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José Luis Oreiro

~ Economia, Opinião e Atualidades

José Luis Oreiro

Arquivos da Tag: Estagnação secular no Brasil

PIB de 2021 animou governo, mas analistas estão pessimistas este ano (Portal UOL, 15/03/2022)

15 terça-feira mar 2022

Posted by jlcoreiro in Debate macroeconômico, José Luis Oreiro

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Debate Macroeconômico, Estagnação secular no Brasil, Oreiro

Mesmo após o crescimento de 4,6% no ano passado, economistas mantêm uma postura cautelosa em relação ao PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil em 2022. Enquanto o Ministério da Economia demonstra otimismo com a retomada pós-pandemia, analistas de fora do governo falam em estagnação (PIB próximo de zero) ou mesmo recessão (resultado negativo) neste ano. Por trás disso estão as preocupações com os efeitos da guerra entre Rússia e Ucrânia sobre a economia global e, especificamente, brasileira. Inflação acelerada, juros mais altos, combustíveis caros —estes são alguns dos fatores que podem impactar de forma negativa o PIB.

Professor da UnB (Universidade de Brasília), o economista José Luis Oreiro afirma que já estava pessimista com a economia brasileira em 2022 antes mesmo da guerra no leste europeu. “

Agora, as coisas ficaram piores com a guerra. Há um sentimento de incerteza, e a incerteza leva à postergação dos gastos com investimentos. Além disso, teremos um aumento considerável dos preços dos alimentos e da energia, em especial do petróleo”. (José Luis Oreiro, economista).

Impulso para 2022 Na sexta-feira (4), o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) informou que o PIB brasileiro cresceu 4,6% em 2021. O resultado foi comemorado pelo governo, que viu nele um sinal de recuperação após a queda de 3,9% em 2020, no auge da pandemia. Mais do que isso, o governo calcula que o desempenho já traz um “carregamento” positivo de 0,3% para o PIB em 2022. Este “carregamento” é uma espécie de impulso para a economia no ano seguinte.

Oreiro afirma, porém, que o crescimento de 4,6% em 2021 veio dentro das expectativas. “Além disso, boa parte deste PIB se deve ao carregamento estatístico de 2020. A economia cedeu em 2020, e isso deixava um carregamento estatístico de 3% para 2021.” Em outras palavras, como o tombo foi grande em 2020, era de se esperar uma recuperação forte em 2021.

A visão no mercado financeiro é de que esta recuperação forte não vai continuar. Os dados abaixo mostram os resultados do PIB nos últimos anos (medidos pelo IBGE) e as projeções do mercado financeiro para os anos de 2022 e 2023 (conforme o boletim Focus do Banco Central):

PIB do Brasil

2014: +0,5%

2015: -3,5%

2016: -3,3%

2017: +1,3%

2018: +1,8%

2019: +1,2%

2020: -3,9%

2021: +4,6%

2022: +0,42% (projeção)

2023: +1,5% (projeção)

Apesar das projeções mais recentes, Oreiro afirma que o PIB brasileiro ainda tende a encerrar 2022 no território negativo, com baixa de 0,2% ou 0,3%.

Oficialmente, o Banco Central projeta crescimento de 1% em 2022, enquanto o Ministério da Economia espera por 2,1%. Estes cálculos, no entanto, são anteriores à divulgação do PIB de 2021 e à guerra na Ucrânia. Os porcentuais serão atualizados nas próximas semanas.

Link: https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2022/03/15/economia-estagnada-apos-pib-economistas-ainda-veem-retomada-dificil.htm

Resultado do PIB não alivia desânimo sobre a economia em 2022 (Portal Vermelho, 04/03/2022)

05 sábado mar 2022

Posted by jlcoreiro in Conjuntura da economia brasileira, Consequências Econômicas da Guerra na Ucrânia, Crise Econômica no Brasil, Debate macroeconômico, Erros de Paulo Guedes, Estagflação Bozo-Guedes, José Luis Oreiro

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Debate Macroeconômico, Desastre econômico do governo Bolsonaro, Estagnação secular no Brasil, José Luis Oreiro

De acordo com o professor José Luís Oreiro, Produto Interno Bruto continua sem tração.

Foto: José Luis Oreiro

por Mariana Mainenti

Publicado 04/03/2022 20:48

Embora em 2021 o Produto Interno Bruto (PIB) – que é a soma do valor de todos os bens e serviços produzidos – tenha apresentado alta acima do que esperavam os analistas de mercado, a expansão não foi suficiente para trazer ânimo com relação à economia do país em 2022. “O crescimento se concentrou mais no 1º trimestre de 2021 e todos os dados mostram que ele foi desacelerando ao longo do ano. E os dados que já foram divulgados do PIB do primeiro trimestre de 2022 mostram que a economia brasileira continua sem tração”, afirmou o professor de Economia da UnB José Luís Oreiro ao Portal Vermelho.   

