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José Luis Oreiro

~ Economia, Opinião e Atualidades

José Luis Oreiro

Arquivos Mensais: junho 2021

Efeitos do novo ciclo de commodities se restringem ao entorno do campo (Folhapress, 27/06/2021)

28 segunda-feira jun 2021

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Novo boom de comodities?

Arquivo/Ricardo Teles/EBC

Na avaliação de especialistas, ainda que os dois ciclos favoreçam as exportações brasileiras e tenham o mesmo indutor (um aumento da demanda da China por alimentos e minério de ferro), a alta de preços acontece em momentos muito distintos para o Brasil.

Ao contrário do boom de commodities que ocorreu aproximadamente de 2003 a 2013, o novo ciclo, que ganhou impulso no ano passado com o início da recuperação após a crise causada pela pandemia do novo coronavírus, ainda tem efeitos limitados nos outros setores da economia brasileira.

“O agronegócio hoje é maior do que era antes. Em tese, o ciclo atual estaria impactando mais, mas os outros setores [como indústria e serviços] estão em uma situação muito pior. O campo ajuda, mas tem muita coisa para resolver nas outras áreas”, diz Alexandre Mendonça de Barros, da consultoria MB Agro.

Pelo CRB (Commodity Research Bureau), índice que acompanha o comportamento dos produtos básicos (como soja, petróleo e minério de ferro), o aumento dos preços desses produtos foi de 51,5% em um ano até maio. No ciclo anterior, o pico havia sido em junho de 2008, com um aumento de mais de 100% na comparação com o início da alta de preços, pouco mais de cinco anos antes.

O efeito disso tem se irradiado para o consumo e a renda nas cidades próximas ao campo, que experimentam desde um boom imobiliário –como em Goiânia, onde esse mercado cresce desde 2016– à falta de máquinas agrícolas devido à alta procura. Mas acaba sendo insuficiente para chegar ao resto do país, como ocorria antes.

O ex-presidente do Banco Central Ilan Goldfajn é um dos que acreditam que o boom anterior e o ciclo atual devem ter efeitos diferentes para o país. Se o dos anos 2000 se deu por um aumento de preços pelo forte crescimento da China e dos Estados Unidos, o movimento atual ocorre por uma recuperação cíclica, após uma grave crise, e não é possível prever ainda quanto tempo ele irá durar, diz.

“Uma década é suficiente para se espalhar por outros setores, mas o que temos garantida hoje é uma recuperação na saída da Covid-19, que pode durar um ou dois anos. E essa é uma recuperação que acontece de forma desigual ao redor do mundo”, afirma o economista, que hoje é presidente do conselho do Credit Suisse.

Na avaliação do professor da EESP/FGV (Escola de Economia de São Paulo, da Fundação Getulio Vargas) Felippe Serigati, o campo e a agroindústria têm influenciado positivamente a economia e, por mais que o país passe por dificuldades desde a crise 2015 e 2016, as turbulências foram menos traumáticas onde o agro é predominante.

“No ciclo passado, a gente teve a sensação de um transbordamento maior, mas estamos operando em realidades diferentes. A indústria tem tido graves dificuldades ao menos nos últimos cinco anos e o setor de serviços apanhou muito durante a pandemia. É como se a gente estivesse esperando que o agronegócio e a mineração resolvessem todos os problemas”, avalia Serigati.

No passado, o boom de commodities também teve como aliados um aumento do crédito e de consumo com ganhos reais dos salários, o que ajudou a aquecer o mercado de trabalho e a espraiar os efeitos do dinamismo do campo.

Agora, no entanto, o Brasil passa pela pandemia com recordes seguidos de desemprego, aumento da desigualdade e renda das famílias em queda livre. Como o agronegócio está cada vez mais mecanizado e a mineração gera poucos empregos diretos, esses setores acabam contribuindo diretamente pouco com a redução da desocupação.

O economista Paulo Morceiro, pesquisador da Universidade de Joanesburgo (África do Sul), lembra que o ciclo dos anos 2000, principalmente de 2004 a 2013, costuma ser vinculado apenas às commodities, mas um outro atrativo das divisas foi o diferencial de juros do Brasil.

Com a entrada de divisas, as reservas internacionais aumentaram em dez vezes, o que ajudou a eliminar a fragilidade do país nas crises externas.

“O crédito dobrou de 25% para mais de 50% do PIB no período, e o salário mínimo real aumentou de 2000 a 2014.”

Esse aumento da massa salarial e do emprego fez a economia girar, complementa o economista. “Boa parte desse crescimento do emprego acabou indo para as importações de produtos prontos e para insumos da indústria. O 

país poderia ter se beneficiado da industrialização no ciclo anterior, e, depois que o ciclo passou, o crescimento da economia não se manteve”, afirma.

Ao destrinchar os dados do PIB (Produto Interno Bruto) divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Morceiro observou que desde o ano passado ocorre um fenômeno que não acontecia desde o fim da década de 1950: o peso da agropecuária e da indústria extrativa somados no PIB ultrapassou o da indústria de transformação.

“Hoje, a gente caminha por uma cidade do interior do Centro-Oeste e tem a impressão de estar em outro país. Tudo é muito novo, e esse desenvolvimento veio do agronegócio, mas é algo muito localizado em estados de população pequena.”

Em 2018, o IBGE destacou que a região Centro-Oeste foi a que mais avançou no PIB per capita (uma das formas de se medir o padrão de vida) ao longo da série histórica do levantamento. Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, grandes exportadores de commodities, apareciam entre os estados em que o indicador era melhor que a média nacional.

Morador de Campo Grande (MS), o veterinário João Kintschev Júnior, 32, viu de perto essa melhora do padrão de vida nas cidades próximas ao agro. Ele, que hoje trabalha na startup Agrointeli, que oferece serviços de mapeamento para propriedades rurais, nem pensa em deixar a região.

“Dá para sentir nitidamente os efeitos do ciclo de commodities de Mato Grosso do Sul até a região do Matopiba [região na divisa dos estados do Maranhão, do Tocantins, do Piauí e da Bahia]. A riqueza do campo ajuda os outros setores locais, e a gente acaba tendo de contratar profissionais de outras regiões do país.”

