• Página pessoal de José Luis Oreiro
  • Página da Associação Keynesiana Brasileira
  • Blog da Associação Keynesiana Brasileira
  • Página do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro
  • Página da Associação Nacional dos Centros de Pós-Graduação em Economia
  • Página pessoal de Luiz Carlos Bresser-Pereira
  • Página do Levy Institute
  • Página da Associação Heterodoxa Internacional
  • Blog do grupo de pesquisa Macroeconomia Estruturalista do Desenvolvimento
  • Post Keynesian Economics Study Group
  • Economia e Complexidade
  • Página de José Roberto Afonso
  • Centro Celso Furtado
  • Departamento de Economia da Universidade de Brasilia
  • About José Luis Oreiro

José Luis Oreiro

~ Economia, Opinião e Atualidades

José Luis Oreiro

Arquivos Mensais: setembro 2021

Seria o Modelo de Thirwall apenas um “teto” para o crescimento de longo-prazo? Mais um equívoco dos economistas pop

30 quinta-feira set 2021

Posted by jlcoreiro in Macroeconomia estruturalista do desenvolvimento, miséria da crítica ao novo-desenvolvimentismo, novo-desenvolvimentismo

≈ Deixe um comentário

Tags

A miséria dos críticos do novo-desenvolvimento, Debate Macroeconômico, novo-desenvolvimentismo

A primeira reação dos “economistas pop” ao documento divulgado ontem (https://jlcoreiro.wordpress.com/2021/09/29/a-miseria-da-heterodoxia-o-universo-paralelo-dos-criticos-do-novo-desenvolvimentismo/) foi afirmar que o modelo de crescimento com restrição de balanço de pagamentos, o conhecido modelo de Thirwall (1997), no qual baseamos nossa argumentação a acerca do papel fundamental das exportações como motor do crescimento de longo-prazo representaria apenas (sic) um teto para o crescimento dos países periféricos como o Brasil, mas não um determinante do crescimento pois o mesmo seria determinado pelo ritmo de crescimento dos gastos autônomos. Sobre essa crítica temos a seguinte observação a fazer. Numa economia aberta, como ressaltado por Bortis (1997), são duas as fontes de crescimento da demanda autônoma, a saber: as exportações e os gastos do governo, ou seja, a taxa de crescimento da demanda autônoma será a média da taxa de crescimento das exportações (Gx) e da taxa de crescimento dos gastos do governo (Gg), ponderadas por suas respectivas participações na demanda autônoma. Se Gx for maior do que Gg então a participação dos gastos do governo na demanda autônoma total convergir assintóticamente para zero, de maneira que no longo-prazo a taxa de crescimento da demanda autônoma será totalmente determinada pela taxa de crescimento das exportações. Nesse caso, o crescimento de longo-prazo será determinado pela razão entre a taxa de crescimento das exportações e a elasticidade renda das importações, ou seja, pela “lei de Thirwall”. Caso Gx seja menor do que Gg, então a participação das exportações na demanda autônoma irá convergir para zero no longo-prazo, fazendo com que a taxa de crescimento do produto seja inteiramente determinada pela taxa de crescimento dos gastos do governo. Nesse caso, as importações irão crescer a uma taxa muito maior do que as exportações, levando o país a uma crise do balanço de pagamentos. Esse resultado pode ser verificado em Oreiro e Costa Santos (2019).

Referências

BORTIS, H.(1997). Institutions, Behavior and Economic Theory: a contribution to Classical-Keynesian Political Economy. Cambridge University Press: Cambridge.

OREIRO, J. L. C.; SANTOS, J. F. C. . (2019). “The Impossible Quartet in a Demand-Led Growth Supermultipier model for an small open economy”. In: XII Encontro Internacional da Associação Keynesiana Brasileira, 2019, Campinas. Anais do Encontro Internacional da AKB. São Paulo: AKB, 2019. v. 1. p. 350-375.

THIRWALL, A. P. (1979). “The Balance of Payments Constraint as na Explanation of International Growth Rates Differences”. Banca Nazionale del Lavoro Quarterly Review, N.128.

A miséria da heterodoxia: o universo paralelo dos críticos do Novo-Desenvolvimentismo (com pós-escrito)

29 quarta-feira set 2021

Posted by jlcoreiro in miséria da crítica ao novo-desenvolvimentismo, novo-desenvolvimentismo

≈ 2 Comentários

Tags

A miséria dos críticos do novo-desenvolvimento, novo-desenvolvimentismo

José Luis Oreiro, Luiz Fernando de Paula, Luciano D’Agostini, Luciano Dias de Carvalho, Luciano Pereira da Silva, Mauricio Andrade Weiss, Kalinka Martins da Silva, Kerssia Preda Kamenach, Helder Lara Ferreira Filho, Daniel Moura, Stefan W. D´Amato

Recentemente temos observado uma série de ataques, aparentemente coordenados, nas redes sociais, notadamente no Twitter, ao novo-desenvolvimentismo. Esses ataques têm partido de “economistas pop”, para usar a expressão cunhada pelo Prêmio Nobel de Economia, Paul Krugman; isto é, economistas cujo “prestígio” é medido pelo número de seguidores e likes no Twitter. Outro traço comum a esses economistas é que eles se autodeclaram como “economistas progressistas” ou de “esquerda”, e tentam associar o novo-desenvolvimentismo ao neoliberalismo, quando não a (sic) política econômica do governo Bolsonaro.

            Esta nota, escrita e assinada por membros do grupo de pesquisa macroeconomia estruturalista do desenvolvimento (www.sdmrg.com.br) , cadastrado no diretório dos grupos de pesquisa do CNPq (dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/11697) e certificado pela Universidade de Brasília, tem por objetivo rebater de forma clara as críticas infundadas que o novo-desenvolvimentismo tem sofrido nas redes sociais. Em que pese a célebre advertência do jornalista Nelson Rodrigues de que “não se deve gastar vela boa com defunto ruim”; os economistas que assinam esta nota acharam que num contexto em que o Brasil sofre de uma epidemia de fake-news e de aversão ao conhecimento científico torna-se imperioso separar o “joio do trigo”, ou seja, separar as críticas que são feitas de forma honesta por acadêmicos sérios daquelas que são feitas, seja por ignorância ou por má fé, pelos “economistas pop”.

            Os “economistas pop” fazem três tipos de crítica ao novo-desenvolvimentismo (doravante ND). O primeiro é que a política econômica preconizada pelo ND defende a redução do salário real como forma de incentivar a reindustrialização do Brasil, sendo assim uma reedição do “arrocho salarial” ocorrido durante o governo militar no período imediatamente anterior ao “milagre econômico”. Isso porque a obtenção de uma taxa de câmbio competitiva – o assim chamado câmbio de equilíbrio industrial do ND – implicaria numa redução do salário real (dada a produtividade do trabalho e a taxa de mark-up das empresas domésticas) e da participação dos salários na renda nacional; sendo, portanto, uma política contrária aos interesses dos trabalhadores. Além disso, os “economistas pop” acusam os novo-desenvolvimentistas de (sic) deliberadamente esconderem da opinião pública os efeitos da sua proposta de política cambial sobre os salários.

A segunda crítica é que haveria uma inconsistência entre a defesa dos ND sobre o papel da demanda agregada como o motor de crescimento de longo-prazo das economias capitalistas e sua crítica ao papel da demanda doméstica, notadamente o consumo, como indutora do crescimento da demanda agregada. Segundo essa visão, numa economia relativamente fechada como é a economia brasileira seria impossível para as exportações liderarem o crescimento econômico dada a baixa participação das exportações no PIB. Nesse contexto, a demanda doméstica, basicamente o gasto de consumo, deveria ser o motor do crescimento, o que exigiria um aumento persistente da participação dos salários na renda nacional, haja vista que a propensão a consumir a partir dos salários é maior do que a participação a consumir a partir dos lucros. A redistribuição de renda dos lucros para os salários aumentaria assim a demanda de consumo, levando a um aumento do grau de utilização da capacidade produtiva das empresas, as quais se sentiriam então estimuladas a investir. Implícita nesta argumentação está a ideia de que o aumento do grau de utilização da capacidade produtiva resultante da elevação da participação dos salários na renda seria suficiente (ou mais do que suficiente) para compensar o efeito da redução da participação dos lucros na renda sobre a taxa de lucro obtida pelos empresários; ou seja, a redistribuição de renda dos lucros para os salários não seria capaz de produzir uma situação de profit squeeze que reduzisse a taxa de acumulação de capital desejada pelos empresários. Dessa forma, dizem os “economistas pop” seria possível produzir o “milagre” da redistribuição de renda dos lucros para os salários que não seria contrária aos interesses dos capitalistas, ao menos a nível agregado[1].

A terceira crítica, de alguma forma relacionada a anterior, é que o ND, ao ser favorável a um suposto arrocho salarial, teria pouca preocupação com a questão da redistribuição da renda, uma vez que o regime profit led requeria necessariamente os salários comprimidos abaixo dos ganhos de produtividade para manter a taxa de câmbio real competitiva.

            Comecemos pela primeira crítica. Em primeiro lugar é uma mentira deslavada a afirmação de que os economistas do ND procuram (sic) esconder do debate público os efeitos (temporários) da desvalorização cambial sobre o salário real dos trabalhadores. Essa questão está explicitamente tratada no capítulo 16 do livro “Developmental Macroeconomics: New Developmentalism as a Growth Strategy” de autoria de Luiz Carlos Bresser-Pereira, José Luis Oreiro e Nelson Marconi e publicado em 2015 pela editora Routledge no Reino Unido. A versão em português do referido livro foi publicada, no ano de 2016, pela editora Campus (Macroeconomia Desenvolvimentista (bresserpereira.org.br)), achando-se, portanto, totalmente disponível para leitores de língua portuguesa. Ademais o mesmo tema foi tratado recentemente por Oreiro (2018) e Oreiro, Martins da Silva e Dávila-Fernandez (2020). Daqui se segue, portanto, que é falsa a afirmação de que os ND escondem do grande público seus (sic) “planos perversos” para ferrar com a classe trabalhadora.

            O argumento ND é bem mais elaborado do que o “espantalho” elaborado pelos “economistas pop”. O argumento ND é de que uma taxa de câmbio mantida num nível competitivo por um período de tempo suficientemente longo  (Oreiro, 2020) irá induzir uma mudança na estrutura produtiva da economia brasileira, incentivando o aumento da participação da indústria de transformação e serviços sofisticados no PIB (Ver Oreiro, D´Agostini e Gala, 2020), a qual deverá resultar num aumento da razão entre a elasticidade renda das exportações e das importações, viabilizando assim um aumento da taxa de crescimento compatível com o equilíbrio intertemporal do balanço de pagamentos. Numa economia dual (Lewis, 1954), como é o caso da economia brasileira, em que existe um amplo contingente de trabalhadores no setor informal ou de subsistência da economia, a restrição ao crescimento de longo-prazo não é dada pela disponibilidade de trabalho (ou de capital); mas pela restrição do balanço de pagamentos. Como argumentado por Thirwall e Dixon (1979) em economias nas quais a elasticidade renda das importações é maior do que um (como é o caso da economia brasileira), a restrição de balanço de pagamentos impõe obrigatoriamente que as exportações cresçam numa taxa superior ao crescimento do produto interno bruto; ou seja, que o coeficiente de exportações deve aumentar ao longo do tempo. Caso o crescimento seja liderado pela demanda doméstica, a economia irá, mais cedo ou mais tarde, entrar numa crise de balanço de pagamentos. Sendo assim, a aceleração do crescimento não só exige que as exportações sejam um motor importante do crescimento da demanda do país, como ainda que a taxa de câmbio seja mantida no patamar necessário para induzir – junto com uma política industrial bem estruturada – um processo de mudança estrutural que permita o gradual relaxamento da restrição de balanço de pagamentos.

