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José Luis Oreiro

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E Depois do Supermultiplicador? Qual o futuro da teoria do crescimento puxado pela demanda agregada?

20 quarta-feira fev 2019

Posted by jlcoreiro in Modelo de Thirwall, Modelos de crescimento de inspiração keynesiana, Modelos neo-kaleckianos de crescimento, Modelos Stock-Flow Consistent, Programas de Pesquisa, supermultiplicador sraffiano

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Modelo de Goodwin, Modelos de crescimento de inspiração keynesiana, Modelos Dinâmicos com Consistência entre Estoques e Fluxos, Modelos neo-kaleckianos, supermultiplicador sraffiano

No meu último post sobre a abordagem do supermultiplicador Sraffiano (https://jlcoreiro.wordpress.com/2019/02/17/criticas-ao-supermultiplicador-sraffiano-o-modelo-de-thirwall-e-o-novo-desenvolvimentismo/) argumentei que esse “fechamento” para os modelos heterodoxos de crescimento e distribuição de renda possui duas deficiências fundamentais. A primeira, enfatizada por Nikiforos (2018), é a hipótese de que o grau normal de utilização da capacidade produtiva é exógeno o que, além de fazer com que o nível de utilização da capacidade produtiva seja determinado pelas condições de oferta no longo-prazo, tornando-o assim similar ao “modelo clássico”; simplesmente ignora toda a literatura desenvolvida nos últimos 30 anos, na qual se endogeniza o grau de utilização da capacidade (Skott, 1989; Oreiro, 2004; Nikiforos, 2013). Além disso, a endogenização do grau de utilização da capacidade produtiva permite que a capacidade excedente não-planejada nos modelos neo-kaleckianos convirja para zero no longo-prazo; respondendo assim a crítica dos autores marxistas (Duménil, G; Lévy, D.1995, 1999) a respeito da capacidade dos modelos neo-kaleckianos serem capazes de retratar as propriedades de longo-prazo das economias capitalistas.

A segunda crítica – elaborada por Oreiro e Costa Santos (2019), e inspirada em Bortis (1997), um dos “pais fundadores” da abordagem do SSM – refere-se a aplicabilidade da abordagem do SSM para uma pequena economia aberta com atividades governamentais. Os modelos usuais do supermultiplicador Sraffiano – como, por exemplo, o elaborado por Freitas e Serrano (2015) e Lavoie (2016, 2017)- assumem uma economia fechada e sem governo de forma que a fonte de crescimento da demanda autônoma que não cria capacidade é o consumo das famílias, podendo o mesmo ser financiado por crédito, como em Freitas e Serrano (2015), ou pela riqueza dos capitalistas, como em Lavoie (2016, 2017). Nesse tipo de arcabouço não existe espaço, por definição, para tratar de questões relacionadas a restrição de balanço de pagamentos e/ou a solvência intertemporal das finanças públicas. Contudo, ao se elaborar um modelo SSM para uma pequena economia aberta com atividades governamentais, e onde a taxa de crescimento das exportações e dos gastos do governo crescem a uma taxa exógena, mas não necessariamente igual; Oreiro e Costa Santos (2019) mostram que a existência de uma trajetória de crescimento balanceado de longo-prazo só é possível no caso em que a taxa de crescimento das exportações é igual ou maior do que a taxa de crescimento dos gastos do governo; de onde se conclui que a abordagem SSM só se aplica para o caso de um regime de crescimento do tipo export-led. Nesse caso, contudo, a abordagem SSM torna-se indistinguível do modelo de Thirwall (1979, 2002) de crescimento com restrição de balanço de pagamentos; como também compatível com a macroeconomia desenvolvimentista, a qual estabelece que o crescimento de longo-prazo das economias capitalistas que não possuem moeda conversível – ou seja, os países de renda média – deve ler liderado pelas exportações de manufaturados (Bresser-Pereira, Oreiro e Marconi, 2015).

Em função dessas deficiências, não me parece provável que a abordagem do SSM consiga sobreviver por muito tempo, uma vez que tenha passado a euforia inicial com a mesma ao ser vista como uma espécie de tábua de salvação para os modelos neo-kaleckianos de crescimento e distribuição de renda, como argumentei em outro post (https://jlcoreiro.wordpress.com/2019/02/16/a-controversia-entre-peter-skott-e-marc-lavoie-e-o-supermultiplicador-sraffiano/).