Com perfil parecido, o engenheiro carioca Edson Lima, 33, não consegue emprego na área de infraestrutura há dois anos. “Recebi um convite de um tio, que mora em Mato Grosso, para tentar a vida por lá. Sair do Rio não estava nos meus planos, mas pode ser a oportunidade que estava buscando”, conta.

Além do incentivo via crédito e salário, os efeitos dos dois ciclos também são diferentes, pois no primeiro boom de commodities houve em paralelo um boom de exportações de manufaturados –e isso não ocorre agora, avalia o professor da UnB (Universidade de Brasília) José Luis Oreiro.

“O dinheiro que está sendo gerado pelas commodities fica com um número muito pequeno de pessoas e acaba virando consumo de luxo. É preciso introduzir um imposto sobre exportações de commodities e usar essa receita para financiar obras de infraestrutura”, diz o economista.

Segundo Mendonça de Barros, da MB Agro, porém, o espraiamento dos efeitos positivos do agronegócio ainda vai acontecer. “É uma questão de tempo, já que o choque de preços começou recentemente e o efeito demora um pouco mais, mas os fatores multiplicadores da riqueza das commodities vão se impondo.”

Crise hídrica pode afetar PIB do setor agrícola, diz Ipea

São Paulo | Reuters”O Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada revisou para cima a projeção do PIB do setor agropecuário para 2021, para alta de 2,6%, mas disse que a crise hídrica pode afetar o desempenho.

“A ocorrência de choques climáticos adversos no centro-sul, e a possibilidade de adoção de medidas restritivas ao uso da água para a lavoura –em razão da necessidade de poupar o recurso para a geração de energia hidrelétrica–, podem afetar negativamente as estimativas para alguns produtos”, disse o boletim de conjuntura do Ipea.

Some Few Remarks on Job Guarantee Program and Modern Money Theory from Structuralist Development Macroeconomics View

27 domingo jun 2021

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Job guaratee programm, Modern money Theory, Structuralist Development Macroeconomics

The Job Guarantee (JG hereafter) program of the Modern Money Theory (MMT hereafter) literature seems to be designed for a mature economy in the sense of Lewis (1954). There is no subsistence sector in the economy, so anyone that cannot get a job on the modern sector is unemployed or out of the labor force. This can be a good picture for high income countries, but it is definitely not the case for emerging and developing economies where more than 30% of the labor force works at subsistence or informal urban sector. This means that when one is fired in the modern sector of the economy, he/she has always the alternative (except during covid-19 pandemia) to “work” within the subsistence sector. These people are not officially unemployed, but their situation can be considered a “disguised unemployment” in the sense of Joan Robinson (1936).

In her 1936 article Joan Robinson explicity writes that : “Yet unemployment, as we know it, is specifically the disease of an advanced industrial community” (p.225); and she asks “How can we account for the fact that, over the
the whole range of human history, unemployment in the modern sense is, comparatively speaking, a rare and local phenomenon?” (ip.225).

She answered this question with the concept of disguided unemployment. In her words:

“The answer is to be found in the existence of disguised un-
employment. In a society in which there is no regular system of
unemployment benefit, and in which poor relief is either non-
existent or ” less eligible ” than almost any alternative short of
suicide, a man who is thrown out of work must scratch up a living
somehow or other by means of his own efforts. And under any
system in which complete idleness is not a statutory condition for

drawing the dole, a man who cannot find a regular job will
naturally employ his time as usefully as he may. Thus, except
under peculiar conditions, a decline in effective demand which
reduces the amount of employment offered in the general run of
industries will not lead to ” unemployment ” in the sense of
complete idleness, but will rather drive workers into a number of
occupations-selling match-boxes in the Strand, cutting brush-
wood in the jungles, digging potatoes on allotments-which are
still open to them. A decline in one sort of employment leads
to an increase of another sort, and at first sight it may appear
that, in such a case, a decline in effective demand does not cause
unemployment at all. But the matter must be more closely
examined. In all those occupations which the dismissed workers
take up, their productivity is less than in the occupations that they
have left” (1936, p.225-226).

How a JG programm will work in such situations, which are typical of dual economies in the sense of Lewis?

Another issue is regarding the external constraint. For MMT a system of floating exchange rate seems not only a necessary/sufficient condition for monetary sovereignty, but also for eliminating the external constraint. I had two criticisms to this idea. First of all, in the real world a pure floating exchange rate regime do not exist. All countries intervene in the foreign exchange market in order to reduce the amplitude of exchange rate fluctuations. If that is so, exchange rate floating may be not able to perform the role of “automatic stabilizer” of balance of payments. Second, the effect of changes in the nominal exchange rate over real exchange rate and in trade balance depends of (i) the level of real wage resistance; (ii) the price elasticities of exports and imports. In high income countries, the price elasticities of exports and imports are high, so a real exchange rate devaluation can increase the trade balance; but real wage resistance is higher, mainly in continental Europe countries, like France and Italy. This means that a devaluation of nominal exchange rate will create demand for higher nominal wages, reducing the effect of exchange rate over trade balance. In emerging and developing countries the wage resistance is low – due to low levels of labor unionization – but price elasticities are low (at least for countries specialized in exports of primary goods). This means that for these countries is impossible to make economic policy without considering the external constraint (Prebisch, 1950). The historical record of Latin American countries is the a clear demonstration of this statement.

This means that for Latin American countries the best economic policy for given people a decent job is not to implement a JG programm; but to faster the rate of structural change, speeding the pace of capital accumulation in the modern sector of the economy in order to transfer labor force from the subsistence sector to the modern sector until the so-called “Lewis Point” is reached and labor supply ceases to be unlimited. The most effective way to do that is by means of industrialization, that is, to increase the share of manufacturing industry both in GDP and total employment. A necessary, although not sufficient condition, is to keep the real exchange rate at a stable and competitive level in the medium to the long term (Bresser-Pereira, Oreiro and Marconi, 2015). It will be also required State to coordinate the investment decisions of the private sector in order to produce a “big push” in the rate of capital accumulation and increase the private incentives for investment, which are low in developing countries due to the existence of increasing returns and both technological and pecuniary externalities. Some socialization of investment in Keynes´s sense through State-Owned Enterprizes can be necessary for accomplish this goal.

