poderá trabalhar com a agenda microeconômica. O setor privado terá melhores condições. Com o capital estrangeiro à disposição, poderemos reativar a economia com mais exportações”, pontua.

Para Doellinger, aumentar a taxa de investimentos é mais um ponto chave para a recuperação da economia. “Estamos com um indicador muito baixo, de 15%. Isso não ativa economia nenhuma. Seria importante que estivesse entre 18% e 19%. Só isso vai garantir a absorção de mão de obra dos mais de 13 milhões de desempregados e reduzir o efeito da estagnação da economia.”

Dívidas do funcionalismo chegam a R$ 198,5 bilhões no consignado (Correio Braziliense, 30/05/2019)

30 quinta-feira maio 2019

Posted by jlcoreiro in "nova ordem", Crise Econômica no Brasil, Debate macroeconômico, Herr Bolsonaro

≈ Deixe um comentário

Tags

A crise da economia brasileira, Debate Macroeconômico, Herr Bolsonaro, Nova recessão a vista?

Servidores públicos tomaram R$ 42,1 bilhões de crédito pessoal consignado só nos primeiros quatro meses do ano, segundo dados do Banco Central (BC). O valor concedido de janeiro a abril é 39,7% mais alto do que o do mesmo período de 2018. No mês passado, o aumento foi de 11,1% na mesma base de comparação. O saldo de crédito consignado para servidores públicos em abril somava R$ 198,5 bilhões.

Segundo o professor de economia da Universidade de Brasília Newton Marques, duas possibilidades podem explicar o aumento dos empréstimos com garantia em folha: ou os servidores fizeram compras a crédito e não estão conseguindo pagar sem o empréstimo com juros mais baixos, ou quitaram dívidas e estão buscando consignado para reformas, compra de carros ou para outros investimentos.

É o caso do servidor público da Polícia Civil do Distrito Federal Bruno Barroso. Ele utilizou crédito consignado para um investimento. “Eu fiz empréstimo com desconto na folha de pagamento porque, no meu caso, vale muito a pena, os juros não são altos”. Ele pegou R$ 20 mil, e as parcelas ficaram em torno de R$ 840. Essa foi a primeira vez que Bruno recorreu ao consignado, mas, segundo ele, vários colegas de trabalho utilizam o empréstimo sempre.

“Eu vejo colegas falando nos grupos que conseguiram quitar um consignado, ou que faltam tantos meses para quitar. Vejo que, por não termos reajuste há um tempo, eles estão precisando de dinheiro para pagar contas. Escola particular, por exemplo, aumenta todo ano, e o salário não acompanha”, disse.

De acordo com o professor do Departamento de Economia da UnB José Luís Oreiro, provavelmente o que puxou esses números foram os servidores municipais e estaduais que, ao contrário dos servidores públicos federais, não tiveram reajuste de salário. “Há uma inflação acumulada que faz com que a renda caia. Não me parece que os servidores estão pegando empréstimos para comprar carros. A meu ver, provavelmente estão tomando dinheiro para fechar contas”, afirmou.

Segundo o professor de finanças da Fia e Unifesp Bolívar Godinho, não há como apontar uma justificativa para o aumento na concessão de consignados para servidores públicos: “Não há fatores macroeconômicos que justifiquem essa alta. A inflação subiu, mas foi pouco. É difícil ter uma justificativa clara do porquê”. Segundo ele, os servidores públicos podem estar pegando mais empréstimos, pois não têm receio em perder o emprego. De acordo com o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, os servidores públicos conseguem crédito consignado com mais facilidade que os demais e a operação tem taxas de juros menores.

Nos primeiros quatro meses do ano, também houve alta na concessão de crédito consignado para beneficiários do INSS, de 17,8% – R$ 28,5 bilhões ante R$ 24,2 bilhões de janeiro a abril de 2018 -; e de 36,7% para trabalhadores do setor privado – R$ 5,6 bilhões ante  R$ 4,1 bilhões.

O saldo de crédito pessoal consignado total de pessoas físicas foi de R$ 351,292 bilhões em abril, com uma variação de 1% em relação ao mês anterior e acumulado de 5,4% no ano.  O cheque especial teve saldo de R$ 25,534 bilhões para pessoas físicas, com variação no mês de 4,3% em relação a março e de 16,2% no acumulado do ano, o que é uma notícia ruim, segundo Rocha.

Oreiro considera essa modalidade de crédito a pior para o consumidor: “É a que possui as taxas mais altas, mais de 10% ao mês. As pessoas entram no cheque especial pela facilidade, mas uma vez que você entra, vira uma bola de neve. A pessoa se endivida cada vez mais”. Na opinião dele, isso mostra a gravidade do quadro econômico recessivo e demonstra que as pessoas estão sem renda.