Se essa conjectura estiver correta então qual o futuro dos modelos de crescimento liderados pela demanda? Estariam eles condenados ao desaparecimento ? Eu não acredito que esse seja o caso. Comecemos com os modelos neo-kaleckianos. A crítica de Peter Skott (2010) a especificação da função investimento dos mesmos foi muito forte; mas ela pode ser respondida, de forma razoavelmente tranquila, por intermédio da endogenização do grau normal de utilização da capacidade produtiva. Ao se fazer “un” uma constante no curto-prazo; mas uma variável endógena no longo-prazo; então a propensão marginal a investir de longo-prazo será maior do que a propensão marginal a investir de curto-prazo, respondendo assim a crítica de Skott. Essa endogenização dará lugar, contudo, ao aparecimento de equilíbrios múltiplos para o grau de utilização da capacidade produtiva e a participação dos lucros na renda, como demonstrado em Oreiro (2016, pp. 122-123). Em particular, teremos dois equilíbrios de longo-prazo; um equilíbrio com elevada utilização da capacidade produtiva e baixa participação dos lucros na renda nacional; e outro equilíbrio com baixa utilização da capacidade produtiva e elevada participação dos lucros na renda. O motor do crescimento de longo-prazo será, contudo, o componente autônomo da demanda de investimento, determinado pelo animal spirits dos capitalistas. Nesse contexto, a distinção entre regimes de crescimento do tipo wage-led e profit-led perde todo o sentido, pois mudanças na distribuição funcional da renda entre salários e lucros não terão nenhum impacto sobre o investimento autônomo.

Uma outra vertente dos modelos de crescimento liderados pela demanda consiste nos modelos Kaldorianos de crescimento, dos quais o modelo de Thirwall é um caso particular. O aspecto essencial dos modelos Kaldorianos de crescimento é combinar o multiplicador dinâmico do comércio exterior de Harrod com uma equação dinâmica para a taxa de crescimento das exportações, uma equação para a dinâmica da taxa de inflação e uma equação para a taxa de crescimento da produtividade do trabalho, inspirada na assim chamada “lei de Kaldor-Verdoorn” (Oreiro, 2016, capítulo 4, pp. 79-85). O modelo Kaldoriano canônico, elaborado pioneiramente por Dixon e Thirwall (1975), não só é compatível com uma solução de steady-state; como ainda mostra em quais condições uma determinada economia pode fazer o catching-up com respeito ao resto do mundo, bem como em que condições pode ocorrer uma situação de fallind-behind. O modelo canônico Kaldoriano foi estendido recentemente por Santana e Oreiro (2018) para incorporar mobilidade imperfeita de capitais, política monetária conduzida por intermédio de um regime de metas de inflação e câmbio flutuante. Nesse arcabouço, Santana e Oreiro mostram que a política monetária pode afetar a taxa de crescimento de longo-prazo do produto real, por intermédio de um aumento permanente da meta de inflação, ao induzir uma subvalorização temporária da taxa real de câmbio, a qual permanece, durante alguns períodos, acima do nível de equilíbrio industrial, estimulando assim um aumento da participação da indústria de transformação no PIB. Como a participação da indústria de transformação tem um impacto positivo no coeficiente Kaldor-Verdoorn de indução do crescimento da produtividade do trabalho pelo crescimento do nível de produção; segue-se que a taxa natural de crescimento da economia irá aumentar como resultado direto desses desdobramentos. Daqui se segue, portanto, que os modelo kaldorianos de crescimento não apenas possuem uma estrutura teórica mais abrangente do que a abordagem do SSM, como parecem ser muito mais promissores em termos de possibilidades de desenvolvimentos futuros.

Outra possibilidade de desenvolvimento para os modelos de crescimento liderados pela demanda é abandonar a abordagem de equilíbrio ou steady-state e enveredar para a análise dinâmica, na qual o objetivo não é descrever as propriedades de um sistema econômico numa posição de repouso; mas a dinâmica desse sistema ao longo do tempo. Um exemplo recente desse tipo de abordagem é o trabalho de Dávila-Fernandez e Sordi (2017). Nesse artigo, os autores expandem o modelo de ciclo distributivo de Goodwin (1967) para uma economia aberta de forma a incorporar uma restrição de balanço de pagamentos. Além disso, os autores incorporam uma função de progresso técnico, no qual a taxa de crescimento da produtividade do trabalho é uma função do nível de utilização da capacidade produtiva; e uma função investimento na qual a taxa de crescimento do estoque de capital é uma função positiva do nível de utilização da capacidade produtiva e negativa da participação dos salários na renda, na minha de Bhaduri e Marglin (1990). O resultado é um modelo com quatro equações diferenciais, no qual se produzem flutuações regulares para a taxa de crescimento do produto e do estoque de capital, do grau de utilização da capacidade produtiva, para a participação dos salários (e dos lucros) na renda e para o grau de utilização da capacidade produtiva.

Além disso, não podemos esquecer dos modelos com consistência entre estoques e fluxos (SFC), os quais ganharam importância crescente na literatura heterodoxa a partir do livro de Godley e Lavoie (2017). Esses modelos permitem a integração entre as duas vertentes do pensamento pós-keynesiano (Oreiro et al, 2018), e podem ser facilmente adaptados de forma a serem convertidos em modelos de crescimento, como fica cabalmente demonstrado no capítulo 11 de Godley e Lavoie (2007), onde os autores apresentam um protótipo de modelo de crescimento SFC. Esse modelo permite a análise da interação entre as variáveis reais e financeiras de uma economia capitalista, elemento absolutamente ausente da abordagem SSM. Deve-se ressaltar também que no protótipo de modelo de crescimento desenvolvido por Godley e Lavoie, o nível de produção das firmas é determinado pela demanda esperada pelas firmas, de forma que o modelo é plenamente compatível com o princípio da demanda efetiva. 

