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José Luis Oreiro

~ Economia, Opinião e Atualidades

José Luis Oreiro

Arquivos Mensais: abril 2012

Os controles de capitais podem prejudicar o financiamento externo da economia brasileira? (Jornal dos Economistas, Corecon-RJ, N.273, Abril de 2012)

29 domingo abr 2012

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Administração da taxa de câmbio, controles de capitais, Equívocos da ortodoxia

José Luis Oreiro*

Um dos argumentos da sabedoria convencional contra a imposição de controles de capitais na economia brasileira – a qual tem sido feita de forma bastante tímida por parte do governo brasileiro nos anos recentes – é que os mesmos tornariam mais difícil a captação de recursos no exterior, ou seja, a captação de poupança externa. Dada a notória escassez de poupança doméstica no Brasil, a poupança externa seria então condição necessária para o financiamento do investimento produtivo da economia brasileira, atualmente em torno de 20% do PIB. Além disso, continua a sabedoria convencional, para que o governo possa aumentar a taxa de crescimento do PIB que é compatível com a estabilidade da taxa de inflação para um patamar de 5% a.a é necessário um aumento significativo da taxa de investimento (para algo próximo a 24% do PIB), o que reforça ainda mais a dependência da economia brasileira com respeito a poupança externa. Dessa forma, a política mais inteligente a ser adotada pelo governo seria remover todos os obstáculos a captação de recursos no exterior por parte de residentes no Brasil. Sendo assim, os controles de capitais ainda existentes na economia brasileira deveriam ser plenamente abolidos com a implantação da plena-conversibilidade do Real. Nessas condições, argumentam os filósofos da sabedoria convencional, a economia brasileira poderia captar com facilidade uma poupança externa entre 4 a 5% do PIB, sem maiores riscos para o equilíbrio inter-temporal do balanço de pagamentos.

Esse raciocínio da sabedoria convencional se apoia em duas hipóteses fundamentais. A primeira é que a poupança externa e a poupança doméstica são complementares, ao invés de substitutas. A segunda hipótese é que os controles de capitais não são capazes de afetar a trajetória da taxa real de câmbio e, dessa forma, o montante de financiamento externo requerido pela economia brasileira; uma vez que a taxa real de câmbio de equilíbrio depende da relação entre a taxa de investimento e a taxa de poupança doméstica numa pequena economia aberta. Sendo assim, uma desvalorização permanente da taxa real de câmbio só seria possível por intermédio de um aumento permanente da poupança doméstica. Dessa forma, variações da taxa real de câmbio seriam, em geral, precedidas por variações na poupança doméstica.

A sabedoria convencional acredita que a poupança é logica e temporalmente anterior ao investimento de tal forma que um aumento deste requer um aumento prévio da taxa de poupança da economia. Nesse contexto, para que ocorra um aumento do investimento é necessário que ocorra um aumento da poupança doméstica (privada + pública) e/ou um aumento da poupança externa. Se o setor privado doméstico ou o setor público não estiverem dispostos a aumentar a sua taxa de poupança; então o investimento só poderá aumentar em função de um aumento da poupança externa, ou seja, do déficit em conta-corrente.

A introdução de controles de capitais dificultaria esse processo ao tornar menos atrativa a compra de ativos domésticos por residentes no exterior. Dessa forma, o déficit em conta-corrente requerido para o aumento do investimento produtivo não poderia ser financiado pela entrada de capitais, ou seja, o superávit da conta de capitais do balanço de pagamentos seria insuficiente para o financiamento integral do déficit em conta-corrente. Nesse caso, haveria um déficit no balanço de pagamentos, o qual resultaria ou numa redução das reservas internacionais, caso o Banco Central decida garantir a estabilidade da taxa real de câmbio, ou numa forte desvalorização da taxa real de câmbio, caso a autoridade monetária não intervenha no mercado cambial. Neste segundo cenário, a desvalorização súbita da taxa de câmbio produziria uma forte elevação da taxa de inflação, obrigando o Banco Central a fazer uma grande elevação da taxa de juros de maneira a manter a inflação dentro da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional. O efeito final da introdução dos controles de capitais seria, portanto, uma forte recessão produzida pelo ajustamento da taxa de juros resultante da aceleração inflacionária induzida pelo desequilíbrio do balanço de pagamentos.