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a economia brasileira cresceu 4,6% em 2021, representando uma recuperação com relação a 2020, quando sofreu retração de 3,9%. No quarto trimestre do ano passado, houve expansão de 0,5%, após o PIB ter encolhido 0,3% e 0,1% nos trimestres anteriores.

Contudo, Oreiro ressalta que a análise histórica da economia brasileira evidencia que ela estacionou na crise, conforme gráfico que demonstra o comportamento do PIB brasileiro desde 2005 (cujo primeiro trimestre é considerado base 100) e no qual a linha vermelha mostra a evolução do indicador.

“O que observamos? Que mesmo depois do crescimento de 4,6% do PIB no ano de 2021, ele continua abaixo do nível de 2013. Isso significa que a economia brasileira está há 9 anos estagnada”, explica o professor.

Segundo ele, a linha azul projeta qual teria sido o comportamento da economia brasileira se ela crescesse a 1/3 da tendência da economia no período 2005/2013: o PIB seria cerca de 10% maior do que ele é hoje.

“E se tivéssemos seguido a tendência de 2005 até 2013, o PIB seria 30% maior do que é hoje. Isso mostra a crise em que a economia brasileira está mergulhada desde 2013. Então não tem nada demais neste cenário do PIB de 2022”, conclui.

Equipe econômica estima crescimento do PIB acima de 2% em 2022 (Correio Braziliense, 23/09/2021)

23 quinta-feira set 2021

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Crise hidro-energética, Debate Macroeconômico, Estagnação secular no Brasil, José Luis Oreiro

Estudo do Ministério da Economia prevê crescimento econômico bem maior que a média de 1,6 ponto percentual projetada pelo mercado financeiro

Fernanda Fernandes

A Secretária de Política Econômica (SPE), do Ministério da Economia, divulgou, nesta quarta-feira (22/09), estudo com diversas projeções de cenários e argumentos que apontam que o Produto Interno Bruto (PIB) deverá crescer acima de 2% no próximo ano. “Riscos existem, notadamente o risco hidrológico e a pandemia, mas na ausência de piora destes fatores e continuando com o processo de consolidação fiscal e reformas pró-mercado os indicadores atuais nos levam a concluir, com o conjunto de informações atualmente disponíveis, por um crescimento do PIB acima de 2% em 2022”, diz trecho da conclusão da nota informativa publicada pela Secretaria.

Na análise da pasta econômica, é preciso avaliar qual o carregamento estatístico que o PIB projetado deste ano levará para 2022. Segundo a SPE, caso a projeção de crescimento do PIB este ano se confirme, com aumento de 5,3%, proporcionará um “carrego” aproximado de 1,2% para 2022. “Considerando um crescimento trimestral médio de 0,5%, o PIB aumentará em 2,4%”, diz a nota.

A expectativa é bem otimista se comparada à do mercado financeiro, apontada no último relatório Focus. Na análise das instituições financeiras, a carga estatística para o próximo ano é próxima a 0,7%. A mediana do PIB para 2022 apontada no boletim é de 1,63%, embora várias instituições tenham mantido suas projeções em 1% ou até menos.

O estudo da Economia rebate as estimativas do mercado. Segundo a nota informativa, as projeções do mercado seriam pessimistas, uma vez que os agentes financeiros esperam uma queda significativa do PIB em algum trimestre ou uma nova recessão no próximo ano. “Fatos esses difíceis de justificar com base no cenário fiscal atual e na ausência de uma crise hídrica ou de uma piora na pandemia”, aponta o documento da SPE.

José Luís da Costa Oreiro, professor de Economia da Universidade de Brasília (UnB), afirma que a previsão do Ministério da Economia não é impossível, mas é muito pouco provável. “Impossível não é, mas nós temos a primeira aceleração na inflação corroendo a renda dos trabalhadores, junto com alto nível de desemprego, o que vai limitar muito o aumento do consumo, que representa de 60 a 65% do PIB”, explica.

Segundo Oreiro, a crise energética deverá derrubar ainda mais as expectativas econômicas para o ano que vem. “A crise energética vem com força em novembro deste ano, e a depender do nosso cenário hidroenergético, é perfeitamente possível que não só não tenhamos crescimento, como entramos em recessão”, alerta o professor.

Foto: José Luis Oreiro

O economista Piter Carvalho, da Valor Investimentos, explica que, com o levantamento, o governo tenta cumprir o papel de trazer algum otimismo no atual cenário, mas muitos fatores têm levado o mercado financeiro a temer, inclusive, uma estagflação. “Muitos analistas têm falado em estagflação, o que é superfactível com inflação alta, crise hídrica em curso, commodities cotadas em dólar. E ainda temos um cenário conturbado de eleições no ano que vem”, aponta Carvalho.

LIVE: PÓS-COVID 19: O RETORNO À ESTAGNAÇÃO SECULAR NO BRASIL? (Corecon-DF, 19/08/2019)

20 quinta-feira ago 2020

Posted by jlcoreiro in Crise do Coronavírus, Estagnação da economia brasileira, José Luis Oreiro

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Crise do Coronavírus, Estagnação secular no Brasil, José Luis Oreiro

LIVE: PÓS-COVID 19: O RETORNO A ESTAGNAÇÃO SECULAR NO BRASIL?