Em suma, existe uma ampla gama de possibilidades de pesquisa teórica no campo dos modelos de crescimento e distribuição de renda além da abordagem SSM, a qual não me parece ser um campo muito fértil para novos desenvolvimentos. Jovens pesquisadores na área dos modelos heterodoxos de crescimento devem, portanto, manter uma “cabeça aberta” para as diversas agendas de pesquisa existentes; sem se deixar dominar por “modismos passageiros” ou, o que seria pior, por dogmatismos teóricos.

Referências

 

Bhaduri, A., Marglin, S. (1990). Unemployment and the real wage: The economic basis for contesting political ideologies. Cambridge Journal of Economics 14(4), 375-393.

BORTIS, H. (1997). Institutions, Behavior and Economic Theory: a contribution to Classical-Keynesian Political Economy. Cambridge University Press: Cambridge

BRESSER-PEREIRA, L.C; OREIRO, J.L; MARCONI, N. (2015). Developmental Macroeconomics: new developmentalism as a growth strategy. Routledge: Londres.

Dávila-Fernández; M. J; Sordi, S. (2017). “Distributive cycles and endogenous technical change in a BoPC growth model”. QUADERNI DEL DIPARTIMENTO DI ECONOMIA POLITICA E STATISTICA, N. 760, outubro.

Dixon, R.J. and Thirlwall, A.P. (1975), “A model of regional growth-rate differences along Kaldorian lines”, Oxford Economic Papers, Vol. 27, No. 2, pp. 201-214

Duménil, G; Lévy, D. (1995) “A Post-Keynesian Long-Term Equilibrium with Equalized Profit Rates? A Rejoinder to Amitava Dutt’s Synthesis” Review of Radical Political Economy, Vol. 27(2), pp. 135-141.

Duménil, G; Levy,. (1999). “Profit rates: Gravitation and Trends”. EconomiX, PSE: Paris.

FREITAS, F; SERRANO, F. (2015). “Growth rate and level effects, the stability of the adjustment of capacity to demand and the Sraffian supermultiplier”. Review of Political Economy, Vol. 27, N.3, pp.258-281.

Godley, W; Lavoie, M. (2007). Monetary Economics: An integrated approach to Credit, Money, Income, Production and Wealth.  Palgrave Macmillan: Londres.

Goodwin, R.M. (1967). A growth cycle, in C.H. Feinstein (ed.), Socialism, Capitalism and Economic Growth, pp. 54-58. Cambridge: Cambridge University Press.

Lavoie, M. (2016). “Convergence towards the normal rate of capacity utilization in neo-Kaleckian models: The role of non-capacity creating autonomous expenditures”. Metroeconomica, 67(1), 172–201.

Lavoie, M. (2017). “Prototypes, reality and the growth rate of autonomous consumption expenditures: A rejoinder”. Metroeconomica, 68(1), 194–199

Nikiforos, M. (2013). “The (Normal) rate of capacity utilization at the firm level.”
Metroeconomica 64 (3): 513–38

NIKIFOROS, M. (2018). “Some comments on the Sraffian supermultiplier approach to growth and distribution”. Levy Institute of Economics, Working paper n. 907.

OREIRO, J.L. (2004). “Accumulation Regimes, Endogenous Desired Level Rate of Capacity Utilization and Income Distribution”. Investigación Económica, Vol. 63, n.248

OREIRO, J.L. (2016). Macroeconomia do Desenvolvimento: uma perspectiva keynesiana. LTC: Rio de Janeiro.

OREIRO, J.L; VALENCIO, A. ; CARVALHO, L; SILVA, E. (2018). “Crescimento, Distribuição de Renda e Utilização da Capacidade Produtiva num modelo pós-keynesiano com consistência entre estoques e fluxos. Anais do 46 Encontro Nacional de Economia: Rio de Janeiro [Disponível em https://www.anpec.org.br/encontro/2018/submissao/files_I/i6-d53c56a51bb65ae7b9f26f43ffbde947.pdf%5D

OREIRO, J.L; COSTA SANTOS, J.F. (2019). “The Impossible Quartet in a Demand-Led Growth-Supermultiplier model for a small open economy. Working Paper: University of Brasília.

SANTANA, B; OREIRO, J.L. (2018). “Real Exchange Rate and Structural Change in a Kaldorian Balance of Payments Constrained Growth Model”. Revista de Economia Política, Vol. 38, n.1. 

SKOTT, P. (1989). Conflict and Effective Demand in Economic Growth. Cambridge University Press: Cambridge. 

SKOTT, P. (2010). “Growth, Instability and Cycles: Harrodian and Kaleckian models of accumulation and income distribution” In: SETTERFIELD, M. (org.). Handbook of Alternative Theories of Economic Growth. Edward Elgar: Aldershot

THIRWALL, A.P. (1979). “The Balance of Payments Constraint as na Explanation of Interntional Growth Rates Differences”. Banca Nazionale del Lavoro Quarterly Review, n.128.