Esse raciocínio da sabedoria convencional é falacioso. Em primeiro lugar, como já foi demonstrado por Keynes (1936) e Kaldor (1956), o investimento precede lógica e temporalmente a poupança tanto no curto como no longo-prazo[1]. Dessa forma, o investimento, sempre e em todo lugar, determina um volume equivalente de poupança agregada. A repartição do volume de poupança entre poupança doméstica e poupança externa depende, criticamente da taxa real de câmbio. Quanto mais apreciada for a taxa real de câmbio, maior será o salário real e, portanto, a participação dos trabalhadores na renda nacional. Como a propensão a poupar a partir dos lucros é maior do que a propensão a poupar a partir dos salários, a apreciação da taxa real de câmbio reduz a poupança agregada do setor privado. Supondo a validade da condição de Marhall-Lerner, a apreciação da taxa real de câmbio irá resultar numa redução das exportações líquidas a médio e longo-prazo, produzindo assim um aumento do déficit em conta-corrente, ou seja, um aumento da poupança externa. Isso posto, a apreciação da taxa real de câmbio resulta numa substituição de poupança doméstica por poupança externa (Bresser-Pereira, 2009), dando origem a necessidade de atração de capitais externos (isto é, superávit na conta capital) para o equilíbrio do balanço de pagamentos, a qual exige o relaxamento dos controles de capitais. Em outras palavras, a poupança externa e a captação de recursos no exterior só são necessários para o equilíbrio do balanço de pagamentos se a taxa real de câmbio estiver sobre-valorizada.

No que se refere a segunda hipótese do modelo da sabedoria convencional deve-se ressaltar que a mesma se apoia na inelasticidade do produto potencial com respeito a demanda agregada. Nesse contexto, um aumento da absorção doméstica – por exemplo, devido a um aumento dos gastos do governo – não pode ser atendido por um aumento do produto real no longo-prazo uma vez que o mesmo seria igual ao produto potencial, determinado pela tecnologia e pela dotação de fatores da economia em consideração. Dessa forma, o equilíbrio no mercado de bens exige uma redução da demanda externa pela produção doméstica, o que só pode ser viabilizado por intermédio de uma apreciação da taxa real de câmbio. Mutatis mutandis, uma redução da absorção doméstica – devida, por exemplo, a uma redução do consumo privado ou dos gastos públicos – irá induzir uma depreciação da taxa real de câmbio para o re-equilíbrio no mercado de bens.

No que se refere a hipótese de inelasticidade do produto potencial com respeito a demanda agregada, a boa teoria econômica e a evidência empírica (Oreiro et al, 2010; Libanio 2009) mostram que a mesma é igualmente falaciosa. Com efeito, tal como ressaltado por Kaldor (1988), tanto a acumulação de fatores de produção como o ritmo de progresso tecnológico dependem, no longo-prazo, do ritmo de crescimento da demanda agregada autônoma.  Isso deve-se ao fato de que (i) o investimento em capital fixo responde positivamente as expectativas de crescimento da demanda dos empresários em função do efeito acelerador; (ii) a taxa de crescimento da força de trabalho responde ao crescimento da demanda por trabalho por intermédio de mudanças nas horas trabalhadas no curto-prazo, da taxa de participação no médio-prazo e do tamanho da população no longo-prazo; (iii) o ritmo de crescimento da produtividade do trabalho responde ao crescimento da produção devido a existência de economias estáticas e dinâmicas de escala consubstanciadas na assim chamada lei de Kaldor-Verdoorn.

