• Página pessoal de José Luis Oreiro
  • Página da Associação Keynesiana Brasileira
  • Blog da Associação Keynesiana Brasileira
  • Página do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro
  • Página da Associação Nacional dos Centros de Pós-Graduação em Economia
  • Página pessoal de Luiz Carlos Bresser-Pereira
  • Página do Levy Institute
  • Página da Associação Heterodoxa Internacional
  • Blog do grupo de pesquisa Macroeconomia Estruturalista do Desenvolvimento
  • Post Keynesian Economics Study Group
  • Economia e Complexidade
  • Página de José Roberto Afonso
  • Centro Celso Furtado
  • Departamento de Economia da Universidade de Brasilia
  • About José Luis Oreiro

José Luis Oreiro

~ Economia, Opinião e Atualidades

José Luis Oreiro

Arquivos da Tag: Debate liberais versus neodesenvolvimentistas

Bolsonaro quer baixar imposto de eletrônicos; é bom ou ruim para o país? (Portal da UOL, 19/06/2019)

19 quarta-feira jun 2019

Posted by jlcoreiro in "nova ordem", Debate macroeconômico, José Luis Oreiro

≈ 1 comentário

Tags

Artigos de José Luis Oreiro, Debate liberais versus neodesenvolvimentistas, Debate Macroeconômico

Lucas Gabriel Marins

Colaboração para o UOL, em Curitiba

19/06/2019 04h00Atualizada em 19/06/2019 07h56

No último final de semana, o presidente Jair Bolsonaro disse em suas redes sociais que estuda reduzir impostos sobre importação de produtos de tecnologia, como computadores, celulares e jogos eletrônicos. A ideia, segundo ele, é diminuir os tributos de 16% para 4%, o que poderia “fomentar a competitividade e a inovação”.

Especialistas ouvidos pela reportagem do UOL acham que a medida, caso realmente seja colocada em prática, pode até reduzir o preço dos produtos para o consumidor final, mas o impacto para a indústria nacional seria negativo. Outros veem aspectos positivos e acreditam que a redução, principalmente na área de informática, pode aumentar a produtividade doméstica.

Medida acaba com indústria local, diz especialista

José Luis Oreiro, professor do departamento de Economia da Universidade de Brasília (UNB), critica a proposta. Ele diz que o setor enfrenta dificuldades por causa da recessão e da estagnação dos últimos anos, com queda de vendas. “Se você facilita a importação, acaba com o que resta da indústria nacional”, disse. Oreiro também afirmou que a medida anunciada pelo presidente vai na contramão do que os países desenvolvidos fazem hoje. Segundo ele, nações como França, Japão e Estados Unidos estão tentando proteger suas indústrias –estratégicas para o desenvolvimento científico e tecnológico. “Agora o Brasil está indo na direção oposta. É nonsense.”

Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Semicondutores (Abisemi), 92% dos 52,1 milhões de celulares e smartphones vendidos por ano no Brasil são produzidos por aqui. No caso de computadores, 86% dos 6,2 milhões de equipamentos são feitos no país. Os dados são de agosto de 2018.

Link da matéria: https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2019/06/19/reducao-impostos-computador-notebook-celular-importados.htm.

A política fiscal contracionista é … contracionista

18 quinta-feira abr 2019

Posted by jlcoreiro in "nova ordem", Debate macroeconômico, José Luis Oreiro

≈ Deixe um comentário

Tags

Debate liberais versus neodesenvolvimentistas, Debate Macroeconômico

Um dos mitos que os economistas liberais divulgam em proza e verso aos quatro cantos do país é que o ajuste fiscal, com corte de gastos públicos, levaria a um aumento da confiança do setor privado e, dessa forma, a um aumento do investimento privado.