References

Bresser-Pereira, L.C; Oreiro, J.L; Marconi, N. (2015). Developmental Macroeconomics: new developmentalism as a growth strategy. Routledge: London.

Lewis, A. (1954). “Economic Development with Unlimited Supplies of Labor”. The Manchester School of Economic and Social Studies, Vol. 28.

Prebish, R. (1950). The Economic Development of Latin America and its Principal Problems. United Nations: New York

Robinson, J. (1936). “Disguised Unemployment”. The Economic Journal ,Vol. 46, No. 182, pp. 225-23

Câmara pode votar privatização dos Correios em julho, diz líder do governo (Portal UOL, 23/06/2021)

25 sexta-feira jun 2021

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Agenda de Privatizações é Jurássica, Erros de Paulo Guedes, José Luis Oreiro, Privatização dos correios

Agenda de privatizações é ultrapassada, diz economista

O economista José Luis Oreiro, professor da UnB (Universidade de Brasília), declarou que a agenda de privatizações do governo é puramente ideológica. Segundo ele, são poucos os estudos específicos que detalhem os benefícios para a sociedade brasileira com as privatizações. Ele declarou que nos últimos 20 anos mais de 800 empresas voltaram ao controle estatal em diversos países. “O Brasil está embarcando em uma agenda ultrapassada, privatizando empresas de setores estratégicos e que são sensíveis, como o de geração de energia”, disse. Segundo ele, a privatização dos Correios é uma “maluquice” porque o mercado brasileiro já é a aberto, e outras empresas competem para a entrega de encomendas. “A experiência da privatização dos serviços postais de Portugal deve ser levada em conta. Os portugueses avaliam o setor postal como caro e ruim. Os Correios no Brasil são monopolistas na entrega de cartas. Mas há competição nos outros setores. Os parlamentares deveriam discutir esse tema com calma porque isso pode trazer prejuízos para os brasileiros”, disse.

Link da matéria completa: Câmara pode votar privatização dos Correios entre 12 e 15 de julho (uol.com.br)

A controvérsia sobre os depósitos voluntários no BACEN

24 quinta-feira jun 2021

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depósitos voluntários no BACEN

Na última terça-feira dia 22 de junho a câmara dos deputados aprovou o PL que autoriza o BACEN a receber depósitos voluntários dos Bancos Comerciais, os quais passarão a ser uma alternativa as operações compromissadas na regulação diária da liquidez do mercado interbancário, necessária para permitir a autoridade monetária fixar o valor da taxa Selic na meta definida nas reuniões do Copom. Importante ressaltar que os depósitos remunerados são um instrumento de política monetária utilizado tanto pelo Federal Reserve ( o Banco Central dos Estados Unidos) como pelo Banco Central Europeu. Nesse aspecto, o PL está aperfeiçoando a operacionalidade da política monetária no Brasil, emparelhando-a com as melhores práticas existentes nos países desenvolvidos.

No entanto, alguns analistas criticaram o PL argumentando de que o mesmo permitiria uma (sic) redução artificial, puramente contábil, na dívida bruta do governo geral (DBGG). Isso porque, conforme a metodologia de cálculo da DBGG adotada pelo BACEN, a assim chamada “carteira livre de títulos”, ou seja, os títulos da dívida pública que não estão sendo utilizados pela autoridade monetária nas operações compromissadas não são contabilizados como parte da DBGG. Quando o BACEN precisa enxugar liquidez do mercado interbancário, ou seja, absorver as reservas em excesso dos bancos comerciais, ele vende os títulos da carteira livre para os bancos comerciais por intermédio das operações compromissadas, que nada mais são do que uma venda de títulos da carteira do BACEN com compromisso de recompra dos mesmos pela autoridade monetária ao final de um determinado período de tempo. Ao vender os títulos por intermédio das compromissadas o BACEN está aumentando a quantidade de títulos da dívida pública nas mãos do “mercado” e, dessa forma, aumentando a DBGG.

Se o BACEN puder substituir as operações compromissadas pelos depósitos voluntários; então as reservas excedentes dos bancos comerciais poderão ser depositadas diretamente no BACEN, sem que seja necessário a venda de títulos da dívida pública para o “mercado”; ou seja, sem que ocorra um aumento da DBGG. Dessa forma, as operações de regulação de liquidez do Banco Central não terão nenhum impacto na dívida pública, cuja dinâmica passará a depender exclusivamente do déficit nominal do Tesouro Nacional, ou seja, a soma entre o resultado primário do governo geral e o pagamento de juros da dívida pública.

Como o leitor já deve ter percebido, não há nada de “contabilidade criativa” no expediente dos depósitos voluntários no BACEN. Pelo contrário, as operações compromissadas, que no Brasil são realizadas pela venda de títulos do Tesouro Nacional que estão na carteira do BACEN, eram a verdadeira jabuticaba na política monetária brasileira. Isso porque a Constituição Federal veda ao BACEN a possibilidade de comprar títulos da dívida pública diretamente do Tesouro; assim para que o BACEN possa ter o volume necessário de títulos públicos para fazer as operações normais de regulação de liquidez era necessário que o Tesouro Nacional fizesse uma emissão de títulos públicos, não para financiar o déficit nominal, mas para “capitalizar” o BACEN. Dessa forma, o Tesouro poderia emitir, digamos, R$ 300 bilhões em títulos públicos, os quais seriam contabilizados no balanço do BACEN no seu passivo como “aumento de capital próprio” e no seu ativo como “carteira livre de títulos”. Enquanto esses títulos não forem vendidos ao mercado por intermédio das operações compromissadas, eles não seriam contabilizados na DBGG; assim que os mesmos fossem vendidos, então a dívida aumentaria na magnitude da venda.