Sendo assim, é muito mais razoável tratar a taxa real de câmbio como uma variável exógena do ponto de vista do processo de acumulação de capital. Dessa forma, a introdução de controles de capitais torna-se uma política necessária para permitir a administração da taxa real de câmbio por parte dos formuladores de política econômica. Se a intensidade dos controles de capitais for adequada, o governo poderá administrar a taxa real de câmbio, colocando-a no valor requerido para eliminar o déficit em conta-corrente. Isso, porém, pode não ser suficiente para induzir um crescimento econômico acelerado. Se a economia sofrer de doença holandesa, a taxa real de câmbio requerida pelo setor industrial para se manter competitivo com respeito ao resto do mundo será maior (ou seja, mais depreciada) do que a taxa real de câmbio requerida para o equilíbrio em conta-corrente do balanço de pagamentos (Bresser-Pereira, 2009). Nesse caso, além dos controles de capitais, o governo deverá introduzir um imposto sobre as exportações de bens primários.

 

 

 

 

Referências Bibliográficas.

BRESSER-PEREIRA, L.C. (2009). Globalização e Competição. Campus: Rio de Janeiro.

KALDOR, N. (1956). “Alternative Theories of Distribution”. Review of Economic Studies, vol. XXIII.

—————– (1988). “The Role of Effective Demand in the Short and Long-Run Growth” In: Barrére, A. (org.). The Foundations of Keynesian Analysis. Macmillan Press: London.

KEYNES, J.M. (1936). The General Theory of Employment, Interest and Money. Macmillan Press: Londres.

Libanio, G. (2009) “Aggregate demand and the endogeneity of the natural rate of growth: evidence from Latin American Countries”. Cambridge Journal of Economics , 33.

OREIRO, J.L; NAKABASHI, L., SOUZA, G.J. (2010). “A economia brasileira puxada pela demanda agregada”. Revista de Economia Política, Vol. 30, N.4.

 

 


* Professor do Departamento de Economia da Universidade de Brasília, Pesquisador Nível IC do CNPq, Diretor de Relações Institucionais da Associação Keynesiana Brasileira e Líder do Grupo de Pesquisa “Macroeconomia Estruturalista do Desenvolvimento” cadastrado no CNPq. E-mail: joreiro@unb.br.

[1] No curto-prazo a poupança agregada total se ajusta ao investimento por intermédio de variações do nível de emprego e do grau de utilização da capacidade produtiva. No longo-prazo, o ajuste se dá por variações da participação dos lucros na renda nacional.

Juros vão cair com parcimônia, diz BC (Correio Braziliense, 27/04/2012)

28 sábado abr 2012

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economia brasileira, inflação, Reunião do Copom, Taxa de juros

Ata do Copom indica um novo corte da Selic, mas documento condiciona queda. Aposta do mercado vai de 0,25 a 0,5 ponto

 

Rosana Hessel –

Publicação: 27/04/2012 06:00 Atualização: 27/04/2012 06:35

Brasília – O Banco Central sinalizou que deve manter a trajetória de queda da taxa básica de juros (Selic), hoje em 9% ao ano, ao divulgar ontem a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). No texto, o BC afirma que, mesmo considerando uma recuperação da atividade econômica em um ritmo menor do que o esperado, “qualquer movimento de flexibilização monetária adicional deve ser conduzido com parcimônia”.

Na ata da reunião anterior, o BC havia indicado o contrário, apontando para a probabilidade de que a Selic ficasse em “patamares ligeiramente acima dos mínimos históricos”, de 8,75% ao ano, ou seja, permanecendo em 9%. Com a mudança do texto, entretanto, as projeções do mercado não chegaram a um consenso. As apostas do corte na próxima reunião, no fim de maio, estão divididas entre 0,25 e 0,50 ponto. “A ata sinaliza um corte máximo de 0,25 ponto percentual na Selic e manutenção da taxa por um período prolongado”, comentou o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves.