THIRWALL, A.P.(2002). The Nature of Economic Growth. Edward Elgar: Aldershot,

 

 

 

 

 

Críticas ao Supermultiplicador sraffiano, o Modelo de Thirwall e o Novo-Desenvolvimentismo.

17 domingo fev 2019

Posted by jlcoreiro in Modelo de Thirwall, novo-desenvolvimentismo

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Modelo de Thirwall, novo-desenvolvimentismo, supermultiplicador sraffiano

No meu último post (https://jlcoreiro.wordpress.com/2019/02/16/a-controversia-entre-peter-skott-e-marc-lavoie-e-o-supermultiplicador-sraffiano/) eu mostrei como o supermultiplicador sraffiano (SSM) foi utilizado pelo Marc Lavoie para resgatar os modelos neo-kaleckianos de crescimento e distribuição de renda da crítica devastadora feita por Peter Skott (2010) à especificação da função investimento desses modelos. A operação de salvamento dos modelos neo-kaleckianos veio acompanhada de um custo teórico não-desprezível. Em primeiro lugar, a plena endogenização do investimento em ampliação da capacidade produtiva necessária para a incorporação do SSM a estrutura formal dos modelos neokaleckianos eliminou o canal pelo qual alterações do “animal spirits” dos empresários poderia afetar o grau de utilização da capacidade produtiva e a taxa de crescimento do estoque de capital na configuração de equilíbrio do modelo. Se o objetivo de Lavoie  (2016, 2017) com essa solução era preservar a “mensagem keynesiana”; então sua tentativa foi mal sucedida; haja vista que o aspecto essencial da Teoria Geral de Keynes (1936), tal como descrita pelo autor no prefácio de seu magnun opus, é precisamente mostrar que uma economia monetária de produção “é essencialmente uma economia na qual as mudanças na visão sobre o futuro são capazes de influenciar a quantidade de emprego e não apenas a sua direção”. A endogenização total do investimento elimina um dos elementos essenciais da “mensagem keynesiana”.

Em segundo lugar, mas não menos importante, é que a incorporação do SSM a estrutura dos modelos neo-kaleckianos implica numa mudança do motor do crescimento de longo-prazo do investimento empresarial para o consumo dos capitalistas. Essa mudança abre espaço para a defesa do tricke-down economics, pois o ritmo de crescimento do consumo dos capitalista está relacionado ao estoque de riqueza possuído pelos mesmos; de onde podemos inferir que políticas que privilegiem o “andar de cima”, ao estimularem o crescimento de longo-prazo, irão beneficiar os trabalhadores permitindo, por exemplo, uma criação mais rápida de empregos. Esse resultado parece não ter sido percebido por Lavoie e neo-kaleckianos, pois esses autores pertencem indiscutivelmente ao campo progressista do pensamento econômico.

Independente dos problemas teóricos e políticos que a incorporação do SSM a estrutura formal dos modelos neo-kaleckianos de crescimento e distribuição de renda possam causar; permanece uma questão teórica fundamental que consiste em avaliar a robustez da abordagem SSM. Em outras palavras, modelos do tipo SSM são modelos robustos; no sentido de que apresentam resultados que não dependem de hipóteses restritivas sobre o funcionamento do sistema econômico? Irei argumentar na sequência que a resposta a essa pergunta é não.

A robustez da abordagem SSM foi criticada em artigo recente de Nikiforos (2018). Segundo Nikiforos  a abordagem SSM tem dois problemas principais. Em primeiro lugar, ela considera o grau normal de utilização da capacidade produtiva como exógeno e independente da demanda agregada. O problema com essa hipótese é de que o papel da demanda na determinação do nível de utilização da capacidade produtiva desaparece e o modelo torna-se similar ao “modelo clássico” no longo-prazo (p. 9). Contudo, a ideia de que o grau normal de utilização da capacidade produtiva é um dado tecnológico ou determinado pelas “convenções” prevalecentes entre os empresários é incorreta. Com efeito, pode-se demonstrar que se a economia operar com retornos crescentes de escala, então o grau normal de utilização da capacidade produtiva torna-se uma variável endógena, de tal maneira que um aumento da demanda agregada irá resultar num aumento do grau “normal” ou desejado de utilização da capacidade produtiva. Nesse contexto, Oreiro (2004) mostrou que a incorporação do grau normal de utilização da capacidade produtiva endógeno a estrutura dos modelos neo-kaleckianos de crescimento permite que (i) a capacidade excedente não planejada convirja para zero no longo-prazo, contornando-se assim as críticas feitas pelos autores Marxistas como, por exemplo, Duménil, G; Lévy, D.(1995, 1999) aos modelos neo-kaleckianos ; (ii) a taxa de crescimento do produto e da capacidade produtiva será inteiramente determinada pelo componente autônomo da função investimento, dando assim um papel fundamental para o “animal spirits” dos capitalistas no crescimento de longo-prazo.