O saldo total de operações de crédito do sistema financeiro nacional (SFN) alcançou R$ 3,3 trilhões no mês passado, mantendo-se estável em relação ao mês anterior. As operações com pessoas físicas cresceram 0,8% enquanto houve redução de 1,1% na carteira de pessoas jurídicas. No acumulado dos últimos 12 meses, a alta foi de 5,4% no saldo total, de 9,5% no crédito às famílias e de 0,6% nas operações com empresas.

De acordo com o BC, o total de operações de crédito em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) passou de 47,3% pra 47,0% na passagem de março para abril. As projeções, atualizadas no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de março, indicam expansão de 7,2% para o crédito total em 2019.

Temor de volta da recessão (Correio Braziliense, 28/05/2019)

28 terça-feira maio 2019

Posted by jlcoreiro in "nova ordem", Crise Econômica no Brasil, Debate macroeconômico, Herr Bolsonaro, José Luis Oreiro, Oreiro, Paulo Guedes

≈ Deixe um comentário

Tags

A crise da economia brasileira, Debate Macroeconômico, José Luis Oreiro, Nova recessão a vista?, Os erros de Paulo Guedes

Veículo: CORREIO BRAZILIENSE – DF
Editoria: ECONOMIA

Autor(a): » AUGUSTO FERNANDES
Tipo: Matéria
Veiculação: 28/05/2019
Página: A07
Assunto: UnB, PROFESSORES
Expectativa é que PIB do primeiro trimestre seja negativo. Além disso, possível revisão do crescimento da atividade nos últimos três meses de 2018 pode indicar dois períodos seguidos de queda. Analistas reduzem pela 16ª vez projeção de alta para o ano
Na semana em que o país conhecerá o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre do ano, o relatório Focus, do Banco Central (BC), que reúne as expectativas de analistas de mercado, voltou a reduzir a estimativa de crescimento do índice. É a 16ª vez, desde o início de 2019, que as expectativas para a economia caem, sendo que é 13ª semana de queda consecutiva. A projeção de alta de 1,23% – 0,01 ponto percentual menor do que a anterior – indica que a expectativa é que o PIB, que será divulgado na quinta-feira, venha negativo.”Não dá para descartar totalmente. O fato de a economia estar estagnada, ou quase, mostra que, com qualquer deslize, o país cairá em uma recessão. O quadro econômico é muito frágil, e o governo tem de tomar cuidado, pois a margem para erro é mínima. Se tivermos qualquer susto, qualquer choque na economia, a capacidade de reação será muito baixa”, destaca a economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif.

Em janeiro, as análises do BC para a atividade econômica do ano indicavam que o crescimento poderia ser de 2,57%. Quatro meses depois, a redução de mais de um ponto percentual, segundo a economista, é indício de que pouco foi feito para recuperar a saúde financeira do país e reforça as desconfianças em relação ao governo federal. “Além de acelerar essa reforma, o governo tem de definir qual será sua agenda, passada a Previdência. Até o momento, não há uma agenda clara do Executivo além da reforma previdenciária. A população não conseguiu enxergar qual é o plano do governo para a economia. Isso traz apreensão”, analisa Latif.

Para o país entrar em recessão, é necessário que o PIB registre dois trimestres consecutivos em queda. Para o professor da Universidade de Brasília (UnB) e economista José Luís Oreiro, a publicação desta semana do IBGE será o termômetro que vai indicar o futuro da economia nacional. “A mediana das projeções de mercado para o PIB do primeiro trimestre é de uma queda de 0,2%. Se vier algo maior do que isso, estaremos em uma situação pior, e aí dependeremos do comportamento do segundo trimestre. O problema é que os meses de abril e maio já passaram por turbulências. Temos de torcer por um resultado moderado do PIB do primeiro trimestre, como uma queda entre 0,2% e 0,4%”, comenta.

De qualquer forma, Oreiro alerta que a probabilidade de o país entrar em recessão técnica gira em torno de 70%, até porque o IBGE pode revisar o comportamento do PIB no último trimestre de 2018, quando a economia cresceu 1,1%. “A minha esperança é de que o índice de quinta-feira não seja tão expressivo a ponto de tornar o resultado do fim de 2018 negativo, mas isso pode acontecer. Caso se confirme, será uma catástrofe econômica e social que mostra o quão equivocada está a política macroeconômica brasileira, que vai outra vez mergulhar fundo em uma recessão, pouco depois de ter saído da pior crise dos últimos 30 anos”, frisa o professor.

Para a economista-chefe da ARX Investimentos, Solange Srour, o quadro recessivo só vai agravar a situação atual. “Provavelmente o desemprego médio de 2019 será maior do que o de 2018. Em algum momento, isso vai se materializar em insatisfação social generalizada e os protestos contra o governo Bolsonaro tendem a crescer em escala e difusão no país, até chegar ao momento em que governo se tornará insustentável”, afirmou.