            A reindustrialização da economia, obtida pela manutenção de uma taxa real de câmbio estável e competitiva em conjunto com a adoção de uma política industrial e de ciência e tecnologia que atue de forma efetiva na redução do hiato tecnológico (Oreiro, D´Agostini e Gala, 2020), irá atuar no sentido de transferir mão-de-obra dos setores de baixo valor adicionado per-capita, onde os salários são mais baixos, para setores com alto valor adicionado per-capita, onde os salários são mais altos. Essa mudança estrutural irá, portanto, aumentar tanto o nível como a taxa de crescimento do salário real, fazendo com que, após um certo intervalo de tempo, os salários reais sejam mais altos do que seriam caso a economia tivesse permanecido com uma taxa de câmbio sobrevalorizada (Figura 1). No médio e longo-prazo os trabalhadores só têm a ganhar com a mudança estrutural da economia proposta pelo ND.

Fonte: Elaboração dos autores com base em Bresser-Pereira, Oreiro e Marconi (2015)

Cabe ressaltar que os críticos ao ND não percebem que, ao elevar a taxa de crescimento compatível com o equilíbrio do balanço de pagamentos, permite-se a elevação do consumo, do investimento e dos gastos do governo (e de forma sustentável; precisamente o contrário do caso defendido pelos críticos do ND, que mais cedo ou mais tarde, levaria ao chamado “sudden stop” da entrada de capitais externos, com seus efeitos desestabilizadores sobre a taxa de câmbio, os preços e a renda doméstica). Ademais, pela mudança estrutural preconizada pelo ND e pelo avanço da produtividade geral da economia, elevações salariais se tornam também sustentáveis, sem levar a diminuições da competitividade-preço das empresas (e dos lucros), o que poderia levar à situação anteriormente citada de profit squeeze. Ou seja, o que o ND sustenta é que as medidas que os “economistas pop” defendem sejam sustentáveis e perenes, através da flexibilização de restrições históricas ao crescimento da economia brasileira, particularmente a partir da década de 1980.     

Voltemos agora nossa atenção para a segunda crítica. Os “economistas pop” afirmam que os ND desconsideram os efeitos contracionistas de uma desvalorização do câmbio real sobre a demanda agregada, de maneira que os ND estariam incorrendo em erro teórico ao afirmar que o crescimento é puxado pela demanda agregada. Sobre essa crítica temos que tecer duas considerações. Em primeiro lugar, os “economistas pop” desconsideram a diferença fundamental entre nível e variação da taxa de câmbio. Conforme mostrado por Dávila-Fernandez e Oreiro (2021), é perfeitamente possível e logicamente consistente afirmar ao mesmo tempo que (i) uma desvalorização da taxa de câmbio tem um efeito recessivo sobre a economia ao contrair a demanda agregada devido a redistribuição de renda de salários para lucros e (ii) um nível permanentemente mais alto (depreciado) da taxa de câmbio está associado a uma taxa de crescimento compatível com o equilíbrio do balanço de pagamentos mais elevada, devido ao seu efeito de longo-prazo sobre a participação da indústria de transformação no PIB e, dessa forma, sobre a razão entre as elasticidades renda das exportações e das importações.

Em segundo lugar, não é necessariamente verdade que a redistribuição de renda dos salários para os lucros induzida pela desvalorização cambial resulte numa contração do nível de demanda agregada. Conforme demonstrado por Blecker (2002), o efeito de um aumento (redução) da participação dos lucros (salários) na renda sobre o grau de utilização da capacidade produtiva depende de dois fatores básicos, a saber: (i) da magnitude da diferença entre a propensão a poupar a partir dos lucros e dos salários e (ii) da causa que leva ao aumento (redução) da participação dos lucros (salários) na renda. Se a diferença entre as propensões a poupar for positiva, mas pequena, e se o aumento (redução) da participação dos lucros (salários) na renda tiver sido originada de um aumento da razão câmbio/salário; então é mais provável que o regime de demanda seja profit-led ao invés de wage-led (do ponto de vista estritamente matemático o resultado é ambíguo, pois existem efeitos ocorrendo simultaneamente em direções contrárias). Já se a diferença entre as propensões a poupar for positiva, mas grande, e se o aumento (redução) da participação dos lucros (salários) na renda tiver sido originado de um aumento do mark-up desejado das empresas, mantida constante a razão câmbio/salários; então é mais provável que o regime de demanda seja wage-led, ao invés de profit-led. Em suma, a relação entre demanda agregada e distribuição de renda é não-linear, dependendo de uma série de condições. Assumir a priori que o regime de demanda é wage-led, só porque isso é mais cool do ponto de vista político-partidário é ignorar a literatura relevante sobre o tema.

Com relação a crítica da falta de preocupação do ND com a questão de distribuição de renda, cabe alguns comentários. Antes de mais nada, cabe destacar que a questão de redistribuição é algo complexo, que não pode ser resolvido a longo prazo simplesmente com uma política de mudança na distribuição funcional da renda, que a depender das condições iniciais, como vimos, pode se revelar insustentável a longo prazo.  Por outro lado, o ND jamais defendeu uma política de “arrocho salarial”, mas sim uma política salarial que coloque os aumentos dos salários reais em linha com os ganhos de produtividade, mas que procure evitar situações de “profit squeeze”.  Por fim, o ND entende que dois instrumentos que devem ser privilegiados na redistribuição direta ou indireta de renda , em linha com que Piketti (2013) e outros têm defendido são: uma política tributária progressiva, entendido com um instrumento privilegiado de redistribuição de renda de pessoas físicas (Bresser Pereira et al, 2016), e o provimento universal de serviços sociais  por parte do Estado, que reverta a lógica de financeirização que tem vigorado no Brasil já algum tempo, no qual tais serviços passam a ser “negociados” e “colaterizados” no mercado financeiro – educação, saúde, previdência, etc. (Lavinas, 2017; ver também Fritz et al, 2021).

Um último comentário. Os “economistas pop” ignoram solenemente a vasta literatura empírica que aponta a existência de uma relação positiva e estatisticamente significativa entre crescimento da renda per-capita e o nível da taxa real de câmbio (Ver Rodrik, 2008; Missio et al 2015, Gabriel et al 2020). Ao fazê-lo incorrem nos mesmíssimos erros dos economistas neoclássicos, dos quais são supostamente críticos. É interessante ver que os “economistas pop” acabam quase a reproduzir literalmente os argumentos utilizados pelos economistas neoclássicos nas suas críticas ao ND. A partir dessa constatação somos forçados a concluir que são os “economistas pop”, não os defensores do ND, que podem no limite ser chamados de neoliberais. Ou talvez estejam apenas habitando um universo paralelo.

P.S: A primeira reação dos “economistas pop” a este documento foi afirmar que o modelo de crescimento com restrição de balanço de pagamentos, o conhecido modelo de Thirwall (1979), no qual baseamos nossa argumentação a acerca do papel fundamental das exportações como motor do crescimento de longo-prazo representaria apenas (sic) um teto para o crescimento dos países periféricos como o Brasil, mas não um determinante do crescimento pois o mesmo seria determinado pelo ritmo de crescimento dos gastos autônomos. Sobre essa crítica temos a seguinte observação a fazer. Numa economia aberta, como ressaltado por Bortis (1997), são duas as fontes de crescimento da demanda autônoma, a saber: as exportações e os gastos do governo, ou seja, a taxa de crescimento da demanda autônoma será a média da taxa de crescimento das exportações (Gx) e da taxa de crescimento dos gastos do governo (Gg), ponderadas por suas respectivas participações na demanda autônoma. Se Gx for maior do que Gg então a participação dos gastos do governo na demanda autônoma total convergir assintóticamente para zero, de maneira que no longo-prazo a taxa de crescimento da demanda autônoma será totalmente determinada pela taxa de crescimento das exportações. Nesse caso, o crescimento de longo-prazo será determinado pela razão entre a taxa de crescimento das exportações e a elasticidade renda das importações, ou seja, pela “lei de Thirwall”. Caso Gx seja menor do que Gg, então a participação das exportações na demanda autônoma irá convergir para zero no longo-prazo, fazendo com que a taxa de crescimento do produto seja inteiramente determinada pela taxa de crescimento dos gastos do governo. Nesse caso, as importações irão crescer a uma taxa muito maior do que as exportações, levando o país a uma crise do balanço de pagamentos. Esse resultado pode ser verificado em Oreiro e Costa Santos (2019).

Referências

BLECKER, R. (2002). “Demand, distribution and Growth in Neo-Kaleckian Macro Models” In: SETTERFIELD, M. (Org.). The Economics of Demand-Led Growth: Challenging the Supply-Side Vision of the Long-Run. Edward Elgar: Aldershot.

BORTIS, H.(1997). Institutions, Behavior and Economic Theory: a contribution to Classical-Keynesian Political Economy. Cambridge University Press: Cambridge.

BRESSER PEREIRA, L.C., OREIRO, J.L., MARCONI, N. (2016). Macroeconomia Desenvolvimentista: Teoria e política econômica do novo desenvolvimentismo. Rio de Janeiro: Elsevier.

DÁVILA-FERNANDEZ, M; OREIRO, J.L. (2021). “A song of ice and fire: Competitiveness in an export-led growing economy”. Munich Personal RePEc Arquive, Setembro de 2021.

FRITZ, B., PAULA, L.F, PRATES, D. (2021). “Developmentalism at the periphery: Addressing global assymetries”. The Third World Quarterly Review, no prelo.

Gabriel L.F., Ribeiro L.C.S., Jayme Jr F.G. and Oreiro J.L. (2020), “Manufacturing, economic growth, and real exchange
rate: empirical evidence in panel date and input-output multipliers”, PSL Quarterly Review, 73 (292), pp. 51-75]

LAVINAS, L. (2017). The Takeover of Social Policy by Financialization: The Brazilian Parodox. New York: The Palgrave Macmillan.

LEWIS, A. (1954). “Economic Development with unlimited supply of labor”. The Manchester Scholl 22: 139-91.

Missio, F; Jayme Jr, F.G; Brito, G; Oreiro, J.L. (2015). “Real Exchange Rate and Economic Growth: New Empirical Evidence”. Metroeconomica, Vol. 66, pp.686-714.

PIKETTI, T. (2013). Capital in the Twenty-First Century. Cambridge MA: The Belknap Press of Harvard University Press

Oreiro, J.L. (2018). “Estratégias de Desenvolvimento e a Escola Novo-Desenvolvimentista Brasileira”. CADERNOS DE CAMPO (UNESP), v.24, p.13 – 41.

Oreiro, J.L. (2020). “New Developmentalism: beyond competitive exchange rate”. Brazilian Journal of Political Economy, vol. 40, nº 2, pp. 238-242.

