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O artigo “Paulo Guedes ignora o bê-á-bá da administração pública” assinado por Alexandre Andrada e publicado no site The Intercept Brasil (ver: https://theintercept.com/2019/03/11/paulo-guedes-ignora-administracao-publica/?fbclid=IwAR2Huxyei7QAADo3N89AtvkgaBMY_8J5oNH5ICwtPxq5xGnX99Xf3hvVf7E) traz uma coletânea das bizarrices e ideias desprovidas de qualquer fundamento do eminentíssimo senhor Czar e Ministro da Economia Paulo Guedes.

Eu tive a oportunidade de ter algum contato com o Paulo Guedes no período em que fui professor na Faculdade de Economia e Administração do IBMEC-RJ entre 1996 e 2001. Nunca tive uma boa impressão do sujeito. Trata-se de uma pessoa que, tal como dito pelo Alexandre Andrada na matéria citada acima, não só se gaba de ser rico; como ainda acredita que isso o torna superior ao resto dos mortais. Lembro também de um almoço palestra que ele proferiu para os professores do IBMEC em 1999 – logo após o Professor Fernando de Holanda Barbosa pedir demissão do cargo de coordenador do curso de economia, devido a desentendimentos com o Guedes. Nesse evento Guedes resolveu apresentar a sua teoria a respeito das causas da desigualdade de renda entre os países ricos e os países pobres. Basicamente Guedes atribuía a diferença de renda entre os países às diferenças culturais e comportamentais (prefiro não reproduzir o linguajar, por assim dizer, inculto que ele usou na ocasião) que se refletiriam em diferenças na taxa de natalidade entre os países. Nunca vi uma pessoa com doutorado em economia apresentar uma explicação tão rasa para uma questão que ainda não é consensual entre os economistas; e continua sendo um dos maiores enigmas para as diferentes escolas de pensamento econômico (a esse respeito ver Ros, 2013). Não contente de “apenas” proferir uma explicação rasa para um problema complexo; Guedes apresentou a mesma com o ar de certeza de um Papa que está proferindo sua posição ex-chatedra sobre um dogma de fé!

As declarações públicas do Czar da economia são, via de regra, uma mistura de confusão mental, ignorância pura e simples da literatura econômica relevante sobre o assunto ou especulações descompromissadas de quem está “pensando alto”. Em novembro de 2018, em artigo publicado na Revista Política Democrática da Fundação Astrojildo Pereira (https://jlcoreiro.wordpress.com/2018/11/23/as-reservas-internacionais-e-o-ajuste-fiscal-de-paulo-guedes-politica-democratica-novembro-de-2018/) eu já havia apresentado uma crítica bastante detalhada as ideias erradas e confusas de Guedes sobre reservas internacionais, dívida pública e reforma da previdência. Em outro artigo publicado no dia 14 de janeiro no Diário de Comércio e Indústria (https://www.dci.com.br/colunistas/artigo/guedes-e-o-quinto-dos-infernos-1.772380) critiquei a fala de Guedes de que a carga tributária ideal para o Brasil seria de 20% do PIB, como algo que não tem nenhum fundamento na experiência internacional; pois representa apenas o número exibido pela economia Chilena. Com efeito, a carga tributária média dos países da OCDE em 2017 era de 34,2% do PIB. Nesse grupo de países apenas o Chile apresentava o número mágico de 20,2% do PIB e apenas o México tinha uma carga tributária inferior ao número mágico de Paulo Guedes. Mais um exemplo bastante gráfico de uma declaração espalhafatosa e desprovida de base factual.

Paulo Guedes é a cara do governo Bolsonaro: a ignorância orgulhosa.