• Página pessoal de José Luis Oreiro
  • Página da Associação Keynesiana Brasileira
  • Blog da Associação Keynesiana Brasileira
  • Página do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro
  • Página da Associação Nacional dos Centros de Pós-Graduação em Economia
  • Página pessoal de Luiz Carlos Bresser-Pereira
  • Página do Levy Institute
  • Página da Associação Heterodoxa Internacional
  • Blog do grupo de pesquisa Macroeconomia Estruturalista do Desenvolvimento
  • Post Keynesian Economics Study Group
  • Economia e Complexidade
  • Página de José Roberto Afonso
  • Centro Celso Furtado
  • Departamento de Economia da Universidade de Brasilia
  • About José Luis Oreiro

José Luis Oreiro

~ Economia, Opinião e Atualidades

José Luis Oreiro

Arquivos Diários: 6 de março de 2012

Os republicanos e os déficits malditos

06 terça-feira mar 2012

Posted by jlcoreiro in Mídia

≈ Deixe um comentário

Tags

Keynesianismo Vulgar, Política Fiscal e Déficits públicos, Tea Party

Excelente artigo do Prof. Beluzzo no Valor de hoje. Realmente é impressionante a ignorância dos libertários americanos (e tupiniquins) a respeito do pensamento Keynesiano sobre déficits fiscais. Em geral, eles tem em mente aquilo que denominei de “Keynesianismo Vulgar” num artigo publicado com o prof. Bresser-Pereira no Valor Econômico (Ver https://jlcoreiro.wordpress.com/2010/02/05/keynesianismo-vulgar-e-o-novo-desenvolvimentismo-valor-economico-05022010/). Sobre a política fiscal Keynesiana ver também meu artigo no Valor com o Prof. Luiz Fernando de Paula: “Keynes, política fiscal e a economia brasileira” (https://jlcoreiro.wordpress.com/2009/03/05/keynes-politica-fiscal-e-a-economia-brasileira/)
 
Segue o artigo do Prof. Beluzzo.
 
Por Luiz Gonzaga Belluzzo

Keynes dizia que “os homens práticos são sempre escravos de um economista defunto”. A parêmia revela que o autor da Teoria Geral tinha fé no poder das ideias e depositava esperanças na persuasão e no convencimento. É de se temer, porém, que ressuscitado, o velho Keynes, ao tomar conhecimento do destino de sua obra, implorasse por uma volta imediata aos confortos da eternidade.

A frase do grande homem público me veio à lembrança, despertada pelos debates que travam os candidatos republicanos envolvidos na disputa das primárias nos Estados Unidos. Todos eles compram pelo valor de face a vulgata dos detratores de Keynes a respeito dos déficits, das dívidas e de seu financiamento. Se algum dia tivessem manuseado a literatura de melhor qualidade ficariam sabendo que o teórico da economia monetária jamais poderia receitar déficits a torto e a direito. Típica dos extremistas da direita americana, essa visão das políticas econômicas keynesianas combina a banalidade do mal com o mal da banalidade.

As invectivas e lambanças de Romney, Santorum & cia. suscitaram outras lembranças. Gillles Deleuze, o filósofo, dizia que a “filosofia (e eu acrescentaria a economia política) é inseparável da cólera contra a época, mas não é uma potência. As religiões, os Estados, o capitalismo, a dita ciência econômica, o direito, a opinião e a mídia são potências, mas não a filosofia. Não sendo potências, a filosofia e a economia política não podem empreender uma batalha contra as potências: em compensação travam com elas uma guerra sem batalhas, uma guerra de guerrilha. Não podem falar com elas, nada têm a lhes dizer, nada a comunicar, apenas mantêm conversações”.

Se tivessem manuseado literatura de qualidade, saberiam que Keynes jamais receitou déficits a torto e a direito

Apesar de suas formidáveis intuições e descobrimentos, Keynes deixou-se carregar pelas ilusões do poder das ideias e do convencimento, imaginando ser possível, com tais armas, travar batalha contra as potências. Mas, na realidade, nos tempos da sociedade de massas e do aparato de comunicação abrigado na grande mídia, as potências estão desinteressadas em sufocar a crítica ou as ideias desviantes. Não se ocupam mais dessa banalidade. Elas se dedicam a algo muito mais importante: fabricam os espaços da literatura, do econômico, do político, completamente reacionários, pré-moldados e massacrantes. “É bem pior que uma censura”, continua Deleuze, “pois a censura provoca efervecências subterrâneas, mas as potências querem tornar isso impossível”.