OREIRO, J. L. C.; SANTOS, J. F. C. . (2019) “The Impossible Quartet in a Demand-Led Growth Supermultipier model for an small open economy”. In: XII Encontro Internacional da Associação Keynesiana Brasileira, 2019, Campinas. Anais do Encontro Internacional da AKB. São Paulo: AKB, 2019. v. 1. p. 350-375.

 OREIRO, J.L; MARTINS DA SILVA, K; DÁVILA-FERNANDEZ, M. (2020). “A New Developmentalist Model of Structural Change, Economic Growth and Middle-Income Traps”. Structural Change and Economic Dynamics, Vol. 55, pp. 26-38.

Oreiro J.L., Manarin D’Agostini L.L., Gala P. (2020). ”Deindustrialization, economic complexity and exchange rate overvaluation: the case of Brazil (1998-2017)”, PSL Quarterly Review, 73 (295):313- 341.

OREIRO, J.L; DE PAULA, L.F (2021). A Macroeconomia da Estagnação Brasileira. Alta Books: Rio de Janeiro.

Rodrik, D. (2008). “Real Exchange Rate and Economic Growth: Theory and Evidence”, John F. Kennedy School of Government, Harvard University, Draft, July.

Thirwall, A.P; Dixon, R.J. (1979). “A Model of Export-Led Growth with a Balance of Payments Constraint” In: Bowers, J.K. (ed.). Inflation, Development and Integration: essays in honour of A.J. Brown. Leeds University Press: Leeds.

 


[1] Sobre a ocorrência de profit-squeeze no Brasil no período 2010-2014 ver Oreiro e De Paula (2021)

Some critical remarks on Palley´s criticism on New Developmentalism

24 sexta-feira set 2021

Posted by jlcoreiro in New developmentalism, Thomas Palley, Uncategorized

≈ Deixe um comentário

Tags

New developmentalism, Thomas Palley

Preliminary Draft. Comments are welcome.

My friend Thomas Palley had recently published a paper on Investigacion Economica making a critical assessment on new developmentalism (see http://www.scielo.org.mx/scielo.php?pid=S0185-16672021000300003&script=sci_arttext&tlng=en). When I saw the paper my first reaction was of incredulity since Palley was one of the earlier supporters of new developmentalism, had being signed in 29 of september of 2010 a document entitled “Ten Thesis on New Developmentalism” (see https://www.scielo.br/j/rep/a/CFZ8xg7rqKrBGcF5fxmSy5H/?lang=en) which propose a list of 10 core principles of New Developmentalism which is agreed with all people that signed the manifesto. In his new article, Palley critizes many principles that he previously had agreed. But, quoting John Maynard Keynes, anyone had always the right to change his/her mind when realizes that is in error. If this is the case, Palley should begin his critical assessment explaining why he had changed his mind about new developmentalism.

Today morning I had the time to make a carefull reading of Palley´s article. My first general comment on his assessment is that Palley, like others critiques of New Developmentalism, identifies the whole school of though with (some, since the references used by him ignores some important material as, for instance, the 2015 textbook on new developementalism) writings of professor Bresser-Pereira; ignoring the fact that New Developmentalism is not a kind of religion, where there is a profhet that had received a revelation from God and then try to convert people to the new faith. Speaking for myself, I had some disagreements with some views of Professor Bresser-Pereira, mainly regarding the concept of industrial equilibrium exchange rate, as I had showed in a recent article published in the Brazilian Journal of Political Economy (Oreiro, 2020). A second general comment is that I do not understand New Developmentalism as a new Theory of Economic Development, as done by Palley (2021, p.30); but rather a synthesis between Classical Theory of Economic Development, Latin American Structuralism and Kaldorian Theory of Demand-Led Growth (Oreiro, Martins da Silva and Dávila-Fernandez, 2020, pp. 27-29) about the deep determinants of economic development. I see no oposition between classical developmentalism and new-developmentalism, but only the recognition of the fact that the both theories are built for different historical stages of Latin-American countries. If for classical developmentalism the basic issue was to overcome the poverty trap by means of industrialization-led structural change; for new developmentalism the basic issue is to overcome the middle income trap by means of the adoption of a new macroeconomic policy regime in substitution of the new macroeconomic consensus that conquered both developed and developing countries since the beggining of the 1990´s. So it is completly unfair Palley´s claim that New Developmentalism make a some kind of compromisse with neo-liberalism.

New developmentalism at its earlier stages (See Bresser-Pereira, 2006, 2007 and 2009) had take for granted that Latin-American countries had already overcome the infant industry phase of their economic development, which means that further development of manufacturing industry demands the substitution of the Import-Substitution Industrialization for Export Promotion of Manufacturing Goods, which is a very similar proposition as the one defended by Kaldor (1967) for whon suceffull cases of industrialization in world history are precisely the ones where countries achieved to increase their share of manufacturing exports in world exports of manufacturing goods. These were the cases of the United States, Germany, Japan and Italy (Nowadays it is the case of China and South Korea). This is the fundamental difference between New Developmentalism and Classical Developmentalism. Moreover, one had to recognize that the world where Classical Theory of Economic Development was raised is very different from the one where New-Developmentalism appears. Globalization and financial liberalization make much more complicated the adoption of tariff protection and multiple exchange rates, instruments broadly used by the Latin American Countries to boost industrialization in the 1950´s and 1960´s. New financial products make possible for boom in commodities prices to translate into capital inflows for countries that are rich in natural resources, allowing a real exchange rate overvaluation for purely financial causes (See Nalin and Yazima, 2020). This means that the severity of the so-called Dutch Disease is directly tied with financial liberalization, a fundamental policy aspect of neo-liberalism.

Paley´s assesment had two parts. The fisrt one where the author make a reasonable fair account of the basic principles of Bresser-Pereira version of New Developmentalism, as it is presented in some of his recent papers, but completly desconsidering his earlier writings or the wirtings of other member of the new developmentalist school. The second part of the paper dedicated to the criticism of New-Developmentalism seems to be very unfair not only with Bresser-Pereira but with the whole school of though. As I will argue Palley´s makes wrong claims about New-Developmentalim (ND hereafter) own internal logic and its relationship with neo-liberalism. And these wrong claims can not be attibuted to “ND´s failure to analitically model the economy”, since a lot of mathematical models inspired by new developmentalist principles were developed in recent years (Gabriel et al. 2016; Santana and Oreiro, 2018; Oreiro, Martins da Silva and Dávila-Fernandez, 2020).

According to Palley ND had four main components: the dutch disease problem, growth with foreing savings problem, developing an internationally competitive technology advanced manufacturing sector and getting the macroeconomics prices right.

Paley´s account of Dutch Disease is very similar to the arguments presented by Diamand (1972). Rich natural resources countries had an unbalaced productive structure where production and export of primary goods are competitive in international markets at a level of (real) exchange rate more appreciated than the manufacturing goods. In terms of Bresser-Pereira framework this means that there is two equilibrium exchange rates: the fisrt one (e2 in Figure 2 of Palleys article) which is the industrial equilibrium exchange rate, the level of (real) exchange rate for which domestic manufacturing firms that operates with state-of-art technology are competitive in international markets and the current account equilibrium exchange rate which is the level of (real) exchange rate compatible with a zero account deficit in the long-run (or zero foreign saving). For countries that had a closed capital account, the current equilibrium exchange rate will be the level of real exchange rate for which trade account is balanced (e3 in Figure 2 of Palleys article). In this case, the actual level of real exchange rate will fluctuate around the current account equilibrium level due to the forces of demand and supply of foreign currency in the exchange rate market, generating an overvalued exchange rate for manufacturing industry in the long run. In this case the economy suffers from Dutch Disease (DD, hereafter)

For a country that had a closed capital account it is relatively simple to deal with DD. One possibility is the domestic monetary authority to intervene in exchange markets, buying international reserves in order to hold real exchange rate at an undervalued level and hence achieve a trade account surplus. In this case the real exchange rate can be adjusted to a level compatible with the industrial equilibrium rate, but which will be extremaly profitable for exports of primary goods. The profit rate obtained in the production and exports of primary goods will be much higher than the one obtained in the manufacturing sector, thus making real resources to flow from manufacturing sector to the production of primary goods, increasing the exports of these goods in the long-term and hence increasing the severity of the DD problem. Here is where export taxes over primary goods are important: An export tax will reduce the profits of the primary sector to more “normal” values, avoiding to create further incentives for private investment in the primary sector and hence increasing the revenue of commodity exports

Palley critizes the export taxes arguing that these taxes will “[…] redistributes rents from the primary sector to the State. Export volumes are unnafected, and so is trade balance” (Palley, 2021, p.16).I had already argued that without such taxes, producers of primary goods will obtain extra-normal profits if the monetary authority tried to achieve a more competitive exchange rate for manufacturing activities by means of reserve accumulation, making their attempts to neutralize DD in the long-run self-defeating.

However, If the economy is operating near full-employment a devaluation of nominal exchange rate, due to reserve accumulation, can produce inflationary pressures due to excess aggregate demand, a case that is not considered by Palley since in his assessment of ND he considers prices to be constant (2021, p.6). In a full-employment scenario, domestic price increases can prevent a nominal exchange rate depreciation to be transformed in a real exchange rate depreciation. That it is why government should had a sound fiscal policy in order to allow the neutralization of DD: if government save all the revenues from export taxes in a form a sovereign fund (Bresser-Pereira, Oreiro and Marconi, 2015, p. 146); then the redistribution of income from primary goods producers to the State will increase the average saving rate of the economy (supposing that the saving rate of the entrepreneurs of the primary sector is considerably lowerthan one), alowing an increase in the trade balance without inflationary effects. If these revenues were spent in government consumption, than the average saving rate will be reduced, increasing the inflationary effects of an nominal exchange rate devaluation.

In a economy with open capital account, the picture turns to be a little more complicated. First of all, current equilibrium exchange rate now requires a trade surplus big enough in order for balance current account (supposing that the country had a positive external debt). This means that current equilibrium exchange rate will be at the left of e3 in Figure 2 of Palley´s article, which means that the size of DD will be reduced in comparison with the case of zero capital mobility. On the other hand, acess to the world financial markets makes possible for a country to run current account deficits with foreign capital inflows. It is here where the model of growth with foreign savings enters in the picture. Neo-liberalism, founded in the traditional neoclassical economics, considers domestic and foreign savings to be complementary, rather than substitutes as stated by ND (this differenciation is missing in the Palley´s review). So a neo-liberal policy-maker would like to incentive the capital inflows by means of setting domestic interest rate in a level higher than the external equilibrium level, given by the sum of international interest rate and country risk premium. This policy would also allow the policy maker to achieve a low inflation rate (See Oreiro, Martins da Silva and Dávila-Fernandez, 2020, p. 33). The capital inflows are an autonomous source of exchange rate appreciation, causing the appearance of current account deficits. It is important to stress that growth with foreign saving is not a market result for ND but a policy choice: policy makers choose to set the domestic interest rate at a higher than equilibrium level in order to (i) increase foreign saving in a (self-defeating) attempt to increase aggregate saving and hence investment and growth; (ii) achieve a low inflation rate compatible with the inflation target defined by the monetary authorities. This choice is oriented by the ideology of neo-liberalism, so it is completely absurd to associate ND with the former; but supported by the exchange rate populism that is endemic in Latin American countries, even for left or right-wing governments.