Outra crítica de Nikiforos ao SSM é que o mesmo desconsidera as implicações em termos das relações entre fluxos e estoques dos gastos autônomos financiados por intermédio de endividamento. Com efeito, consideremos que o consumo autônomo das famílias é financiado por crédito bancário como no modelo desenvolvido por Freitas e Serrano (2015). O financiamento por intermédio de crédito bancário gera uma dinâmica intrínseca para o estoque de dívida das famílias com os bancos comerciais e, por conseguinte, para o nível de endividamento das famílias, ou seja, a razão dívida-renda. Embora o endividamento das famílias deva se estabilizar em algum nível no longo-prazo; o aumento da fragilidade financeira das famílias durante a dinâmica de transição para o equilíbrio de longo-prazo poderá aumentar o risco percebido pelos bancos comerciais, levando-os a aumentar as taxas de juros sobre os empréstimos bancários e, eventualmente, a praticar o racionamento de crédito. O aumento do custo do crédito associado a redução da disponibilidade do mesmo devido ao credit rationing poderá levar às famílias a reduzir o ritmo de crescimento dos seus gastos de consumo. Mas nesse caso, o consumo autônomo terá deixado de ser autônomo. Raciocínio similar pode ser aplicado aos gastos do governo. O único componente da demanda autônoma para o qual esse raciocínio não se aplica é para as exportações, e mesmo assim apenas no caso de pequenas economias abertas.

Uma outra linha de crítica a abordagem do SSM foi desenvolvida recentemente por Oreiro e Costa Santos (2019). Esses autores elaboram um modelo do tipo SSM para uma pequena economia aberta com atividades governamentais. Contudo, ao invés de considerarem a existência de um único motor de crescimento para a demanda autônoma como Freitas e Serrano (2015); Oreiro e Costa Santos consideram uma economia na qual as exportações e os gastos do governo crescem a uma taxa exógena, embora não necessariamente igual entre si. O investimento em ampliação da capacidade produtiva é totalmente endógeno na linha do modelo apresentado por Freitas e Serrano (2015). Oreiro e Costa Santos assumem que a taxa real de câmbio é fixa ao nível da paridade do poder de compra, que a propensão marginal a importar é constante e que a distribuição de renda entre salários e lucros é exógena. Além disso, os autores assumem que a mobilidade de capitais é igual a zero, de forma que déficits na balança comercial só podem ser financiados por intermédio da redução das reservas internacionais, até o ponto em que as mesmas chegam a zero. Na sequência os autores examinam as propriedades do equilíbrio de longo prazo e as condições de estabilidade do mesmo em três cenários diferentes. No cenário 1, a taxa de crescimento das exportações é igual a taxa de crescimento dos gastos do governo. No cenário 2, a taxa de crescimento das exportações é maior do que a taxa de crescimento dos gastos do governo. Por fim, no cenário 3 a taxa de crescimento das exportações é menor do que a taxa de crescimento dos gastos do governo.

Os resultados obtidos pelos autores mostram que no cenário 1 a economia converge para um equilíbrio de longo-prazo no qual a razão reservas internacionais/PIB e a dívida pública/PIB são ambas constantes e positivas. Trata-se de um cenário que pode ser considerado como viável em termos econômicos. No cenário 2, a economia converge para um equilíbrio de longo-prazo no qual a razão reservas/PIB é constante e positiva; mas a razão dívida pública/PIB é negativa. Trata-se de um cenário no qual a condição de solvência externa da economia é respeitada; mas no qual o governo se torna um credor líquido do setor privado. Embora uma situação na qual o governo é credor, ao invés de devedor, do setor privado pareça extremamente improvável, ela não representa uma situação economicamente impossível; de forma que o cenário 2 não pode ser descartado em termos puramente analíticos. Por fim, no cenário 3 a economia converge para uma posição de equilíbrio de longo-prazo na qual a relação dívida pública/PIB é constante e positiva; mas a relação reservas internacionais/PIB é negativa. O problema é que se a economia em questão não for emissora da moeda de reserva internacional; então no cenário 3 a economia converge para uma posição economicamente impossível de ser sustentada; ou seja, ela não pode ser um equilíbrio de longo-prazo.

Os resultados do modelo desenvolvido por Oreiro e Costa Santos (2019) mostram que o modelo do SSM só se aplica para o caso em que o motor de crescimento da demanda autônoma é dado pelo crescimento das exportações; resultado que, aliás, foi igualmente apresentado por NAH, W. J.; LAVOIE, M. (2017). Mas, nesse caso, o modelo do SSM torna-se indistinguível do modelo de crescimento com equilíbrio do balanço de pagamentos desenvolvido por Thirwall (1979). A ideia de que o crescimento de longo-prazo de pequenas economias abertas que não possuem moeda de reserva ou conversível só pode ser liderado pelas exportações é um dos aspectos centrais da escola novo-desenvolvimentista brasileira, cujos fundamentos teóricos se acham expostos em Bresser-Pereira, Oreiro e Marconi (2015). 

