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A crise da economia brasileira, Debate Macroeconômico, José Luis Oreiro, Nova recessão a vista?, Os erros de Paulo Guedes
Em janeiro, as análises do BC para a atividade econômica do ano indicavam que o crescimento poderia ser de 2,57%. Quatro meses depois, a redução de mais de um ponto percentual, segundo a economista, é indício de que pouco foi feito para recuperar a saúde financeira do país e reforça as desconfianças em relação ao governo federal. “Além de acelerar essa reforma, o governo tem de definir qual será sua agenda, passada a Previdência. Até o momento, não há uma agenda clara do Executivo além da reforma previdenciária. A população não conseguiu enxergar qual é o plano do governo para a economia. Isso traz apreensão”, analisa Latif.
Para o país entrar em recessão, é necessário que o PIB registre dois trimestres consecutivos em queda. Para o professor da Universidade de Brasília (UnB) e economista José Luís Oreiro, a publicação desta semana do IBGE será o termômetro que vai indicar o futuro da economia nacional. “A mediana das projeções de mercado para o PIB do primeiro trimestre é de uma queda de 0,2%. Se vier algo maior do que isso, estaremos em uma situação pior, e aí dependeremos do comportamento do segundo trimestre. O problema é que os meses de abril e maio já passaram por turbulências. Temos de torcer por um resultado moderado do PIB do primeiro trimestre, como uma queda entre 0,2% e 0,4%”, comenta.
De qualquer forma, Oreiro alerta que a probabilidade de o país entrar em recessão técnica gira em torno de 70%, até porque o IBGE pode revisar o comportamento do PIB no último trimestre de 2018, quando a economia cresceu 1,1%. “A minha esperança é de que o índice de quinta-feira não seja tão expressivo a ponto de tornar o resultado do fim de 2018 negativo, mas isso pode acontecer. Caso se confirme, será uma catástrofe econômica e social que mostra o quão equivocada está a política macroeconômica brasileira, que vai outra vez mergulhar fundo em uma recessão, pouco depois de ter saído da pior crise dos últimos 30 anos”, frisa o professor.
Para a economista-chefe da ARX Investimentos, Solange Srour, o quadro recessivo só vai agravar a situação atual. “Provavelmente o desemprego médio de 2019 será maior do que o de 2018. Em algum momento, isso vai se materializar em insatisfação social generalizada e os protestos contra o governo Bolsonaro tendem a crescer em escala e difusão no país, até chegar ao momento em que governo se tornará insustentável”, afirmou.