To deal with the problem of growth with foreign saving is thus fundamental to set the domestic interest rate in the right place, which is the level given by the sum of international rate of interest and country risk premium. Thus, Palley is completely wrong when he writes that “[ND] has no policy prescription for interest rates in the form of an interest rule or interest rate target” (2021, p.14). Ragarding this issue I suggest Palley to read Santana and Oreiro (2018) and Oreiro et al (2021).

Regarding the ND growth model, Palley correctly identifies the exports as the driver of economic growth. As I had already told in the beginning of this note, ND is based in the Kaldorian demand-led growth models where exports demand is the only source of autonomous demand growth in the long-run. Palley argues, however, that government spending can be an important source of autonomous demand according to the so-called super-multiplier model (2021, p. 28). ND strongly rejectes domestic demand – not only government spending – as a driver for autonomous demand growth in middle income countries because (i) such countries had no reserve currency – as USA had – that allowed to finance Balance of payments deficits for indefinitely long periods of time (The so-called “exorbitant privilege” according to former French President Valéry Giscard d’Estaing) and (ii) income elasticity of demand is, in general, higher than one. This means that the simple fulfilment of balance of payments constraint in Thirwall´s sense would require exports to grow at a faster rate than domestic output, which means that growth must be export-led in order to be sustainable in the long-run (Thirwall and Dixon, 1979, p.174).

Appart from this general comments I have some specific critiques to Palley´s article. In page 21 we can read that “The rate of accumulation then depends on the difference between the expected profit rate and the interest rate (…) That is a substantially neoliberal view of accumulation process, and it contrasts with the CD view in which the State occupies a for more activist position”. The investment function of the ND standard model (Bresser-Pereira, Oreiro and Marconi, 2014, p. 66) is the Neo-Robinsonian equation for desired rate of capital accumulation (Blecker and Setterfield, 2019, p. 136), so it is absurd to associate the specification of the investment function to Neo-Liberalism of any kind.

Palley also criticizes ND emphasys on industrialization as the engine of growth. Although Palley is right when he writes that the trend in the last three decades in the high income countries is de-industrialization (2021, p. 290; Palley completely ignores the problem of premature deindustrialization – defined as a reduction of the share of maufacturing in added value and employment in economies where the so-called “Lewis point” is not yet reached and, therefore, there is an almost unlimited supply of labor to the modern sector of the economy – which is the focus of concern of ND regarding middle-income countries. According to Rodrik (2016), whom had already showed public sympathies with some of ND ideas, manufacturing tends to experience relatively stronger productivity growth and technological progress over the medium to longer term. Therefore, premature deindustrialization closes off the main way to achieve fast economic convergence in low- and middle-income countries. It was the industrialization process that permitted catch up and convergence with the West by non-Western nations, such as Japan in the late 19th century, and South Korea, Taiwan, and China, among other countries, in the 20th century. So there seems to be no basis for Palley´s claim that “(sic) those empirical facts cast doubt on ND´s framing of the development in terms of industrialization” (Palley, 2021, p.21).

Another unfair criticism of Palley regards the role of public investment in economic development. There is nothing in the ND literature that denies the important role of investment in infrastructure for economic development. Indeed, Bresser-Pereira and Oreiro (2010) defended the separation of the fiscal budget in current and capital account, arguing that government must run deficits in capital account in order to finance a sustainable increase in the public investment. A sound fiscal policy for ND is a fiscal policy that allowed an increase in public investment without running in a unsustaible increase in public debt as a ratio to GDP. In order to achieve that goal many fiscal rules can be though, from the cyclically adjusted target for primary surplus upon to target for current account surplus of general government, which excludes the government investments but includes the interest rate payments over public debt. Anyone that had followed the articles published by ND authors in the Brazilian press is familiar with the arguments presented here.

Another criticism, I completely disagree with Palley about the historical support for Dilma´s administration budget deficits. As Oreiro and Dagostini (2017) showed, brazilian economy during Dilma Rouseff first term was not suffering from a problem of insuficient aggregate demand, but from lost of economic dynamism due to premature deindustrialization. Increase aggregate demand by fiscal stimulus in such a setting will only increase imports, contributing almost nothing to economic growth.

Regarding the nature of the demand regime in the Brazilian economy, Oreiro and Araujo (2013) using a neo-kaleckian growth and distribution model had showed that the demand regime is dependent upon the state of real exchange rate misaligment. In periods of over-valued exchange rate, the demand regime is profit-led; and in the periods of under-valued exchange rate the demand regime is wage-led. Since Brazil had a trend of over-valued exchange rate in the last 20 years, then the demand-regime prevailing in the Brazilian economy is profit-led.

One last criticism of Palley´s arguments. In page 27 we writes that a more egalitarian distribution requires a higher wage-share. This is not exactly true. If a high wage share is associated with high dispersion of wages, for example by a higher ratio between average and median wages than it is possible for income distribution to be more concentrated than in an alternative scenario where wage share is lower but the ratio of average to median wage is also lower. Finally, it is important to remember that a more egalitarian income distribution can be achieved by means of tax reforms that increase the weight of income taxes relative to indirect taxes in total government revenues and with higher tax rates for higher income groups. Personal income distribution can be dramatically changed without great changes in functional distribution of income.

Before ending this short note, I must admit that Paley critical assessment of ND raised one right issue: ND indeed underestimate the role of industrial policies for economic development. This was due to a theoretical and case-specific explanation. The theoretical explanation regards the concept of industrial equilibrium exchange rate employment by Bresser-Pereira on his writings. For Bresser-Pereira industrial equilibrium exchange rate is the level of real exchange rate that makes firms that use state-of-art technology to be competitive in international markets. The problem is that for developing countries, most firms in the manufacturing sector operates behind the technological frontier. This observation makes me to redefine the concept of industrial equilibrium exchange rate as the level of real exchange rate that, for a given level of technological gap, is capable to keep the manufacturing share on output constant over time (Oreiro, Martins da Silva and Dávila-Fernandez, 2020; Oreiro, Dagostini and Gala, 2020). Once the industrial equilibrium is defined on this way, there is a role for industrial policies in economic development, which is precisely to reduce the technological gap to allow an appreciation of industrial equilibrium exchange rate without compromise the price-competitiveness of manufacturing firms and thus allowed a sustainable increase in the real wage rate.

References

Blecker, R; Setterfield, M. (2019). Heterodox Macroeconomics: models of demand, distribution and growth. Edward Elgar: Aldershot.

Bresser-Pereira, L.C. (2006). “O Novo-Desenvolvimentismo e a Ortodoxia Convencional”. São Paulo em Perspectiva, v. 20, n. 3, p. 5-24, jul./set.

Bresser-Pereira, L.C. (2007). A Macroeconomia da Estagnação. Editora 34: São Paulo.

Bresser-Pereira, L.C. (2009). Globalização e Competição. Campus: Rio de Janeiro.

BRESSER-PEREIRA, L.C; OREIRO, J.L; MARCONI, N. (2015). Developmental Macroeconomics: new developmentalism as a growth strategy. Routledge: London.

BRESSER-PEREIRA, L.C; OREIRO, J.L; MARCONI, N. (2014). “A Theoretical Framework for New Developmentalism” In: Bresser-Pereira, Kregel and Burlamaqui (Eds). Financial Stability and Growth. Routldge: London.

BRESSER-PEREIRA, L. C. ; OREIRO, J. L. C. (2010). “Keynesianismo vulgar e o novo-desenvolvimentismo”. Valor Econômico, São Paulo, p. A10 – A10, 05 fev. 2010.

Diamand, M. (1972). “La Estructura Productiva Desequilibrada Argentina y el Tipo de Cambio”. Desarrollo Económico Vol. 12 N° 45.

Gabriel, L.F., Jayme Jr, F. G. and Oreiro, J. (2016). “A North-South Model of Economic Growth, Technological Gap, Structural Change and Real Exchange Rate”. Structural Change and Economic Dynamics 38, 83–94.

KALDOR, N. (1967). Strategic Factors in Economic Development. Ithaca: New York State School of Industrial and Labor Relations, Cornell University.

Nalin, L; Yajima, G. (2020). “Commodities fluctuations, cross border flows and financial innovation: A stock-flow analysis”. Metroeconomica.

Oreiro, J.L. (2020). “New Developmentalism: beyond competitive exchange rate”. Brazilian Journal of Political Economy, vol. 40, nº 2, pp. 238-242.


OREIRO, J. L. C.
; DAGOSTINI, L. (2017). “Macroeconomic Policy Regimes, Real Exchange Rate Over-Valuation and Performance of Brazilian Economy (2003-2015)”. JOURNAL OF POST KEYNESIAN ECONOMICS, v. 40, p. 27-42.

Oreiro J.L., Manarin D’Agostini L.L., Gala P. (2020). ”Deindustrialization, economic complexity and exchange rate overvaluation: the case of Brazil (1998-2017)”, PSL Quarterly Review, 73 (295):313- 341.

OREIRO, J.L; MARTINS DA SILVA, K; DÁVILA-FERNANDEZ, M. (2020). “A New Developmentalist Model of Structural Change, Economic Growth and Middle-Income Traps”. Structural Change and Economic Dynamics, Vol. 55, pp. 26-38.

OREIRO, J. L. C.; CARVALHO, L. D. ; GABRIEL, L. F. ; SILVA, E. H. (2021). Flexible Inflation Targeting, Real Exchange Rate and Structural Change in a Kaldorian Model with Balance of Payments Constrained Growth. Revista Ensayos Económicos [forthcoming]

Palley, T (2021). “The Economics of New Developmentalism: a critical assessment”. Investigacion Económica, 80 (317).

RODRIK, D. (2016). Premature deindustrialization. Journal of Economic Growth. 21(1): 1–33.

Santana, B. and Oreiro, J. (2018). “Real exchange rate and structuralchange in a Kaldorian balance of paymentsconstrained growth model”. Brazilian Journal of Political Economy, vol. 38, nº 1 (150), pp. 48-69, January-March.

Thirwall, A.P; Dixon, R.J. (1979). “A Model of Export-Led Growth with a Balance of Payments Constraint” In: Bowers, J.K. (ed.). Inflation, Development and Integration: essays in honour of A.J. Brown. Leeds University Press: Leeds.

Equipe econômica estima crescimento do PIB acima de 2% em 2022 (Correio Braziliense, 23/09/2021)

23 quinta-feira set 2021

Posted by jlcoreiro in Bolivarianismo de direita, Debate macroeconômico, Estagflação Bozo-Guedes, José Luis Oreiro

≈ Deixe um comentário

Tags

Crise hidro-energética, Debate Macroeconômico, Estagnação secular no Brasil, José Luis Oreiro

Estudo do Ministério da Economia prevê crescimento econômico bem maior que a média de 1,6 ponto percentual projetada pelo mercado financeiro

Fernanda Fernandes

A Secretária de Política Econômica (SPE), do Ministério da Economia, divulgou, nesta quarta-feira (22/09), estudo com diversas projeções de cenários e argumentos que apontam que o Produto Interno Bruto (PIB) deverá crescer acima de 2% no próximo ano. “Riscos existem, notadamente o risco hidrológico e a pandemia, mas na ausência de piora destes fatores e continuando com o processo de consolidação fiscal e reformas pró-mercado os indicadores atuais nos levam a concluir, com o conjunto de informações atualmente disponíveis, por um crescimento do PIB acima de 2% em 2022”, diz trecho da conclusão da nota informativa publicada pela Secretaria.