Desde meados dos anos 2000 o volume das operações compromissadas do BACEN vem aumentando sistematicamente, alcançando um valor próximo de 20% do PIB. Isso ocorreu basicamente devido ao acumulo de reservas internacionais, as quais passaram de pouco mais de US$ 60 bilhões em 2005 para quase US$ 400 bilhões em 2016. A compra de reservas internacionais é um fator de expansão da base monetária e das reservas bancárias. Para manter a taxa de juros na meta definida pelo Copom, o BACEN precisou enxugar essa liquidez com a venda de títulos públicos. Dado o volume gigantesco de base monetária criada, o Tesouro teve que emitir 20% do PIB em títulos públicos, apenas para enxugar a liquidez criada pelo acumulo das reservas internacionais; ou seja, a DBGG aumentou em 20 p.p do PIB sem que isso tenha resultado de uma operação “acima da linha”, ou seja, da necessidade de financiar o déficit nominal do setor público.

Até 2012, isso não era um problema para a formulação de política econômica porque tanto o governo como o mercado financeiro acompanhavam apenas a evolução da dívida líquida do setor público, a qual já desconta o valor das reservas internacionais, anulando assim o impacto das operações compromissadas sobre a dinâmica da dívida pública. Contudo, devido as trapalhadas do Ministério da Fazenda durante o primeiro governo Dilma Rouseff com as “pedaladas fiscais”, o mercado passou a olhar para o comportamento da dívida bruta, ao invés da dívida líquida. O problema é que as “pedaladas fiscais” foram resolvidas no final de 2015, mas o mercado e os analistas econômicos continuam olhando apenas para a dívida bruta, não para a dívida líquida, como era a praxi até 2011. Qual a razão desse comportamento ? Minha hipótese é de que focar na dívida bruta, ao invés da dívida líquida, dá mais credibilidade para o discurso do “abismo fiscal” que o país estaria a ponto de cair, caso não se aprove a agenda de reformas. Dessa forma, a “consistência com o erro” tem uma explicação muito clara na Economia Política: o “mercado” quer uma redução de impostos e para isso cria um “dragão debaixo da cama” que seria uma situação de insolvência do Estado Brasileiro devido a uma dívida bruta muito elevada. A adoção dos depósitos voluntários põe “água no chope” dessa narrativa pois permitiria uma redução significativa da dívida bruta (não da dívida líquida), atenuando assim a situação de “emergência fiscal” que o mercado quer vender para os políticos e para a sociedade brasileira.

Em suma, a criação dos depósitos voluntários é bem-vinda do ponto de vista da melhoria da operacionalidade da política monetária no Brasil, além de tornar mais transparente a situação das contas públicas no Brasil, separando o aumento da dívida pública que resulta do déficit nominal, daquele que foi gerado unicamente para permitir ao BACEN conduzir as operações normais de política monetária. Isso não tem nada de contabilidade criativa. Trata-se de bom senso, temperado pela boa teoria econômica.

Crédito emergencial em 2021 para microempresa será 8% do concedido em 2020 (Portal UOL, 08/06/2021)

10 quinta-feira jun 2021

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Link da matéria : Pequenas empresas: crédito emergencial desaba em 2021 (uol.com.br)

O que significa a adoção do Bitcoin por um país como El Salvador (Portal do Bitcoin, 09/06/2021)

10 quinta-feira jun 2021

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bitcoin, José Luis Oreiro, política monetária

Medida é um experimento e pode afetar exportações do país

por Lucas Gabriel Marins09 jun, 2021 13:26

El Salvador adotou oficialmente o Bitcoin como moeda de curso legal e igualou ao status que o dólar tem no país.

Na prática, isso significa que produtos e tributos podem ser pagos em BTC e todos os agentes econômicos devem aceitar a criptomoeda, que pode ser usada para liquidações de contratos. Ou seja: o dono de um imóvel não poderia recusar o pagamento de aluguel em BTC.https://36eb659b4636a256d3fe5b18569c7997.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

O anúncio dividiu especialistas brasileiros. Daniel de Paiva Gomes, professor de direito e autor do livro ‘Bitcoin: a Tributação de Criptomoedas’, disse que a medida é um marco para setor.

Gomes disse que muita gente tem perguntado se a mudança afetaria o câmbio brasileiro de alguma forma. Segundo ele, no entanto, não terá nenhum impacto.

“O fato de o bitcoin ser moeda de curso legal em El Salvador não torna este ativo, automaticamente, moeda estrangeira no Brasil, já que este criptoativo não foi reconhecido como tal pelo Banco Central e sua aquisição não é realizada por meio de um contrato de câmbio, o que, consequentemente, afasta qualquer possibilidade de incidência do IOF-câmbio, pois, de câmbio, não se trata”.

“Pior ideia”, diz professor da UNB

Nem todos os especialistas, no entanto, curtiram a ideia. José Luis Oreiro, professor do departamento de Economia da Universidade de Brasília (UNB), disse ao Portal do Bitcoin que a iniciativa é uma ‘maluquice’ e um ‘tiro no pé’:https://36eb659b4636a256d3fe5b18569c7997.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

“No hall das ideias que já surgiram na América Latina, essa certamente deve ser uma das piores – se não a pior”, completou.

Oreiro também falou que a adoação da criptomoeda também significa deixar a taxa de câmbio completamente ao sabor do mercado, o que poderia afetar as exportações.

“A valorização do bitcoin em dólar ou euro, por exemplo, vai implicar numa apreciação da taxa de câmbio. Ou seja, os produtos de El Salvador – as bananas que eles produzem – vão ficar mais caras que as de Honduras. Então o que vai acontecer é que Honduras vai vender mais bananas que El Salvador. É uma maluquice completa”.