Data: 19/08/2020

Palestrantes:

José Luis Oreiro (UnB)

Manoel Pires (UnB/FGV)

Debatedor: Carlos Eduardo de Freitas

Mediador: Eloy Corazza.

Link: https://www.youtube.com/watch?v=9tjBxGmIC9s&t=583s

 

Selic não deve cair muito mais, mas pode ficar perto de 2% por muito tempo (CNN Brasil, 06/08/2020)

06 quinta-feira ago 2020

Posted by jlcoreiro in Crise do Coronavírus, Debate macroeconômico, Estagnação secular no Brasil, José Luis Oreiro, política monetária

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Crise do Coronavírus, Debate Macroeconômico, Estagnação secular no Brasil, José Luis Oreiro, Política Monetária no Brasil

Juliana Elias, do CNN Brasil Business, em São Paulo
05 de agosto de 2020 às 21:45 | Atualizado 05 de agosto de 2020 às 22:10

Sem surpresas, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) cortou mais uma vez a taxa Selic na reunião desta quarta-feira (5) e reduziu os juros básicos do país dos 2,25% para 2% ao ano.

O corte, que renova a mínima histórica dos juros brasileiros, era esperado pela grande parte do mercado. A questão, agora, é saber em quanto mais o BC está disposto a baixar a taxa e, principalmente, quando a economia e o emprego estarão fortes o suficiente para que ela possa voltar a subir algum dia.

Para alguns analistas, os recados deixados pelo comitê do BC em seu comunicado sobre a decisão indicam que novos cortes na Selic, se houver, serão pequenos, e que ela não deve voltar para cima dos 2% tão cedo.

“Entendemos que os juros devem ficar nesta faixa pelos próximos 12 a 18 meses, a não ser que as expectativas de inflação voltem a subir”, disse o economista-chefe da gestora Mauá Capital, Alexandre Ázara.

“Não achamos que essas expectativas vão subir, e por isso o mais provável é que o BC só volte a aumentar a Selic no meio do segundo semestre do ano que vem.”

A projeção da Mauá é que o BC volte ainda a fazer um pequeno corte de 0,25 ponto neste ano, encerrando 2020 com a Selic a 1,75%. A principal razão para isso é a inflação, que, puxada pela enorme paralisia que a pandemia levou ao consumo, deve encerrar o ano também muito baixa, por volta de 1,6%, a menor em mais de duas décadas.

No ano que vem, conforme o consumo se recompõe, mesmo que lentamente, e os preços voltem a subir um pouco mais, os juros podem voltar para a casa dos 3,25%, na projeção inicial da Mauá. É, ainda sim, um patamar bastante baixo para os padrões históricos do Brasil.

Em seu comunicado, o Copom apontou que o espaço para novos cortes da Selic, “se houver, deve ser pequeno”. O texto indicou também que o grupo não deve voltar a subir os juros “a menos que as expectativas da inflação (…) estejam suficientemente próximas da meta”.

É justamente isto que Ázara e outros economistas acham difícil de acontecer, dado que a inflação atual está completamente distante do objetivo. A meta é um alvo anual para a inflação estipulado pelo governo para guiar as políticas de estímulo e evitar que os preços saiam de controle.

Para 2021, esta meta é de uma inflação a 3,75%, enquanto tanto as projeções de analistas quanto a do próprio Copom é de que ela fique em 3% no ano que vem. O que o Copom está dizendo é que só vai voltar a subir juros se analistas e investidores voltarem a achar que a inflação pode chegar mais perto dos 3,75%,

Neste ano, já é dado como certo que a variação dos preços ficará abaixo dos 2% e nem mesmo o piso a ser perseguido será cumprido – para 2020, a meta para a inflação é de 4%, com uma banda de tolerância entre 2,5% e 5,5%.

“Os juros devem continuar baixos por um longo, longo tempo”, disse o economista José Luis Oreiro, professor da Universidade e Brasília (UnB).

Mais pessimista que boa parte do mercado, Oreiro não acredita que o Brasil tem fôlego para voltar a crescer mesmo no ano que vem, se não continuar contando com injeções de ajuda como a do auxílio emergencial de R$ 600, que deverá ser encerrado ou reduzido até lá.

A projeção de Oreiro é que o PIB cresça apenas 1% em 2021, mesmo ritmo lento com que a economia já vinha crescendo nos últimos três anos. Entre as alas mais otimistas das bancadas financeiras, há projeções de crescimento de 2% ou mesmo 3% em 2021.

“Se o Brasil voltar a crescer a um ritmo de 1% ao ano no ano que vem, ele só irá recuperar o nível de renda que tinha em 2014 em 2033”, disse “É por isso que os juros poderão ser baixos por muito tempo. Talvez pudessem voltar para perto dos 3% daqui a cinco anos.”