O economista sênior para a América Latina da Economist Intelligence Unit (EIU), Robert Wood, estima um corte maior, de até 0,50 ponto. “Acredito que o BC deverá reduzir a Selic para menos de 9% e, como a ata sinaliza que haverá ‘parcimônia’, isso indica que o corte deverá ficar entre 0,25 e 0,50 ponto. Mas como há uma expectativa de que a recuperação do PIB (Produto Interno Bruto) será mais lenta do que o esperado, acredito que um corte de 0,50 será mais factível”, explicou. “Se a recuperação da economia não se materializar até a próxima reunião, é possível que o corte fique em 0,25”, emendou. A pesquisadora de macroeconomia do Santander, Adriana Dupita, também fez a mesma projeção, de um corte de 0,50 ou 0,25 ponto percentual.

A projeção de uma Selic de 8,5% em maio, devendo permanecer nesse patamar até o primeiro trimestre de 2013, é a aposta do economista-chefe do Banco Espírito Santo (BES), Jankiel Santos. “Neste momento esperamos que o Banco Central comece o aperto monetário mais uma vez, de modo a evitar que a inflação ultrapassar o teto da faixa de tolerância da inflação, de 6,5%”, completou. O professor de economia da Universidade de Brasília, José Luis Oreiro, também espera redução de 0,50 ponto na Selic no próximo mês. “É possível que, depois desse corte, o BC dê uma estacionada para esperar que os efeitos dessas reduções surtam efeito. Hoje, com juros a 9% ao ano, a taxa real (descontada a inflação) chega a 4%, o que não deixa de ser razoável”, acrescentou.

O documento do BC ressalta, ainda, “a ocorrência de mudanças estruturais significativas na economia brasileira, que determinaram recuo nas taxas de juros geral”. A expectativa do documento em relação à inflação para este ano manteve-se “em torno do valor central” da meta do governo, de 4,5% medida pelo IPCA. Para 2013, a inflação está “acima” do centro dessa meta.

Desindustrialização e a ortodoxia (Valor Econômico, 26-04-2012)

26 quinta-feira abr 2012

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desindustrialização, economia brasileira, Equívocos da ortodoxia

Recentemente alguns expoentes do pensamento ortodoxo ainda prevalecente no Brasil trouxeram à baila a velha cantilena de que a injustiça social reinante em nosso país é resultado das políticas desenvolvimentistas em voga desde a era Vargas, que protegeram o setor industrial, atuando assim como catalizador de um processo injusto de redistribuição de renda da maioria da sociedade para alguns poucos setores privilegiados da economia brasileira. O governo da presidente Dilma Rousseff estaria, portanto, reeditando os erros do passado ao adotar medidas de proteção da indústria nacional, as quais só irão gerar ineficiência na alocação de recursos e piora na distribuição de renda.

Ainda segundo os representantes de nossa ortodoxia, a industrialização só se justificaria com base na tese da “deterioração secular dos termos de troca”, ou seja, num contexto em que os preços dos bens primários apresentam uma tendência secular de redução comparativamente aos preços dos bens industriais. Como nos últimos anos os preços dos bens agrícolas têm aumentado relativamente aos preços dos bens industriais, então a indústria teria perdido a sua funcionalidade para o desenvolvimento de países como o Brasil.

Por fim, os paladinos da ortodoxia argumentam que a desvalorização cambial requerida para devolver a competitividade da indústria brasileira, se factível, levaria a uma redução permanente do salário real dos trabalhadores, sendo assim incompatível com os interesses das classes trabalhadora.

Atribuir a culpa pela má distribuição de renda à industrialização é, no mínimo, desconhecer a história

Essa argumentação da ortodoxia é falaciosa, pois se baseia em premissas incorretas e/ou em interpretações equivocadas a respeito dos fundamentos do pensamento desenvolvimentista.

