• Página pessoal de José Luis Oreiro
  • Página da Associação Keynesiana Brasileira
  • Blog da Associação Keynesiana Brasileira
  • Página do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro
  • Página da Associação Nacional dos Centros de Pós-Graduação em Economia
  • Página pessoal de Luiz Carlos Bresser-Pereira
  • Página do Levy Institute
  • Página da Associação Heterodoxa Internacional
  • Blog do grupo de pesquisa Macroeconomia Estruturalista do Desenvolvimento
  • Post Keynesian Economics Study Group
  • Economia e Complexidade
  • Página de José Roberto Afonso
  • Centro Celso Furtado
  • Departamento de Economia da Universidade de Brasilia
  • About José Luis Oreiro

José Luis Oreiro

~ Economia, Opinião e Atualidades

José Luis Oreiro

Arquivos Diários: 14 de maio de 2012

A Centralidade da Manufatura, por Igor Rocha, Cambridge University (Valor Econômico, 14/05/2012)

14 segunda-feira maio 2012

Posted by jlcoreiro in Opinião

≈ 3 Comentários

Tags

Indústria como motor de crescimento, Lei de Kaldor-Verdoorn

A centralidade da manufatura

Por Igor Lopes Rocha

Desde o início da revolução industrial na Inglaterra, a atividade manufatureira tem sido a principal via de desenvolvimento econômico e “catching-up” das nações. Em meados do século XX, diversas economias hoje consideradas desenvolvidas já apresentavam um elevado grau de industrialização. Em países em desenvolvimento, como Brasil, México, Índia e China, o processo de industrialização ainda era incipiente, apenas intensificando-se em anos posteriores a partir de um movimento de mudança estrutural, que resultaria em grandes declínios relativos da participação da agricultura no Produto Interno Bruto (PIB) e aumentos da indústria.

Em 1950, a participação da indústria manufatureira no PIB dos países em desenvolvimento – representados aqui pela América Latina e Ásia em desenvolvimento – correspondia a 13%, enquanto nos países desenvolvidos esse número girava em torno de 31%. Na Ásia, essa parcela se aproximava de 10%, ao passo que na América Latina se encontrava em 16%. Esses números seguiram de forma ascendente, com a América Latina em patamares superiores aos asiáticos até 1980, quando atingiu 23%. Todavia, a partir daquela década, considerada “perdida” para os países latino-americanos, ocorreu uma mudança nessa trajetória, com queda da participação da indústria manufatureira no PIB e crescimento econômico extremamente insatisfatório.

Ao contrário da tendência da América Latina, as economias asiáticas persistiram no processo de industrialização, alcançando uma participação do setor manufatureiro no PIB de 28% em 2010. As participações mais elevadas em 2010 ficaram a cargo da China com 42%, seguida por Índia e Asean-4 (Malásia, Tailândia, Indonésia e Filipinas) – com 24,5%.

Política de crescimento não pode ser enxergada por uma ótica exclusivamente macro ou microeconômica

O peso da indústria de transformação nas economias desenvolvidas caiu em 1980 de 24% para 21% em 1990, 18% em 2000 e 14% em 2010. No que tange à produtividade, assim como ocorrera no processo de industrialização dos países desenvolvidos, as economias asiáticas não deixaram a desejar. Motivados pelos efeitos dinamizadores da indústria de transformação, registraram-se extraordinários ganhos de produtividade na China, com médias de crescimento de 5,6% ao ano na década de 1990 e 10,3% ao ano nos anos 2000. De forma inversa, os países latino-americanos patinaram, com médias anuais de 1,3% nas décadas de 1990 e 2000.

Em conformidade com os fatos históricos apresentados, diversos estudos têm procurado teorizar a respeito da importância do setor manufatureiro como motor do crescimento econômico. Primeiro, há de se destacar uma relação empírica entre o grau de industrialização e a renda per capita nos países em desenvolvimento. Embora não haja uma correlação perfeita, pode-se afirmar, em grande medida, associação estreita entre o crescimento do PIB e o crescimento da indústria manufatureira.

Segundo, a produtividade é maior no setor industrial do que no setor agrícola. Desta forma, durante o processo de industrialização ocorre uma transferência de recursos da agricultura para a manufatura, engatilhando o processo de mudança estrutural. Neste quesito, pelo entendimento à la Kaldor depreende-se a ideia de que os ganhos de produtividade da indústria de transformação são superiores aos dos demais setores da economia. Mais recentemente, a literatura neo-schumpeteriana, em conformidade com a kaldoriana, tem procurado demonstrar que o valor adicionado na indústria foi sempre superior ao da agricultura. A trajetória recente de crescimento dos países da Ásia em desenvolvimento vis-à-vis os latino-americanos exemplifica esse aspecto.