Por que o Crescimento da Economia Brasileira não decola? (Revista Política Democrática, Fevereiro de 2020)

06 sexta-feira mar 2020

Posted by jlcoreiro in Fracasso da agenda Temer-Bolsonaro, José Luis Oreiro, Neo-Atrasismo bolsonarista, o pibinho de paulo guedes

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Estagnação secular no Brasil, José Luis Oreiro, o pibinho de paulo guedes

José Luis Oreiro*

Entre 1980 e 2014 a economia brasileira cresceu a um ritmo médio de 2,81% a.a, segundo dados do IPEADATA. A grande recessão, iniciada no segundo semestre de 2014, produziu uma queda acumulada de 8,3% do PIB até o último trimestre de 2016. Formalmente a economia brasileira sai da recessão no início de 2017, ano que apresentou um crescimento do PIB de 1,32%, valor 53% inferior a tendência de longo-prazo para o período 1980-2014. Em 2018 o crescimento foi de 1,31%, repetindo assim o desempenho de 2017, e ficando novamente abaixo da tendência de longo-prazo.

Os dados divulgados pelo IBGE em dezembro sobre o comportamento do PIB no terceiro trimestre do ano passado deram ensejo a um aumento (temporário) do otimismo entre os analistas econômicos não apenas sobre a performance da economia em 2019; como ainda alimentaram uma narrativa de que, em 2020, o crescimento da economia brasileira iria finalmente decolar, podendo se situar acima de 2,5%. Em artigo que publiquei no dia 03/12/2019 no jornal O Estado de São Paulo, chamei atenção para o fato de que o crescimento observado no terceiro trimestre do ano – de 0,6% na comparação com o período imediatamente anterior – havia sido puxado, pelo lado da oferta, pela agropecuária e pela indústria extrativa; e, pelo lado da demanda, as exportações haviam apresentado uma queda expressiva de 2,8% enquanto as importações apresentaram crescimento de 2,9%, sinalizando uma clara tendência de piora das contas externas brasileiras no médio-prazo. Argumentei que a estagnação da produção da indústria de transformação, fonte dos retornos crescentes de escala, absolutamente indispensáveis para a sustentabilidade do crescimento econômico no longo-prazo; combinada com a deterioração do saldo comercial e, consequentemente, com o aumento do déficit em conta corrente do balanço de pagamentos, atualmente em torno de 3% do PIB, sinalizando um retorno do general restrição externa; tornaria insustentável qualquer aceleração mais forte do crescimento da economia brasileira no médio-prazo.

Os dados divulgados na primeira semana de fevereiro deste ano jogaram um balde de água fria nas expectativas de uma aceleração mais robusta do crescimento em 2020. Com efeito, o IBGE divulgou que a produção da indústria brasileira recuou 1,1% em 2019 na comparação com 2018, interrompendo assim o movimento de tímida recuperação da produção industrial ocorrido em 2017 e 2018. Dados divulgados pelo IPEA mostram que a formação bruta de capital fixo recuou 2,7% no quarto trimestre na comparação com o período imediatamente anterior. Face aos dados recentemente divulgados, os analistas do mercado financeiro já começaram a reduzir suas previsões de crescimento para 2020, as quais já se encontram bem abaixo de 2,5%, com algumas até mesmo abaixo de 2%. A esse quadro nada animador, deve-se somar a incerteza sobre os efeitos da epidemia de coronavírus sobre o crescimento da China (algumas análises projetam uma redução do crescimento da China para 4% em 2020, uma redução de 33% no ritmo de crescimento na comparação com 2019).

Nesse contexto é possível que a economia brasileira apresente um crescimento inferior a 1,5% em 2020, completando assim quatro anos de crescimento medíocre após o fim da grande recessão. Dessa forma, não há como escapar da conclusão de que a grande recessão de 2014 a 2016 produziu uma redução da tendência de crescimento da economia brasileira. A questão relevante é saber qual o motivo.

Na minha visão a redução do potencial de crescimento de longo-prazo é um fenômeno que vem ocorrendo desde meados da década passada, em função da desindustrialização crescente da economia brasileira; fenômeno esse que foi tardiamente percebido pelas administrações petistas e enfrentado de forma tíbia e inconsistente no primeiro mandato da Presidente Dilma Rouseff. A crise de 2014-2016 piorou esse quadro pois (i) fez com que as empresas brasileiras suspendessem seus planos de ampliação e modernização da capacidade produtiva, o que aumentou a defasagem tecnológica da indústria brasileira; (ii) propiciou a adoção de uma agenda de consolidação fiscal baseada na contração do investimento público e das operações de crédito do BNDES, amplificando assim os efeitos da queda do investimento privado em 2014 sobre a demanda agregada; com efeitos negativos também no lado da oferta da economia em função dos efeitos de transbordamento positivos do investimento público sobre a rentabilidade das empresas do setor privado.

* Professor Associado do Departamento de Economia da Universidade de Brasília, Pesquisador Nível IB do CNPq e Pesquisador Associado do Centro de Estudos do Novo-Desenvolvimentismo da FGV-SP. E-mail: joreiro@unb.br.