Primeiramente, devemos ressaltar que atribuir à industrialização a culpa pela péssima distribuição de renda prevalecente em nosso país é, no mínimo, desconhecer a história do Brasil. Para vergonha de todos os brasileiros, nosso país foi o último lugar do mundo a acabar com a escravidão, ao final do século XIX, e isso por uma iniciativa pessoal do imperador D. Pedro II e de sua filha, a princesa Isabel (o que lhes custou o fim da monarquia). Além disso, a estrutura fundiária prevalecente no Brasil, definida desde os tempos das capitanias hereditárias, era (e ainda é) altamente concentrada.

Num contexto em que a propriedade era concentrada nas mãos de poucos e onde até quase o final do século XIX a esmagadora maioria da força de trabalho não recebia qualquer tipo de remuneração, não é de estranhar que a distribuição de renda seja altamente concentrada na forma de rendimentos de propriedade (lucros, aluguéis, renda da terra) e, portanto, nas mãos de uma pequena minoria da população.

Ainda que desconsideremos as causas históricas da concentração de renda no Brasil, deve-se ter em conta que nas fases iniciais do processo de desenvolvimento econômico, quando a mão de obra é transferida dos setores de baixa produtividade (agricultura e mineração) para os setores de alta produtividade (indústria), os salários reais tenderão a crescer abaixo da produtividade do trabalho devido ao excesso estrutural de força de trabalho.

Nessas fases iniciais do processo de desenvolvimento, a participação dos salários na renda tende a permanecer estagnada ou a cair, o que gera uma tendência a concentração da distribuição pessoal da renda. Essa tendência à concentração de renda será revertida quando a economia alcançar o chamado “ponto de Lewis”, ou seja, quando o “exército industrial de reserva” for esgotado devido ao desenvolvimento das forças produtivas do capitalismo industrial. Isso requer o término do processo de migração rural-urbano e a absorção da mão de obra existente pelos setores modernos da economia.

Em segundo lugar, a defesa da industrialização não depende unicamente da validade da “tendência a deterioração dos termos de troca”. Com efeito, a indústria é o motor de crescimento de longo-prazo das economias capitalistas por ser a fonte das economias estáticas e dinâmicas de escala, o setor que possui os maiores encadeamentos para frente e para trás na cadeia produtiva e ser a fonte ou o principal difusor do progresso técnico para o restante da economia. Nesse contexto, abrir mão da indústria significa condenar o país a um crescimento medíocre, se tanto, no longo prazo.

Em terceiro lugar, é verdade que a desvalorização da taxa real de câmbio produz uma redução do salário real, mas essa redução é apenas de caráter temporário. Isso porque se a desvalorização cambial for bem-sucedida, ela será capaz de, a médio e longo prazo, restaurar a dinâmica da economia, acelerando o crescimento do produto e da produtividade do trabalho. Se o ponto de Lewis tiver sido alcançado isso permitirá um crescimento mais rápido dos salários reais, fazendo com que, num intervalo curto de tempo, os trabalhadores mais do que compensem as perdas salariais.

Por fim, a desvalorização cambial não requer unicamente um aumento do superávit primário como afirmam os expoentes de nossa ortodoxia. Como boa parte da apreciação cambial brasileira deve-se à doença holandesa, a introdução de um imposto sobre a exportação de commodities, à semelhança do que a Austrália fez recentemente, atuaria de forma decisiva na eliminação da sobrevalorização cambial.

José Luis Oreiro é professor do departamento de economia da Universidade de Brasília. joreiro@unb.br.

Macroeconomia do Desenvolvimento: ensaios sobre restrição externa, financiamento e política macroeconômica

24 terça-feira abr 2012

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Development Macroeconomics

23 segunda-feira abr 2012

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development macroeconomics, luiz carlos bresser pereira

Meu artigo com o Luiz Carlos Bresser-Pereira citado no site do José Roberto Afonso. Vejam em http://www.joserobertoafonso.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=2499:development-macroeconomics-bresser-pereira-a-oreiro&catid=16:assuntos-economicos&Itemid=44 

Abs,

Oreiro

 

 

Copom corta Selic em 0,75 ponto porcentual; Especialistas aprovam (Jornal do Brasil, 19/04/2012)

19 quinta-feira abr 2012

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política monetária, Reunião do Copom, Taxa de juros

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) anunciou nesta quarta-feira (18), corte de 0,75 pontos percentuais na taxa básica de juros do país, que passou de 9,75% para 9% ao ano. A redução foi comemorada pelos especialistas ouvidos pelo Jornal do Brasil.