Referências

BRESSER-PEREIRA, L.C; OREIRO, J.L; MARCONI, N. (2015). Developmental Macroeconomics: new developmentalism as a growth strategy”. Routledge: Londres.

Duménil, G; Lévy, D. (1995) “A Post-Keynesian Long-Term Equilibrium with Equalized Profit Rates? A Rejoinder to Amitava Dutt’s Synthesis” Review of Radical Political Economy, Vol. 27(2), pp. 135-141.

Duménil, G; Levy,. (1999). “Profit rates: Gravitation and Trends”. EconomiX, PSE: Paris.

FREITAS, F; SERRANO, F. (2015). “Growth rate and level effects, the stability of the adjustment of capacity to demand and the Sraffian supermultiplier”. Review of Political Economy, Vol. 27, N.3, pp.258-281.

KEYNES, J.M. (1936). The General Theory of Employment, Interest and Money”. Macmillan: Londres.

Lavoie, M. (2016). “Convergence towards the normal rate of capacity utilization in neo-Kaleckian models: The role of non-capacity creating autonomous expenditures”. Metroeconomica, 67(1), 172–201.

Lavoie, M. (2017). “Prototypes, reality and the growth rate of autonomous consumption expenditures: A rejoinder”. Metroeconomica, 68(1), 194–199

NAH, W. J.; LAVOIE, M. (2017). “Long-run convergence in a neo-Kaleckian open economy model with autonomous export growth”. Journal of Post Keynesian Economics, Vol. 40, N.2, pp. 223-238.

OREIRO, J.L. (2004). “Accumulation Regimes, Endogenous Desired Level Rate of Capacity Utilization and Income Distribution”. Investigación Económica, Vol. 63, n.248

OREIRO, J.L; COSTA SANTOS, J.F. (2019). “The Impossible Quartet in a Demand-Led Growth-Supermultiplier model for a small open economy. Working Paper: University of Brasília.

NIKIFOROS, M. (2018). “Some comments on the Sraffian supermultiplier approach to growth and distribution”. Levy Institute of Economics, Working paper n. 907.

SKOTT, P. (2010). “Growth, Instability and Cycles: Harrodian and Kaleckian models of accumulation and income distribution” In: SETTERFIELD, M. (org.). Handbook of Alternative Theories of Economic Growth. Edward Elgar: Aldershot

THIRWALL, A.P. (1979). “The Balance of Payments Constraint as na Explanation of Interntional Growth Rates Differences”. Banca Nazionale del Lavoro Quarterly Review, n.128.

 

 

 

 

A relação entre investimento e poupança nos modelos de crescimento de inspiração Keynesiana

15 sexta-feira fev 2019

Posted by jlcoreiro in Modelos de crescimento de inspiração keynesiana, Relação entre poupança e investimento, supermultiplicador sraffiano

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Modelos de crescimento de inspiração keynesiana, Relação entre poupança e investimento, supermultiplicador sraffiano

Uma das principais implicações do assim chamado Princípio da Demanda Efetiva enunciado por J.M.Keynes no capítulo 3 de sua Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda (1936) é a relação de determinação da poupança agregada pelo investimento. No modelo desenvolvido por Keynes, um aumento do investimento planejado pelas empresas irá induzir um crescimento de tal magnitude do nível de emprego e de renda que, ao final do processo, a poupança agregada terá aumentado na mesma magnitude do que a poupança (Amadeo, 1989). Como corolário dessa argumentação segue-se que não pode haver uma “escassez” de poupança no sistema econômico, pois o investimento sempre cria uma poupança na mesma magnitude. Esse resultado é igualmente válido para uma economia aberta, embora a composição da poupança entre poupança doméstica e poupança externa, seja uma variável que depende, entre outros fatores, da taxa real de câmbio. Dessa forma, um aumento do investimento privado irá sempre produzir um aumento equivalente na poupança total; mas a poupança doméstica pode não acompanhar o aumento do investimento caso a taxa real de câmbio esteja sobrevalorizada. Nesse caso, o aumento correspondente da poupança será atendido por “poupança externa”; aumentando assim a fragilidade externa da economia em consideração.

A extensão do princípio da demanda efetiva para o longo-prazo – ou seja, para aquele intervalo de tempo para o qual o estoque de capital, o tamanho e a qualificação da força de trabalho e as técnicas de produção variam ao longo do tempo – foi feito pelos autores pertencentes a assim chamada Escola de Cambridge (Reino Unido), os quais acabaram sendo denominados de pós-keynesianos. Nesse grupo podemos destacar Roy Harrod, Nicholas Kaldor e Luigi Pasinetti. Os modelos desenvolvidos por esses autores tinham como suposto básico a ideia de que, no longo-prazo, o estado normal de operação de uma economia capitalista seria a plena utilização da capacidade produtiva existente. Nesse contexto o ajuste entre poupança e investimento não poderia mais ser feito por intermédio de variações do grau de utilização da capacidade produtiva; mas por alterações na distribuição de renda entre salários e lucros, a qual se tornava uma variável endógena ao processo de crescimento econômico. Partindo do pressuposto fundamental de que a propensão média a poupar da economia é uma média ponderada das propensões a poupar a partir de salários e lucros, cada qual multiplicada pela participação da classe de rendimentos correspondente na renda nacional; e que a propensão a poupar a partir dos lucros é maior do que a propensão a poupar a partir dos salários (no caso de Kaldor porque as empresas são compelidas, num ambiente de retornos crescentes de escala, a realizar gastos de investimento para, pelo menos, manter o seu market-share e assim não perder competitividade); segue-se que a participação dos lucros na renda nacional pode atuar como variável de ajuste entre investimento e poupança.