Link: http://www.fundacaoastrojildo.com.br/2015/2020/02/18/revista-politica-democratica-jose-luis-oreiro-por-que-o-crescimento-da-economia-brasileira-nao-decola/

Banco Central corta a selic em 0,25 p.p : Certo ou Errado ?

06 quinta-feira fev 2020

Posted by jlcoreiro in Crise Econômica no Brasil, Debate macroeconômico, Desenvolvimento econômico, José Luis Oreiro

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A crise da economia brasileira, Estagnação secular no Brasil, José Luis Oreiro, Zero lower bound

Hoje o Copom anunciou a redução da taxa básica de juros em 0,25 p.p, levando a Selic para o seu mínimo histórico de 4,25% a.a. Alguns economistas liberais já se apressaram em criticar a medida, afirmando que esse nível de taxa de juros (sic) DESESTIMULA o investimento em capital fixo! Aparentemente eles parecem ter em mente uma curva de demanda de investimento positivamente inclinada, indicando assim que quanto maior a taxa de juros maior será o investimento planejado pelas empresas.

Nada mais oposto ao que ensina a boa teoria econômica. No capítulo 11 da Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda (1936), John Maynard Keynes argumenta que a rentabilidade esperada dos projetos de investimento é decrescente por duas razões. Em primeiro lugar, a elevação do investimento diminui a escassez do capital relativamente ao tamanho do mercado, reduzindo assim o fluxo de quase-rendas esperadas decorrentes do acréscimo do estoque de capital. Em segundo lugar, devido aos rendimentos marginais decrescentes no setor produtor de bens de capital, a elevação do investimento gera um aumento do preço de oferta do equipamento de capital, o que diminui a assim chamada eficiência marginal do capital, definida como a taxa de desconto que equaliza o fluxo esperado de quase-rendas com o preço de oferta de bens de capital. Em função desses dois mecanismos, a demanda de investimentos é NEGATIVAMENTE relacionada com a taxa de juros, de forma que uma redução desta ultima deverá, ceteris paribus, aumentar o investimento planejado pelos empresários

Os dados divulgados hoje (05 de fevereiro) sobre a produção industrial de 2019 mostram uma economia que continua crescendo abaixo de sua tendência de longo-prazo. Como o hiato do produto ainda se encontra em torno de 5%, a decisão do Banco Central foi acertada: o cenário macroeconômico impõe a necessidade de ampliar a flexibilização da política monetária de forma a estimular a demanda agregada.

A questão que devemos nos fazer não é se a redução da taxa básica de juros foi correta (certamente foi); mas sim se será suficiente para fazer com que o crescimento da economia brasileira finalmente se acelere em 2020, após três anos de crescimento medíocre.

Na minha avaliação a resposta é não. A redução brutal do investimento público decorrente da implantação do Teto de Gastos em 2016 tem atuado no sentido contrário ao estímulo monetário de forma que o efeito líquido sobre a demanda agregada é muito pequeno, embora positivo.

Estou particularmente preocupado com o fato de que a taxa nominal de juros no Brasil está se aproximando perigosamente do zero lower bound sem produzir os efeitos esperados de aceleração consistente do crescimento de longo-prazo. De fato, entre 2017 e 2019 a economia apresentou um crescimento médio de 1,2% a.a, valor muito inferior ao crescimento de 2,81% a.a observado no período 1980-2014. As estimativas para o crescimento do PIB de 2020 já apontam para um valor inferior a 2%. Será que a economia brasileira está enfrentando uma situação de estagnação secular como parece ser o caso dos países da União Europeia e o Japão?

No caso dos países desenvolvidos, a estagnação secular parece decorrer de um aumento da taxa doméstica de poupança, resultado combinado das políticas de austeridade fiscal adotadas a partir de 2012 e da desalavancagem do setor privado. O Brasil parece estar seguindo o mesmo caminho em função da mudança do regime de política macroeconômica ocorrido a partir de 2015 durante a gestão Dilma Rouseff –  e continuada durante os governos Temer e Bolsonaro – quando a política macroeconômica passou a ser regida unicamente pelo objetivo de “equilibrar as finanças públicas”, abandonando-se qualquer meta de estabilização do nível de produção.

Nesse contexto, o único instrumento de política econômica que sobrou para estimular a atividade econômica é a política monetária. O ministro da economia Paulo Guedes, que é quem de fato tem o controle da política monetária, tem ciência disso e aposta todas as suas fichas de que a flexibilização da política monetária será capaz de dar um estímulo adequado a atividade econômica. Guedes aposta que a taxa nominal de juros capaz de realizar esse estímulo é maior do que zero. O problema é que a taxa nominal de juros foi reduzida para inéditos 4,25% a.a sem que um movimento mais consistente de aceleração do crescimento tenha sido observado.  Os dados sobre o comportamento da produção industrial em dezembro de 2019 não corroboram o seu otimismo. Ao que tudo indica o primeiro trimestre de 2020 trará números decepcionantes sobre a performance macroeconômica. É possível que, tal como no caso dos países europeus, a taxa nominal de juros precise cair a valores nominais negativos. Isso nunca ocorreu na história brasileira. Tenho dúvidas sobre a capacidade da institucionalidade do regime monetário brasileiro ser capaz de lidar com essa situação. O fato é que estamos nos aproximando perigosamente do zero lower bound da política monetária, sem saber exatamente o que fazer caso o impensável ocorra.