Laboratório

No anúncio sobre a adoção do BTC, feito em um evento em Miami, o presidente Bukele disse que a medida vai atrair investimentos, gerar empregos e melhorar a vida do salvadorenhos, em especial daqueles que vivem no exterior e pagam altas taxas nas transferências internacionais quando precisam enviar dinheiro para os familiares que ficam no país.https://36eb659b4636a256d3fe5b18569c7997.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

Eduardo Henrique Diniz, professor e chefe do departamento de tecnologia e ciência de dados da FGV EAESP, disse ao Portal do Bitcoin que tem dificuldade de enxergar na medida uma solução para os problemas econômicos do país:

“A grande impressão que tenho é que tudo isso é uma aventura de alguém sem muita noção do que está fazendo e sem muito fundamento técnico-cientíco, interessado mais no espaço na mídia”.

O professor falou, no entanto, que a iniciativa servirá como um teste de uso da criptomoeda, de onde será possível tirar várias conclusões. “Guardadas as devidas proporções, vai ser como o um experimento realizado com a vacina CoronaVac no município de Serrana (SP)”.

Político controverso

Filho de um empresário de origem palestina, Nayib Bukele, 39 anos, foi eleito presidente em 2019, derrotando os candidatos dos dois principais partidos do país, que desde o início da década de 90 se revezam no poder.

Para atrair apoiadores, Bukele adotou um discurso ‘anti-velha política’ e sempre usou as redes sociais ao seu favor. Frequentemente, publica fotos com em situações corriqueiras em suas redes sociais, onde tem uma presença enorme.https://36eb659b4636a256d3fe5b18569c7997.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

Para colocar suas medidas políticas em prática, no entanto, o político costuma ser autoritário. No ano passado, com ajuda de militares, ele invadiu o congresso porque os parlamentares não aprovaram um pedido de empréstimo de US$ 109 milhões.

“Essa é uma atitude nada democrática e bastante desrespeitosa com as autoridades que lá estavam, bem como com as instituições”, disse a professora Vanessa Braga Matijascic, do Núcleo de Pesquisa em Relações Internacionais da Universidade de São Paulo, ao site da instituição.

No início de maio, ele destituiu do cargo os juízes do Supremo Tribunal de Justiça e o procurador-geral do país. A justificativa foi que os membros do judiciário violaram à Constituição ao se posicionarem contra as medidas adotadas pelo Executivo no enfrentamento à pandemia do novo coronavírus.

A remoção dos magistrados foi elogiada pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). “Juízes julgam casos, se quiserem ditar políticas que saiam às ruas para se elegerem”, falou o filho do presidente da República na época.

Brasil: el crecimiento en el primer trimestre sorprende pero no favorablemente (Sputnik, 07/06/2021)

09 quarta-feira jun 2021

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Link da entrevista para a rádio: Brasil: el crecimiento en el primer trimestre sorprende pero no favorablemente (sputniknews.com)

El gigante sudamericano tuvo un inesperado crecimiento del 1,2% del Producto Bruto Interno (PBI) entre enero y marzo, aunque la composición del número no implica un aumento del bienestar de la población. Sputnik consultó al profesor del departamento de economía de la Universidad de Brasilia, José Luis Oreiro. Contra todas las predicciones, la economía brasileña creció más de un punto en los primeros tres meses del año. Sin embargo, mirando la composición del valor generado, los ánimos disminuyeron entre varios analistas.El sector que más creció fue el agropecuario con 5,7%, pero la concentración de sus ganancias y la escasez de fuentes de trabajo que genera dejaron en evidencia el poco efecto distributivo de este porcentaje en la mayoría de la población. En cambio, la industria y los servicios —ambos sectores intensivos en trabajo— aumentaron solo 0,7% y 0,4% respectivamente.”Lo que ha sorprendido es el crecimiento de la [actividad] agropecuaria por dos motivos: por el aumento de los precios internacionales y por la devaluación de la tasa de cambio en Brasil que el año pasado ha sido de más de 40%. Esto lleva a un incremento de la renta en dólares y también a un incremento de la renta en la moneda local”, explicó a Sputnik el profesor José Luis Oreiro.”La gran parte del crecimiento de la economía brasileña ha sido empujada por la actividad agropecuaria. Y esto es una mala noticia. Significa que Brasil continúa en su proceso estructural histórico de reprimarización de su pauta de exportaciones. Volvemos a lo que éramos en los años 50″, completó el académico del departamento de economía de la Universidad de Brasilia.Esto y más en Contante y Sonante. Pueden escucharnos todos los días a las 19 horas de México, las 21 horas de Uruguay y las 0 GMT.En Uruguay, se transmite en Radio M24 (frecuencia 97.9 de Montevideo y 102.5 de Maldonado) los lunes y miércoles a las 19 horas, y sábados a las 12 horas. En Argentina, por AM del Plata los viernes de 8 a 9hs.En Radio Illimani – Patria Nueva de Bolivia, a través de 94.3 FM (señal para todo el país) y en 93.7 FM (Cochabamba), de lunes a viernes de 4 a5 horas. En Radio Kawsachun Coca (FM 99.1 de Cochabamba y FM 99.9 Trópico), de 22 a 23 horas.

Plano para retomada econômica passa por vacinação (Diário D, Santa Maria, 05/06/2021)

07 segunda-feira jun 2021

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Auxílio emergencial, Crise do Coronavírus, José Luis Oreiro

A vacinação, unida aos protocolos sanitários, é a única solução para salvar vidas e a economia, afirmam especialistas

Marcelo Martins e Maurício Araujo

Foto: Renan Mattos (Diário)

A vacinação, unida aos protocolos sanitários, é a única solução para salvar vidas e a economia, afirmam especialistas. Professor do Departamento de Economia e Relações Internacionais da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Daniel Arruda Coronel afirma que a chave para a retomada econômica passa por os governos criarem planos de investimento e acelerarem o processo de vacinação. Nestes períodos em que foram pagos os valores, houve fluxo econômico.

– Defendo o auxílio emergencial, mas também seria importante que ele estivesse acoplado com outras medidas, como projetos de renda mínima – de governos estaduais e municipais -, mais os programas de qualificação e capacitação para que as pessoas, quando a economia voltar à normalidade, possam ser reintegradas ao mercado de trabalho – pontua.

