A redução da participação da coalização governista no Parlamento grego após as eleições de ontem pode trazer de volta ao radar de investidores a saída da Grécia do euro. Segundo economistas e analistas de mercado, os impactos nas bolsas de valores de uma ruptura grega podem não ser tão grandes, mas, para a economia da Grécia, no entanto, a situação seguirá difícil.
Na avaliação de Felipe Casotti, gestor de renda variável da Máxima Asset Management, um recrudescimento dos problemas com a dívida da Grécia não está totalmente considerado por investidores e há o risco de o país sair do euro. Para a economista Monica de Bolle, porém, a reestruturação da dívida grega, completada em março, reduziu muito o risco de contágio:
— A quebra de um banco na Grécia não seria mais um problema para outros países após a reestruturação — diz Monica, para quem a decisão de sair ou não do euro ficou na mão do povo grego.
Também para o professor José Luis Oreiro, do Departamento de Economia da UnB, os mercados já consideram a possibilidade de saída da Grécia do euro. Segundo o economista, uma solução para a crise grega é impossível com a moeda única europeia.
— A situação é muito similar a da Argentina em 2001 e a Grécia precisa desvalorizar o câmbio — afirma Oreiro.
No entanto, uma eventual ruptura com a zona do euro não seria trivial, lembra Monica de Bolle. A redenominação de contratos, por exemplo, seria um grande problema: dívidas antigas continuariam em euros e, com uma desvalorização cambial, poderiam tornar-se impagáveis.
Principais credores, outros países apoiariam gregos
Além disso, há componentes políticos na decisão. Monica lembra das rivalidades entre Grécia e a vizinha Turquia, que não adotou o euro, embora almejasse isso — pelo menos antes da crise internacional. Uma saída da Grécia significaria uma espécie de reconhecimento de que o país não tem condições de estar integrado à Europa, assim como os rivais turcos.
Independentemente dos riscos, para Monica, a “Europa está disposta a sustentar a Grécia”. Segundo a economista, após a reestruturação de março, 75% da dívida grega estão nas mãos do FMI e de governos europeus. Ou seja, um eventual calote seria arcado com recursos de contribuintes de outros países.
Oreiro, da UnB, vê no estímulo ao crescimento a única saída para a crise na Europa. Um programa coordenado de estímulo teria que ser financiado pelos países mais ricos, como Alemanha, Holanda e Suécia, enquanto os países mais problemáticos cortariam gastos para reduzir as dívidas.
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