“Achei que foi uma medida muito acertada, já que não estamos enfrentando nenhuma pressão inflacionária, o IPCA acumulado vem caindo mês a mês e deve fechar este ano em torno de 5%, dentro da banda esperada pelo governo”, afirma o economista José Oreiro, professor da Universidade de Brasília (UnB)

Esta é a sexta queda consecutiva da Selic e outros cortes ainda devem acontecer no futuro, afirma o economista. Porém, estas reduções ficarão dentro de uma margem.

“Existe um limite na queda dos juros devido aos problemas com a remuneração da poupança, que podem se tornar mais atraentes para os investidos. Acredito que a taxa deverá se reduzir até o limite de 8,5%”, analisa.

A mudança na remuneração da poupança depende de uma alteração na legislação. Para o professor, ainda não se pode dizer que a pressão por uma redução na Selic aumentará as discussões em relação às leis.

Incentivo à economia

Os índices econômicos de 2012 têm se mostrado tímidos, e o corte na Selic deverá estimular ainda mais a economia nacional, acredita Oreiro. Outro benefício da redução é o controle da entrada de dólares no mercado nacional.

“A autoridade monetária está procurando estimular mais a economia, os indicadores de nível de atividade estão fracos, principalmente da indústria. É também uma medida para reduzir o câmbio”, lembra.

O economista Fernando Sarti, diretor da Escola de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) também comemorou a decisão e destacou que com a redução dos juros, o governo também procura estimular a economia através da demanda e do consumo interno.

“Um dos primeiros efeitos importantes é que afeta a demanda, tende a incentivar o consumo via crédito. Além disso, a medida também afeta as decisões passadas, pois uma redução na taxa como um todo, também beneficia quem assumiu dívidas, e ainda representa um alívio para quem tá endividado”, relembra.

O especialista lamenta que a decisão, apesar de “muito acertada”, aconteceu tardiamente mas elogia a postura do Banco Central, que resistiu as pressões do mercado, que estava temeroso com o aumento da inflação.

“Esta redução é muito bem vinda, mas tenta corrigir um erro do passado, de ter desacelerado a economia com as altas nos juros no final de 2010. Acho que o BC bancou a sua postura apesar do mercado financeiro dizer que uma redução seria inconsequente, pelos riscos de inflação e pela crise internacional.  Mas o banco segurou. Só é uma pena que ainda estamos correndo atrás do prejuízo”, concluiu.

Apuração: Carolina Mazzi

 

Spreads bancários reduzidos beneficiarão também os bancos, afirmam especialistas (Jornal do Brasil, 12/04/2012)

16 segunda-feira abr 2012

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Crédito bancário, lucro dos bancos brasileiros, spread bancário

Spreads bancários reduzidos beneficiarão também os bancos, afirmam especialistas

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As medidas para diminuir o spread bancáriobrasileiro já começaram a surgir efeito no mercado. Seis dias após o governo reduzir os juros dos principais bancos públicos (Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil)foi a vez de o HSBC anunciar que também baixou as taxas de algumas de suas operações de crédito.

De acordo com o boletim da instituição, houve redução da taxa mínima de 1,48% ao mês para 0,98%. O crédito consignado sofreu corte na taxa mínima, que saiu de 1,59% para 0,99% ao mês. O HSBC também anunciou a taxa mínima de crédito pessoal de 2,45% para 1,99%.