 

 

 

Terceiro, o setor manufatureiro oferece oportunidades especiais para as economias de escala que não são encontradas na mesma intensidade na agricultura ou em serviços. Isso, no entanto, carece de uma observação adicional. Apesar de a literatura enfatizar os efeitos das economias de escala na indústria de transformação, essa propriedade especial da indústria manufatureira não é mais tão exclusiva, principalmente devido à ascensão de serviços associados às novas tecnologias de informação e comunicação (TICs). Essa observação parece condizente com as estratégias adotadas por países em desenvolvimento de articular a expansão das indústrias de transformação e das TICs, tal como explorado em relatório do Banco Mundial (Information and Communications for Development, 2009).

Quarto, em comparação com a agricultura, a indústria manufatureira proporciona maiores oportunidades de acumulação de capital. Isto porque, por questões geográficas, esse processo pode ser realizado mais facilmente na manufatura do que na agricultura. Isso contribui para justificar a importância da constituição da indústria manufatureira no crescimento e desenvolvimento das economias. Ademais, embora estimativas do estoque de capital para países em desenvolvimento sejam muito limitadas, os dados disponíveis indicam que após 1950, apesar do significativo incremento da mecanização do setor agrícola, a indústria manufatureira tem sido muito mais capital intensiva do que outros setores, reiterando sua importância no processo de acumulação capitalista.

Por último, o setor manufatureiro oferece oportunidades particulares para a difusão do progresso tecnológico direta e indiretamente à sua cadeia. Em outras palavras, o avanço tecnológico que se concentra no setor manufatureiro se difunde por meio de “spillovers” para outros setores econômicos, como o de serviços ou mesmo a agricultura. Isso se dá não somente pela maior quantidade e intensidade dos índices de ligação para frente e para trás da cadeia, como também ao chamado “power-of-pull” – “poder de arrasto” – da indústria manufatureira sobre os demais setores da economia.

Sem dúvida, o setor industrial constitui o motor do crescimento e de “catching-up” das economias em desenvolvimento. Desta forma, reconhecer a centralidade da manufatura, suas limitações e especificidades constitui a via de acesso ao desenvolvimento econômico. Mais do que isso, a política de desenvolvimento não pode ser enxergada por uma ótica exclusivamente macro ou microeconômica. Neste cenário, especialmente para o caso brasileiro, faz-se mister aos “policy makers” entenderem que essas esferas devem ser combinadas num movimento de rearticulação do tripé entre política cambial, industrial e de comércio exterior. O sucesso asiático é a prova inequívoca disso.

Igor Lopes Rocha é economista, mestre pelo IE/Unicamp e doutorando da Universidade de Cambridge, Inglaterra.

Posts

maio 2012
S T Q Q S S D
 123456
78910111213
14151617181920
21222324252627
28293031  
« abr   jun »

Arquivos do Blog

Blogs que sigo

  • Structuralist Development Macroeconomics Blog
  • Paulo Gala / Economia & Finanças
  • Reação Nacional
  • amandagrdeassis
  • PROFESSOR WILIAM RANGEL
  • O Barômetro - A Economia sob Pressão
  • O Meio e o Si
  • Sidewalk Essays
  • José Luis Oreiro
  • WordPress.com

Minha página no Facebook

Minha página no Facebook

Estatísticas do Site

  • 977.236 hits

Blogroll

  • Associação Nacional dos Centros de Pós-Graduação em Economia – ANPEC
  • Association for Heterodox Economics
  • Blog do Desemprego Zero
  • Blog do Grupo de Pesquisa "Macroeconomia Estruturalista do Desenvolvimento"
  • Blog do Thomas Palley
  • CEPAL
  • Departamento de Economia da UMKC
  • Fundação konrad Adenauer
  • Globalidades
  • Grupo de Estudos de Dinâmica Econômica Evolucionária
  • Grupo de Estudos de Economia e Complexidade
  • Grupo de Estudos de Moeda e Sistema Financeiro
  • Instituto de Economia da Universidade de Campinas
  • Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro
  • Instituto para Estudos do Desenvolvimento Industrial (IEDI
  • Nobel Laureates in Economics
  • Página da Metroeconomica
  • Página da Revista de Economia Contemporânea
  • Página da Revista de Economia Política
  • Página da Revista Economia e Sociedade (Unicamp)
  • Página da Revista Nova Economia
  • Página da Sociedade Brasileira de Economia Política
  • Página de Anthony Thirwall
  • Página de Jan Kregel
  • Página de Joseph Stiglitz – Prêmio Nobel de Economia
  • Página de Lance Taylor
  • Página de Luigi Pasinetti
  • Página de Paul Davidson
  • Página do Boletim Economia & Tecnologia – UFPR
  • Página do Cambridge Journal of Economics
  • Página do departamento de economia da Universidade de Brasília
  • Página do Journal of Post Keynesian Economics
  • Página do Levy Economics Institute
  • Página do Mark Setterfield
  • Página pessoal de Amit Bhaduri
  • Página pessoal de Amitava Dutt
  • Página pessoal de Fernando Ferrari Filho
  • Página pessoal de Gilberto Tadeu Lima
  • Página pessoal de José Luis Oreiro
  • Página pessoal de Luiz Carlos Bresser-Pereira
  • Pós-Graduação em Economia da Universidade Federal de Viçosa
  • Portal Rumos do Brasil
  • Post Keynesian Economics Study Group
  • Reação Nacional
  • Real-World Economics Review Blog
  • Top Brazilian Economists – REPEC
  • Valor Econômico
  • WordPress.com