A figura 1 abaixo mostra o comportamento do investimento líquido do governo geral (investimento bruto menos a depreciação do estoque de capital) como proporção do PIB desde 2010. Observem que entre 2014 e 2015 a uma redução de 0.78% do PIB do investimento líquido do governo geral, justamente no momento em que a economia brasileira entra numa das piores recessões de sua história. A literatura brasileira sobre multiplicadores fiscais (Pires, 2017) mostra que o efeito multiplicador dos investimentos públicos é da ordem de 1.7 o que significa que apenas a contração do investimento público foi responsável por uma queda de aproximadamente 1,3% do PIB no ano de 2015, ou seja, quase 1/3 da queda do nível de atividade registrado naquele ano. Entre 2015 e 2017 o investimento líquido do governo geral apresentou uma queda de 0,68% do PIB, contribuindo assim de forma decisiva para a lenta recuperação da economia brasileira após o término oficial da grande recessão em 2016.

Agora em 2019 o todo poderoso Czar da economia Paulo Guedes quer repetir a fórmula adotada no passado, contingenciando mais de R$ 30 bilhões de gastos de investimento. O resultado será uma desaceleração ainda maior do crescimento da economia brasileira, com queda de arrecadação e manutenção do desequilíbrio das contas públicas. Receita certa para que o Brasil caia outra vez em recessão.

Referências:

Pires, M. (2017). Política Fiscal e Ciclos Econômicos: teoria e experiência recente. Elsevier: Rio de Janeiro

Figura 1

Oreiro e o novo desenvolvimentismo (Portal Disparada, 20/07/2018)

20 sexta-feira jul 2018

Posted by jlcoreiro in Crítica a nova matriz macroeconômica, crítica ao governo Temer, Crise Econômica no Brasil, critica ao governo Dilma, Debate macroeconômico, Desindustrialização, Distribuição de Renda e Desigualdade, Eleições 2018, Estratégias de Desenvolvimento, Governo Temer, José Luis Oreiro

≈ Deixe um comentário

Tags

Debate liberais versus neodesenvolvimentistas, José Luis Oreiro, novo-desenvolvimentismo

De: Renato Côrtez Ghelfi

Um dos principais nomes do desenvolvimentismo no Brasil, o economista José Luis Oreiro não poupa críticas ao governo Temer, indica vários erros nas gestões petistas e afirma que Ciro Gomes é o candidato mais alinhado à escola que busca alterar a lógica econômica vigente no país.

As opiniões de Oreiro incomodam liberais, mas podem não agradar a todos os esquerdistas. Ao falar sobre o quadro fiscal, por exemplo, ele defende o aumento de impostos e o fim do teto de gastos, mas diz que a adoção de uma idade mínima para a aposentadoria é “inescapável”.

Em conjunto com Nelson Marconi, que é um dos assessores de Ciro, o entrevistado publicou vários trabalhos nos últimos anos. Em um dos mais recentes, “O novo-desenvolvimentismo e seus críticos”, de 2016, ambos apontaram caminhos para a atuação do Estado nos próximos anos.

Oreiro também tem obras escritas com João Sicsú, Bresser-Pereira e outros nomes associados à esquerda na economia, além de 80 artigos em revistas científicas nacionais e internacionais, como o Journal of Post Keynesian Economics, o Cambridge Journal of Economics e a Revista de la Cepal.

Nesta entrevista ao Portal Disparada, o economista, que atualmente é professor da Universidade de Brasília (UNB), fala sobre o governo PT, a crise econômica, as eleições presidenciais e as perspectivas para o futuro.

O que define o novo desenvolvimentismo?

O novo desenvolvimentismo é uma estratégia nacional de desenvolvimento, que tem como eixo central a ideia de que o desenvolvimento econômico é um processo de mudança estrutural da economia realizado com o intermédio da acumulação de capital e do progresso tecnológico.

Para que essa mudança aconteça, é necessário que haja uma taxa de câmbio competitiva, que os salários cresçam no mesmo ritmo da produtividade do trabalho e que haja uma taxa de juros compatível com os níveis internacionais. Com um equilíbrio entre esses três fatores, pode haver uma mudança estrutural da economia, com a realocação dos fatores de produção para setores com maior produtividade do trabalho, como a indústria.