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Produção da indústria recua 1,1% em 2019 (Correio Braziliense, 05/02/2019)

05 quarta-feira fev 2020

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desindustrialização, Estagnação secular no Brasil, José Luis Oreiro

A produção industrial no Brasil diminuiu 1,1% em 2019, em relação a 2018, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A queda interrompeu dois anos de expansão. Em 2017 e 2018, o setor industrial cresceu 2,5% e 1%, respectivamente. No ano passado, 16 das 24 atividades pesquisadas pelo IBGE mostraram retração.

Segundo o gerente da pesquisa, André Macedo, “tiveram grande peso no resultado negativo os efeitos na indústria extrativa mineral, em decorrência do rompimento da barragem de Brumadinho, em Minas Gerais, em janeiro de 2019”. Outro fator impactante foi a crise econômica de mercados importadores, como a Argentina. Além disso, a situação difícil do mercado de trabalho no país conteve a demanda doméstica.

De acordo com o IBGE, o setor extrativista recuou 9,7% no ano passado, depois que a tragédia de Brumadinho, que provocou a morte de 259 pessoas, paralisou, no estado, as atividades da Vale, maior produtora de minério de ferro do país.

André Macedo lembrou que a indústria como um todo perdeu 14,8% de produção nos últimos seis anos. Entre 2014 e 2016, a retração alcançou 17,7%. Nos dois anos seguintes houve recuperação, mas a retomada foi interrompida em 2019.

Atraso Conforme os dados do IBGE, somente em dezembro houve queda de 0,7% em relação a novembro. Comparado com o mesmo mês de anos anteriores, o índice foi o pior desde 2015. O resultado também mostra que a indústria brasileira operou, no ano passado, 18% abaixo de seu ponto mais alto, em maio de 2011.

O professor do Departamento de Economia da Universidade de Brasília (UnB) José Luis da Costa Oreiro atribui o declínio da produção industrial à falta de políticas que incentivem o investimento tecnológico e a modernização. “A indústria brasileira está sem investimentos há muitos anos por conta da crise. A economia nunca se recuperou direito. Logo, as empresas estão ficando atrasadas, perdendo competitividade”, explicou.

Segundo Oreiro, a queda da taxa básica de juros (Selic) é bem-vinda para estimular a economia, mas não tem muita influência no setor industrial. “Para a indústria crescer, só reduzir a Selic não é suficiente. É preciso ter políticas de investimento público, com foco na modernização. Estamos em uma armadilha de baixo investimento a que a sociedade brasileira está se acostumando. Isso é muito perigoso para o avanço do setor industrial”, disse.

9,7% Queda da indústria extrativista mineral no ano passado, segundo o IBGE

Venda de veículos cai em janeiroO mercado de veículos novos começou o ano em baixa no Brasil. Foram vendidas 193,4 mil unidades no primeiro mês de 2020, queda de 3,1% ante janeiro do ano passado, em comparação que considera os segmentos de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus. Em relação ao último mês de 2019, que tradicionalmente é mais aquecido, houve recuo de 26,3%. Os números foram divulgados  pela Fenabrave, entidade que reúne as concessionárias de veículos. Apesar da queda, a projeção de expansão das vendas de 9,6% em 2020 está mantida.

Publicado por jlcoreiro | Filed under Debate macroeconômico, Estagnação da economia brasileira, José Luis Oreiro

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Não, a economia brasileira não se recuperou da crise de 2014-2016; e talvez nunca se recupere …

01 sábado fev 2020

Posted by jlcoreiro in "nova ordem", Ajuste fiscal, Debate macroeconômico, Desenvolvimento econômico, Estagnação da economia brasileira, Estagnação secular no Brasil, Estratégias de Desenvolvimento, José Luis Oreiro

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Estagnação secular no Brasil, José Luis Oreiro

Entre 1980 e 2014 a economia brasileira cresceu a um ritmo médio de 2,81% a.a, segundo dados do IPEADATA (série PIB – preços de mercado – var. real anual – (% a.a.) – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Sistema de Contas Nacionais (IBGE/SCN Anual) – SCN10_PIBG10). A Grande recessão iniciada no segundo semestre de 2014 (a respeito das causas da grande recessão brasileira ver http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142017000100075) produziu uma queda acumulada de 6,70% no período 2014-2016. Formalmente a economia brasileira sai da recessão em 2017, ano que apresentou um crescimento de 1,32% do PIB, valor 53% inferior a tendência de longo-prazo para o período 1980-2014. Em 2018 o crescimento foi de 1,31%, repetindo assim o desempenho de 2017, e ficando novamente abaixo da tendência de longo-prazo.