Tags mais usados

"nova ordem" A crise da economia brasileira A Grande Crise Brasileira Ajuste fiscal Ajuste Fiscal no Brasil Ajuste fiscal possível Associação Keynesiana Brasileira Bresser-Pereira Ciro Gomes Consolidação fiscal controles de capitais Copom Corecon-DF Crise do Coronavírus Crise do Euro Crise do Governo Dilma Rouseff Crise Econômica no Brasil Crítica ao governo Dilma Rouseff crítica ao governo Temer Câmbio sobre-valorizado Debate Macroeconômico Desenvolvimentismo inconsistente Desenvolvimento econômico Desindusitralização desindustrialização economia brasileira Economia Pós-Keynesiana eficácia da política monetária Eleições 2018 Eleições 2022 Erros de Paulo Guedes Erros do Banco Central do Brasil Espanha Estagnação secular no Brasil Estratégia Neo-atrasista Estratégias de Desenvolvimento Fernando Haddad Fim do teto de gastos Fiscalismo suicida Governo Dilma Rouseff Governo Lula Governo Michel Temer Governo Temer Helder Lara Ferreira Filho Herr Bolsonaro inflação john maynard keynes José Luis Oreiro José Lus Oreiro José Serra Lançamento do livro "Macroeconomia do Desenvolvimento" Macroeconomia Estruturalista do Desenvolvimento Metas de Inflação Nova recessão a vista? novo-desenvolvimentismo Oreiro Os erros de Paulo Guedes Paulo Guedes PEC 241 Política macroeconômica do governo Dilma Rouseff política monetária Política Monetária no Brasil Populismo latino-americano Problema dos juros no Brasil proposta para os pré-candidatos a Presidencia da República Reforma da Previdência Regra de Ouro Samuel Pessoa Semi-estagnação da economia brasileira Seminários Acadêmicos de Economia Senado Federal Sobre-valorização cambial taxa de câmbio Taxa de juros Taxa real de câmbio

Blog no WordPress.com.

Structuralist Development Macroeconomics Blog

This is the blog of the Structuralist Development Macroeconomics Research Group

Paulo Gala / Economia & Finanças

Graduado em Economia pela FEA-USP. Mestre e Doutor em Economia pela Fundação Getúlio Vargas em São Paulo. Foi pesquisador visitante nas Universidades de Cambridge UK e Columbia NY. Foi economista, gestor de fundos e CEO em instituições do mercado financeiro em São Paulo. É professor de economia na FGV-SP desde 2002. Brasil, uma economia que não aprende é seu último livro. Conselheiro da FIESP e Economista-chefe do Banco Master

Reação Nacional

Uma alternativa Trabalhista Cristã

amandagrdeassis

PROFESSOR WILIAM RANGEL

"A família é base da sociedade e o lugar onde as pessoas aprendem pela primeira vez os valores que lhes guiam durante toda sua vida". (Beato João Paulo II)

O Barômetro - A Economia sob Pressão

Espaço de reflexão crítica sobre economia e política

O Meio e o Si

Seu blog de variedades, do trivial ao existencial.

Sidewalk Essays

brand new stuff, fresh ideas

José Luis Oreiro

Economia, Opinião e Atualidades

WordPress.com

WordPress.com is the best place for your personal blog or business site.

Privacidade e cookies: Esse site utiliza cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com seu uso.
Para saber mais, inclusive sobre como controlar os cookies, consulte aqui: Política de cookies
  • Seguir Seguindo
    • José Luis Oreiro
    • Junte-se a 457 outros seguidores
    • Já tem uma conta do WordPress.com? Faça login agora.
    • José Luis Oreiro
    • Personalizar
    • Seguir Seguindo
    • Registre-se
    • Fazer login
    • Denunciar este conteúdo
    • Visualizar site no Leitor
    • Gerenciar assinaturas
    • Esconder esta barra