Isto acontece em uma sociedade encantada pela inversão de significados e pelo ilusionismo da liberdade de escolha do indivíduo-consumidor. Não se trata de uma mistificação vulgar, da intenção de enganar, mas de uma ilusão necessária, em que a manipulação, a construção da notícia, a censura da opinião alheia e a intimidação sistemática devem aparecer aos olhos do público consumidor como legítimo exercício dos direitos de opinar e de informar.

Nas análises dos comentaristas e palpiteiros de todo o gênero que se apresentam na Fox americana, os sofrimentos dos gregos ou os protestos de grandes massas na Catalunha são ridicularizados e contrapostos às incontornáveis exigências da “verdadeira ciência econômica”, como se existisse tal coisa. O barulho se concentra naquele episódio momentâneo, até que a notícia perca o seu impacto. As relações de poder e ideológicas que permitiram a eclosão da crise europeia são suprimidas e as manifestações de protesto transformadas erupções da “perversidade humana”. O deslocamento da nossa compreensão dos fenômenos sociais, políticos e econômicos chega à exasperação. Inspiradas nos mandamentos do espetáculo e da intimidação, os estardalhaços dos comentaristas da Fox cuidam de ocultar, sempre, o problema de fundo, a raiz do fenômeno. O que nos oferecem é uma sucessão de superficialidades, imagens defiguradas e ilegíveis. O propósito não é apenas suscitar no espectador a raiva, a revolta, mas reduzi-lo à impotência crítica e imobilizá-lo nas cadeias do imediato.

Nos espaços fabricados pelas potências não é possível manter conversações porque neles a norma não é a argumentação, mas o exercício da animosidade sob todos os seus disfarces, a prática desbragada da agressividade a propósito de tudo e de todos, presentes ou ausentes, amigos ou inimigos, Não se trata de compreender o outro, mas de vigiá-lo. “Estranho ideal policialesco, o de ser a má-consciência de alguém”, diz Deleuze.

Nas redes sociais do Tea Party, os republicanos radicais transformam a opinião em potência, abandonam a crítica pela vigilância. A vigilância exige convicções esféricas, maciças, impenetráveis, perfeitas. A vigilância deve adquirir aquela solidez própria da turba enfurecida, disposta ao linchamento. Gritam implacáveis: “Estes malditos keynesianos, promotores de déficits, vamos pegá-los. Vamos pegá-los porque os déficits são maus. Abaixo os déficits, morte aos keynesianos”. Só um insensato, em meio à perseguição, tentaria explicar alguma coisa a este bando enlouquecido.

Luiz Gonzaga Belluzzo, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, é professor titular do Instituto de Economia da Unicamp e escreve mensalmente às terças-feiras. Em 2001, foi incluído entre os 100 maiores economistas heterodoxos do século XX no Biographical Dictionary of Dissenting Economists.

Posts

março 2012
S T Q Q S S D
 1234
567891011
12131415161718
19202122232425
262728293031  
« fev   abr »

Arquivos do Blog

Blogs que sigo

  • Paulo Gala
  • Reação Nacional
  • amandagrdeassis
  • PROFESSOR WILIAM RANGEL
  • O Barômetro - A Economia sob Pressão
  • O Meio e o Si
  • Sidewalk Essays
  • José Luis Oreiro
  • WordPress.com