Na mesma linha, o economista e professor do Departamento de Economia da Universidade de Brasília (UnB), José Luís Oreiro, lembra que as expectativas das agências internacionais eram de que a economia brasileira iria cair, em 2020, de 8% a 9% – número maior do que a queda de 4,1% registrada. A diferença entre o previsto e o realizado, deveu-se, diz Oreiro, ao auxílio emergencial – ao valor e a extensão dele, bem como ao número de pessoas beneficiadas -, que chegou a 67 milhões de brasileiros.

O professor defende que enquanto a pandemia perdurar, o valor do auxílio deveria ser mantido em, no mínimo, R$ 600, até se chegar ao percentual de 70% da população vacinada.

– Os R$ 600 são necessários, pois, menos, o que é pago hoje, não se compra uma cesta básica e nem se garante a sobrevivência da pessoa. As consequências são econômicas e sanitárias, pois para ganhar mais, as pessoas precisam se expor e sair às ruas quando tem o agravante de novas variantes mais contagiosas em circulação.

Historicamente, o orçamento de Santa Maria nunca foi dos mais expressivos. Ainda assim o município costuma ter uma “gordura para queimar” por meio do expressivo contingente de servidores públicos – dos governos federal, estadual, municipal, do Judiciário e das Forças Armadas – que reforçam uma das vocações do município: o reforço financeiro da chamada “indústria do contracheque”.

Acontece que a pandemia, como todas as projeções confirmaram, trouxe um encolhimento ainda maior das finanças públicas. Prova disso está no Plano Plurianual (PPA) da prefeitura que aponta para um horizonte de retração e de estagnação. Para este ano, o projetado é de R$ 858 milhões. O número é praticamente o mesmo do que se imaginava inicialmente, para este ano, quando a estimativa era de R$ 855 milhões. Já para 2022, quando os efeitos da pandemia ainda serão sentidos, mesmo que com o avanço na imunização da população, a projeção é de R$ 861,7 milhões. Apenas para os dois últimos anos da administração Pozzobom é que se tem números ligeiramente maiores: R$ 884,5 milhões (2023) e R$ 926,8 milhões (2024). Frente ao momento que é delicado, e com a tendência de queda de receitas própria e transferidas, Cortez resume como serão os próximos anos:

 As obras, já em andamento, serão concluídas. Não iniciaremos novas. Responsabilidade fiscal e respeito ao dinheiro do contribuinte.

NO CAIXA DA PREFEITURA

Veja, abaixo, o saldo de valores que ingressaram nos cofres do município:

APORTE TOTAL – R$ 48,62 milhões

  • Deste valor, R$ 32,68 mi para repor os efeitos de queda da arrecadação
  • Outros R$ 10,60 mi foram recursos vinculados à saúde (específico para Covid-19)
  • Também R$ 3,53 mi para desenvolvimento social (voltados aos efeitos da pandemia)
  • E mais R$ 1,81 mi por meio da Lei Aldir Blanc

O AUXÍLIO FINANCEIRO DO GOVERNO FEDERAL VEIO EM 4 PARCELAS DE:

  • Junho – R$ 8,16 mi
  • Julho – R$ 8,16 mi
  • Agosto – R$ 8,16 mi
  • Setembro – R$ 8,17 mi

A APLICAÇÃO DOS R$ 32,68 MILHÕES (mês a mês)

Julho

  • Folha de pagamento – R$ 3,16 mi
  • Coleta de resíduos sólidos – R$ 400,59 mil
  • Coleta de resíduos sólidos – R$ 581,56 mil

Agosto

  • Pagamento de precatórios – R$ 1,27 mi
  • Folha de pagamento – R$ 3,77 mi
  • Coleta de resíduos sólidos – R$ 559,28 mil
  • Coleta de resíduos sólidos – R$ 613,23 mil
  • Coleta de resíduos sólidos – R$ 400,59 mil

Setembro

  • Pagamento parcela empréstimo Banco Mundial – R$ 2,70 mi
  • Folha de pagamento – R$ 3,94 mi
  • Pagamento de precatórios – R$ 1,27 mi

Outubro

  • Folha de pagamento – R$ 3,90 mi
  • Coleta de resíduos sólidos – R$ 534,43 mil
  • Coleta de resíduos sólidos – R$ 577,90 mil
  • Coleta de resíduos sólidos – R$ 229,82 mil
  • Pagamento de precatórios – R$ 1,27 mi

Novembro

  • Folha de pagamento – R$ 4 milhões
  • Coleta de resíduos sólidos – R$ 545,02 mil
  • Coleta de resíduos sólidos – R$ 400,59 mil
  • Coleta de resíduos sólidos – R$ 653,01 mil
  • 13º salário – R$ 1,83 mi

A APLICAÇÃO DOS R$ 10,60 MILHÕES

  • R$ 3,82 mi – Lei Complementar (LC 173)
  • R$ 6,27 mi – Emendas parlamentares (federais e estaduais) e portarias
  • R$ 3,56 mi – Emendas impositivas (município)
  • R$ 503,44 mil – Outras receitas

RECURSO PRÓPRIO

  • Em 2020, a prefeitura aportou R$ 6,1 mi para demandas relacionadas à Covid-19
  • O valor foi aplicado na compra de EPIs e para firmar contratos (compra e análise de testes)
  • A cifra ajudou na aquisição de insumos e em materiais de limpeza
  • A verba também foi utilizada para a sanitização de centenas de espaços públicos (ruas, avenidas, paradas de ônibus, pontos centrais e de bairros e vilas)

ÁREA CULTURAL CONTEMPLADA

Recursos da Lei Aldir Blanc possibilitaram incentivo ao setor:

  • A lei aportou R$ 1,81 milhão em 135 projetos contemplados
  • O valor possibilitou a ajuda para mais de 600 pessoas
  • A lei foi executada entre os meses de outubro e dezembro de 2020