Logo após o anúncio do ministro da Fazenda, Guido Mantega, no último dia 4, a Federação Nacional dos Bancos (Febraban) enviou boletim reivindicando outras medidas, como o aumento nos critérios para se conseguir empréstimos, já que a instituição aponta a inadimplência como um dos principais fatores que fazem com o que o Spread Bancário brasileiro seja um dos maiores do planeta.

Inadimplência

Especialistas ouvidos pelo Jornal do Brasil analisam as medidas governamentais como positivas e alinhadas com a política macroeconômica do país. Ex-presidente da Caixa e da Febraban, o economista Fernando Nogueira da Costa, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) acredita que em longo prazo os bancos também lucrarão com esta redução dos juros.

“Com este corte (dos juros), a inadimplência pode diminuir, pois uma das dificuldades para se pagar é exatamente este valor excessivo. Além disso, os investimentos também podem aumentar, pois fica mais barato se financiar com taxas mais baixas, é mais atrativo”, explica.

Apesar da inadimplência ser apontada pela Febraban como uma das razões pelo alto valor do spread, o economista José Oreiro, professor da Universidade de Brasília (UnB), contraria a posição da federação. Segundo ele, a relação é inversa: são as altas taxas que acabam atraindo os “maus pagadores”, normalmente, investidores que apostam em negócios mais arriscados.

“Os investidores que buscam esta linha de financiamento normalmente estão apostando em negócios arriscados que, caso funcionem, dão alto lucro, que é a única forma de arcar com o valor exagerado dos juros. Os bons pagadores procuram outras formas de financiamento”, explica.

O economista Paulo Gala, da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP) destaca que os bancos brasileiros têm lucro atípico, muito maior do que os internacionais.

“O governo está correto, é preciso estimular esse corte. Um banco toma emprestado e 9% e empresta a 40% o lucro por operação é muito alto, era melhor que invertessem a escala, aumentando o crédito e lucrando através disto”, analisa.

Apesar disto, Fernando Costa acredita que a redução dos juros dos bancos públicos não levará a uma mudança muito grande no mercado. Para ele, a parcela de clientes que procura crédito é relativamente pequena e a competitividade entre os bancos se dá muito mais pelos serviços prestados do que pelos preços oferecidos.

Medidas macroeconômicas

Um dos aspectos positivos da medida é estar alinhada com outras políticas macroeconômicas implementadas pelo governo Dilma, e a redução na taxa faz parte de uma estratégia muito mais ampla, afirma Costa.

“O objetivo na redução desta taxa de juros é fazer um pareamento com os juros internacionais. Isto afeta muito a taxa de câmbio a curto prazo, que é uma das frentes que o governo está agindo, principalmente para proteger a indústria”, analisa.

Outro ponto destacado pelo especialista é que, com esta medida, o governo sinaliza que o Tesouro Nacional está menos dependente dos lucros dos bancos públicos.

“Os bancos públicos no Brasil têm a tradição de agirem como ferramentas do governo para políticas anticíclicas e aplicação de ações sociais e comerciais. O benefício social é prioritário frente aos interesses particulares do mercado financeiro e dos bancos. E eu acho que devem agir assim mesmo”.

O Jornal do Brasil entrou em contato com a Febraban que afirmou não ter um porta-voz disponível para comentar o assunto. A assessoria do Citibank informou que o banco “está acompanhando os movimentos e avaliando as possibilidades.”

 

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Graduado em Economia pela FEA-USP. Mestre e Doutor em Economia pela Fundação Getúlio Vargas em São Paulo. Foi pesquisador visitante nas Universidades de Cambridge UK e Columbia NY. Foi economista chefe, gestor de fundos e CEO em instituições do mercado financeiro em São Paulo. É professor de economia na FGV-SP desde 2002. Brasil, uma economia que não aprende é seu último livro.

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"A família é base da sociedade e o lugar onde as pessoas aprendem pela primeira vez os valores que lhes guiam durante toda sua vida". (Beato João Paulo II)

O Barômetro - A Economia sob Pressão

Espaço de reflexão crítica sobre economia e política

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José Luis Oreiro

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