Consideremos uma economia que opera inicialmente em equilíbrio de longo-prazo e que ocorre um aumento da taxa de investimento. Ao nível inicial de distribuição de renda, a taxa de investimento será maior do que a taxa de poupança e a economia ficará sobreaquecida. Nessas condições as firmas deverão aumentar suas margens de lucro o que fará com que, a nível da economia como um todo, a participação dos lucros na renda nacional aumente. O aumento da participação dos lucros irá aumentar a propensão média a poupar de tal forma que a taxa de poupança irá se ajustar ao novo valor da taxa de investimento. O investimento continua determinando a poupança, mas a variável de ajuste é a distribuição de renda, ao invés do nível de emprego e de utilização da capacidade produtiva. Nessa classe de modelos, contudo, uma aceleração permanente da taxa de investimento e de acumulação de capital vem necessariamente acompanhada por um aumento (redução) da participação dos lucros (salários) na renda. Em outras palavras, nesses modelos o regime de crescimento é do tipo profit-led.

Mais recentemente uma série de autores autoproclamados “neo-ricardianos” – entre os quais Serrano (1995), Bortis (1997) e Dejuan (2005) – desenvolveram um novo mecanismo de ajuste entre poupança e investimento que (i) manteria a “posição keynesiana” de determinação da poupança pelo investimento; (ii) seria compatível com a economia operando numa posição de equilíbrio de longo-prazo na qual a demanda agregada e a capacidade produtiva estariam plenamente ajustadas uma a outra, de forma que o grau de utilização da capacidade produtiva seria igual ao grau “normal” de utilização da capacidade, exogenamente determinado; (iii) seria compatível uma distribuição de renda entre salários e lucros exógena ao sistema econômico; e (iv)  alterações exógenas da participação dos salários na renda seriam compatíveis com um aumento do nível de renda e de estoque de capital na trajetória de crescimento de longo-prazo; embora não tenha efeito sobre a taxa de crescimento dessas variáveis, a qual seria determinada pela taxa de crescimento do componente da demanda autônoma que não cria capacidade produtiva. Esse componente pode ser a parcela do consumo das famílias que é financiado por intermédio de aumento do endividamento, o investimento residencial, as exportações ou os gastos do governo. Na versão mais simples desse mecanismo, o consumo financiado pelo endividamento é escolhido como o motor de crescimento da demanda autonôma. Esse mecanismo de ajuste ficou conhecido como o modelo do Supermultiplicador Sraffiano (SSM).

Como opera esse mecanismo? A ideia básica do supermultiplicador é muito simples. O ponto de partida do SSM consiste em observar que a propensão média a poupar da economia pode ser diferente da propensão marginal a poupar se considerarmos a existência de um termo autônomo na função poupança. Assim, ao invés de supormos que a poupança é uma função linear da renda como no modelo de Harrod (1939) [S=sY, onde s é a propensão marginal a poupar] ou uma média ponderada entre as propensões a poupar a partir dos salários e lucros como em Kaldor (1956) e Pasinetti (1961) [ S = s1*w Y+ s2*(1-w)Y, onde s1 é a propensão a poupar a partir dos salários, s2 é a propensão a poupar a partir dos lucros , w é a participação dos salários na renda nacional; ]; iremos supor que a função poupança pode ser escrita como S = -Z + s.Y (onde Z é o consumo autônomo). Se dividirmos S pelo nível de produto temos que S/Y = s – z (onde z = Z/Y). Considere agora que h = I/Y é a taxa de investimento. Suponha que a mesma seja constante no curto-prazo. O equilíbrio no mercado de bens para uma economia fechada e sem governo exige que h = s -z. Como h e s são variáveis exógenas; segue que a variável de ajuste deve ser z, ou seja, o consumo autônomo por unidade de produto. Dessa forma, um aumento exógeno da taxa de investimento irá levar a uma redução de z para que a taxa de poupança agregada se ajuste ao novo nível da taxa de investimento. O investimento continuará determinando a poupança, mas a variável de ajuste não mais será o grau de utilização da capacidade produtiva ou a distribuição funcional da renda; mas a relação entre o consumo autônomo e o nível de renda.