NÚMERO DO AUXÍLIO EMERGENCIAL EM SANTA MARIA*

Total em 2020 – R$ 238,68 milhões

  • 1ª etapa (valores de R$ 600 e R$ 1,2 mil) – cinco parcelas
  • Número de beneficiados – 70.894
  • Média de R$ 47,7 milhões por mês
  • 2ª etapa em 2020 (valores de R$ 300 e R$ 600) – quatro parcelas
  • Número de beneficiados – 56.108
  • Injeção de recursos na economia – R$ 68,44 milhões

Total em 2021 – R$ 18,30 milhões

  • Etapa em 2021 (valores de R$ 150, R$ 250 e R$ 375) – uma parcela
  • Número de beneficiados – 41.478

(Fonte: dados obtidos pela Rede Brasileira de Renda Básica junto ao Ministério da Cidadania)

Uma análise cética sobre os dados ‘positivos’ do PIB, escrevem Helder Lara e José Oreiro (Site Poder 360, 04/06/2021)

07 segunda-feira jun 2021

Posted by jlcoreiro in Conjuntura da economia brasileira, Contabilidade Criativa a la Bolsonaro/Guedes, Governo Bolsonaro

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A crise da economia brasileira, Crise do Coronavírus, Debate Macroeconômico, José Luis Oreiro

PIB per capita segue aquém de 2013

Setores têm desempenhos distintos

Variação de estoques teve impacto

Câmbio alavancou o setor externo

PIB per capita segue aquém de 2013

HELDER LARA FERREIRA FILHO e JOSÉ LUIS OREIRO
04.jun.2021 (sexta-feira) – 5h50

Adivulgação do PIB trimestral pelo IBGE trouxe boas notícias, com crescimento superior ao esperado pelas expectativas de mercado. De fato, houve um aumento contra o trimestre imediatamente anterior de 1,2%, acima dos 0,7% estimados pelos analistas de mercado.

Sendo assim, caso os próximos trimestres apresentem crescimento de 0%, também relativamente ao trimestre imediatamente anterior, o PIB apresentará crescimento de quase 5% em 2021. Caso haja qualquer crescimento em cada trimestre, o PIB pode apresentar um desempenho ainda melhor –por exemplo, caso cresça 0,5% a cada trimestre, o crescimento do PIB de 2021 poderia chegar a 6,8%.

Entretanto, nenhuma dessas situações está dada, principalmente pela incerteza quanto ao ritmo de vacinação que permitiria um funcionamento mais próximo da normalidade na atividade econômica, mas também por conta dos riscos da necessidade de um racionamento energético.

Ainda, a recuperação, embora positiva, apresenta algumas disparidades entre setores, além de não se mostrar tão robusta numa perspectiva mais ampla. O PIB no 1º trimestre de 2013, por exemplo, ainda é superior ao PIB observado no 1º trimestre de 2021, refletindo a lentidão da reação frente à recessão de 2014 e 2016.

Isto deixa evidente que, enquanto o PIB está em patamar estagnado há 8 anos, o PIB per capita ainda está aquém do observado no 1º trimestre de 2013, considerando-se o aumento da população da ordem de 0,8% ao ano. Com isso, o PIB per capita do 1º trimestre está 5,5 pontos abaixo do observado no 1º trimestre de 2013.

Também é possível verificar que, embora o PIB tenha alcançado patamar similar ao nível anterior à pandemia, ainda permanece distante da tendência anterior ao ano de pandemia (do 4º trimestre de 2016 ao 4º trimestre de 2019).

Como pode-se constatar, o PIB do 1º trimestre de 2021 ainda permanece 2,3 pontos percentuais abaixo do nível que seria alcançado seguindo o ritmo anterior à pandemia –que já não era nada espetacular, como já salientado pela recuperação lenta à crise de 2014-2016. Também é possível observar discrepâncias por setor na dinâmica do produto.

Vê-se no gráfico acima que a Agropecuária foi o setor de maior crescimento no período; inclusive, foi o que mais contribuiu para o resultado observado no 1º trimestre de 2021, mas que não cria tantos empregos quanto os outros setores. Enquanto isso, a Indústria e os Serviços ficaram com dinâmica mais negativa.

Sobre a indústria, 2 setores foram especialmente prejudicados no período analisado: a Indústria de Transformação, setor relevante por seus encadeamentos para frente e para trás, suas inovações que se espalham pelo restante da economia, e pela qualidade dos empregos; e a Construção, importante para os empregos.

Ainda é importante dizer que, pela ótica da demanda, o crescimento foi pautado bastante pelo investimento e pelo setor externo, sendo que o consumo das famílias e do governo recuaram no 1º trimestre de 2021 frente ao último de 2020. O investimento foi impactado por uma variação de estoques pouco comum, por conta de desbalanceamentos deles por conta de desorganização nas cadeias produtivas globais causadas pela pandemia, e por investimentos feitos pela Petrobras que foram contabilizados também no período. Segundo o economista Bráulio Borges, resultado no trimestre seria uma retração de 1,6%, e não um crescimento de 1,2%. Essa compensação não deve se repetir nos próximos trimestres.

Ademais, o setor externo, apesar de continuar sendo beneficiado pela maior demanda por parte dos outros países que estão crescendo em ritmo acelerado, não deve contar com o auxílio de um câmbio mais competitivo, o qual recuou de perto de R$ 5,80 por dólar, para R$ 5,10 mais recentemente.

Por fim, com o recrudescimento da pandemia no 2º trimestre de 2021, espera-se algum recuo no nível de atividade no período, não obstante o retorno do auxílio emergencial que deve incrementar o consumo das famílias. O restante do ano continuará dependendo do avanço da vacinação e da questão do racionamento se efetivar ou não.

Autores

Helder Lara Ferreira Filho

Helder Lara Ferreira Filho

Helder Lara Ferreira Filho, 31, é auditor de finanças e controle da Controladoria Geral da União, mestre em economia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e doutorando em economia pela Universidade de Brasília (UnB).enviar e-mail para Helder Lara Ferreira Filho

José Luis Oreiro

José Luis Oreiro

José Luis Oreiro, 49, é Professor do Departamento de Economia da Universidade de Brasília, Pesquisador Nível IB do CNPq e Lider do Grupo de Pesquisa “Macroeconomia Estruturalista do Desenvolvimento”, cadastrado no CNPq. É autor do livro “Macroeconomia do Desenvolvimento: uma perspectiva Keynesiana”, LTC: Rio de Janeiro (2016).enviar e-mail para José Luis Oreiro

nota do editor: os textos, fotos, vídeos, tabelas e outros materiais iconográficos publicados no espaço “opinião” não refletem necessariamente o pensamento do Poder360, sendo de total responsabilidade do(s) autor(es) as informações, juízos de valor e conceitos divulgados.

