• Página pessoal de José Luis Oreiro
  • Página da Associação Keynesiana Brasileira
  • Blog da Associação Keynesiana Brasileira
  • Página do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro
  • Página da Associação Nacional dos Centros de Pós-Graduação em Economia
  • Página pessoal de Luiz Carlos Bresser-Pereira
  • Página do Levy Institute
  • Página da Associação Heterodoxa Internacional
  • Blog do grupo de pesquisa Macroeconomia Estruturalista do Desenvolvimento
  • Post Keynesian Economics Study Group
  • Economia e Complexidade
  • Página de José Roberto Afonso
  • Centro Celso Furtado
  • Departamento de Economia da Universidade de Brasilia
  • About José Luis Oreiro

José Luis Oreiro

~ Economia, Opinião e Atualidades

José Luis Oreiro

Arquivos Diários: 30 de setembro de 2020

Governo Bolsonaro entre a Cruz e a Espada

30 quarta-feira set 2020

Posted by jlcoreiro in "nova ordem", Crise do Governo Bolsonaro

≈ Deixe um comentário

Tags

Covid-19, Crise do Governo Bolsonaro, Fim do teto de gastos, Renda emergencial

A polêmica criada pelo anuncio do uso de recursos dos precatórios e do Fundeb para financiar o necessário programa de renda cidadã a partir de 2021 mostrou de forma clara a contradição estrutural do governo Bolsonaro.

Jair Bolsonaro sonha em ser o líder da extrema direita mundial. O DNA de seu governo é o mesmo dos governos de direita na Hungria e na Polônia, ou seja, uma combinação de autoritarismo e conservadorismo nos costumes com a crescente perseguição a grupos como homossexuais, imigrantes, esquerdistas e a desvalorização do papel da mulher na sociedade. Mas existe uma diferença crucial entre o governo de Bolsonaro e os governos de extrema direita na Europa: nenhum deles adota uma cartilha liberal na economia como também cultivam uma profunda desconfiança com relação ao sistema financeiro, ao contrário de Bolsonaro que não só colocou um hiper-liberal para chefiar o ministério da economia, como ainda procurou alinhar as diretrizes econômicas de seu governo com a agenda do mercado financeiro.

A agenda do mercado financeiro é a agenda das (sic) reformas estruturais, entendida como um conjunto de propostas que tem por objetivo (i) fazer o necessário ajuste fiscal de longo-prazo por intermédio da redução de gastos, ao invés do aumento da carga tributária sobre o andar de cima da pirâmide da distribuição de renda, ou seja, os “Faria Limers”; (ii) privatizar as empresas estatais para alienar o patrimônio público para os investidores internacionais, com os quais mantem estreitas relações de negócios e assim ganhar muito dinheiro tanto na valorização desses ativos no curto-prazo como com comissões sobre vendas de ativos e otras cositas más; (iii) reduzir o tamanho do Estado do Bem Estar-Social, de forma a permitir não só a redução da carga tributária (e com isso aumentar seus lucros pós-impostos) como também aumentar a concorrência entre os trabalhadores no mercado de trabalho, reduzindo assim o nível salarial e, portanto, os seus lucros antes dos impostos.

Esta claro que essa agenda atende apenas aos interesses de uma minoria endinheirada, na qual se inclui o que restou dos empresários industriais brasileiros, reduzidos, contudo, a condição de meros encaixotadores de bens manufaturados produzidos no exterior. Em condições políticas normais essa agenda seria facilmente derrotada nas urnas pois é contrária aos interesses da imensa maioria da população brasileira, bem como ao desenvolvimento econômico de longo-prazo.

É justamente por isso que as “armas de distração de massa” do governo Bolsonaro foram vistas pelo mercado financeiro como um instrumento para desviar a atenção do povo da pauta econômica para questões como o “kit gay”, “armar a população”, “retirar os radares das estradas”, “covid-19 é uma gripezinha”, “cloroquina é eficaz no tratamento ao vírus”, “universidade federal só tem maconheiro”, “máscara é coisa de bundão” e outras idiotices irrelevantes. Enquanto as pessoas ficam debatendo esses temas de forma exaustiva e agressiva nas redes sociais, a “boiada” da agenda do mercado financeiro vai passando.

Até o início da pandemia do coronavirus essa aliança improvável do (sic) conservadorismo de Bolsonaro com os interesses do mercado financeiro parecia estar funcionando bem. A reforma da previdência foi aprovada em 2019 e o governo encaminhou no final do ano passado as PECs 186, 187 e 188 para avançar mais alguns passos na agenda do mercado financeiro.

Mas a pandemia do coronavírus foi o cisne negro que o mercado financeiro não previu. Com a pandemia o congresso nacional aprovou, apesar da oposição contrária do presidente da República e do Ministro Paulo Guedes, um programa de renda emergencial que atingiu quase 70 milhões de pessoas e impediu uma queda catastrófica no PIB no primeiro semestre. Com efeito, a queda do PIB brasileiro na primeira metade do ano, embora expressiva, foi menor do que a verificada no demais países da América Latina que não puderam ou quiseram adotar um programa similar. Em setembro o programa de renda emergencial foi estendido até dezembro, mas com um valor 50% menor.