Na análise da pasta econômica, é preciso avaliar qual o carregamento estatístico que o PIB projetado deste ano levará para 2022. Segundo a SPE, caso a projeção de crescimento do PIB este ano se confirme, com aumento de 5,3%, proporcionará um “carrego” aproximado de 1,2% para 2022. “Considerando um crescimento trimestral médio de 0,5%, o PIB aumentará em 2,4%”, diz a nota.

A expectativa é bem otimista se comparada à do mercado financeiro, apontada no último relatório Focus. Na análise das instituições financeiras, a carga estatística para o próximo ano é próxima a 0,7%. A mediana do PIB para 2022 apontada no boletim é de 1,63%, embora várias instituições tenham mantido suas projeções em 1% ou até menos.

O estudo da Economia rebate as estimativas do mercado. Segundo a nota informativa, as projeções do mercado seriam pessimistas, uma vez que os agentes financeiros esperam uma queda significativa do PIB em algum trimestre ou uma nova recessão no próximo ano. “Fatos esses difíceis de justificar com base no cenário fiscal atual e na ausência de uma crise hídrica ou de uma piora na pandemia”, aponta o documento da SPE.

José Luís da Costa Oreiro, professor de Economia da Universidade de Brasília (UnB), afirma que a previsão do Ministério da Economia não é impossível, mas é muito pouco provável. “Impossível não é, mas nós temos a primeira aceleração na inflação corroendo a renda dos trabalhadores, junto com alto nível de desemprego, o que vai limitar muito o aumento do consumo, que representa de 60 a 65% do PIB”, explica.

Segundo Oreiro, a crise energética deverá derrubar ainda mais as expectativas econômicas para o ano que vem. “A crise energética vem com força em novembro deste ano, e a depender do nosso cenário hidroenergético, é perfeitamente possível que não só não tenhamos crescimento, como entramos em recessão”, alerta o professor.

Foto: José Luis Oreiro

O economista Piter Carvalho, da Valor Investimentos, explica que, com o levantamento, o governo tenta cumprir o papel de trazer algum otimismo no atual cenário, mas muitos fatores têm levado o mercado financeiro a temer, inclusive, uma estagflação. “Muitos analistas têm falado em estagflação, o que é superfactível com inflação alta, crise hídrica em curso, commodities cotadas em dólar. E ainda temos um cenário conturbado de eleições no ano que vem”, aponta Carvalho.

Biden Economics: o fim do neoliberalismo? (Revista Economistas Número 41)

16 quinta-feira set 2021

Posted by jlcoreiro in Joe Biden, José Luis Oreiro

≈ Deixe um comentário

Tags

Debate Macroeconômico, Joe Biden, José Luis Oreiro

José Luis Oreiro*

Professor José Luis Oreiro.

            A eleição de Ronald Reagan como presidente dos Estados Unidos e Margareth Thatcher como primeira-ministra do Reino Unido na transição dos anos 1970 para os anos 1980 marcou o início da hegemonia do pensamento neoliberal na condução das políticas macroeconômicas, tanto nos países do primeiro mundo como na América Latina. O neoliberalismo é um termo de amplo espectro que tem como traço fundamental a crença de que a prosperidade econômica é resultante da liberdade individual para empreender, investir e trabalhar sem as amarras impostas pela regulamentação Estatal. O bem-estar coletivo é o resultado da iniciativa individual desde que a concorrência livre seja observada e garantida. A intervenção estatal nos mercados, principalmente nos mercados financeiros, levaria a uma ineficiência na alocação de recursos, levando assim a redução do ritmo de crescimento econômico. As políticas de assistência social, incentivo a sindicalização da força de trabalho e de redistribuição de renda instituídas, de forma tímida, nos Estados Unidos a partir do New Deal do Presidente Franklin Delano Roosevelt (1933-1945) e nos países da Europa Ocidental a partir do final da segunda guerra mundial seriam contraproducentes; pois reduziriam os incentivos individuais ao trabalho, perpetuando assim a pobreza, reduziriam a criação de empregos devido ao aumento do custo de trabalho induzido pela sindicalização e reduziriam o incentivo ao investimento e a inovação ao reduzir os ganhos monetários da classe empresarial. Nesse contexto, a agenda econômica passou a ser pautada por temas como privatização, desregulamentação dos mercados de trabalho e financeiros, redução das alíquotas de importação para fomentar o livre comércio entre os países e corte das despesas do governo, para permitir o equilíbrio orçamentário ao mesmo tempo em que se viabilizava uma redução de impostos, notadamente sobre os mais ricos, com o objetivo de estimular o investimento e a inovação.

            Durante mais de 40 anos o neoliberalismo foi adotado, com maior ou menor ênfase, a depender do país e da circunstância histórica específica, nos países do Ocidente. A queda do muro de Berlim em 1989, seguida pelo colapso da União Soviética em 1991 pareceriam legitimar a pretensão dos defensores do neoliberalismo de que o capitalismo de laissez-faire é a melhor forma de organização econômica das sociedades humanas. Ele inclusive estava se mostrando compatível com a democracia representativa e o Estado Democrático de Direito; isso porque as ditaduras da América Latina estavam desaparecendo nos anos 1980 e 1990 e os novos governos democraticamente eleitos desses países estavam adotando os preceitos do assim chamado Consenso de Washington que preconizava a adoção de reformas liberalizantes como saída para a década perdida nos anos 1980, quando a combinação de elevado endividamento externo e inflação galopante nas principais economias dessa região não só havia reduzido drasticamente o seu ritmo de crescimento, como ainda havia desacreditado a estratégia de desenvolvimento dos 30 anos anteriores, baseada na Industrialização por Substituição de Importações liderada pelo Estado.

Os resultados das políticas neoliberais não foram, contudo, os esperados pelos seus defensores. O ritmo de crescimento dos países desenvolvidos apresentou uma clara redução na comparação com os anos gloriosos do capitalismo (1950-1975), período no qual prevalecia no mundo desenvolvido o que podemos chamar de capitalismo socialmente administrado; ou seja, uma economia na qual existia a propriedade privada dos meios de produção, mas na qual o Estado não era apenas o agente regulador dos mercados, como também desempenhava um papel fundamental no planejamento do investimento e na administração do nível de demanda agregada de forma a manter a economia funcionando o mais próximo possível do pleno-emprego. Além disso, a distribuição de renda que havia apresentado uma melhoria significativa entre 1930 e 1980 voltava a apresentar sinais inquietantes de piora à medida que os salários reais deixaram de acompanhar o crescimento da produtividade do trabalho, aumentando não só a participação dos lucros na renda nacional, como também a parcela da renda apropriada pelo 1% mais rico da população. A elevada prosperidade que nos anos gloriosos do capitalismo era compartilhada; agora não só era menor, como ainda era apropriada por uma parcela reduzida da população dos países desenvolvidos. Por fim, a desregulamentação financeira pôs fim a um período longo de estabilidade financeira no mundo. Em 1987 ocorreu a primeira crise financeira de grandes proporções nos Estados Unidos com a falência de várias instituições de poupança e empréstimo (savings and loans). Nos anos 1990 ocorreu a crise do sudeste asiático, quando vários países que mal haviam acabado de adotar as políticas de liberalização financeira defendidas pelo FMI, como a Coréia do Sul, enfrentaram ataques especulativos contra as suas moedas. Em 2001 foi a vez da crise das empresas ponto com nos Estados Unidos. E no dia 15 de setembro de 2008 a falência do banco de investimento Lehman Brothers marcou o início da grande crise financeira internacional.

A crise financeira internacional de 2008 produziu um forte abalo na confiança depositada nas políticas neoliberais. Para evitar a ocorrência de uma grande depressão igual ou superior a ocorrida em 1929, os governos dos EUA e dos demais países desenvolvidos tiveram que intervir fortemente no sistema financeiro, aumentar de forma expressiva os gastos públicos e reduzir as taxas de juros de curto-prazo para o temido zero-lower bound no qual a política monetária deixava de ser eficaz devido a armadilha da liquidez. No entanto, tão logo as economias dos países desenvolvidos começaram a apresentar sinais de recuperação cíclica, os defensores do neoliberalismo voltaram a carga contra as políticas intervencionistas afirmando que tais políticas haviam (sic) produzido um aumento colossal do endividamento do setor público, o qual seria (sic) insustentável no médio e longo-prazo. Era necessário o retorno as políticas de austeridade fiscal, mesmo que os efeitos da crise financeira internacional ainda se fizessem sentir na forma de elevado desemprego e baixo crescimento econômico. A retorica do abismo fiscal foi exitosa em convencer a opinião pública e os políticos nos países desenvolvidos de que era necessário abandonar a política fiscal expansionista, pois o aumento da dívida pública estava minando o espírito animal dos empresários, retardando assim a recuperação cíclica por conta da baixa disposição dos empresários do setor privado em investir.

O retorno precipitado as políticas de austeridade fiscal tiveram um impacto profundo tanto nos Estados Unidos e como nos países europeus. A destruição dos empregos industriais ocorrida nos Estados Unidos durante a crise de 2008 contribuiu para fazer com que parte significativa dos trabalhadores semiqualificados do cinturão da ferrugem tivessem que escolher entre o desemprego de longo-prazo ou empregos precários e/ou de tempo parcial no setor de serviços. Esses trabalhadores brancos semiqualificados eram a base tradicional de apoio do partido democrata no norte dos Estados Unidos. Foi durante o governo democrata de Barack Obama que eles foram “deixados para trás”. Sua resposta viria em 2016, com o apoio a candidatura do populista Donald Trump. Nos países europeus, notadamente na área do Euro, o retorno a austeridade fiscal obrigou o Banco Central Europeu a adotar taxas de juros nominais negativas, experimento único na história do capitalismo, para tentar estimular as economias do Euro que se arrastavam numa trajetória de baixo crescimento e alto desemprego.

Antes da crise produzida pela pandemia do covid-19, muitos economistas[1] e políticos nos Estados Unidos e na Europa já discutiam abertamente o fracasso do neoliberalismo e a necessidade de reformar o capitalismo de maneira a recriar a prosperidade compartilhada dos anos gloriosos. A covid-19 acelerou esse processo ao permitir a eleição de Joe Biden como Presidente dos Estados Unidos.

Nos primeiros meses de governo de Biden foram propostos três pacotes fiscais que tem por objetivo fazer uma mudança estrutural profunda na economia e na sociedade americana. A intenção é acelerar o crescimento, mas de forma ambientalmente sustentável e fazer com que os frutos do progresso econômico sejam apropriados por uma ampla camada da população, não apenas por alguns poucos privilegiados.