 

O que faz um professor universitário?

05 domingo maio 2019

Posted by jlcoreiro in "nova ordem", Bolivarianismo de direita, Herr Bolsonaro, perseguição as universidades federais

≈ Deixe um comentário

Tags

"nova ordem", Bolivarianismo de direita, perseguição as universidade federais

 

O que faz um professor universitário? Em primeiro lugar, todo professor de IFES é obrigado por lei a dar, no mínimo, 8 horas de aula por semana, sendo obrigatoriamente 4 horas na graduação (Lei Bresser). Em segundo lugar, o professor precisa orientar monografias de conclusão de curso de graduação, dissertações de mestrado e teses de doutorado. Estas duas ultimas caso deseje o “privilégio” de dar aula na pós-graduação, sem nenhum adicional de rendimento. O professor também precisa participar das reuniões de colegiado da graduação e da pós-graduação. Precisa emitir pareceres sobre artigos enviados para revistas científicas, precisa participar de encontros/congressos científicos no Brasil e no exterior. Frequentemente, o professor ou professora é demandado(a) pela imprensa para esclarecer alguma questão relevante para o grande público, é convidado para participar de audiências públicas na câmara dos deputados ou no senado para debater projetos de interesse do país. As atividades de pesquisa e extensão não precisam ser desempenhadas no espaço físico da Universidade, pois a tecnologia disponível hoje em dia permite que 80% das atividades de um professor universitário possam ser feitas em qualquer lugar, inclusive sua casa. A imensa maioria dos professores universitários tem jornadas de trabalho superiores a 40 hs por semana, pois desempenham boa parte de suas atividades em casa, no regime de home office, que aliás está previsto na nova reforma trabalhista. Tirando alguns casos isolados, não somos vagabundos e trabalhamos diariamente pela Grandeza do Brasil.

Ao contrário do que muitos acreditam a progressão funcional dos professores universitários não é automática. No caso da UnB, os professores precisam comprovar pontuação mínima em docência, orientação, produção científica, orientação e atividades administrativas. Todo processo de progressão funcional passa por várias instâncias dentro da Universidade, onde os dados são checados e rechecados. Só então, cumpridas essas etapas burocráticas, a progressão funcional é concedida. Trata-se do sistema mais meritocrático existente no serviço público brasileiro. O espaço para favoritismo ou perseguição política é muito pequeno.

Por fim um comentário sobre fake News. Eu nunca vi nenhum aluno ou aluna pelado ou pelada no campus da UnB. Também não vi ninguém fumando maconha. É claro que essas coisas ocorrem. Não sou ingênuo. Como também ocorriam no IBMEC-RJ quando eu era professor de lá (1996-2001). Mas não se trata desse comportamento generalizado que os neo-fariseus fascistas querem fazer crer ao resto da população.

← Posts mais Antigos

Posts

maio 2022
S T Q Q S S D
 1
2345678
9101112131415
16171819202122
23242526272829
3031  
« abr    

Arquivos do Blog

Blogs que sigo

  • Paulo Gala / Economia & Finanças
  • Reação Nacional
  • amandagrdeassis
  • PROFESSOR WILIAM RANGEL
  • O Barômetro - A Economia sob Pressão
  • O Meio e o Si
  • Sidewalk Essays
  • José Luis Oreiro
  • WordPress.com

Minha página no Facebook

Minha página no Facebook

Estatísticas do Site

  • 924.093 hits

Blogroll

  • Associação Nacional dos Centros de Pós-Graduação em Economia – ANPEC
  • Association for Heterodox Economics
  • Blog do Desemprego Zero
  • Blog do Grupo de Pesquisa "Macroeconomia Estruturalista do Desenvolvimento"
  • Blog do Thomas Palley
  • CEPAL
  • Departamento de Economia da UMKC
  • Fundação konrad Adenauer
  • Globalidades
  • Grupo de Estudos de Dinâmica Econômica Evolucionária
  • Grupo de Estudos de Economia e Complexidade
  • Grupo de Estudos de Moeda e Sistema Financeiro
  • Instituto de Economia da Universidade de Campinas
  • Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro
  • Instituto para Estudos do Desenvolvimento Industrial (IEDI
  • Nobel Laureates in Economics
  • Página da Metroeconomica
  • Página da Revista de Economia Contemporânea
  • Página da Revista de Economia Política
  • Página da Revista Economia e Sociedade (Unicamp)
  • Página da Revista Nova Economia
  • Página da Sociedade Brasileira de Economia Política
  • Página de Anthony Thirwall
  • Página de Jan Kregel
  • Página de Joseph Stiglitz – Prêmio Nobel de Economia
  • Página de Lance Taylor
  • Página de Luigi Pasinetti
  • Página de Paul Davidson
  • Página do Boletim Economia & Tecnologia – UFPR
  • Página do Cambridge Journal of Economics
  • Página do departamento de economia da Universidade de Brasília
  • Página do Journal of Post Keynesian Economics
  • Página do Levy Economics Institute
  • Página do Mark Setterfield
  • Página pessoal de Amit Bhaduri
  • Página pessoal de Amitava Dutt
  • Página pessoal de Fernando Ferrari Filho
  • Página pessoal de Gilberto Tadeu Lima
  • Página pessoal de José Luis Oreiro
  • Página pessoal de Luiz Carlos Bresser-Pereira
  • Pós-Graduação em Economia da Universidade Federal de Viçosa
  • Portal Rumos do Brasil
  • Post Keynesian Economics Study Group
  • Reação Nacional
  • Real-World Economics Review Blog
  • Top Brazilian Economists – REPEC
  • Valor Econômico
  • WordPress.com