O grande problema é o que fazer em 2021. No dia 31 de dezembro de 2020 o Estado de Calamidade Pública termina e o governo terá que voltar a obedecer as regras fiscais a partir de primeiro de janeiro de 2021. O problema é que esqueceram de combinar com o coronavírus e com a economia, pois não há nada que nos permita afirmar que a pandemia terá terminado no dia 31 de dezembro deste ano e, mais importante, os milhões de brasileiros que saíram fora da força de trabalho devido a pandemia mas que recebem a renda emergencial serão elevados a categoria de desempregados a partir do dia 01 de janeiro de 2021.

O Presidente já percebeu o tamanho da encrenca que vem pela frente e disse ontem aos seus apoiadores que 20 milhões de brasileiros não terão renda em 2021 se a renda cidadã não for aprovada. Pela primeira vez desde que assumiu o governo Bolsonaro criticou o mercado financeiro afirmando que (sic) “estamos todos no mesmo barco”, insinuando que se o governo dele fracassar, o mercado financeiro também vai perder dinheiro.

O problema é que a manutenção do teto de gastos torna impossível a implementação o programa de renda cidadã, a não ser por intermédio de subterfúgios como transformar dívida em receita (o uso dos precatórios) ou por uma claraboia no teto de gastos como usar os recursos do Fundeb (que é um fundo fora do teto de gastos) para financiar uma despesa adicional que é, na verdade, um desvio de função do fundo.

Aqui nos encontramos com o grande dilema do governo Bolsonaro. Para ter alguma condição de disputar a corrida eleitoral de 2022 (onde provavelmente terá como grande opositor o ex-Presidente Lula após o julgamento da suspeição de Sérgio Moro pelo STF), Bolsonaro precisa aumentar o gasto publico, o que significa por de pé tanto o programa de renda cidadã como o programa de investimentos públicos do Pró-Brasil, elaborado pela ala militar do governo. Se não fizer isso, haverá a maior contração fiscal da história em 2021, com a despesa primária da União passando de 27% do PIB em 2020 para 19% do PIB no próximo ano. Trata-se de uma receita certa para o colapso da economia em 2021, afundando de vez a popularidade do Presidente e, talvez, abrindo as portas para um processo de impeachment. Mas para fazer isso será necessário abandonar, explicita ou implicitamente, o teto de gastos. O mercado financeiro mostrou nos últimos dois dias que vai retaliar pesadamente o governo por intermédio de grande volatilidade nos preços dos ativos, ou seja, queda do IBOVESPA, aumento dos juros futuros e desvalorização do real frente ao dólar.

Um presidente realmente comprometido com os interesses do país mandaria o mercado financeiro as favas e trocaria o comando de toda a equipe econômica (Banco Central incluso), colocando no lugar economistas com a visão, a capacidade técnica e a coragem necessária para enfrentar a histeria do mercado financeiro. Não faltam instrumentos a disposição do Ministério da Economia e do Banco Central para enfrentar a turbulência nos mercados financeiros com o fim do teto de gastos. Mas como dizem os engenheiros aeronáuticos, turbulência pode ser desconfortável e, em alguns casos, apavorante mas não derruba avião. O que falta no governo Bolsonaro é, além de um Estadista na cadeira de Presidente da República, uma equipe formada por economistas cujo objetivo profissional não seja agradar o mercado financeiro em troca de um bem remunerado posto em alguma instituição financeira após deixarem o governo; mas trabalhar pelo bem comum e pelo desenvolvimento do país.

Em suma, Bolsonaro está entre a cruz e a espada. As próximas semanas irão revelar como ele vai solucionar esse dilema. Não dá mais para empurrar essa escolha com a barriga, como ele mesmo afirmou aos seus apoiadores ontem.

 

Posts

setembro 2020
S T Q Q S S D
 123456
78910111213
14151617181920
21222324252627
282930  
« ago   out »

Arquivos do Blog

Blogs que sigo

  • Paulo Gala
  • Reação Nacional
  • amandagrdeassis
  • PROFESSOR WILIAM RANGEL
  • O Barômetro - A Economia sob Pressão
  • O Meio e o Si
  • Sidewalk Essays
  • José Luis Oreiro
  • WordPress.com