O governo deve intervir para alinhas esses três fatores?

Sim, é preciso adotar regimes de política econômica, monetária, salarial e fiscal que levem a um equilíbrio entre essas bases.

No mercado internacional o Brasil enfrenta países com leis trabalhistas fraquíssimas. É possível compensar essa questão só com a apreciação da taxa de câmbio?

A ideia é justamente essa. O câmbio é um instrumento que te permite equiparar os custos do trabalho com o de outros países. O Brasil perdeu muita competitividade externa porque o custo do trabalho daqui cresceu muito nos últimos 15 anos, prejudicando as exportações de manufaturados e aumentando as importações de manufaturados – houve um processo de substituição das importações às avessas.

Como se daria esse controle do câmbio?

Acho controle uma palavra muito forte. Trata-se de um regime de cambio administrado, com vários mecanismos, como o controle de capitais, que aconteceria, por exemplo, com um deposito compulsório para todas as entradas de capitais. Também é possível adotar uma regulação do mercado de derivativos de cambio, com o objetivo de reduzir a demanda especulativa por moeda estrangeira, além de usar um imposto sobre as importações de commodities, como o minério de ferro.

E os swaps cambiais, que o governo tem usado mais frequentemente?

São muito caros para o Tesouro, deveriam ser usados apenas em ultimo caso.

O controle de capital pode afastar o capital estrangeiro?

Sim, e a ideia é exatamente essa. Precisamos substituir a poupança externa pela poupança domestica. A ideia básica do novo desenvolvimentismo é que o capital se faz em casa.

Qual a importância do combate à desigualdade para esse novo desenvolvimentismo?

É algo importante, pois é necessária uma coesão social num projeto de desenvolvimento. Se for feito um projeto apenas para os mais ricos, não haverá essa coesão. O novo desenvolvimentismo não é contrário ao Bolsa-Família e a uma reforma tributaria progressiva, mas a desigualdade na distribuição de renda de hoje está mais ligada aos empregos de baixa qualificação que dominam a economia brasileira.

Por isso, é mais importante que seja alterada a estrutura produtiva da economia, mudando a participação dos setores econômicos. Hoje, no Brasil, os empregos são gerados no setor de serviços de baixa qualificação, já que a desindustrialização acabou com postos de trabalho com maior complexidade. É necessário reverter esse quadro.

E o investimento público no novo desenvolvimentismo?

É algo fundamental para que seja criada uma estrutura básica para a realização do investimento privado. O Brasil possui, por exemplo, notórias deficiências na área de energia, com uma matriz muito cara, que poderiam ser resolvidas com o investimento público.

Como lidar com o problema fiscal? Qual a sua opinião sobre o teto de gastos e a reforma da previdência?

A reforma da previdência é uma necessidade, basta olhar o perfil demográfico do Brasil. É necessário discutir melhor que tipo de mudança será feita, mas acredito que a colocação de alguma idade mínima é inescapável.

Sobre o problema fiscal, acredito que em 2019 deverá ser feito um ajuste rápido, diferente do ajuste gradual tentado por Temer com o teto de gastos. E não tem jeito, será necessário aumentar impostos, recriando a CPMF [Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira], que pode gerar entre 1,3% a 1,4% do PIB em receita em um período doze meses.

Também será necessário recriar o imposto de renda sobre lucros e dividendos distribuídos, que poderia gerar mais R$ 30 ou R$ 40 bilhões por ano. Junto com esse imposto seria necessário fazer um ajuste na alíquota do imposto de renda da pessoa jurídica, para evitar uma tributação muito forte sobre as empresas.

Outra mudança importante está na revisão dos gastos tributários, as isenções fiscais, que avançaram muito no governo Dilma e já estão em torno de 4% do PIB. É lógico que não dá pra eliminar todos esses gastos, mas é possível diminuir bastante esse número.