Tags mais usados

"nova ordem" A crise da economia brasileira A Grande Crise Brasileira Ajuste fiscal Ajuste Fiscal no Brasil Ajuste fiscal possível Associação Keynesiana Brasileira Bresser-Pereira Ciro Gomes COFECON Consolidação fiscal controles de capitais Copom Corecon-DF Crise do Coronavírus Crise do Euro Crise do Governo Dilma Rouseff Crise Econômica no Brasil Crítica ao governo Dilma Rouseff crítica ao governo Temer Crítica ao social-desenvolvimentismo Câmbio sobre-valorizado Debate Macroeconômico Desenvolvimentismo inconsistente Desindusitralização desindustrialização economia brasileira Economia Pós-Keynesiana eficácia da política monetária Eleições 2018 Erros de Paulo Guedes Erros do Banco Central do Brasil Espanha Estagnação secular no Brasil Estratégia Neo-atrasista Estratégias de Desenvolvimento Fiscalismo suicida Governo Dilma Rouseff Governo Michel Temer Governo Temer Herr Bolsonaro inflação Joaquim Levy john maynard keynes José Luis Oreiro José Lus Oreiro José Serra Lançamento do livro "Macroeconomia do Desenvolvimento" Macroeconomia do desenvolvimento Macroeconomia Estruturalista do Desenvolvimento Metas de Inflação Nova recessão a vista? novo-desenvolvimentismo Oreiro Os erros de Paulo Guedes Paulo Guedes PEC 241 Política macroeconômica do governo Dilma Rouseff política monetária Política Monetária no Brasil Populismo latino-americano Problema dos juros no Brasil proposta para os pré-candidatos a Presidencia da República Reforma da Previdência Reforma de Previdência Regra de Ouro Relação entre poupança e investimento Samuel Pessoa Semi-estagnação da economia brasileira Seminários Acadêmicos de Economia Senado Federal Sobre-valorização cambial taxa de câmbio Taxa de juros Taxa real de câmbio

Blog no WordPress.com.

Paulo Gala / Economia & Finanças

Graduado em Economia pela FEA-USP. Mestre e Doutor em Economia pela Fundação Getúlio Vargas em São Paulo. Foi pesquisador visitante nas Universidades de Cambridge UK e Columbia NY. Foi economista chefe, gestor de fundos e CEO em instituições do mercado financeiro em São Paulo. É professor de economia na FGV-SP desde 2002. Brasil, uma economia que não aprende é seu último livro.

Reação Nacional

Uma alternativa Trabalhista Cristã

amandagrdeassis

PROFESSOR WILIAM RANGEL

"A família é base da sociedade e o lugar onde as pessoas aprendem pela primeira vez os valores que lhes guiam durante toda sua vida". (Beato João Paulo II)

O Barômetro - A Economia sob Pressão

Espaço de reflexão crítica sobre economia e política

O Meio e o Si

Seu blog de variedades, do trivial ao existencial.

Sidewalk Essays

brand new stuff, fresh ideas

José Luis Oreiro

Economia, Opinião e Atualidades

WordPress.com

WordPress.com is the best place for your personal blog or business site.

Privacidade e cookies: Esse site utiliza cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com seu uso.
Para saber mais, inclusive sobre como controlar os cookies, consulte aqui: Política de cookies
  • Seguir Seguindo
    • José Luis Oreiro
    • Junte-se a 2.860 outros seguidores
    • Já tem uma conta do WordPress.com? Faça login agora.
    • José Luis Oreiro
    • Personalizar
    • Seguir Seguindo
    • Registre-se
    • Fazer login
    • Denunciar este conteúdo
    • Visualizar site no Leitor
    • Gerenciar assinaturas
    • Esconder esta barra
 

Carregando comentários...