Um primeiro pacote fiscal, de US$ 1,9 trilhões, aprovado em março de 2021 tinha por lema “no one will left behind”. O projeto final inclui 400 bilhões de dólares em pagamento único de 1.400 dólares à maioria dos norte-americanos, 300 dólares por semana em auxílio-desemprego ampliado para as 9,5 milhões de pessoas que ficaram sem trabalho na crise e 350 bilhões de dólares em ajuda a governos estaduais e locais com problemas orçamentários. Trata-se de um pacote Keynesiano típico de estímulo a demanda agregada por intermédio de transferências de renda aos desempregados e as pessoas mais pobres.

Um segundo pacote de US$ 1,1 trilhão, mas com estimativa inicial de US$ 2,3 trilhões, foi aprovado em agosto de 2021 no Senado. O Foco aqui foi na infraestrutura dos EUA, relativamente atrasada com respeito a Europa e China e na mudança climática. O alvo é o lado da oferta da economia, trata-se de aumentar a produtividade do capital e realizar uma mudança estrutural na direção de tecnologias mais eficientes na emissão de CO2. Dessa forma, o objetivo é elevar o potencial de crescimento de longo-prazo da economia dos EUA, ou seja, não se trata de um pacote tradicional de estímulo de demanda agregada. Na verdade, trata-se de um programa tipicamente desenvolvimentista: o crescimento econômico será acelerado por intermédio de mudança estrutural induzida pelo Estado.

Por fim, ainda está sendo negociado um terceiro pacote de US$ 1,8 trilhão que visa melhorar a rede de proteção social nos Estados Unidos, considerada a mais precária entre as nações ricas, com ampliação da cobertura de saúde, financiamento à educação e licenças a trabalhadores. Ou seja, caso aprovado pelo Congresso, esses gastos vão além do simples socorro à economia e tentam criar um papel novo para o Estado. O foco é criar um efetivo Estado do Bem-Estar Social nos EUA, tarefa iniciada no governo de Franklin Roosevelt, mas nunca completada.

Se os pacotes fiscais de Joe Biden forem efetivamente implementados e bem-sucedidos pode ser que seja o início do fim do neoliberalismo. Já vai tarde.


* Professor Associado do Departamento de Economia da Universidade de Brasília (UnB), Pesquisador Nível IB do CNPq, Membro Sênior da Post Keynesian Economics Society (PKES) e Líder do Grupo de Pesquisa Macroeconomia Estruturalista do Desenvolvimento, cadastrado no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq e certificado pela UnB. É autor dos livros “Macroeconomia do Desenvolvimento: uma perspectiva Keynesiana” (LTC, 2016) , “Macrodinâmica Pós-Keynesiana: Crescimento e Distribuição de Renda” (Alta Books, 2018) e “Macroeconomia da Estagnação Brasileira” (Alta Books, 2021) este último escrito em coautoria com Luiz Fernando de Paula. Ganhou o Prêmio Brasil de Economia na Categoria livro em 2017 e 2020. E-mail: joreiro@unb.br. Página pessoal: www.joseluisoreiro.com.br.

[1] A esse respeito ver Blanchard, O; Summers, L. (2019). “Evolution or Revolution: Rethinking macroeconomic policy after the Great Recession”. MIT Press: Cambridge.

A Agenda do Dinheiro Produzirá Crescimento para o Brasil? (Folha de São Paulo, 14/09/2021)

14 terça-feira set 2021

Posted by jlcoreiro in Uncategorized

≈ Deixe um comentário

Luiz Fernando Rodriguez de Paula e José Luis Oreiro

Link: https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2021/09/a-agenda-do-dinheiro-produzira-crescimento-para-o-brasil.shtml

Economistas temem que série de crises provocadas por Bolsonaro alimente recessão em 2022(Folha de São Paulo, 12/09/2021) 

12 domingo set 2021

Posted by jlcoreiro in Apocalipse Zumbi, Conjuntura da economia brasileira, Crise da Democracia Brasileira, Crise do Governo Bolsonaro, Debate macroeconômico, José Luis Oreiro

≈ 1 comentário

Tags

Crise Econômica no Brasil, Crise Política no Brasil, Fim do Bolsonarismo, José Luis Oreiro

Alta da inflação, baixa dos reservatórios de hidrelétricas, real desvalorizado, desemprego resistente. Se o cenário econômico do Brasil neste segundo semestre já seria desafiador para qualquer governante, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) conseguiu deixá-lo ainda mais incerto.

Desde seus discursos com ameaças golpistas, no dia 7 de setembro, aumentou o temor entre os analistas de que a recuperação possa ser mais fraca do que se imaginava e com risco de uma nova recessão. O recuo do presidente nesta quinta-feira (9), em carta na qual diz que não teve intenção de agredir Poderes, trouxe alívio momentâneo ao mercado, que passou para uma posição de maior desconfiança na sexta. Entre economistas, o ceticismo quanto às promessas feitas por Bolsonaro também é expressivo.

“Até quando vamos ter de acreditar nesses recuos? Ele já passou do ponto e depois recuou várias vezes”, diz o professor da UnB (Universidade de Brasília) José Luis Oreiro.

Oreiro diz que pode haver uma desaceleração do crescimento neste ano, que já era esperada devido à alta da inflação, e uma nova recessão em 2022. E afirma que tensão política colocou trouxe novo ingrediente no cenário econômico, já conturbado.

Foto: José Luis Oreiro, Professor Associado do Departamento de Economia da Universidade de Brasília.

“Crise política sempre gera aumento da percepção da incerteza e afeta contratações de trabalhadores e investimento”, diz. “Tudo que Bolsonaro não poderia ter feito era agitar as águas institucionais, mas também mostra que ele não tem preocupação com o Brasil e nem projeto para o país.”

“Os sinais de que a economia brasileira sente o impacto da crise institucional são claros. O humor do mercado é apenas uma parte do abalo causado pela piora do ambiente político-institucional”, resume o ex-ministro da Fazenda e atual secretário da Fazenda e Planejamento do Estado de São Paulo, Henrique Meirelles

Ele diz que, se o governo persistir em novas crises políticas, vai sair ainda mais caro para o país, e isso já aparece nas perspectivas para o ano que vem. “As projeções de crescimento para 2022 vêm sendo reduzidas a cada semana. Basta ver o Boletim Focus, do Banco Central, que esta semana projeta crescimento pela primeira vez abaixo de 2%”.

Os analistas econômicos ouvidos pelo Focus revisaram nesta semana as perspectivas para o PIB (Produto Interno Bruto) de 2022 para 1,93% —há um mês, a previsão era de 2,05% e de 2,5% em janeiro.

O Citi Brasil ajustou as projeções para o PIB do ano que vem de 1,8% para 1,5%; o Itaú já havia ajustado para 1,5%; a MB Associados também havia reduzido suas projeções, para 1,4%, e não descarta novos cortes.

“É unânime entre os analistas que o crescimento deve ficar abaixo de 2%. Já vemos a possibilidade de ficar até abaixo de 1%”, resume o economista da MB Associados e ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, José Roberto Mendonça de Barros.

Uma fonte crescente de preocupação entre as famílias brasileiras é a inflação. Nesta quinta-feira, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou que a inflação pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) atingiu 0,87% em agosto, puxada pela gasolina. A taxa é a maior para o mês desde 2000, quando o indicador alcançou 1,31%.

O índice chegou perto de dois dígitos no acumulado de 12 meses, alcançando a marca de 9,68% —bem longe do teto da meta, de 5,25%.

A alta de preços é ainda mais cruel com as famílias de menor renda e também pesa sobre elas o maior percentual de desemprego.

Um estudo divulgado pela FGV Social aponta que a taxa de desemprego da metade mais pobre dos brasileiros subiu quase dez pontos durante a pandemia, de 26,55% para 35,98%.

O fim do ano já seria fraco por conta da inflação, dos juros, da crise hídrica e das incertezas fiscais ligadas ao Orçamento. As últimas ações do presidente jogaram ainda mais incerteza neste cenário, avalia Mendonça de Barros.

“A confluência de crises e a situação econômica difícil trazem uma piora nas perspectivas, caminhando-se para haver no fim deste ano e no começo do ano que vem uma pequena recessão”, diz.

Com a crise armada pelo presidente nos últimos dias, caminhoneiros chegaram a bloquear estradas em diversos estados ao longo dia.

No fim da tarde desta quinta-feira (9), Bolsonaro divulgou uma nota em que recuava após as ameaças golpistas e dizia não ter tido a intenção de ameaçar outros Poderes.

O mercado financeiro reagiu quase que instantaneamente à declaração do presidente, com o dólar terminando o dia em queda de 1,84%, cotado a R$ 5,2270, e a Bolsa subindo 1,72% na quinta-feira, aos 115.360 pontos. Mas voltou a cair na sexta (10), acumulando perdas de 2,26% na semana.

Embora o mais novo giro no discurso do presidente traga alívio aos analistas, eles dizem que a chance de avanço na discussão de reformas robustas diminuiu significativamente, já que os movimentos de Bolsonro acabaram por antecipar o cenário eleitoral do ano que vem.

Os analistas lembram que a crise institucional também torna a questão orçamentária mais incerta, dado que o governo tentava negociar o não pagamento da totalidade dos precatórios (dívidas do governo reconhecidas pela Justiça) no ano que vem.

Mendonça de Barros avalia que o recuo do presidente certamente alivia a tensão no curto prazo, mas a imensa maioria sabe que isso é temporário. “Ele já fez isso antes e depois radicalizou novamente. A carta não necessariamente abre caminho, por exemplo, para a negociação dos precatórios.”

Ele completa que a incerteza se mantém na economia e que decisões importantes de investidores serão postergadas para mais adiante. “A inflação mais uma vez foi além do que o mercado esperava, o que reforça a percepção de desaceleração.”

“Começa a entrar no radar um crescimento bem menor para o ano que vem, próximo de zero. Os juros devem subir bem mais que o esperado”, diz o economista Guilherme Tinoco, especialista em contas públicas.

Ele também diz que a questão fiscal deve ser um problema de difícil solução para o governo em 2022, mesmo que a questão dos precatórios seja resolvida.

“O teto vai crescer, mas a despesa fora do teto vai ser menor. O acirramento das questões políticas deve ser maior no ano que vem e a crise de energia é grave. O único vetor positivo seria a reabertura de alguns setores após a pandemia.”

O movimento do presidente tira um pouco da pressão, mas os problemas e desafios econômicos continuam iguais, afirmaTinoco, assessor especial do governo paulista. “Não significa que o ambiente político ficou mais estável, ele continua tensionado e podemos ver novos avanços e recuos.”

Além disso, as incertezas vão fazer com que os prêmios de risco subam ainda mais, o que afetaria o crédito, prejudicando empréstimos e investimentos.

“Concretamente, os prêmios de risco, tanto no dólar quanto na curva de juros, já subiram”, diz o consultor e ex-diretor do Banco Central Alexandre Schwartsman.

“O primeiro põe mais lenha na fogueira inflacionária; o segundo deprime atividade. Talvez, por si só, isso não jogue o país em uma recessão, mas já colabora para a desaceleração.”

Schwartsman complementa que, caso haja uma nova guinada e a crise provocada pelo presidente se agrave, levando à fuga de capitais, o risco recessivo aumentará. “Não é o cenário que vejo hoje, mas é uma possibilidade bastante concreta.”