Todas essas mudanças permitiriam um ajuste fiscal mais rápido, eliminando o déficit fiscal no curto prazo e permitindo que a dívida pública voltasse a cair.

Essas mudanças seriam temporárias?

Não. Seriam aumentos mais duradouros.

Então a carga tributária seria ampliada por tempo indefinido?

Sim, seria necessário um aumento em torno de 3% do PIB. Isso porque não há, pelo menos no curto prazo, como resolver o problema fiscal sem aumentar a carga tributária. Quem disser o contrário estará vendendo ilusão.

E o teto de gastos?

O teto precisa ser retirado. É uma medida inviável e sempre se soube que ela era inviável. Como a população brasileira continua crescendo e está envelhecendo, a demanda pelo gasto público vai aumentar, o que impossibilita o congelamento dos investimentos públicos.

A aprovação do teto foi uma estratégia política montada pela equipe do Temer para forçar a aprovação da reforma da previdência. E essa estratégia deu errado.

Quais foram os principais erros econômicos do governo PT?

O primeiro grande erro foi ter deixado o câmbio se apreciar tanto no governo do Lula. Sem essa apreciação, a desindustrialização brasileira teria sido mais fraca.

Outro erro foram as desonerações tributárias feitas pela Dilma em 2012 e 2013, que pioraram bastante o quadro econômico. Elas [desonerações] não exigiram nenhuma contrapartida em investimento e queimaram o espaço fiscal do governo.

O terceiro erro foram as pedaladas fiscais, que tiraram a credibilidade da equipe econômica do governo e contribuíram para o impeachment.

E o PT também errou ao apostar todas as fichas no pré-sal. O governo embarcou numa aventura achando que, com o pré-sal, seria resolvida a crise dos anos 70 de forma retroativa. E isso aconteceu em um momento que o mundo todo caminha para uma matriz energética limpa. Poderíamos ter investido muito mais em produção de energia solar e eólica, o que também teria poupado o caixa da Petrobras, que está se recuperando até hoje.

Você vê o Ciro alinhado ao novo desenvolvimentismo? Algum outro candidato segue ou poderia seguir essa linha?

A principio, o Ciro é o mais alinhado com essa linha. Mas não digo que ele é 100% alinhado, até porque Mauro Benevides Filho e o Flávio Ataliba [economistas que assessoram o candidato] não são desenvolvimentistas.  Já o Nelson Marconi, que é desenvolvimentista, parece ter um papel mais secundário na campanha do Ciro.

O novo desenvolvimentista é de esquerda? Você é de esquerda?

Me considero um social democrata, uma pessoa que considera que o desenvolvimento econômico deve ser inclusivo e que o mercado precisa de regulação e supervisão do Estado para funcionar bem. Acho que esses pontos me colocam na centro-esquerda.

Slides da minha apresentação na sessão especial ANPEC-BNDES no 45 Encontro Nacional de Economia

14 quinta-feira dez 2017

Posted by jlcoreiro in ANPEC 2017, Debate macroeconômico, Desindustrialização, Macroeconomia do desenvolvimento, novo-desenvolvimentismo, Oreiro, Ortodoxia versus heterodoxia

≈ Deixe um comentário

Tags

45 Encontro Nacional de Economia, Debate liberais versus neodesenvolvimentistas, Estratégias de Desenvolvimento

Vejam os slides aqui do lado ANPEC BNDES 2017

Temer e a Indústria (Blog do Fernando Dantas, 07/04/2016)

07 quinta-feira abr 2016

Posted by jlcoreiro in Ajuste fiscal, Crise Econômica no Brasil, Debate macroeconômico, José Serra, Keynesianismo, Macroeconomia estruturalista do desenvolvimento, Mídia, Opinião, Oreiro

≈ 1 comentário

Tags

Debate liberais versus neodesenvolvimentistas, Governo Temer, Impeachement Dilma Rouseff

Fernando Dantas

07 abril 2016 | 15:33

Política econômica de eventual governo do vice-presidente pode ser menos consensual do que supõe. O velho conflito entre ortodoxos e heterodoxos (neste segundo caso, da escola neodesenvolvimentista) pode voltar em temas como a indústria e câmbio. O economista José Oreiro, por exemplo, defende um piso para uma eventual desvalorização do dólar.