Minha página no Facebook

Minha página no Facebook

Estatísticas do Site

  • 926.165 hits

Blogroll

  • Associação Nacional dos Centros de Pós-Graduação em Economia – ANPEC
  • Association for Heterodox Economics
  • Blog do Desemprego Zero
  • Blog do Grupo de Pesquisa "Macroeconomia Estruturalista do Desenvolvimento"
  • Blog do Thomas Palley
  • CEPAL
  • Departamento de Economia da UMKC
  • Fundação konrad Adenauer
  • Globalidades
  • Grupo de Estudos de Dinâmica Econômica Evolucionária
  • Grupo de Estudos de Economia e Complexidade
  • Grupo de Estudos de Moeda e Sistema Financeiro
  • Instituto de Economia da Universidade de Campinas
  • Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro
  • Instituto para Estudos do Desenvolvimento Industrial (IEDI
  • Nobel Laureates in Economics
  • Página da Metroeconomica
  • Página da Revista de Economia Contemporânea
  • Página da Revista de Economia Política
  • Página da Revista Economia e Sociedade (Unicamp)
  • Página da Revista Nova Economia
  • Página da Sociedade Brasileira de Economia Política
  • Página de Anthony Thirwall
  • Página de Jan Kregel
  • Página de Joseph Stiglitz – Prêmio Nobel de Economia
  • Página de Lance Taylor
  • Página de Luigi Pasinetti
  • Página de Paul Davidson
  • Página do Boletim Economia & Tecnologia – UFPR
  • Página do Cambridge Journal of Economics
  • Página do departamento de economia da Universidade de Brasília
  • Página do Journal of Post Keynesian Economics
  • Página do Levy Economics Institute
  • Página do Mark Setterfield
  • Página pessoal de Amit Bhaduri
  • Página pessoal de Amitava Dutt
  • Página pessoal de Fernando Ferrari Filho
  • Página pessoal de Gilberto Tadeu Lima
  • Página pessoal de José Luis Oreiro
  • Página pessoal de Luiz Carlos Bresser-Pereira
  • Pós-Graduação em Economia da Universidade Federal de Viçosa
  • Portal Rumos do Brasil
  • Post Keynesian Economics Study Group
  • Reação Nacional
  • Real-World Economics Review Blog
  • Top Brazilian Economists – REPEC
  • Valor Econômico
  • WordPress.com

Tags mais usados

"nova ordem" A crise da economia brasileira A Grande Crise Brasileira Ajuste fiscal Ajuste Fiscal no Brasil Ajuste fiscal possível Associação Keynesiana Brasileira Bresser-Pereira Ciro Gomes COFECON Consolidação fiscal controles de capitais Copom Corecon-DF Crise do Coronavírus Crise do Euro Crise do Governo Dilma Rouseff Crise Econômica no Brasil Crítica ao governo Dilma Rouseff crítica ao governo Temer Crítica ao social-desenvolvimentismo Câmbio sobre-valorizado Debate Macroeconômico Desenvolvimentismo inconsistente Desindusitralização desindustrialização economia brasileira Economia Pós-Keynesiana eficácia da política monetária Eleições 2018 Erros de Paulo Guedes Erros do Banco Central do Brasil Espanha Estagnação secular no Brasil Estratégia Neo-atrasista Estratégias de Desenvolvimento Fiscalismo suicida Governo Dilma Rouseff Governo Michel Temer Governo Temer Herr Bolsonaro inflação Joaquim Levy john maynard keynes José Luis Oreiro José Lus Oreiro José Serra Lançamento do livro "Macroeconomia do Desenvolvimento" Macroeconomia do desenvolvimento Macroeconomia Estruturalista do Desenvolvimento Metas de Inflação Nova recessão a vista? novo-desenvolvimentismo Oreiro Os erros de Paulo Guedes Paulo Guedes PEC 241 Política macroeconômica do governo Dilma Rouseff política monetária Política Monetária no Brasil Populismo latino-americano Problema dos juros no Brasil proposta para os pré-candidatos a Presidencia da República Reforma da Previdência Reforma de Previdência Regra de Ouro Relação entre poupança e investimento Samuel Pessoa Semi-estagnação da economia brasileira Seminários Acadêmicos de Economia Senado Federal Sobre-valorização cambial taxa de câmbio Taxa de juros Taxa real de câmbio

Crie um website ou blog gratuito no WordPress.com.

Paulo Gala

Economia e Finanças - Beta Site

Reação Nacional

Uma alternativa Trabalhista Cristã

amandagrdeassis

PROFESSOR WILIAM RANGEL

"A família é base da sociedade e o lugar onde as pessoas aprendem pela primeira vez os valores que lhes guiam durante toda sua vida". (Beato João Paulo II)

O Barômetro - A Economia sob Pressão

Espaço de reflexão crítica sobre economia e política

O Meio e o Si

Seu blog de variedades, do trivial ao existencial.

Sidewalk Essays

brand new stuff, fresh ideas

José Luis Oreiro

Economia, Opinião e Atualidades

WordPress.com

WordPress.com is the best place for your personal blog or business site.

Privacidade e cookies: Esse site utiliza cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com seu uso.
Para saber mais, inclusive sobre como controlar os cookies, consulte aqui: Política de cookies
  • Seguir Seguindo
    • José Luis Oreiro
    • Junte-se a 2.903 outros seguidores
    • Já tem uma conta do WordPress.com? Faça login agora.
    • José Luis Oreiro
    • Personalizar
    • Seguir Seguindo
    • Registre-se
    • Fazer login
    • Denunciar este conteúdo
    • Visualizar site no Leitor
    • Gerenciar assinaturas
    • Esconder esta barra
 

Carregando comentários...