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PIB do 1º T foi ilusão contábil de crescimento (Hora do Povo, 03/06/2020)

06 domingo jun 2021

Posted by jlcoreiro in Uncategorized

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A crise da economia brasileira, Debate Macroeconômico, José Luis Oreiro

Professor José Luis Oreiro. Foto: Reprodução FGV

Denuncia o economista José Luis Oreiro

“Na verdade o que nós tivemos no 1º trimestre de 2021 foi uma ilusão contábil de crescimento”, avaliou o economista e professor do Departamento de Economia da Universidade de Brasília (UnB), José Luis Oreiro, em entrevista ao HP, nesta quinta-feira (3), ao destacar que o resultado do PIB do 1º trimestre, com crescimento de 1,2% em relação ao trimestre anterior, foi puxado basicamente pela recomposição dos estoques, reduzidos nos dois últimos trimestres de 2020.
“O que aconteceu no 1º trimestre de 2021 foi o descompasso entre a oferta e a demanda. A oferta cresceu mais do que a demanda – na verdade você produziu para acumular estoques – e, como nas Contas Nacionais a oferta e a demanda têm que bater por definição contábil, esse excesso de produção foi contabilizado na avaliação de estoques”.

“Esse movimento de recomposição dos estoques foi concluído e nós não vamos observar o mesmo comportamento exuberante para a Formação Bruta de Capital Fixo no 2º trimestre de 2021. Portanto, o que a maioria dos especialistas está acreditando é que o PIB do 2º trimestre de 2021 ou vai ser zero, ou muito próximo de zero, ou negativo”, declarou.

Segue na íntegra a análise do economista José Luis Oreiro sobre o resultado do PIB feita ao HP:

“Os dados que o IBGE divulgou sobre o PIB mostram um aumento no 1º trimestre de 2021 contra o 4º trimestre de 2020 de 1,2%. Esse resultado vem acima do esperado pelos analistas de mercado, que estavam esperando um aumento de apenas 0,7%. Houve uma surpresa. A questão é: qual foi o fator que gerou esse crescimento do PIB?

CRESCIMENTO DE QUALIDADE RUIM: APROFUNDA A DESINDUSTRIALIZAÇÃO

“Você pode olhar o PIB por duas óticas: pelo lado da oferta e pelo lado da demanda. Pelo lado da oferta, você teve um crescimento muito significativo do agronegócio, da agropecuária, que teve um aumento trimestral de 5,6%, pela ótica da oferta. Já a indústria de transformação, ela teve uma queda de aproximadamente 0,4%, e isso já revela uma qualidade do crescimento, que é uma qualidade ruim. Ou seja, você aprofunda a desindustrialização da economia brasileira, pois o crescimento da indústria não só veio abaixo do crescimento do PIB, como foi negativo – então, a indústria perdeu participação no PIB, o que mostra que é um crescimento de qualidade ruim.

ECONOMIA BRASILEIRA PRODUZIU BENS PARA SEREM ESTOCADOS

“Pelo lado da demanda, o que chama atenção é a Formação Bruta de Capital Fixo. A FBCF aumentou mais de 5% contra o 4º trimestre de 2020. A questão é que, nesse item, FBCF, está incluído o investimento em estoques. E quando você olha o que aconteceu com o investimento em estoques, na verdade esse foi o componente que mais aumentou na FBCF. Ou seja, basicamente, a economia brasileira produziu bens e serviços para serem estocados. Isso que está dando essa distorção na Formação Bruta de Capital Fixo. Inclusive, pelas contas do economista Bráulio Borges da LCA Consultores: sem contar o acúmulo de estoques, que é contabilizado na FBCF, o PIB teria recuado 1,6% no primeiro trimestre de 2021, frente ao quarto trimestre de 2020.

POUCA TRAÇÃO NO LADO DA DEMANDA

“O que aconteceu no 1º trimestre de 2021 foi o descompasso entre a oferta e a demanda. A oferta cresceu mais do que a demanda – na verdade você produziu para acumular estoques – e, como nas Contas Nacionais a oferta e a demanda tem que bater por definição contábil, esse excesso de produção foi contabilizado na avaliação de estoques. Agora, quando você olha pelo lado da demanda da economia – tirando esse dado da Formação Bruta de Capital Fixo, que foi absolutamente contaminado pelo crescimento dos estoques – você vê, por exemplo, que o consumo das famílias caiu 0,1% e o consumo do governo caiu 0,8%. Isso mostra uma economia que está com pouca tração no lado da demanda.

“Esse crescimento que nós observamos no 1º trimestre de 2021 não vai se repetir no 2º trimestre, pois basicamente esse aumento de estoques foi porque, durante a pandemia, as empresas venderam o que tinham estocado, reduziram a produção, agora precisaram retomar a produção e, também, retomar o nível de estoques. Então, uma parte significativa do que foi produzido foi para recompor os estoques que haviam sido reduzidos além do desejado no 3º e no 4º trimestre de 2020. Esse movimento de recomposição dos estoques foi concluído e nós não vamos observar o mesmo comportamento exuberante para a Formação Bruta de Capital Fixo no 2º trimestre de 2021. Portanto, o que a maioria dos especialistas está acreditando é que o PIB do 2º trimestre de 2021 ou vai ser zero – ou muito próximo de zero – ou negativo. Então, na verdade, o que nós tivemos no 1º trimestre de 2021, foi uma ilusão contábil de crescimento.”

ANTONIO ROSA

Link: PIB do 1º T foi ilusão contábil de crescimento – Hora do Povo

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