Mas no médio e longo-prazo a propensão a investir não fica constante. Com efeito ela deve se ajustar ao longo do tempo em função da diferença entre o grau efetivo e o grau normal de utilização da capacidade produtiva; ou seja, dh/dt = h (u – un), onde un é o grau normal de utilização da capacidade. Além disso, a relação entre o consumo autônomo e o estoque de capital z deve variar ao longo do tempo com base na seguinte equação dz/dt = z (gz – gk), onde gz é a taxa de crescimento do consumo autônomo, a qual é tida como exógena ao modelo. Por fim, o grau de utilização da capacidade produtiva irá se ajustar ao longo do tempo com base na seguinte equação du/dt = u (g – gk), onde g é a taxa de crescimento do produto e gk é a taxa de crescimento do estoque de capital.  O equilíbrio de longo-prazo do sistema é tal que (dh/dt)=(dz/dt)=(du/dt)=0. Nessa posição teremos que u=un;  gz = gk, g = gk; ou seja, o grau de utilização da capacidade produtiva será igual ao normal, mas a taxa de crescimento do  nível de produto e do estoque de capital será igual a taxa de crescimento do consumo autônomo. No modelo SSM o nível de utilização da capacidade produtiva é determinado pelas condições de oferta da economia no longo-prazo; mas a taxa de crescimento do produto e do estoque de capital são determinados pela taxa de crescimento do componente da demanda autônoma que não cria capacidade. Trata-se de um modelo no qual a Lei de Say vale para o  o grau de utilização da capacidade produtiva; mas o princípio da demanda efetiva vale para a taxa de crescimento do produto!

Neste modelo um aumento da taxa de crescimento do consumo autônomo irá acelerar o ritmo de expansão da demanda agregada relativamente ao ritmo de expansão do estoque de capital  (gk) fazendo com que ocorra um aumento do grau de utilização da capacidade produtiva (u), o qual ficará maior do que o nível normal de utilização da capacidade (un). Como o grau de ociosidade da capacidade produtiva será menor do que o nível normal de longo-prazo, as empresas do setor privado, pressionadas pela concorrência, irão acelerar seus planos de investimento, aumentando assim a taxa de investimento (h), o que irá acelerar a taxa de crescimento do estoque de capital (gk) e, por conseguinte, reduzir o nível de utilização da capacidade produtiva. O aumento de h, por sua vez, irá reduzir o valor de z, de forma que ao longo do processo de transição para o novo equilíbrio de longo-prazo o nível de atividade produtiva deverá crescer mais rapidamente do que o consumo autônomo. Ao final do processo terá ocorrido um aumento permanente na taxa de crescimento do produto e do estoque de capital, e um aumento igualmente permanente no nível de produto e do estoque de capital; mas o grau de utilização da capacidade produtiva terá voltado ao seu valor normal de longo-prazo.

O modelo do SSM tem ganhado popularidade no meio acadêmico brasileiro e internacional devido a controvérsia entre Marc Lavoie (2016; 2017) e Peter Skott (2016) sobre a especificação da função investimento dos modelos neo-kaleckianos de crescimento e distribuição de renda, a qual teve início no trabalho seminal de Skott (2010).  A análise dessa controvérsia e da relação da mesma com o SSM será objeto de um próximo post.

Referências

AMADEO, E.J. (1989). Keynes´s Principle of Effective Demand. Edward Algar: Aldershot.

BORTIS, H. (1997). Institutions, Behavior and Economic Theory: a contribution to Classical-Keynesian Political Economy. Cambridge University Press: Cambridge

Dejuán, O. (2005). “Paths of accumulation and growth: towards a Keynesian long-period theory of output.” Review of Political Economy 17(2): 231–52

HARROD, R.F.  (1939). “An Essay in Dynamic Theory” In: A. Sen (org). Growth Economics. Penguin Books: Middlesex, 1970.  

KALDOR, N. (1956). “Alternative Theories of Distribution”. Review of Economic Studies, 23, pp. 83-100.

KEYNES, J.M. (1936). The General Theory of Employment, Interest and Money. Macmillan Press: Cambridge

Lavoie, M. (2016). “Convergence towards the normal rate of capacity utilization in neo-Kaleckian models: The role of non-capacity creating autonomous expenditures”. Metroeconomica, 67(1), 172–201.

Lavoie, M. (2017). “Prototypes, reality and the growth rate of autonomous consumption expenditures: A rejoinder”. Metroeconomica, 68(1), 194–199

Pasinetti, L. (1961-62). “Rate of Profit and Income Distribution in relation to the Rate of Economic Growth” In: A. Sen (org.). Growth Economics. Penguin Books: Middlesex, 1970.

Serrano, F. (1995). ‘Long Period Effective Demand and the Sraffian Supermultiplier.’ Contributions to Political Economy 14 67–90.

SKOTT, P. (2010). “Growth, Instability and Cycles: Harrodian and Kaleckian models of accumulation and income distribution” In: SETTERFIELD, M. (org.). Handbook of Alternative Theories of Economic Growth. Edward Elgar: Aldershot

Skott, P. (2016). “Autonomous demand, Harrodian instability and the supply side”. Department of Economics Working Paper Series. 215. Retrieved from http://scholarworks.umass.edu/econ_workingpaper/215.

 

 

 

 

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