Minha página no Facebook

Minha página no Facebook

Estatísticas do Site

  • 929.389 hits

Blogroll

  • Associação Nacional dos Centros de Pós-Graduação em Economia – ANPEC
  • Association for Heterodox Economics
  • Blog do Desemprego Zero
  • Blog do Grupo de Pesquisa "Macroeconomia Estruturalista do Desenvolvimento"
  • Blog do Thomas Palley
  • CEPAL
  • Departamento de Economia da UMKC
  • Fundação konrad Adenauer
  • Globalidades
  • Grupo de Estudos de Dinâmica Econômica Evolucionária
  • Grupo de Estudos de Economia e Complexidade
  • Grupo de Estudos de Moeda e Sistema Financeiro
  • Instituto de Economia da Universidade de Campinas
  • Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro
  • Instituto para Estudos do Desenvolvimento Industrial (IEDI
  • Nobel Laureates in Economics
  • Página da Metroeconomica
  • Página da Revista de Economia Contemporânea
  • Página da Revista de Economia Política
  • Página da Revista Economia e Sociedade (Unicamp)
  • Página da Revista Nova Economia
  • Página da Sociedade Brasileira de Economia Política
  • Página de Anthony Thirwall
  • Página de Jan Kregel
  • Página de Joseph Stiglitz – Prêmio Nobel de Economia
  • Página de Lance Taylor
  • Página de Luigi Pasinetti
  • Página de Paul Davidson
  • Página do Boletim Economia & Tecnologia – UFPR
  • Página do Cambridge Journal of Economics
  • Página do departamento de economia da Universidade de Brasília
  • Página do Journal of Post Keynesian Economics
  • Página do Levy Economics Institute
  • Página do Mark Setterfield
  • Página pessoal de Amit Bhaduri
  • Página pessoal de Amitava Dutt
  • Página pessoal de Fernando Ferrari Filho
  • Página pessoal de Gilberto Tadeu Lima
  • Página pessoal de José Luis Oreiro
  • Página pessoal de Luiz Carlos Bresser-Pereira
  • Pós-Graduação em Economia da Universidade Federal de Viçosa
  • Portal Rumos do Brasil
  • Post Keynesian Economics Study Group
  • Reação Nacional
  • Real-World Economics Review Blog
  • Top Brazilian Economists – REPEC
  • Valor Econômico
  • WordPress.com

Tags mais usados

"nova ordem" A crise da economia brasileira A Grande Crise Brasileira Ajuste fiscal Ajuste Fiscal no Brasil Ajuste fiscal possível Associação Keynesiana Brasileira Bresser-Pereira Ciro Gomes COFECON Consolidação fiscal controles de capitais Copom Corecon-DF Crise do Coronavírus Crise do Euro Crise do Governo Dilma Rouseff Crise Econômica no Brasil Crítica ao governo Dilma Rouseff crítica ao governo Temer Crítica ao social-desenvolvimentismo Câmbio sobre-valorizado Debate Macroeconômico Desenvolvimentismo inconsistente Desindusitralização desindustrialização economia brasileira Economia Pós-Keynesiana eficácia da política monetária Eleições 2018 Erros de Paulo Guedes Erros do Banco Central do Brasil Espanha Estagnação secular no Brasil Estratégia Neo-atrasista Estratégias de Desenvolvimento Fiscalismo suicida Governo Dilma Rouseff Governo Michel Temer Governo Temer Herr Bolsonaro inflação Joaquim Levy john maynard keynes José Luis Oreiro José Lus Oreiro José Serra Lançamento do livro "Macroeconomia do Desenvolvimento" Macroeconomia do desenvolvimento Macroeconomia Estruturalista do Desenvolvimento Metas de Inflação Nova recessão a vista? novo-desenvolvimentismo Oreiro Os erros de Paulo Guedes Paulo Guedes PEC 241 Política macroeconômica do governo Dilma Rouseff política monetária Política Monetária no Brasil Populismo latino-americano Problema dos juros no Brasil proposta para os pré-candidatos a Presidencia da República Reforma da Previdência Reforma de Previdência Regra de Ouro Relação entre poupança e investimento Samuel Pessoa Semi-estagnação da economia brasileira Seminários Acadêmicos de Economia Senado Federal Sobre-valorização cambial taxa de câmbio Taxa de juros Taxa real de câmbio

Crie um website ou blog gratuito no WordPress.com.

Paulo Gala

Economia e Finanças - Beta Site

Reação Nacional

Uma alternativa Trabalhista Cristã

amandagrdeassis

PROFESSOR WILIAM RANGEL

"A família é base da sociedade e o lugar onde as pessoas aprendem pela primeira vez os valores que lhes guiam durante toda sua vida". (Beato João Paulo II)

O Barômetro - A Economia sob Pressão

Espaço de reflexão crítica sobre economia e política

O Meio e o Si

Seu blog de variedades, do trivial ao existencial.

Sidewalk Essays

brand new stuff, fresh ideas

José Luis Oreiro

Economia, Opinião e Atualidades

WordPress.com

WordPress.com is the best place for your personal blog or business site.

Privacidade e cookies: Esse site utiliza cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com seu uso.
Para saber mais, inclusive sobre como controlar os cookies, consulte aqui: Política de cookies
  • Seguir Seguindo
    • José Luis Oreiro
    • Junte-se a 2.918 outros seguidores
    • Já tem uma conta do WordPress.com? Faça login agora.
    • José Luis Oreiro
    • Personalizar
    • Seguir Seguindo
    • Registre-se
    • Fazer login
    • Denunciar este conteúdo
    • Visualizar site no Leitor
    • Gerenciar assinaturas
    • Esconder esta barra