Esse não é o comportamento esperado para economias que saem de um processo recessivo. A teoria econômica convencional exposta na imensa maioria dos livros texto de macroeconomia vê as recessões como períodos nos quais a economia opera abaixo da sua tendência de longo-prazo. Nesse contexto, as flutuações cíclicas são vistas como movimentos de amplitude e periodicidade variável (flutuações irregulares) em torno de uma tendência de longo-prazo que é independente desse movimento oscilatório. Dessa forma, as recessões tem um efeito apenas temporário sobre o nível de atividade econômica, pois uma vez terminada a recessão a economia deverá crescer, por algum tempo, acima da tendência de longo-prazo de maneira a retornar ao nível que estaria caso a recessão não tivesse ocorrido (Ver figura 1). Isso significa que os efeitos de uma recessão sobreo nível de atividade econômica são inteiramente dissipados no médio-prazo, não restando nenhum vestígio do efeitos da mesma no sistema econômico. 

Figura 1: Tendência de longo-prazo e ciclo econômico.

Fonte: Elaboração própria.

O fato é que no caso brasileiro, mesmo após o fim da grande recessão, a economia se encontra crescendo muito abaixo de sua tendência de longo-prazo, fazendo com que o nível de atividade no final de 2018 fosse quase 20% menor do que o prevalecente caso a economia tivesse retornado – como seria de se esperar – a sua trajetória de longo-prazo, uma vez terminado os efeitos da grande recessão (Ver figura 2). 

Fonte: Elaboração própria com base nos dados de IPEADATA.

O PIB brasileiro a preços de mercado no final de 2018 era de R$ 6,88 Trilhões. Se a economia brasileira tivesse retornado à sua trajetória de longo-prazo no final de 2018, o PIB a preços de mercado seria de R$ 8,6 trilhões de reais, ou seja, um valor R$ 1,72 trilhões mais elevado ! Esse acréscimo no PIB teria gerado um aumento da receita da União, Estados e Municípios de R$ 550 bilhões, valor mais do que suficiente não só para zerar o déficit primário do setor público, como também para gerar um expressivo superávit primário. 

Está claro que dada a magnitude da recessão ocorrida no período 2014-2016 não seria possível recuperar a tendência de longo-prazo num período de apenas dois anos. Considerando uma taxa de crescimento de 4% a.a. a partir de 2017, o PIB só retornaria ao nível da tendência de longo-prazo em 2033. Se a taxa de crescimento pós-crise fosse de 5% a.a. a recuperação ocorreria em 2026.

Embora o crescimento do PIB em 2019 ainda não tenha sido divulgado, as expectativas do mercado situam o mesmo em torno de 1 a 1,2%, valor ligeiramente abaixo do observado no período 2017-2018. Confirmando-se o terceiro ano consecutivo de crescimento abaixo da tendência de longo-prazo, não há como escapar da conclusão de que a grande recessão de 2014 a 2016 produziu uma redução da tendência de crescimento da economia brasileira. A questão relevante é saber qual o motivo. 

Os economistas liberais dirão que a redução da tendência de crescimento de longo-prazo se deveu aos erros da política econômica do PT e a implantação da famigerada “nova matriz macroeconômica”, seja lá o que isso signifique. Outros ainda dirão que é devido ao excesso de intervenção do Estado na economia, esquecendo, contudo, que o período 1980-2014, usado no calculo da tendência de longo-prazo, engloba a década de 1980 – pródiga em intervenção Estatal na economia – e os anos dourados da administração Petista, os dois mandatos do Presidente Lula, os quais certamente puxaram a média para cima.

Para lidar com esse problema da redução da tendência de crescimento, os economistas liberais defendem uma agenda aparentemente inesgotável de reformas: Teto dos gastos, reforma trabalhista, reforma de previdência, nova reforma trabalhista, reforma administrativa, PEC emergencial e etc. O fato é que estamos no quarto ano da “nova era” da gestão liberal (iniciada com o Impeachment da Presidente Dilma Rouseff) e o crescimento econômico continua pífio. A equipe econômica do governo promete acelerar o crescimento em 2020 para incríveis (modo ironia ligado) 2,5% a.a, querendo fazer parecer para a opinião pública de que se trata de um grande feito de engenharia econômica. Não é. Mesmo que esse valor seja obtido em 2020, e sobre isso pairam muitas duvidas no ar, ainda assim será menor do que a média do período 1980-2014 e, portanto, insuficiente para eliminar o “hiato de crescimento” originado a partir de 2014.