Douglas Gavras / Folha de São Paulo

‘Brasil bolsonarista é um Brasil de figurante’. Algumas análises (Revista IH On Line to Instituto Humanistas da Unisinos, 10/10/2021)

10 sexta-feira set 2021

Posted by jlcoreiro in Intentona golpista de Bolsonaro 07/09/2021, José Luis Oreiro

≈ Deixe um comentário

Tags

IHU on-line, Instituto Humanitas da Unisinos, Intentona golpista de Bolsonaro 07/09/2021, José Luis Oreiro

Na entrevista a seguir, José de Souza Martins, José Geraldo de Sousa Junior, José Luís Oreiro e Valério Arcary analisam as manifestações de 7 de setembro

Link da matéria completa: http://www.ihu.unisinos.br/612718-o-dia-da-independencia-foi-sequestrado-expressoes-de-uma-manipulacao-teatral-e-um-presidente-isolado-algumas-analises.

Ao invés de atos politizados organizados por cidadãos que reivindicam o cumprimento da democracia, o que se pôde observar nas manifestações da última terça-feira, 07 de setembro, foi uma “política despolitizada, divorciada da concepção clássica e civilizada de política, que aqui deixou de ser de cidadãos para ser de atores”, disse o sociólogo José de Souza Martins na entrevista a seguir, concedida por e-mail ao Instituto Humanitas Unisinos – IHU. Os atos que marcaram o dia da Independência, avalia, foram “uma grande conspiração antipatriótica para difundir a cultura da idolatria de Bolsonaro como substituta da consciência de pátria“, formados pela “presença de ativistas de aluguel”.

O jurista e ex-reitor da Universidade de Brasília – UnB, José Geraldo de Sousa Junior, compartilha da mesma análise. “No gramado e na avenida, um presidente isolado numa bolha de mobilização artificial, preparada com antecedência e financiada pelo setor mais canibalizador da economia, o agronegócio, sequestrou o dia da Independência“, destacou na entrevista a seguir, concedida por e-mail. Em seus pronunciamentos, observa, Bolsonaro “falou como um presidente que não governa, que conspira; que não se solidariza com o social, mas com os seus interesses, de seus domésticos e associados; que não tem empatia com o povo e com a vida, só se liga nos negócios”.

O economista José Luís Oreiro sublinha que a “manifestação de 7 de setembro foi feita, no fundo, com dois objetivos: primeiro, animar a sua plateia e, segundo, para juntá-los em poucos lugares para dar a impressão para o Congresso Nacional e para o Supremo Tribunal Federal de que o Bolsonaro tem muita força”. Mas a agenda do presidente até as eleições presidenciais do próximo ano, ressalta, é tentar manter o grupo de apoiadores coeso. “O que as manifestações indicam é o desespero de Bolsonaro, que está tentando, com essas manobras, manter os seus 20% de aprovação para ver se ele consegue chegar no segundo turno [das eleições de 2022] e aí polarizar com Lula“.

Para o historiador Valério Arcary, nas manifestações “Bolsonaro deixou claro que não renunciará à luta implacável pelo poder”. A tática do presidente no momento, pontua, “consiste em ganhar tempo. Morde a assopra. Ocupa o centro das cidades, mas não autoriza distúrbios. Faz ameaças golpistas, mas lança uma carta apaziguadora. Mas qual é a estratégia? Garantir um reposicionamento melhor para a disputa eleitoral, e garantir a reeleição? Sim, mas não é só isso. O governo da extrema direita liderado por um neofascista não é um governo ‘normal’ com uma agenda de contrarreformas neoliberais. Bolsonaro tem como estratégia uma nova localização do capitalismo brasileiro no mundo em uma aliança estratégica com uma fração do imperialismo norte-americano contra a China“.

José Luis da Costa Oreiro é graduado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, possui mestrado em Economia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC-RJ e doutorado em Economia da Indústria e da Tecnologia pela UFRJ. Atualmente é professor do Departamento de Economia da Universidade de Brasília – UnB. Entre as inúmeras publicações, destacamos o livro Macroeconomia do Desenvolvimento: uma perspectiva keynesiana (publicado pela LTC em 2016) e o livro Macrodinâmica Pós-Keynesiana: crescimento e distribuição de renda (Alta Books, 2018).

IHU – Como interpreta as manifestações de 7 de setembro? O que elas indicam?

José Luís Oreiro – Foi a prova de que o presidente da República está desesperado. Quer dizer, a sua popularidade está cada vez mais baixa: mais de 60% dos brasileiros rejeitam o governo Bolsonaro; ele tem uma aprovação de pouco mais de 20%. Ele sabe que se essa aprovação cair abaixo de 20%, ele fica com uma situação muito frágil no Congresso Nacional, a ponto de ser disparado um pedido de impeachment. Ele sabe também que as perspectivas da economia brasileira daqui para a frente são muito ruins, seja por conta da aceleração da inflação, seja por conta da crise energética, seja por conta do problema dos precatórios, que vai tirar todo o espaço fiscal que o governo pensava que teria no ano que vem para fazer o pacote de bondades e tentar cacifar eleitoralmente o presidente da República.

Então, a agenda do Bolsonaro é tentar manter coesos esses 20%. A manifestação de 7 de setembro foi feita, no fundo, com dois objetivos: primeiro, animar a sua plateia e, segundo, para juntá-los em poucos lugares para dar a impressão para o Congresso Nacional e para o Supremo Tribunal Federal de que o Bolsonaro tem muita força. Mas na verdade, essas manifestações foram meticulosamente organizadas, financiadas por empresários bolsonaristas. O que as manifestações indicam é o desespero de Bolsonaro, que está tentando, com essas manobras, manter os seus 20% de aprovação para ver se ele consegue chegar no segundo turno [das eleições de 2022] e aí polarizar com Lula. É isso que as manifestações indicam.

IHU – Como avalia os pronunciamentos do presidente em relação aos demais poderes?

José Luís Oreiro – As manifestações do presidente não me surpreendem. Quando ele era deputado estadual no Rio de Janeiro, disse que tinha que ocorrer uma guerra civil no Brasil para matar pelo menos 30 mil pessoas. Durante o impeachment da presidente Dilma, ele fez, no plenário do Congresso Nacional, um elogio a um torturador. Quer dizer, nada que sai da boca dessa pessoa que ocupa a presidência da República de forma temporária me surpreende. Os pronunciamentos são antidemocráticos, configuram crimes de responsabilidade, principalmente o discurso feito na Av. Paulista, em que ele cita nominalmente o ministro Alexandre de Moraes, dizendo que não iria mais obedecer a ordens de um ministro do STF. Ou seja, ele simplesmente rasgou a Constituição. Mas ele já fez vários crimes de responsabilidade; esse é só mais um. A questão é saber quando o Congresso Nacional vai assumir o papel que lhe compete e abrir o processo de impeachment contra este ser que ocupa a presidência da República.

IHU – Que desdobramentos políticos e institucionais vislumbra daqui para frente e como avalia os pronunciamentos institucionais feitos após as manifestações?

José Luís Oreiro – Daqui até o ano que vem, vamos ficar com esse jogo. Estamos aguardando as manifestações do dia 12, contra Bolsonaro; vamos ver qual vai ser o tamanho delas. Vislumbro que esse clima de instabilidade política vai ser mantido até as eleições, mas elas vão acontecer.

O desdobramento político é que cada vez mais a candidatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva torna-se amplamente favorita e com vitória em 2022, até mesmo no primeiro turno. Se há dois meses eu tinha dúvidas sobre a possibilidade de Bolsonaro chegar no segundo turno, hoje eu acho que ele pode sequer chegar, dado o desespero em que se encontra. Essa gritaria do Bolsonaro e seus aliados não é sinal de força; é sinal de fraqueza. Quem tem poder de verdade não grita. Quando você grita é ou porque perdeu a razão ou porque perdeu o poder ou as duas coisas.

Pronunciamentos institucionais

Os pronunciamentos institucionais têm ficado muito a desejar. Assisti ao do Arthur Lira, que foi ruim. O do [Luiz] Fux foi melhor, mas o grande problema do Brasil é que nós nunca atacamos a raiz dos problemas. Vou dar como exemplo o que aconteceu na segunda-feira, no jogo entre Brasil e Argentina, em que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa entrou em campo para prender os quatro argentinos que haviam mentido para a Polícia Federal e que deveriam cumprir quarentena. Eu vi muita gente criticando a Anvisa, questionando por que ela não esperou terminar o jogo. A Anvisa fez o correto; a lei tem que ser cumprida. Se Bolsonaro tivesse perdido o mandato dele quando elogiou [Carlos Brilhante] Ustra durante a sessão de impeachment da presidente Dilma na Câmara dos Deputados, nós não estaríamos com esse problema hoje.

Este defeito brasileiro de não ser radical, de não ter soluções definitivas, é o nosso problema. Vamos “empurrando as coisas com a barriga”, achando que elas vão se resolver com o tempo. Não, elas não vão; elas podem piorar com o tempo. Bolsonaro é a maior prova disso. Toda hora que ele avança o sinal, vem o pessoal e diz “deixa disso”, “passa o pano”, “vamos fazer as pazes”. Ele já deveria ter sido tirado do cargo há muito tempo. Tudo isso só prejudica o país. Temos problemas seríssimos de desemprego, inflação, gente passando fome e morrendo por causa da pandemia, e estamos discutindo voto impresso, impeachment de ministro do STF, porque simplesmente mandou prender pessoas que estavam incitando a prática de crimes nas redes sociais. Ou seja, isso aqui está virando uma bagunça porque as pessoas não querem ser radicais no cumprimento da lei. A lei é dura, mas é lei, como se diz em latim, dura lex, sed lex.

Bolsa se mantém em alta e tenta se recuperar após despencar quase 4%( Correio Braziliense, 09/09/2021)

09 quinta-feira set 2021

Posted by jlcoreiro in Conjuntura da economia brasileira, José Luis Oreiro

≈ Deixe um comentário

Tags

Debate Macroeconômico, Desastre econômico do governo Bolsonaro, José Luis Oreiro

Especialistas acreditam que volatilidade deve persistir até o fim da semana em razão do cenário político ainda inflamado pelos atos de 7 de Setembro

[…]

O clima de tensão entre os investidores e a instabilidade nas ações deverão se manter somente enquanto o cenário político estiver inflamado pelas recentes declarações do presidente Jair Bolsonaro e por ruídos domésticos como a paralisação dos caminhoneiros, que preocupa os investidores. É o que explica o economista José Luís Oreiro. “O mercado financeiro vive muito de curto prazo, em uma semana deve-se reverter uma parte dessa queda”, afirma o professor da Universidade de Brasília (UnB).

[…]

O economista José Oreiro explica que essa aproximação do centro, para o presidente Bolsonaro, pode ter sido prejudicada após as declarações do último feriado nacional e em razão de pautas do governo que atingem o eleitorado. “Não acredito que o Centrão irá pagar o custo político de apoiar, por exemplo, a reforma administrativa, que vai contra os interesses dos servidores públicos que são uma entidade bastante organizada e que terá grande efeito nas eleições de 2002”, explica.

Link da matéria completa: https://www.correiobraziliense.com.br/economia/2021/09/4948561-bolsa-se-mantem-em-alta-e-tenta-se-recuperar-apos-despencar-quase-4.html.

