ESPECULADORES ESCOLHEM EM QUAL PAÍS VÃO GANHAR MAIS
Detentores das maiores dívidas do mundo (respectivamente US$ 13,4 trilhões, US$ 9,08 trilhões, US$ 5,2 trilhões e US$ 5 trilhões), além de relação dívida/PIB próxima de 100% e déficits nominais bem acima do recomendado pelas agência de risco, EUA, Inglaterra, Alemanha e França não têm recebido, por parte dessas agências, o mesmo tratamento de outros países, como Grécia, Portugal, Espanha ou, mais recentemente, Itália, que ocupam as páginas negras da economia ultimamente.
O economista José Luiz Oreiro, da Universidade de Brasília (UnB), pondera que a dívida italiana já é alta há muito tempo – boa parte em mãos de italianos – e o país não ocupava as manchetes de jornais. “Não há nenhuma razão objetiva para piora na avaliação de crédito do país. Parece que é puramente especulativo mesmo, talvez pela própria fraqueza do atual governo”.
Já a Inglaterra, para Oreiro, manteve soberania para conduzir sua política econômica ao não aderir ao euro. “O país fixa sua própria taxa de juros”, resume, acrescentando que a Alemanha está crescendo cerca de 3% ao ano, puxada pelas exportações, e tem as contas públicas razoavelmente ordenadas.
“A Alemanha está bem no contexto europeu, enquanto a França, que tem economia impulsionada pelo mercado interno, ocupa posição razoável. Ambos os países têm bom nível de competitividade e são pontos fora da curva no continente.”
Oreiro ressalva, porém, que uma eventual reestruturação da dívida grega afetará bancos franceses e alemães. “O Banco Central Europeu fez teste de estresse e, teoricamente, os bancos suportariam. Mas não se sabe o grau de confiabilidade desses testes”, finaliza.