Na minha visão a redução do potencial de crescimento de longo-prazo é um fenômeno que vem ocorrendo desde meados da década passada – e, portanto, dentro do intervalor temporal das administrações petistas – em função da desindustrialização crescente da economia brasileira; fenômeno esse que foi tardiamente percebido pelas administrações petistas e enfrentado de forma tíbia e inconsistente no primeiro mandato da Presidente Dilma Rouseff (a esse respeito ver https://jlcoreiro.wordpress.com/2013/06/18/desenvolvimentismo-sem-consistencia-valor-economico-18062013/). A crise de 2014-2016 piorou esse quadro pois (i) fez com que as empresas brasileiras suspendessem seus planos de ampliação e modernização da capacidade produtiva, o que aumentou a defasagem tecnológica da indústria brasileira; (ii) propiciou a adoção de uma agenda de consolidação fiscal baseada na contração do investimento público e do crédito do BNDES, amplificando assim os efeitos da queda do investimento privado em 2014 sobre a demanda agregada, com efeitos negativos também no lado da oferta da economia devido aos efeitos de transbordamento positivos do investimento público sobre a rentabilidade das empresas do setor privado.

A redução do potencial de crescimento fica comprovada quando olhamos para a situação do déficit em conta corrente do balanço de pagamentos. Em 2019 o déficit em conta corrente fechou em 2,76% do PIB apesar da economia brasileira estar crescendo a um ritmo pouco maior do que 1% a.a desde 2017. Esses números mostram claramente que uma aceleração significativa do crescimento da economia brasileira – por exemplo, para a sua tendência de longo-prazo de 2,88% – deverá produzir um aumento insustentável no déficit em conta corrente, o qual poderá facilmente passar de 4% do PIB. Nessas condições, a restrição externa (ver https://jlcoreiro.wordpress.com/2019/12/06/sobre-a-tal-da-restricao-externa/)  irá impor um crescimento medíocre para a economia brasileira nos próximos anos.

Se o crescimento da economia brasileira permanecer num patamar medíocre, então nenhum ajuste fiscal será capaz de “arrumar as contas do governo”. O Brasil irá entrar num jogo perde-perde no qual o Ministério da Economia irá lançar propostas atrás de propostas de emenda constitucional com o objetivo de (sic) acabar com os “privilégios do funcionalismo público”; haja vista que se trata do único segmento da sociedade ainda protegido contra o empobrecimento geral do país, resultante dos efeitos de longo-prazo da crise de 2014-2016.  Já que não é possível aumentar a renda dos que trabalham no setor privado – devido a crescente uberização da economia, filha bastarda da desindustrialização – a solução dos economistas liberais é empobrecer os servidores públicos para assim (sic) diminuir a desigualdade na distribuição de renda no Brasil. E assim nosso país caminha a passos largos para sair da “Armadilha da Renda Média” para cair, talvez para sempre, na “Armadilha da Pobreza”.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Dados do PIB mostram retomada insustentável no médio prazo (O Estado de São Paulo, 03/12/2019)

03 terça-feira dez 2019

Posted by jlcoreiro in Crise Econômica no Brasil, Debate macroeconômico, Estagnação da economia brasileira

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Debate Macroeconômico, Estagnação secular no Brasil, José Luis Oreiro

Os dados do PIB do terceiro trimestre de 2019 divulgados hoje pelo IBGE mostram uma economia que parece estar ganhando algum ímpeto de crescimento no segundo semestre do ano, mas ainda apresenta ritmo muito baixo de expansão (ver figura acima). Na comparação com o segundo trimestre de 2019, o PIB cresceu 0,6%, ao passo que na comparação com o mesmo trimestre de 2018 o crescimento foi de 1,2%, número inferior ao valor revisado do crescimento do PIB de 2018, que foi de 1,3%. Além disso, uma análise mais cuidadosa dos dados levanta algumas dúvidas pertinentes sobre a qualidade e, mais importante, sobre a sustentabilidade dessa aceleração do ritmo de crescimento.

No lado da oferta os dados do IBGE mostram que o crescimento foi puxado pela agropecuária, com expansão de 1,3% no trimestre e pela indústria com expansão de 0,8%. Quando desagregamos os dados da expansão da indústria verificamos, contudo, que a expansão foi liderada pela indústria extrativa, com expansão de 12% e pela construção civil, com alta de 1,3%. A indústria de transformação apresentou uma queda de 1,0% na comparação com o segundo trimestre de 2019, resultado da fraqueza da demanda doméstica combinada com a queda das exportações de manufaturados devido a crise da Argentina e a redução do ritmo do crescimento do comércio mundial. O setor que gera maiores encadeamentos para frente e para trás na cadeia produtiva, a indústria de transformação, continua em crise.

Do lado da demanda o que chama mais atenção é a queda de 2,8% nas exportações de bens e serviços e o aumento de 2,9% das importações. Esses dados indicam uma deterioração expressiva do saldo da balança comercial, acendendo o sinal de alerta para 2020, em função do elevado déficit em conta corrente como proporção do PIB que atingiu 3% no acumulado dos últimos 12 meses até outubro de 2019. Nessa toada o crescimento da economia brasileira em 2020 pode ser abortado pela chegada do General Restrição Externa.

Link: https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,analise-dados-do-pib-mostram-retomada-insustentavel-no-medio-prazo,70003111706

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