Em caso de impeachment da presidente Dilma Rousseff, e de um governo Temer, a aposta do mercado é numa política econômica mais ortodoxa e liberal, com ênfase no problema fiscal. O cenário político, na verdade, complica-se cada vez mais, como fica claro na determinação de Marco Aurélio Melo, ministro do STF, de que o impeachment de Temer tenha seguimento na Câmara. De qualquer maneira, um governo do vice-presidente ainda parece ser um desfecho provável se houver impeachment.

A política econômica de um eventual governo Temer, entretanto, é uma variável bem mais complicada do que imagina. Há, para início de conversa, o documento – liberal em boa parte – “Ponte para o Futuro”, endossado por Temer e outros caciques do PMDB. Embora Arminio Fraga, que seria ministro da Fazenda em caso de vitória de Aécio Neves, já tenha dito que não participará do novo governo, pode-se dizer que muito do que se prevê para a política econômica de Temer está em linha com o pensamento do ex-presidente do BC, que exerce uma liderança indiscutível entre os economistas ortodoxos no Brasil.

Por outro lado, Temer tem ligações com a indústria paulista, a Fiesp embarcou entusiasticamente no barco de impeachment e o senador José Serra (PSDB-SP) também é tido como próximo às articulações em torno do novo governo. Este “lado” do movimento pró-impeachment é sensível à visão neodesenvolvimentista da política econômica, que dá grande ênfase ao câmbio e à indústria.

No debate econômico brasileiro atual, a disputa mais substancial acontece justamente entre economistas liberais do campo de Armínio e neodesenvolvimentistas. Os heterodoxos que defendem impulso fiscal perderam espaço com a dramática crise das contas públicas.

Foi significativo, por exemplo, que Marcos Lisboa e Samuel Pessôa – dois economistas de destaque entre os ortodoxos, e que estão entre os mais prestigiados formuladores do tipo de programa que se imagina que Temer poderia adotar – tenham dado entrevistas recentes em que criticam fortemente a influência do lobby industrial nas políticas econômicas equivocadas do passado recente. Alguns exemplos (não necessariamente citados diretamente pelos dois nas entrevistas recentes, mas de que certamente são críticos) são isenções tributária para estimular o consumo de bens duráveis, desoneração da folha, políticas industriais, proteção aduaneira, gigantismo do BNDES, tentativas de manipular o câmbio, a intervenção no setor elétrico, etc.

A pergunta que se impõe é: como poderiam economistas desse perfil (não especificamente os dois; Lisboa já descartou diretamente a hipótese) participar de um governo Temer, que teria uma forte influência da indústria?

Hoje, por exemplo, segundo reportagem de Clarice Couto, da Agência Estado, Thadeu Silva, analista da INTL FCStone, projetou que o câmbio cairia para R$ 3,10 no caso de Temer assumir a presidência.

Supondo correta a previsão, um movimento desse tipo abriria de imediato uma discussão entre ortodoxos e neodesenvolvimentistas. O economista José Oreiro, da UFRJ, que pertence ao segundo grupo, acha que o Banco Central (BC) deveria estabelecer um piso para o câmbio em torno de R$ 3,50.

É importante ressalvar que Oreiro também é crítico de muitas iniciativas da nova matriz econômica, inclusive algumas daquelas voltadas teoricamente a estimular a indústria.

Oreiro concorda com os ortodoxos em que um ajuste fiscal de longo prazo é fundamental para a economia brasileira. Ele nota que o crescimento da despesa primária acima do PIB força o aumento exagerado da demanda, levando à abertura do déficit em conta corrente e à sobrevalorização cambial que perdurou entre 2005 e 2014. A sobrevalorização, por outro lado, reprimariza a pauta de exportações e prejudica o crescimento potencial, agravando o problema fiscal, numa espécie de círculo vicioso.