Entenda como Brasil ficou para trás na recuperação da economia no segundo trimestre (Folha de São Paulo, 01/09/2021)

03 sexta-feira set 2021

Posted by jlcoreiro in Crise da Democracia Brasileira, Debate Macroeconômico, José Luis Oreiro, Uncategorized

≈ Deixe um comentário

Tags

Crise Econômica no Brasil, Debate Macroeconômico, José Luis Oreiro

DOUGLAS GAVRAS

Quarta-feira, 1 de setembro de 2021 8:09 PM·4 minuto de leitura

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil no segundo trimestre teria avançado como na Europa ou em Israel se a vacinação tivesse começado antes, segundo avaliação de economistas.

Nesta quarta-feira (1°), o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontou uma queda de 0,1% no PIB do segundo trimestre, frustrando as expectativas do Ministério da Economia. Analistas consultados pela agência Bloomberg estimavam crescimento de 0,2% ante o trimestre anterior.

Segundo dados divulgados pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), países em que o ritmo de vacinação é mais forte -e onde pôde ser feita uma flexibilização maior do comércio e dos serviços no período- também registraram um ritmo de recuperação mais forte.

Em Israel, por exemplo, o PIB avançou 3,6% no segundo trimestre ante o trimestre anterior. O país tem, hoje, 60,6% da população totalmente vacinada. Em Portugal, com 73,1%, o aumento no PIB foi de 4,9%. No Reino Unido, 4,8%, com mais de 64,4% da população imunizada.

No Brasil, 29,3% da população está totalmente vacinada, segundo dados da última terça-feira (31).

Em sua conta no Twitter, o secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida rebateu a comparação feita pelo jornal Folha de S.Paulo com os resultados do Brasil em relação a outros países, como Portugal e Reino Unido, no segundo trimestre.

“Dado que a pandemia afetou os países em trimestres diferentes, creio que a análise mais adequada deveria levar em conta o espaço de quatro trimestres”, escreveu.

Para Armando Castelar Pinheiro, coordenador de Economia Aplicada do Ibre/FGV (Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas), o desempenho do Brasil em relação aos outros países no segundo trimestre foi diretamente impactado pela demora na vacinação.

“A vacinação entra na conta dos números da pandemia, pois as vacinas reduzem o número de casos graves e fazem com que a economia consiga reabrir mais rapidamente. O primeiro trimestre foi de retração na Europa, enquanto o segundo trimestre lá foi bom”, diz.

Castelar compara que, no segundo trimestre, os países que foram mais bem-sucedidos na vacinação reabriram muitos serviços, as pessoas estavam mais confiantes e tinham mais liberdade para gastar.

“Se a vacinação no Brasil tivesse começado antes, a economia teria melhorado mais cedo, sem dúvida. Da mesma forma, a situação da pandemia se agravou agora na Coreia do Sul e na China e o terceiro trimestre deve ser ruim na Ásia, já que os governos vão impor mais restrições e as pessoas ficam mais receosas também.”

Para o economista, o terceiro e o quatro trimestres no Brasil ainda preocupam. Agora que os números da pandemia retrocederam, é possível esperar uma recuperação mais consistente dos setores que tinham ficado para trás, como turismo, restaurantes ou transporte público.

“A gente pode viver, embora não com a mesma força, o que a Europa viveu no segundo trimestre. É como se estivéssemos vendo um filme parecido, mas que estreou no Brasil com um trimestre de atraso”, diz.

O economista da UnB (Universidade de Brasília) José Luis Oreiro acrescenta que a aceleração da inflação, com a alta de juros antecipada para tentar conter o aumento de preços, também coloca a economia brasileira em um encruzilhada complexa no segundo semestre.

Professor José Luis Oreiro, do departamento de Economia da Universidade de Brasília.

“Os economistas do mercado financeiro têm uma narrativa de que a economia vai voltar a crescer por mágica, com a reedição das reformas. Essa ideologia vai na contramão de tudo que está sendo feito no mundo desenvolvido.”

Ele também coloca na conta da desconfiança dos agentes econômicos a incerteza elevada pelo risco político, com os ataques do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) aos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e ao sistema democrático.

Para o coordenador do Monitor do PIB da FGV, Claudio Considera, o cenário atual é mais preocupante do que a maior parte dos economistas imaginava anteriormente.

Ele também diz acreditar que os resultados do segundo trimestre devem levar a uma revisão das previsões de crescimento da economia para este ano. “Não tem como ficar otimista este ano. Vamos crescer o suficiente para recuperar o ano passado, mas mesmo assim podemos ter problemas.”

Quem achava que a economia iria crescer 5% em 2021 ainda não tinha colocado a crise hídrica na conta, avalia Considera.

“E ainda tem as provocações de conflitos diários do presidente. Não é de vez em quando, mas todo dia ele causa um dano político que eleva as incertezas e prejudica o funcionamento da economia. Não tem empresário que vai investir assim.”

← Posts mais Antigos

Posts

setembro 2021
S T Q Q S S D
 12345
6789101112
13141516171819
20212223242526
27282930  
« ago   out »

Arquivos do Blog

Blogs que sigo

  • Paulo Gala / Economia & Finanças
  • Reação Nacional
  • amandagrdeassis
  • PROFESSOR WILIAM RANGEL
  • O Barômetro - A Economia sob Pressão
  • O Meio e o Si
  • Sidewalk Essays
  • José Luis Oreiro
  • WordPress.com

Minha página no Facebook

Minha página no Facebook

Estatísticas do Site

  • 924.093 hits

Blogroll

  • Associação Nacional dos Centros de Pós-Graduação em Economia – ANPEC
  • Association for Heterodox Economics
  • Blog do Desemprego Zero
  • Blog do Grupo de Pesquisa "Macroeconomia Estruturalista do Desenvolvimento"
  • Blog do Thomas Palley
  • CEPAL
  • Departamento de Economia da UMKC
  • Fundação konrad Adenauer
  • Globalidades
  • Grupo de Estudos de Dinâmica Econômica Evolucionária
  • Grupo de Estudos de Economia e Complexidade
  • Grupo de Estudos de Moeda e Sistema Financeiro
  • Instituto de Economia da Universidade de Campinas
  • Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro
  • Instituto para Estudos do Desenvolvimento Industrial (IEDI
  • Nobel Laureates in Economics
  • Página da Metroeconomica
  • Página da Revista de Economia Contemporânea
  • Página da Revista de Economia Política
  • Página da Revista Economia e Sociedade (Unicamp)
  • Página da Revista Nova Economia
  • Página da Sociedade Brasileira de Economia Política
  • Página de Anthony Thirwall
  • Página de Jan Kregel
  • Página de Joseph Stiglitz – Prêmio Nobel de Economia
  • Página de Lance Taylor
  • Página de Luigi Pasinetti
  • Página de Paul Davidson
  • Página do Boletim Economia & Tecnologia – UFPR
  • Página do Cambridge Journal of Economics
  • Página do departamento de economia da Universidade de Brasília
  • Página do Journal of Post Keynesian Economics
  • Página do Levy Economics Institute
  • Página do Mark Setterfield
  • Página pessoal de Amit Bhaduri
  • Página pessoal de Amitava Dutt
  • Página pessoal de Fernando Ferrari Filho
  • Página pessoal de Gilberto Tadeu Lima
  • Página pessoal de José Luis Oreiro
  • Página pessoal de Luiz Carlos Bresser-Pereira
  • Pós-Graduação em Economia da Universidade Federal de Viçosa
  • Portal Rumos do Brasil
  • Post Keynesian Economics Study Group
  • Reação Nacional
  • Real-World Economics Review Blog
  • Top Brazilian Economists – REPEC
  • Valor Econômico
  • WordPress.com

Tags mais usados

"nova ordem" A crise da economia brasileira A Grande Crise Brasileira Ajuste fiscal Ajuste Fiscal no Brasil Ajuste fiscal possível Associação Keynesiana Brasileira Bresser-Pereira Ciro Gomes COFECON Consolidação fiscal controles de capitais Copom Corecon-DF Crise do Coronavírus Crise do Euro Crise do Governo Dilma Rouseff Crise Econômica no Brasil Crítica ao governo Dilma Rouseff crítica ao governo Temer Crítica ao social-desenvolvimentismo Câmbio sobre-valorizado Debate Macroeconômico Desenvolvimentismo inconsistente Desindusitralização desindustrialização economia brasileira Economia Pós-Keynesiana eficácia da política monetária Eleições 2018 Erros de Paulo Guedes Erros do Banco Central do Brasil Espanha Estagnação secular no Brasil Estratégia Neo-atrasista Estratégias de Desenvolvimento Fiscalismo suicida Governo Dilma Rouseff Governo Michel Temer Governo Temer Herr Bolsonaro inflação Joaquim Levy john maynard keynes José Luis Oreiro José Lus Oreiro José Serra Lançamento do livro "Macroeconomia do Desenvolvimento" Macroeconomia do desenvolvimento Macroeconomia Estruturalista do Desenvolvimento Metas de Inflação Nova recessão a vista? novo-desenvolvimentismo Oreiro Os erros de Paulo Guedes Paulo Guedes PEC 241 Política macroeconômica do governo Dilma Rouseff política monetária Política Monetária no Brasil Populismo latino-americano Problema dos juros no Brasil proposta para os pré-candidatos a Presidencia da República Reforma da Previdência Reforma de Previdência Regra de Ouro Relação entre poupança e investimento Samuel Pessoa Semi-estagnação da economia brasileira Seminários Acadêmicos de Economia Senado Federal Sobre-valorização cambial taxa de câmbio Taxa de juros Taxa real de câmbio

Crie um website ou blog gratuito no WordPress.com.

Paulo Gala / Economia & Finanças

Graduado em Economia pela FEA-USP. Mestre e Doutor em Economia pela Fundação Getúlio Vargas em São Paulo. Foi pesquisador visitante nas Universidades de Cambridge UK e Columbia NY. Foi economista chefe, gestor de fundos e CEO em instituições do mercado financeiro em São Paulo. É professor de economia na FGV-SP desde 2002. Brasil, uma economia que não aprende é seu último livro.

Reação Nacional

Uma alternativa Trabalhista Cristã

amandagrdeassis

PROFESSOR WILIAM RANGEL

"A família é base da sociedade e o lugar onde as pessoas aprendem pela primeira vez os valores que lhes guiam durante toda sua vida". (Beato João Paulo II)

O Barômetro - A Economia sob Pressão

Espaço de reflexão crítica sobre economia e política

O Meio e o Si

Seu blog de variedades, do trivial ao existencial.

Sidewalk Essays

brand new stuff, fresh ideas

José Luis Oreiro

Economia, Opinião e Atualidades

WordPress.com

WordPress.com is the best place for your personal blog or business site.

Privacidade e cookies: Esse site utiliza cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com seu uso.
Para saber mais, inclusive sobre como controlar os cookies, consulte aqui: Política de cookies
  • Seguir Seguindo
    • José Luis Oreiro
    • Junte-se a 2.860 outros seguidores
    • Já tem uma conta do WordPress.com? Faça login agora.
    • José Luis Oreiro
    • Personalizar
    • Seguir Seguindo
    • Registre-se
    • Fazer login
    • Denunciar este conteúdo
    • Visualizar site no Leitor
    • Gerenciar assinaturas
    • Esconder esta barra
 

Carregando comentários...