Mas o diagnóstico consensual só vai até a reforma fiscal. Com as contas ajustadas, a visão neodesenvolvimentista é de uma trajetória mais agressiva de queda de juros acompanhada de uma política cambial que ativamente evite a sobrevalorização, como o piso defendido por Oreiro e outros colegas. Já os ortodoxos serão mais cautelosos na queda dos juros, sempre de olho num cumprimento mais estrito do regime de metas, e tenderão a defender o câmbio flutuante.

É verdade que pesa sobre os policymakers que hoje efetivamente colocam a mão na massa, inclusive no Banco Central, a herança do tripé macroeconômico, que mesmo tendo sido fortemente distorcido durante os tempos da nova matriz econômica, ainda é uma espécie de doutrina oficial a que pelo menos se presta homenagem. O pensamento de heterodoxos neodesenvolvimentistas como Oreiro e o ex-ministro da Fazenda, Luiz Carlos Bresser-Pereira, está ainda restrito ao debate econômico.

A dúvida, porém, é, no caso de um eventual governo Temer conseguir estabilizar a economia, até que ponto a força do lobby industrial na nova administração conseguirá influenciar decisões sobre câmbio, juros, subsídios, política comercial, etc., numa direção bem diferente do que a aposta mais otimista do mercado numa guinada liberal pressupõe. (fernando.dantas@estadao.com)

Fernando Dantas é jornalista do Broadcast

Esta coluna foi publicada pela AE-News/Broadcast em 7/4/16, quarta-feira.

Posts

junho 2022
S T Q Q S S D
 12345
6789101112
13141516171819
20212223242526
27282930  
« maio    

Arquivos do Blog

Blogs que sigo

  • Paulo Gala
  • Reação Nacional
  • amandagrdeassis
  • PROFESSOR WILIAM RANGEL
  • O Barômetro - A Economia sob Pressão
  • O Meio e o Si
  • Sidewalk Essays
  • José Luis Oreiro
  • WordPress.com

Minha página no Facebook

Minha página no Facebook

Estatísticas do Site

  • 925.999 hits

Blogroll

  • Associação Nacional dos Centros de Pós-Graduação em Economia – ANPEC
  • Association for Heterodox Economics
  • Blog do Desemprego Zero
  • Blog do Grupo de Pesquisa "Macroeconomia Estruturalista do Desenvolvimento"
  • Blog do Thomas Palley
  • CEPAL
  • Departamento de Economia da UMKC
  • Fundação konrad Adenauer
  • Globalidades
  • Grupo de Estudos de Dinâmica Econômica Evolucionária
  • Grupo de Estudos de Economia e Complexidade
  • Grupo de Estudos de Moeda e Sistema Financeiro
  • Instituto de Economia da Universidade de Campinas
  • Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro
  • Instituto para Estudos do Desenvolvimento Industrial (IEDI
  • Nobel Laureates in Economics
  • Página da Metroeconomica
  • Página da Revista de Economia Contemporânea
  • Página da Revista de Economia Política
  • Página da Revista Economia e Sociedade (Unicamp)
  • Página da Revista Nova Economia
  • Página da Sociedade Brasileira de Economia Política
  • Página de Anthony Thirwall
  • Página de Jan Kregel
  • Página de Joseph Stiglitz – Prêmio Nobel de Economia
  • Página de Lance Taylor
  • Página de Luigi Pasinetti
  • Página de Paul Davidson
  • Página do Boletim Economia & Tecnologia – UFPR
  • Página do Cambridge Journal of Economics
  • Página do departamento de economia da Universidade de Brasília
  • Página do Journal of Post Keynesian Economics
  • Página do Levy Economics Institute
  • Página do Mark Setterfield
  • Página pessoal de Amit Bhaduri
  • Página pessoal de Amitava Dutt
  • Página pessoal de Fernando Ferrari Filho
  • Página pessoal de Gilberto Tadeu Lima
  • Página pessoal de José Luis Oreiro
  • Página pessoal de Luiz Carlos Bresser-Pereira
  • Pós-Graduação em Economia da Universidade Federal de Viçosa
  • Portal Rumos do Brasil
  • Post Keynesian Economics Study Group
  • Reação Nacional
  • Real-World Economics Review Blog
  • Top Brazilian Economists – REPEC
  • Valor Econômico
  • WordPress.com

Tags mais usados

"nova ordem" A crise da economia brasileira A Grande Crise Brasileira Ajuste fiscal Ajuste Fiscal no Brasil Ajuste fiscal possível Associação Keynesiana Brasileira Bresser-Pereira Ciro Gomes COFECON Consolidação fiscal controles de capitais Copom Corecon-DF Crise do Coronavírus Crise do Euro Crise do Governo Dilma Rouseff Crise Econômica no Brasil Crítica ao governo Dilma Rouseff crítica ao governo Temer Crítica ao social-desenvolvimentismo Câmbio sobre-valorizado Debate Macroeconômico Desenvolvimentismo inconsistente Desindusitralização desindustrialização economia brasileira Economia Pós-Keynesiana eficácia da política monetária Eleições 2018 Erros de Paulo Guedes Erros do Banco Central do Brasil Espanha Estagnação secular no Brasil Estratégia Neo-atrasista Estratégias de Desenvolvimento Fiscalismo suicida Governo Dilma Rouseff Governo Michel Temer Governo Temer Herr Bolsonaro inflação Joaquim Levy john maynard keynes José Luis Oreiro José Lus Oreiro José Serra Lançamento do livro "Macroeconomia do Desenvolvimento" Macroeconomia do desenvolvimento Macroeconomia Estruturalista do Desenvolvimento Metas de Inflação Nova recessão a vista? novo-desenvolvimentismo Oreiro Os erros de Paulo Guedes Paulo Guedes PEC 241 Política macroeconômica do governo Dilma Rouseff política monetária Política Monetária no Brasil Populismo latino-americano Problema dos juros no Brasil proposta para os pré-candidatos a Presidencia da República Reforma da Previdência Reforma de Previdência Regra de Ouro Relação entre poupança e investimento Samuel Pessoa Semi-estagnação da economia brasileira Seminários Acadêmicos de Economia Senado Federal Sobre-valorização cambial taxa de câmbio Taxa de juros Taxa real de câmbio

Blog no WordPress.com.

Paulo Gala

Economia e Finanças - Beta Site

Reação Nacional

Uma alternativa Trabalhista Cristã

amandagrdeassis

PROFESSOR WILIAM RANGEL

"A família é base da sociedade e o lugar onde as pessoas aprendem pela primeira vez os valores que lhes guiam durante toda sua vida". (Beato João Paulo II)

O Barômetro - A Economia sob Pressão

Espaço de reflexão crítica sobre economia e política

O Meio e o Si

Seu blog de variedades, do trivial ao existencial.

Sidewalk Essays

brand new stuff, fresh ideas

José Luis Oreiro

Economia, Opinião e Atualidades

WordPress.com

WordPress.com is the best place for your personal blog or business site.

Privacidade e cookies: Esse site utiliza cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com seu uso.
Para saber mais, inclusive sobre como controlar os cookies, consulte aqui: Política de cookies
  • Seguir Seguindo
    • José Luis Oreiro
    • Junte-se a 2.855 outros seguidores
    • Já tem uma conta do WordPress.com? Faça login agora.
    • José Luis Oreiro
    • Personalizar
    • Seguir Seguindo
    • Registre-se
    • Fazer login
    • Denunciar este conteúdo
    • Visualizar site no Leitor
    • Gerenciar assinaturas
    • Esconder esta barra
 

Carregando comentários...